Essa fanfic foi escrita pro projeto Lovely Lily da seção JL do 6V. A ideia surgiu bem do nada e não sei exatamente como ela foi parar nisso aí, mas de alguma forma ela acabou ligada à música 1, 2, 3, 4 do Plain White T's, que é uma gracinha e vocês totalmente deveriam ouvir =D


AS EASY AS ONE, TWO, THREE, FO-

you make it easy... as easy as one, two, three, four

CAPÍTULO 1 – ONE


Gritos, explosões, flashes. Feitiços disparavam para todos os lados, repelidos com exímia rapidez. Ricocheteavam em paredes, portas, mesas e cadeiras e por vezes atingiam seus alvos, mas ninguém tinha tempo de parar para olhar quem havia sido atingido.

O Beco Diagonal estava tomado por um grupo de aproximadamente trinta bruxos. Cerca de metade deles vestia longas capas negras e usava máscaras, ocultando suas identidades. Um deles ria insanamente enquanto agitava a varinha com certa ferocidade. Já havia derrubado dois adversários, mas Lily ainda não sabia disso. Seu próprio adversário parecia decidido a fazer o mesmo com ela e lançava azarações com tanta rapidez que ela mal conseguia desfazer suas defesas para revidar. Por cima do ombro dele, ela podia ver alguém caído, de bruços. Lily não sabia quem era. Não sabia se era inimigo ou não e as possibilidades estavam enlouquecendo-a. Esforçava-se a encontrar razões para não ser ele; todas fracas demais para que ela esquecesse o assunto.

Agitou a varinha meio desajeitadamente, pega de surpresa pelo último ataque. Conseguiu se defender por muito pouco, mas seu adversário não aproveitou a brecha para atacá-la de novo. Como muitos ao redor, atenção dele foi desviada para algo que Lily não conseguia ver. Mas ela não se importava, porque precisava chegar até o vulto caído e se certificar de que era apenas um Comensal da Morte. Não perdeu sua chance e em dois segundos seu adversário estava caído, estuporado. Correu o mais rápido que pôde, sempre com os olhos atentos a possíveis novos ataques, mas não foi o suficiente. Antes que pudesse sequer notar o que estava acontecendo, sentiu seu corpo ser lançado para trás, derrubando-a contra os destroços do que antes fora uma loja de artigos esportivos. Com a visão meio turva pela batida, Lily finalmente entendeu o porquê das atenções terem sido desviadas.

Com feições ligeiramente ofídicas contorcidas em uma doentia expressão de prazer, Voldemort deslizava pela rua como se não estivesse em meio a uma batalha. Seus Comensais cuidavam dos membros da Ordem e dos aurores ao redor e ele parecia apenas observar, admirado e com uma leve dúvida, como se não soubesse quem atacar primeiro. Até que seus olhos caíram sobre Lily, erguendo-se em meio aos escombros. Ele sorriu doentiamente e fez um sinal para o Comensal da Morte que havia derrubado-a, para que ele se afastasse. Provavelmente havia sido impressão dela, mas por um instante Lily poderia jurar que ele hesitara antes de obedecer.

De repente, ela sentiu o chão sumir ao seu redor. Sentiu o coração bater mais rápido do que achou que seria possível e imaginou se as pessoas ao redor conseguiam ouvi-lo tão claramente quanto ela. Mas mesmo que tivesse certeza de que estaria caída sem vida no chão em alguns instantes, em momento algum ela hesitou antes de erguer a varinha. E sua mão a empunhava firmemente.

E em alguns segundos e um movimento, tudo pareceu desabar ainda mais. Sentiu as pernas fraquejarem e o coração pular uma batida. James estava parado a alguns metros dela, a varinha erguida e apontada para Voldemort, que acabara de se defender da azaração que ele lançara. Sem pensar no que estava fazendo, Lily repetiu o gesto e seu feitiço foi igualmente repelido. Antes que pudesse perceber, ela e James lançavam azarações o mais rápido que podiam. Voldemort parecia conseguir defender os dois ao mesmo tempo e ainda achar brechas para atacá-los de volta.

Lily não saberia dizer quanto tempo o duelo durou, mas parecia ter passado uma eternidade quando uma das azarações lançadas em James a distraiu e a fez desviar o olhar. Não chegou a ver se ele havia sido atingido, porém – antes que pudesse, o que parecia ser um feitiço ricocheteado a atingiu e a fez ser lançada para trás pela segunda vez no dia. Sentiu cheiro de sangue antes mesmo de sentir as feridas se abrindo em seu peito e abdômen.

E então não sentiu mais nada.

-x-

Havia uma confusão de vozes novamente, mas dessa vez era diferente. Eram mais amenas, suaves e Lily poderia dizer que até com um quê de riso, embora ainda contivessem uma inconfundível preocupação no fundo. Uma risada fraca e conhecida soou ao seu lado e ela sorriu antes mesmo de abrir os olhos.

- Oi – ele chamou, tentando disfarçar a preocupação. Lily abriu os olhos e sorriu mais ainda, embora estivesse experimentando uma sensação que deveria ser parecida a ter o corpo inteiro passado por uma moedeira.

- Oi – retribuiu, encarando James. Sua voz saiu fraca, fazendo uma ruga de preocupação surgir na testa dele. Lily acenou levemente com a cabeça, dizendo-lhe que não precisava se preocupa, e virou-se para o outro lado do quarto, onde os outros três presentes estavam sentados em um pequeno sofá.

- É bom ver esses olhos verdes bem abertos, Lily.

Sirius se ergueu e andou até ela, com um sorriso exausto, e depositou-lhe um beijo na testa. Remus e Peter também levantaram e acenaram um cumprimento, sorrindo fracamente. Todos eles apresentavam marcas da batalha, mas Remus parecia o mais afetado – a lua cheia havia sido na semana que passara.

- Bom, Lily, nós só queríamos ver se você estava bem – Remus falou, se aproximando. – Temos que ir. Parte da luta se estendeu à Londres trouxa, muitas memórias estão tendo que ser alteradas. – Ele suspirou, cansado. – Se cuida, ok?

- O que, essa ruiva? – Sirius riu-se, se afastando em direção a porta junto com Remus. – Nada poderia derrubá-la, amanhã já vai estar pronta pra outra.

Ainda sorrindo, ele deu uma piscadela pra ela e deixou o quarto com um aceno. Remus revirou os olhos e deu de ombros, sumindo porta afora. Peter também se afastou em direção à saída, rindo fracamente.

- Melhoras, Lil. A gente se vê mais tarde – ele disse antes de sair, acenando para ela e James.

Lily se voltou para James, sorrindo. Ele retribuiu o gesto e esticou a mão para apanhar uma mecha rebelde de seu cabelo, prendendo-a atrás de sua orelha.

- Você me deixou preocupado – ele comentou como se não fosse nada muito importante. Ela levantou um pouco e se acomodou na cama do hospital para encará-lo melhor.

- Desculpa – murmurou, em meio a um suspiro cansado. Ele balançou a cabeça como se estivesse espantando um mosquito e deu de ombros, um meio sorriso no rosto. – O que aconteceu?

- O de sempre, Dumbledore apareceu e eles acabaram recuando.

- A azaração que me atingiu...?

- Não sei, Lil. É magia negra, com certeza. Foram cortes bem profundos e difíceis de estancar, mas disseram que está tudo bem agora.

- E o Beco? O dano foi muito grande? Muitas pessoas ficaram feridas? E o que o Remus falou, sobre a Londres trouxa–

James cortou-a com uma risada divertida, mas que não escondia sua exaustão.

- Será que você não pode deixar de se preocupar nem quando é minha vez de me preocupar com você?

- Mas–

- E é minha vez de fazer perguntas também, Lily.

- James–

- Como você está se sentindo? 'Tá tudo bem? Precisa que eu chame algum curandeiro? Você quer se casar comigo?

- Estou ótima, Ja–

Ela parou de supetão, arregalando os olhos para ele. Ficou alguns segundos sem reação, apenas o encarando, parecendo meio engasgada com as palavras.

- O que você disse? – Lily perguntou, ainda estupefata.

- Se você quer que eu chame um curandeiro – ele respondeu, rindo. Ela deu-lhe um tapa no braço e ele riu mais ainda. Então James se ajoelhou, puxou uma caixinha do bolso e abriu-a, mostrando um anel de brilhantes. – Lily Evans, você quer se casar comigo?

Ainda boquiaberta, Lily pareceu ponderar.

- Quanto tempo eu fiquei desacordada? – Foi tudo o que ela conseguiu dizer, alguns segundos depois.

- Algumas poucas horas. Duas ou três, não sei – James respondeu, embora não parecesse entender o porquê da pergunta.

- Você não teve tempo de comprar isso enquanto eu estava desacordada.

Não era uma pergunta, mas mesmo assim ela esperou por uma resposta.

- Não – ele falou simplesmente, franzindo o cenho. – Lily, o que–

- Então você não está me pedindo em casamento só porque achou que eu ia morrer?

Ele sorriu, se levantando e sentando na beirada da cama dela.

- Lil, você acha que esse é o único motivo que eu teria pra querer me casar com você?

Ela parou, encarando-o pensativamente.

- Sim – disse, num fôlego só.

- Sim? Esse é o único motivo? – ele perguntou confuso e ligeiramente indignado. – Lily, eu–

- Não, James. Sim, eu quero me casar com você.

Ele permaneceu com uma expressão de desentendimento por alguns poucos segundos antes de sorrir. Lily também sorriu, sentindo-se momentaneamente bem, apesar de todos os seus cortes ainda em estado de cicatrização. Seu coração parecia pressionado e definitivamente estava batendo errado, mas tudo de um jeito inexplicavelmente bom. Maravilhoso, ela diria.

James ergueu-a delicadamente e se inclinou em sua direção, beijando-lhe levemente.

- Sabe – ela começou, falando contra os lábios dele –, o feitiço não passou nem perto da minha boca. Eu não sou especialista, mas aposto que você pode me beijar decentemente que isso não vai causar nenhum dano.

Ele riu, puxando-a mais contra si e tomando-lhe os lábios.


N/A: Essa fic começou como drabble, evoluiu pra ficlet, depois oneshot e, no fim, virou short-fic. E eu só estou falando tudo isso pra dizer que, portanto, eu estou dois dias atrasada no meu prazo para entregá-la, então não, ela não foi revisada por ninguém além de mim xD Mas acho (e espero) que não tenha nada muito gritante, também.

A fic só atinge meu tema do projeto no terceiro capítulo, então eles serão postados muito em breve =)