Projeto Violeta, Fórum Marauder's Map.
Projeto Drummond, Fórum 6v.
"Já não sofro, já não brilhas. Mas somos a mesma coisa."
(Carlos Drummond de Andrade)
PAZ
Adriana Swan
O barulho dos champagnes, os abraços, as vivas.
Um novo ano para recomeçar.
Pansy lembrava de todas as promessas não compridas no ano anterior (e em todos os outros), de todos os erros e cicatrizes.
Mas era passado agora.
- Aceita um drink? – perguntou oferecendo uma taça de espumante.
Harry Potter se virou para a mulher que oferecia. Pansy Parkinson. A mesma de seu tempo de escola uma década atrás. A mesma que quase o entregou para o Lord das trevas. A mesma que trabalhava no ministério na sala ao lado da sua há alguns anos e que sempre era educada com ele há alguns meses.
Mas a Pansy de antes não lhe ofereceria uma bebida.
- Não tem veneno, pode pegar – ela falou com um leve sorriso divertido diante da surpresa do auror.
- Não achei que tivesse – ele respondeu com um meio sorriso aceitando a bebida e sorvendo um gole.
- Não mesmo? Vocês aurores sempre vêem conspiração em tudo, até na comida que lhes servem – ela comentou divertida.
- Porque diz isso? Viu algo suspeito com o Buffet? – ele retrucou franzindo o cenho. Os dois se encararam por alguns segundos e caíram na risada.
O olhar de algumas pessoas presentes na bela festa de Réveillon organizada por alguns membros do ministério da magia se prendeu a eles, curiosos.
- Não costumamos conversar muito – ela falou um tanto sem graça. Mesmo tanto tempo depois, ainda se sentia um pouco constrangida perto dele.
- Não, não conversamos – ele concordou a observando curioso – o que me leva a crer que ou você está bêbeda, ou quer algo de mim.
Ela sorriu.
- Talvez eu esteja um pouco bêbeda e talvez eu queira algo de você – ela falou empinando o nariz numa posição de falsa arrogância que a tornava divertida.
Apesar de tudo que a garota lhe fizera no passado, principalmente querer entregá-lo ao Lord das Trevas, Harry não guardava ressentimentos dela. Na verdade, achava interessante como ela ficava sem jeito diante dele. Seria vergonha? Remorso? Ele a admirava por isso. Não que seja estranho ele não a odiar. Perto do que outros lhe fizeram durante a guerra, as infantis atitudes de Parkinson na época podiam ser consideradas detalhes insignificantes.
- Bom, estou aqui. – Ele comentou, abrindo um pouco os braços num gesto amigável – O que deseja, Parkinson?
Ela sorriu um pouco, riso amarelo, sem graça.
- Só queria brindar – ela falou mostrando a taça ainda cheia.
- A Paz! – ele respondeu de imediato levantando a própria taça.
Ela o encarou por alguns segundos mordendo o lábio. A paz. Seria ele querendo lembrá-la da guerra? Do que ela fizera contra ele?
- E que neste novo ano – ela continuou erguendo a taça a altura da dele – possamos concertar nossos erros do passado.
Ok, talvez ela estivesse mesmo bêbeda, mas sóbria ou não ela buscou no verde dos olhos dele alguma reprovação, mas não havia nenhuma.
- Não cometê-los de novo já é um bom começo. – Ele completou.
Harry Potter a havia perdoado, quando ela mesma não o fizera.
- Então brindaremos a isso? – ela perguntou insegura, os olhos brilhando denunciando lágrimas que queriam surgir contra sua vontade. Sempre ficava sensível quando bebia! – A um novo começo?
O auror suspirou enquanto a encara, observando bem o brilho difuso dos olhos molhados.
- Não, – ele respondeu tocando a taça na dela – brindaremos A Paz.
Com um sorriso, ele bebeu o champagne na própria taça e se afastou com um sorriso distraído nos lábios.
E Pansy ficou sozinha com suas promessas.
E por todo o salão muitas taças brindavam.
Tin-tin.
