Capítulo 1 - O Sequestro

Estavam todos reunidos na Toca, já era tarde da noite, mas ninguém conseguia dormir. A nova notícia caiu sobre a cabeça de todos como um raio devastador. Como poderia ser possível? O que fariam agora? Tinham que agir rápido antes que Voldemort fizesse isso.

- Bom, nós poderíamos nos aproximar dela, como se fossemos trouxas, viramos amigos e conquistamos sua confiança...

- Rony! Não seja estúpido, isso demoraria meses e não temos tempo pra isso. Seria arriscado demais e demorado demais.

- Ok, Hermione. E qual é a sua ideia genial dessa vez? Você poderia dizer alguma coisa inteligente então, ao invés de ficar só criticando minhas ideias...

- Já chega vocês dois! Será possível que nem em um momento como este vocês dão uma trégua? – Harry, como sempre, tentava apaziguar uma nova discussão dos amigos.

Mas a briga não pareceu chamar a atenção das pessoas ali presentes, estavam todos absortos em pensamentos tentando encontrar uma solução rápida e sem perigos. Eles estavam com vantagens, Voldemort ainda não sabia onde a garota morava e nem o que fazia. Sabia apenas que estava viva e que com ela por perto, ele ficava muito mais forte e poderoso. Os membros da Ordem, Harry e os outros ainda não sabiam explicar como ele poderia ficar mais forte por causa dela, talvez porque ela tivesse o mesmo sangue, fosse filha legítima dele, ou algo relacionado a isso. Mas antes de descobrirem os reais segredos acerca da garota, tinham que trazê-la para o lado deles, pois se Voldemort ficasse mais poderoso, a guerra estaria perdida.

A tensão tomava conta de todos, quando Lupin tomou a palavra:

- Certo, vamos aos fatos: o tempo está correndo rápido, Voldemort também está atrás dela, mas segundo fontes confiáveis ele também não sabe onde a garota se encontra e não sabe como procurá-la. Nós já sabemos onde ela mora e que mora sozinha. Estamos muitos passos à frente dele, não podemos mais perder tempo. Vamos capturá-la.

- Capturá-la? O que você quer dizer com "Capturá-la"? – Indagou Tonks, com o olhar aflito.

- Sequestrá-la, roubá-la, pegá-la a força e trazer pra cá, isso que quero dizer.

- Lupin, desse jeito a menina se assustaria, nunca iria acreditar em nós, os seqüestradores dela. – Refletiu Molly, com seu instinto materno protetor.

- Nós explicamos tudo à ela quando estiver aqui. Explicamos o porquê de agirmos assim, e então, temos que correr o risco, não temos?

- Eu concordo com você, Lupin, o importante é trazê-la pra cá e depois pensamos em conquistar sua confiança. – Concordou Harry.

- E como faremos? Quer dizer... chegamos na casa dela de surpresa e a desmaiamos?

- Acredito que seja melhor fazer isso na casa dela mesmo, Hermione, já que a garota mora sozinha e provavelmente ninguém iria nos ver. Podemos ir à noite...

- Certo, quando vamos, então?

- Harry, acredito que seja muito arriscado você ir junto, talvez seja melhor eu e Tonks cuidarmos disso. Não vai ser demorado e...

- Não! Nem pensar, já chega disso! Vocês correm perigos demais por minha causa, eu mesmo vou buscá-la e trago até aqui, tomo uma poção polissuco e ninguém me reconhecerá.

- Nós vamos com você, então. Eu e Rony. – Disse Hermione, lançando um olhar intimidador para Rony.

Discutiram muito ainda sobre quem buscaria a garota, mas vendo que não teria chance de convencer o garoto, Lupin resolveu deixá-lo realizar a tarefa. Podia ser arriscado com qualquer um, mas uma poção polissuco ajudaria muito. Aparatariam num lugar próximo à residência dela, bateriam à porta e pronto, era só apartar com ela.

Já estavam próximo ao prédio onde ela morava. Ela, Brigite Harris, que não fazia ideia do que estava prestes a acontecer, que era filha de Tom Riddle com uma trouxa.

Brigite tinha apenas 18 anos e já morava sozinha, sua mãe morrera de câncer quando ela tinha 15 anos e seu suposto pai quando ela era apenas um bebê. A mãe a criou com muita dificuldade, sempre foi pobre e estava sempre depressiva. Brigite nunca soube porque. Quando criança, Brigite passava a maior parte do tempo em casa, só foi matriculada na escola aos 7 anos. Não tinha amigos, ficava a maior parte do tempo isolada, sentia-se diferente, estranha e todos a olhavam de uma maneira esquisita. Isso fazia com que ela faltasse em muitas aulas, preferia ficar em casa ao lado da mãe, a única pessoa com quem se sentia bem. Apesar da ausência em sala de aula suas notas eram sempre as melhores da classe.

Na adolescência não fora diferente, continuava sem fazer amizades e cada vez mais tinha certeza que havia alguma de errado consigo mesma. Certa vez estava sentada no pátio do colégio no horário do intervalo sozinha, quando um garoto que sempre lhe tirava sarro se aproximou com mais outros dois garotos e então começaram a fazer piadas sobre sua roupa. Ela não conseguiu entender direito, tudo aconteceu muito rápido, só sabia que estava extremamente irritada e, sem mais e nem menos, o menino começou a se contorcer de dor à sua frente. Ela não encostara no garoto, apenas sentia um ódio enorme e desejava que ele sofresse. Quando deu por si os garotos já estavam correndo, agradeceu por ninguém ter visto a cena e pediu para sua mãe matriculá-la em outro colégio. Muitas outras ocasiões estranhas como esta haviam acontecido, mas não encontrava uma explicação clara sobre o fenômeno.

Agora Brigite já havia terminado os estudos, trabalhava numa lanchonete que considerava nojenta, que ficava num posto de parada para viajantes. A única coisa que gostava do lugar era o fato das pessoas passarem por ali e nunca mais voltarem, ou demorarem muito para isso. O salário era muito baixo, então ela continuou morando no apartamento de sua mãe. O dinheiro dava apenas para pagar as contas do mês e garantir sua sobrevivência. Não existia luxo em sua vida. Suas roupas estavam velhas e surradas, o único tênis já tinha mais de três furos. Às vezes ficava desesperada, não via rumo em sua vida, se sentia muito sozinha depois da morte da mãe e isso a fez ficar ainda mais isolada do mundo. As únicas pessoas que lhe ajudavam era uma vizinha idosa que gostava muito de sua mãe e às vezes fazia bolo de cenoura com cobertura de chocolate para Brigite e seu neto, um menino com a idade de Brigite que usava óculos fundo de garrafa e sentia um amor incondicional pela garota, que nunca lhe dava atenção.

Brigite estava na sala lendo quando ouviu um estalo no corredor do prédio. Já era 00h35. Ouviu passos e logo uma batida em sua porta. Hesitou em abrir, pelo olho mágico podia ver três garotas, duas morenas e uma loira, não apresentavam perigo.

- Boa noite, você é Brigite Harris?

Não deu tempo de responder, sentiu alguém segurar sua mão e tudo começou a rodar violentamente, não suportou aquela sensação e desmaiou.