CAPÍTULO I

— Não me casaria com você nem que fosse o último homem da terra!

Pansy encarou-o cruzando os braços com um ar de desafio. Ela tinha uma personalidade forte e bastante autocontrole, mas no momento tremia de indignação diante do arrogante Harry Potter.

— Não pense que estou morrendo de alegria com a perspectiva de me amarrar a uma mulher como você, mesmo que seja por pouco tempo. Jamais imaginei que teria que casar com uma serpente! — Harry retrucou irritado.

— Então, vamos esquecer de vez essa ideia maluca e você pode se casar com sua doce coelhinha, a Wesley-fêmea!

— No que me diz respeito, não poderia haver nada melhor. — Harry sorriu brevemente — Ginny é uma mulher maravilhosa! No entanto, não quero ficar com a morte de membros do Ministério na minha consciência pelo resto da vida. — Ele voltou a ficar sério.

— Pois eu não sou responsável pelo pessoal do Ministério e muito menos membro dele.

— Infelizmente, eu sou e além do meu dever para com os membros do Ministério, eu tenho o dever de garantir que todo cidadão inglês retorne ao país em segurança. Deste modo eu estou preparado para fazer até o impossível para tirá-la daqui em segurança.

— E isso inclui um casamento?

— Isso inclui até a necessidade de me casar com uma mulher como você.

— Então vai se casar com todas as inglesas que estiverem aqui?

Por mais que Harry tentasse manter o controle, a raiva tinha tomado conta dele e parecia transbordar pelos seus olhos verdes.

— Você foi a única inglesa tola que entrou neste país nas últimas semanas Parkinson. Fora você, os únicos ingleses que estão aqui fazem parte do Ministério da Magia.

— Por que não leva o seu pessoal e me deixa aqui? Posso muito bem cuidar de mim mesma!

— Pensei que os Slytherins fossem mais inteligentes! — Disse Harry exasperado. — As autoridades da Irlanda não querem estrangeiros em suas terras, especialmente ingleses. Creditam a nossa presença aos ataques que estão sofrendo e foi muito difícil conseguir permissão para retornarmos ao nosso país. Nem mesmo poderemos utilizar magia, por isso iremos por meio trouxa de transporte. A condição que impuseram é que todos terão de ir ao mesmo tempo ou então vão ficar aqui sob a responsabilidade do Ministro Irlandês, o que significa que serão alvos assim como eles...

— Mas por que insistir neste casamento? Por que não posso ir como se fosse um funcionário do Ministério?

— Porque eles têm uma lista com os nomes de todos os funcionários. — Ele falou com uma voz forçada, como se estivesse explicando uma lição a uma criança idiota.

— Podia ter dito a verdade, que eu vim a negócios! — protestou Pansy.

— Você seria presa e provavelmente entregue aos rebeldes Parkinson! Quer ser assassinada Parkinson? — Ele a encarou com incredu lidade. — Será que não tem a mínima ideia do perigo em que se meteu vindo para cá? Ninguém iria acreditar que veio aqui apenas para "fazer negócios", seja lá quais forem, porque ninguém, em seu juízo perfeito, se arriscaria a entrar num país à beira da guerra e que passou a nos ver como não desejados.

— Ainda não entendo o porquê...

— Se tentasse usar essa justificativa, imediatamente despertaria sérias suspeitas de que é um membro dos ativistas comensais que veio para criar mais problemas ainda para o governo. E, considerando que seu sobrenome foi ventilado como de uma família que apoiou o Lorde das Trevas, não preciso dizer qual seria o seu destino — terminou com um tom sombrio.

— Minha família está limpa Potter! Não apoiamos o Lorde das Trevas! Minha mãe, inclusive, morreu por isso! — Disse Pansy magoada.

— Isso não interessa nesse momento Parkinson. Qualquer um que pelo menor motivo esteja relacionado aos comensais da morte está sendo preso e executado. Por isso o único modo que o Ministério encontrou para explicar seu comportamento, e de modo convincente, foi dizer a eles que você era minha namorada secreta e que veio até aqui para se encontrar comigo. Surpreendentemente eles acreditaram.

Pansy vislumbrou um ar de sarcasmo em seu sorriso.

— E como fica sua doce coelhinha nessa história?

— Não que você deva saber, mas Ginny e eu fizemos um acordo para este período em que me encontro em missão. Manter o nosso relacionamento, ainda mais publicamente, seria muito perigoso para ela e sua família, considerando que fui designado para cá para combater o grupo rebelde que quer instalar o horror com a volta de comensais da morte. Deste modo nós demos um tempo.

— E a minha vida vai correr esse risco?

— Você já está correndo risco. Nesse caso seria mais como... Salvar sua vida.

— Podia ter dito que eu já era sua esposa — insistiu teimosamente.

— Depois de quase um ano neste país, as autoridades já me conhecem muito bem. As autoridades estão com os registros do Ministério...

— Se eles sabem de tudo, sabem que isto é uma mentira, pois em um ano eu nunca o procurei... Como poderia ser uma namorada secreta e apaixonada e nunca terem ouvido falar de mim?

— A história que contamos foi que fizemos um acordo, eu e você, de manter sigilo em nome de sua segurança, mas que ao final de um ano você não resistiu e veio atrás de mim.

— Eu jamais faria isso Potter!

— Não vê que isso não importa? Não se trata da verdade Parkinson pois eu jamais casaria com você. É só uma questão de salvar pessoas inocentes. — Seu tom de voz começou a se alterar e ele deu um passo em direção a Pansy.

Instintivamente Pansy deu um passo para trás tentando evitá-lo. Apesar da sua determinação de não se deixar intimidar, sentiu certo temor ao ver aqueles olhos furiosos; mas seu passo foi curto demais para escapar do braço forte de Harry e seus dedos se fecharam em torno de seu pulso, como tiras de aço.

Pansy tentou se libertar inutilmente. Estava lutando contra quase um metro e oitenta de fúria masculina, provocada pela sua teimosia, pela sua recusa em obedecer aquela ordem. Mas ela não podia fazer aquilo, sempre detestara Harry Potter e jamais casaria com ele.

— Me solta Potter! Ainda não entendo por que tenho que fazer esse sacrifício. — disse ela, fazendo um último movimento desesperado para se libertar.

— Se realmente não consegue entender, vá você mesma dizer ao pessoal por que acha que não vale a pena sacrificar seu estado civil de solteira por eles.

Ela não teve outra escolha a não ser segui-lo, uma vez que ele praticamente a arrastou pela porta do escritório até o salão de visitas do Ministério, onde estavam reunidos todos os funcionários e suas respectivas famílias.

Quando as portas se abriram todos olharam para cima. Observavam em silencio Harry Potter puxar Pansy para dentro.

Nesse momento ela percebeu que havia muitas crianças, desde bebês até aqueles quase em idade de frequentar Hogwarts. O coração de Pansy se apertou.

— Alguma novidade, Harry? — perguntou um dos homens.

— Vá... Diga a eles! — Harry a empurrou para a frente.

Pansy jamais conseguiu esquecer o silêncio que se seguiu àquelas palavras. Foi como se todos que estavam no salão tivessem prendido a respiração. Eles a encaravam em expectativa e ela sentia como se tivesse o destino deles em suas mãos.

Foi então que uma das crianças choramingou:

— Estou com medo, papai! Não quero morrer como vovô e vovó.

Pansy ouviu a criança e seu olhar se dirigiu ao homem que abraçava esta. O pai devia ser um dos funcionários do Ministério. Era jovem e estava sentado ao lado da esposa, que segurava um bebê nos braços. Eles olharam para Pansy com um olhar suplicante e ela tentou evitá-lo, mas ela não conseguiu resistir...

— Está certo, eu me caso com você para salvar essas pessoas. — disse virando-se para Harry Potter — Mas vou ter que voltar ao hotel para trocar de roupa. Não posso me casar de calças compridas.

— Não há tempo — objetou Harry.

— Não vou tentar escapar, se é isso o que está pensando. — Pansy irritou-se.

— Não estou pensando em nada! Só quis dizer que não há tempo. O avião vai chegar assim que começar a escurecer e, portanto, temos poucas horas antes que o chefe dos militares venha me procurar para dar a ordem final de partida.

— Não se preocupe Pansy! Posso ajudá-la! Tenho roupas que acredito sirvam em você. Tenho certeza que vamos encontrar algo apropriado. — Luna percebeu que Pansy estava uma pilha de nervos e foi em socorro da amiga.

Pansy encarou Harry, mas se deixou arrastar pela amiga. Caminharam em silencio até chegar ao quarto ocupado por Luna e Blaise na sede no Ministério.

— Por que precisamos partir em um meio de transporte trouxa?

— Porque é mais seguro para nós nesse momento. Toda magia está sendo rastreada, estaremos em maior segurança em um meio trouxa que não é suscetível.

— Todos parecem tão à vontade! — Pansy falou admirada.

— Todos tivemos maior contato com a cultura trouxa e aprendemos a nos utilizar do que eles têm de bom a oferecer. O ministério sabe bastante e quando é preciso ele se vale de coisas assim para garantir nosso bem-estar.

— Nunca pensei que seria assim, que precisaríamos de algo trouxa quando possuímos magia.

— Os tempos mudam.

— Você está certa. Mas Luna, além de estar a par de tudo isso, também está aprovando essa ideia? — Pansy olhou para ela, interrogativamente.

— Claro que sim! É o melhor a fazer! Vai ser um ótimo casamento.

— Você é mesmo um caso perdido! Tudo isso é uma mentira! — Disse Pansy sentando-se na cama, sentindo as pernas fracas, com um desejo histérico de rir e chorar ao mesmo tempo.

— Bem, querida, tem que admitir que é muito romântico.

— Romântico! Parece que ainda somos adolescentes, no sétimo ano em Hogwarts, sonhando com príncipes e finais felizes. Deixamos de fazer isso a alguns anos, caso você não recorde!

— Bem, certamente não sou mais uma adolescente, mas não sei por que não posso continuar a ser romântica. — disse Luna, com um brilho alegre no olhar.

Pansy não conseguiu deixar de sorrir e encarou a amiga por alguns segundos.

— Você não mudou nada. — Conseguiu dizer, finalmente.

— Você também não Pansy! — Luna sorriu de volta. — Comentei isso com Blaise.

— Você e Blaise juntos. Ainda é difícil de acreditar.

— Foi tão surpreendente como vai ser o seu com Harry.

— Com a diferença que o seu é verdadeiro, o meu é uma farsa.

— Mesmo assim vai ser um prato cheio para as fofocas por pelo menos... — Luna pôs uma mão no queixo e fingiu refletir por uns instante — Por pelo menos mais uns quatro anos.

— Tola! — Disse Pansy jogando um travesseiro na amiga.

Pansy e Luna tornaram-se amigas no sétimo ano, após a batalha final, em Hogwarts. Elas se aproximaram enquanto faziam trabalhos juntos, pois ambas eram rejeitadas pelos demais alunos, Pansy porque tinha tentado entregar Harry Potter para Voldemort e Luna porque era tida como lunática mesmo. Tornaram-se grandes amigas desde então, mas após o casamento com Blaise elas pouco se viam, uma vez que Luna mudou-se para a Irlanda.

O casamento de Luna tinha sido outra grande surpresa. Ela conheceu Blaise quando estava de férias no exterior logo pós o final de Hogwarts e a atração foi imediata, levando-os ao casamento em seguida. Alguns meses depois eles se mudaram para a Irlanda onde Blaise assumiu o posto de Consul, o maior representante do Ministério em outro país.

A princípio, Pansy alimentou muitas dúvidas de que aquilo fosse durar, mas, depois de quatro anos, os dois ainda pareciam muito apaixonados.

— Fico muito feliz por você e por Blaise, o casamento fez bem aos dois.

— Assim como fará a você Pansy!

— Você não foi "forçada" a se casar com Blaise, casou com ele por amor. — Lembrou à amiga.

— Você deve ter ficado surpresa com minha atitude fria ao vê-la chegar.

Pansy lembrava-se bem que Luna não pôde esconder um certo desânimo ao vê-la chegando na sede do Ministério.

— Bem, tenho que admitir que fiquei até chocada — disse. — Se eu tivesse recebido sua coruja a tempo, nunca teria vindo para cá e nada disto estaria acontecendo. — Murmurou Pansy com tristeza.

— Meu Merlin! Você não recebeu minha coruja, avisando que não era para vir?

— Não. Faz duas semanas que estou viajando num ensaio foto gráfico e, como papai também está viajando, não adiantava enviar para a Inglaterra. Como não estava muito longe da Irlanda, resolvi vir direto para cá.

Ainda surpresa e decepcionada com a recepção da amiga, Pansy acrescentou:

— Se tem algum compromisso importante não se preocupe, não quero incomodar. Posso ficar passeando por aí, conhecendo o lugar até você estar livre. Teremos muito tempo para conversar depois, não tenho data marcada para voltar.

— Você vai voltar conosco assim que Harry conseguir a permissão para o avião decolar, e, quanto a passear pela cidade, esqueça isso imediatamente.

— Por quê? Há alguma epidemia, problemas diplomáticos ou o quê?

— Você chegou bem no meio de uma guerra Pansy.

Nesse momento Blaise Zabini, o marido de Luna e amigo de escola de Pansy, aproximou-se delas e Pansy ficou impressionada com a mudança no rosto simpático que tinha visto poucos anos atrás. Blaise parecia exausto e terrivelmente preo cupado.

— A pouco mais de um ano alguns ataques aconteceram aqui no pais, e os principais alvos foram trouxas e os membros do Ministério. Com o passar do tempo esses ataques aumentaram e provocaram mortes, estendendo-se aos ingleses. Meses atrás descobrimos que o grupo tomou conta do país e ameaça as pessoas, bruxas ou trouxas, difundindo os mesmos valores de Voldemort. Constatamos que alguns são ex-comensais e outros tornaram-se recentemente, mas todos têm o mesmo objetivo, trazer de volta o terror causado pelo Lorde das Trevas. O país pediu a nossa ajuda e estamos mesmo fazendo o possível, mas eles ainda não conseguiram controlar a situação e nossa presença parece ser mais uma ameaça do que um auxílio, visto que somos alvo.

— Então é por isso que tudo estava tão deserto quando aparatei? Pensei que fosse um feriado ou coisa parecida, e que todos estivessem em casa. Bem que depois eu notei pouca gente nas ruas e a relutância do dono do hotel em me arranjar um quarto, apesar do lugar estar quase vazio. — Pansy engoliu em seco, ao tomar cons ciência da situação que estava enfrentando.

— Todos que puderam sair já partiram — disse Zabini. — Onde é que está hospedada?

— No... Naquele hotel grande que fica na esquina. Achei que era melhor conseguir um quarto num hotel, no caso de vocês estarem com visitas no Ministério.

— Bem, acho que vai poder ficar lá até estarmos prontos para partir. — Blaise ainda estava com um ar tristonho. — Claro que gostaria que ficasse no Ministério conosco, mas... — ele lançou um olhar para a esposa.

— Não temos nem um centímetro de espaço — explicou Luna, balançando a cabeça. — Os franceses estão conosco, o Ministério deles fica mais para o interior e já foi tomado pelos rebeldes.

— Não se preocupem, ficarei bem no hotel. — Pansy esperava que seu tom de voz mostrasse mais confiança do que estava sentindo. — Afinal, não estou longe do Ministério.

— Ainda assim, você fará as refeições conosco — insistiu Blaise. — Agora que está aqui, somos responsáveis por você, de modo que deve ficar em contato direto conosco e sempre a par dos nossos planos para evacuar o país, caso a situação se agrave.

— E como está a situação?

— Está fervendo, mas o caldeirão ainda não explodiu.

— E eu espero que quando chegar essa hora, já estejamos todos no avião, a caminho de casa — interrompeu Luna, cheia de ansiedade.

— Se não fosse o Leão, acho que nem teríamos conseguido o avião — disse um dos refugiados franceses que estava ouvindo a conversa no corredor.

— O leão?! Quem é? Que importância tem? Certamente você não precisou recorrer a tal pessoa, afinal, como Cônsul, um pedido feito direto às autoridades...

— Pedidos de Cônsul não têm muito peso num país tomado pela guerra Pansy. Você não recorda como foi em Londres?

— Eu não estava lá... — Ela murmurou sentindo-se de repente uma tola por estar em tal situação de perigo depois de ter escapado da verdadeira guerra contra Voldemort.

— Não importa, basta saber que é terrível e não há segurança ou esperança de que todos sejam salvos. Harry Potter salvou-o nos antes e o fará mais uma vez, ele é o Leão.

— Quer dizer que ele não faz parte do corpo diplomático?

— Oficialmente é um dos membros do Ministérios apenas — respondeu Blaise, evasivo. — Mas se precisar de alguma ajuda, peça a outro funcionário, porque Harry já tem muito o que fazer.

— Não tenho intenção nenhuma de incomodar Potter, pode ficar tranquilo. Mas confesso que estou surpresa em saber que são amigos agora. É interessante...Você também o chama de Leão?

— Chamou-me, mademoiselle?

Pansy virou-se, surpresa, e viu-se frente a frente com os estranhos olhos verdes do homem que ela conhecia como o menino de ouro.

Pansy piscou, como se quisesse evitar uma luz forte demais ou se defender. Os olhos de Harry pareciam penetrar em seu cérebro, tomando conhecimento de seus mais íntimos pensamentos. Ela sabia que não era possível porque era muito eficiente em defender-se, mas ela tinha certeza que Potter tinha treinamento suficiente para ultrapassar várias barreiras... inclusive mentais.

— Ah, Harry, que bom vê-lo novamente! Quero que reveja Pansy Parkinson, ela vai voltar conosco no avião. — Blaise fez as apresentações.

— Srta. Parkinson. — O recém-chegado curvou o corpo levemente, continuando a olhá-la com seu olhar penetrante. Não sorriu e não fez nenhuma tentativa de apertar a mão estendida de Pansy, que furiosa com a grosseria, enfiou a mão direita no bolso.

Ela não entendia o porquê daquele teatro. Blaise parecia desconhecer os últimos eventos, pois todos já sabiam que ela e Harry Potter se casariam em breve.

— Harry eu disse aos chefes militares que seus funcionários eram só do sexo masculino. Agora terei que entrar imediatamente em contato com eles para acertar esta situação uma vez que Pansy não trabalha conosco e veio a passeio, para...

Blaise não conseguiu continuar. Ao mencionar a palavra "passeio", os olhos verdes se viraram para Pansy cheios de raiva.

— Veio a passeio? Como assim veio a passeio para um país à beira da guerra? Por acaso é maluca?

Sua fúria inesperada atingiu Pansy em cheio, e ela recuou frente àquele ataque verbal.

— Eu... eu... — Começou a se defender, mas, no mesmo instante, seu temperamento forte e explosivo fez com que o enfren tasse. Aprumou-se para parecer mais alta, tentando olhá-lo diretamente nos olhos. — Vim a negócios e para visitar meus amigos! E não sou nenhuma idiota!

— Seja qual for a razão, não poderia ser tão importante a ponto de trazê-la a Dublin numa hora como esta. Arriscar a vida por uma trivialidade é...

— Meu negócio não é uma trivialidade! Minha amizade com Luna e Blaise também não!

— Mesmo assim, certamente poderia esperar uma ocasião mais adequada. — Ele ignorou o seu protesto. — Vir para um país em guerra...

— Eu não estava sabendo...

— Impossível! Não há um jornal, uma revista ou emissora de rádio que não esteja dando notícias sobre os acontecimentos destes últimos dez dias.

— Acontece que estou longe de qualquer meio de comunicação há duas semanas. — disse Pansy, feliz por ter uma resposta à altura.

— E por onde andava que não soube do que acontecia?

— Por lugares trouxas em um ensaio fotográfico — Disse Pansy um pouco envergonhada.

— Ah claro! Esqueci que você era modelo. Era esse seu grande negócio? Veio fazer fotos aqui também? — Mas antes que Pansy pudesse responder, Harry continuou — Na verdade não importa! Diga-me, como passou pelo posto de controle quando aparatou?

— Não havia ninguém no posto quando passei.

— E mesmo assim não achou que algo estranho estava acontecendo?

— Ora, é claro que achei esquisito, mas pensei que fosse feriado, que os guardas estivessem bêbados em algum lugar, sei lá!

— Todos estão abandonando seus postos diante da situação de insegurança — interrompeu Blaise sentindo-se incomodado com a conversa entre Harry e Pansy. — Mas Pansy não sabia Harry.

— Bem, agora que está aqui, é uma pessoa a mais para ser retirada em segurança.

— Não precisa se preocupar comigo — disse Pansy, furiosa. — Sei muito bem cuidar de mim mesma.

— Pois parece que não. E não adianta espernear. Uma vez que estiver do outro lado da fronteira, em território pacífico, poderá agir como quiser e fazer os negócios que bem entender. Mas, enquanto estiver em Dublin, ficará sob a responsabilidade do Ministério e vai fazer exatamente o que for ordenado. Agora vou falar com os chefes militares — disse ele para Blaise, ignorando-a, e afastou-se.

Antes de Pansy conseguir recuperar o fôlego para responder, ele já havia desaparecido. Quando voltou, foi para dizer que ela precisava se casar com ele o mais breve possível, o que provocou em Luna um sorriso sonhador e em Blaise um acesso de confusão e raiva.