COMO SEDUZIR UM RANZINZA
Por Fkake e Ladie
Capítulo I — Comece com uma não-amizade
Existem amigos que são estranhos. Existem amigos que não respeitam você. E existem amigos como os meus, que têm distúrbios psicológicos e me cumprimentam com um "E aí, vadia?". Claro, eu não podia esperar coisa melhor vinda de um teimoso, um louco, um gay (não no sentido de interesse sexual, mas sim por ele ser um maldito lazarento otimista), um pervertido, uma violenta e uma retardada — na ordem, Inuyasha, Bankotsu, Jakotsu, Miroku, Sangô e Rin.
Valia à pena ser amiga de tantos loucos, o problema era que eles vinham com um anexo: Sesshoumaru Taisho, o ranzinza. Ele é irmão do Inuyasha (o que muito me surpreende, já que tenho uma teoria de que o Inuyasha é filho de chocadeira) e amigo do Bankotsu (que é psicopata enrustido e apenas por isso consegue se entender com aquele filho de uma égua com reumatismo).
O problema em si não é ele ser um ranzinza, mas sim o fato dele ser um ranzinza escritor como eu (a parte do escritor, não a parte do ranzinza) e que fica criticando tudo o que eu escrevo, alegando que eu não sei conjugar um verbo, sendo que ele não consegue posicionar a porra do sujeito na merda de uma frase sem antes fazer um floreio digno de algum poeta renascentista.
Está bem, ele é um escritor famoso, com alguns prêmios e um ou outro (ou vários) bestsellers. Mas isso não significa que ele seja o único bom (leia-se: razoável) escritor no Japão. Aliás, o fato de eu recentemente ter emplacado o meu novo livro na lista de bestsellers do Tokyo Sakumichi não pareceu mudar a opinião dele quanto ao que eu escrevia.
Bem, a minha também não mudou quanto ao que ele escrevia!
Agora, você me questiona:
Kagome, se você o odeia, por que causa, motivo, razão ou circunstância se importa com o que ele pensa de você? Muito bem, não vamos ser drásticos e dizer que eu o odeio. Apenas não suporto a sua companhia insuportável. Redundante? Não. Não existe redundância quando falamos de como Sesshoumaru Taisho pode ser irritante.
Ele não me perdoava nem mesmo quando estávamos no chá de bebê da Sangô (necessariamente, da filha que ela está esperando do safado do Miroku). Se estávamos no mesmo ambiente, então eu tinha que estar preparada para ser alvo de todo aquele potencial para o mal do qual ele era dono. O pior era foi ver Bankotsu, que alega ser meu amigo, lançar um sorrisinho irônico e se levantar do sofá em que estávamos, deixando-me sozinha com o sociopata.
Eu poderia me levantar e ir para outro canto, mas, enquanto ele se mantivesse calado, Sesshoumaru era melhor companhia do que as "bem-casadas" que me interrogariam sobre "quando eu iria trazer minhas crias ao mundo", ou as "desesperadas" que me pediam o número de telefone de Bankotsu ou de Sesshoumaru. Sangô não era exatamente famosa por ter um círculo saudável de conhecidos, mas mesmo assim ela insistia em me passar sermão quando eu tratava algum deles mal.
Sinto dizer isso, mas prefiro passar meia hora com o tenebroso que passar o resto da minha vida ouvindo coisa da Sangô. Ela é violenta e eu tenho medo. Aliás, qualquer pessoa em sua sã consciência tem medo dos pequenos e nada frágeis punhos de Sangô.
Por fim, ali estava minha pessoa sucumbindo em um tédio terrível, acompanhada da pessoa mais chata e egocêntrica na face da Terra. Se falar que ele tem um péssimo gosto para filmes e livros.
— Li seu novo livro. — ele comentou, com os braços cruzados e sem olhar para mim — Você continua com problemas para desenvolver enredos. Por isso que você só consegue fazer comédia e romances mamão-com-açúcar.
Arreagalei os olhos, ultrajada.
— Como?!
— Suas histórias se baseiam apenas nos diálogos. — ele explicou, suspirando. — Sinceramente, ainda me surpreendo de haver gente que compra suas histórias. São enredos simples demais.
Pensei em dar uma resposta à altura. Pensei em dizer para ele que eu baseava minhas histórias nas interações sociais, nas narrativas introspectivas; que estavam repletas de carga sociológica. Minhas histórias eram humanas. Mas apenas pensei. Eu realmente não sabia se seria capaz de ter uma discussão séria sobre o assunto com Sesshoumaru, então desisti.
— Melhor do que ser um autor de terror e suspense, com pouquíssimos diálogos e bastante discussão psicológica chata! Eu é que me surpreendo de você vender algum livro! — Levantei-me do sofá, jogando uma almofada nele, a qual ele apenas segurou com uma mão enquanto me encarava com um meio-sorriso.
Isso, maldito. Ria enquanto ainda pode.
Afastei-me do infeliz e segui direto para onde estava Sangô, pois, assim, ela seria o centro das atenções das conversas ao meu redor, e não o meu aparentemente desastroso histórico de relacionamentos.
Distraída, comecei a alisar a barriga proeminente de sete meses de gravidez de Sangô, pensando enquanto Miroku deve se arrepender de toda a sua perversão por agora ser pai de uma menina, que, se possuir a metade da beleza da mãe, vai fazer dele um homem muito ferrado.
Toma safado!
— Sesshoumaru te irritou de novo? — Sangô perguntou aos sussurros.
— E quando é que ele não faz isso? — revirei os olhos, externando toda a minha frustração em nunca poder vencê-lo em uma discussão. Eu geralmente apenas o ignorava, ou fugia. Depois arranjava alguma forma de irritá-lo. Da última vez que estive na casa do Inuyasha, eu até rasguei a edição rara da tradução da Bíblia do Diabo, a qual Sesshoumaru usava com fim de pesquisa para suas histórias. Ele passou um mês inteiro sem falar comigo, e, para variar, vivia me encarando como se quisesse me matar.
Isso foi vingança por ele ter pego um de meus manuscritos e ter se atrevido a corrigi-lo. Será que ninguém ensinou a esse infeliz que não se deve corrigir manuscritos alheios a não ser que você seja a porra do editor?
Sangô lançou um dos seus famosos sorrisos maldosos na minha direção.
— Sabe, já passou algum tempo. Já é hora de você voltar lá para irritá-lo.
— Por que eu faria isso?! Não quero nem estar perto daquele desgraçado. — argumentei ultrajada.
— Sério? Não é o que parece. — Sangô sorriu mais uma vez — Todo mundo sabe que vocês são amigos. Até vocês mesmo. Vocês têm um tipo meio bizarro de amizade, mas admita que vocês se divertem.
— Ele que se diverte sendo um psicopata.
— E você se diverte entrando na psicopatia dele.
— Não mesmo.
— Ah, claro, Kagome. — Sangô rolou os olhos, e então avistou algo numa mesa: seu marido misturando várias bebidas alcoólicas num copo — Miroku, seu safado, vai ficar bêbado e depois quem vai ficar para arrumar essa baderna?!
Ela saiu correndo na direção da mesa.
— Mas a festa é sua. Seja você responsável por ela. — argumentou Miroku.
— Quem me deixou grávida foi você, seu traste!
— Então eu tenho que assumir a responsabilidade de tudo?!
— Levando em consideração que eu tenho uma bola de basquete pronta para sair por um lugar que só passa uma bola de beisebol, acho melhor alguém assumir a responsabilidade!
— Eita mulher brava que fui arrumar.
— Eita marido irresponsável eu fui ter.
— Já entendi. — Miroku deixou o corpo de lado, com cara de quem começaria a chorar a qualquer segundo.
Fiquei rindo ao ver aqueles dois com as loucuras deles. Sim, sim, muito óbvio: Sangô era louca. Ainda mais em achar que eu poderia ser amiga do Sesshoumaru.
Olhei para um lado e depois para o outro, repentinamente entediada. Suspirei e segui na direção do sofá. O fato de Sesshoumaru estar instalado nele com um sorriso malicioso no rosto foi mera coincidência.
Ladie
E é isso. Senhor do Norte acabou então a gente resolver acabar com tudo o que tem na agulha, e isso incluí essa fanfic que a gente começou a escrever em 2011 (sim, esse primeiro capitulo é ruim por esse motivo), mas que terminamos há alguns meses (tem uns 5 ou seis capitulos salvo engano).
ANYWAY
VAMOS LÁ
P.s.: Fkake manda um beijo. Só que eu não vou repassar a mensagem, porque ela é minha.
