N/A: Os Personagens dessa estória não me pertecem. (exceto os originais.) Alguns personagens podem ter mudanças em suas personalidades. A estória a seguir possui cenas de violencia e sexo, se não fica confortavel lendo esse tipo de conteudo, por favor não leia.

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Capítulo 1

Fitzgerald caminhava com sua altivez e conhecida segurança, pisava firme enquanto seus seguranças o seguiam, ele caminhou pelos corredores da Primrose High School, a sexta escola que ele visitava naquela semana. Ele sabia que não seria fácil, ele já tinha passado por aquela mesma situação há quatro anos quando se candidatou à presidência pela primeira vez em sua vida.

Naquela época, no entanto, sua vida se dividia entre sua a esposa e sua candidatura. Por vezes, ele dava mais atenção para o segundo item. E por isto, nos dias atuais, ele se arrependia amargamente, o fato de sua esposa ter morrido fez com que ele se arrependesse de todas as várias vezes em que desmarcou um jantar em cima da hora, que negou carinho e amor a ela.

Seu foco era a presidência, e Mellie o entendia, simplesmente aceitava tudo de cabeça baixa, o apoiava incondicionalmente enquanto Fitz a excluía de sua vida, mesmo que fosse sem querer.

Mas ali estava ele novamente, caminhando para mais um compromisso de sua campanha, mais uma tentativa de conquistar seu eleitorado. Ele sabia que a pressão sobre suas costas era muito pesada, ele estava caindo nas pesquisas e perdendo para sua oponente Sally Langston, uma republicana puritana que teimava que dizer que Fitzgerald só estava solteiro porque gostava de viver uma vida desregrada por trás dos bastidores.

Fitzgerald ria quando ela dizia isso, pois não nada mais do que a verdade. Sim, ele fodia uma ou outra às escondidas, mas não tinha a menor intenção de levar uma daquelas a sério, aliás, ele não queria levar nenhuma mulher à sério. Seu coração se fechou quando Mellie partiu.

— Senhoras e Senhores, com vocês o presidente dos Estados Unidos da América, Fitzgerald Grant. — Rubi, a responsável pelas relações públicas do presidente, falou apontando para onde Fitzgerald entraria e ele subiu no palco com toda a elegância que possuía, seu terno feito sob medida, que adequava a cada parte de seu corpo másculo e rigído.

Ele tinha quase 38 anos, mas parecia ter 28. As pessoas batiam palmas ovacionando a sua entrada, algumas mulheres suspiravam deliberadamente e sonhavam em segredo com ele, e com razão, Fitzgerald era o presidente mais novo da história dos Estados Unidos, e também o mais bonito que já tinha passado pelo cargo. Não havia divergências quanto a esse assunto. Algumas mulheres dali não hesitariam em dar qualquer coisa que possuíam se em troca, tivessem Fitzgerald em suas camas.

Alguns jornalistas ávidos por informações para que pudessem colocar em seus jornais, revistas e sites brigavam por espaço perto do palco da sala de teatro da escola.

— Obrigado. — ele disse com a voz grossa e ergueu a mão, pedindo que as palmas cessassem. — Há alguns dias, recebi uma informação interessante do meu assessor particular. Ele me contou que eu estava declinando nas pesquisas e quando perguntei sobre o motivo de aquilo estar acontecendo, recebi como resposta que era por causa da maneira que vinha conduzindo minha vida. — ele deu uma pequena pausa e riu de maneira debochada. — Isso mesmo, a minha vida. Acho que todo e qualquer eleitor não deve se preocupar com a minha vida privada, e sim com as coisas que tenho feito pelo país desde que assumi o cargo. É visível que tudo melhorou gradativamente, e hoje eu venho apelar para que possam olhar para trás, e ver como as coisas eram bem mais complicadas enquanto tínhamos outra pessoa no meu lugar.

As pessoas ali presentes de dividiam, algumas em choque com a maneira que Fitzgerald falava e outras concordando, mas em a ideia de que Fitzgerald havia se tornado alguém amargo após a morte da esposa, era unânime. Assim que Fitzgerald terminou de falar e deixar alguns presentes bastante irritados, Rubi falou ao microfone novamente.

— Chegamos a parte em que vocês poderão fazer perguntas para o nosso querido presidente. Algumas pessoas foram pré-selecionadas, e farão as perguntas diretamente a ele. — ela falou e Fitzgerald assentiu. Do meio do grupo de pessoas, um rapaz levantou a mão, em seu rosto havia certa perversidade, estava óbvio que ele queria ferrar com o presidente de qualquer maneira.

— Meu nome é Alex, sou estudante de Princeton. — ele se apresentou. — Você se considera de qual partido: republicano ou democrata? Ou de nenhum deles, se declarando assim um independente. Durante sua campanha anterior houve várias especulações a respeito disso e você nunca se posicionou sobre o assunto.

— Alex, eu não trabalho com rótulos. Me posicionar de um lado ou de outro não muda quem eu sou, as minhas decisões ou o que eu faço. — Fitzgerald disse sem muita demora e cumprimentou o rapaz com a cabeça, que apenas se sentiu um idiota por ter tentado fazer Fitzgerald se enrolar. Fitzgerald bebeu um gole de sua água e olhou para a frente. — Próxima pergunta.

Depois de algumas perguntas feitas, Fitzgerald já se sentia cansado daquilo tudo, queria voltar para a Casa Branca e continuar com suas tarefas diárias. No fundo ele estava agradecido pelas perguntas feitas não terem envolvido os escândalos recentes que Margareth, sua rival na corrida pela presidência, andou provocando. Apesar daquelas perguntas terem passado pelas mãos de Rubi, nunca se sabia quando uma pessoa poderia simplesmente ignorar a pergunta que fora combinada previamente e seguisse sua própria consciência.

— Senhor Grant, me chamo Andy, sou de Los Angeles. Gostaria de saber qual é sua religião e se você acha que isso pode influenciar e causar algum tipo de impacto em suas decisões mais importantes. Eu sou protestante e acredito que a fé do ser humano é uma das coisas mais preciosas que possuímos.

— Você realmente fez essa pergunta para mim? — Ele arqueou uma sobrancelha antes de prosseguir e algumas pessoas cochichavam sobre como a maneira irônica dele soava inconveniente. — Andy, concordo plenamente sobre fé. E quanto a minha religião, não sou judeu, não sou católico, nem protestante, nem ateu. E a única coisa que tenho fé e acredito é na Constituição dos Estados Unidos da América.

Rubi subiu ao palco novamente e agradeceu a plateia, avisando logo depois que as perguntas estavam encerradas. Fitzgerald disse algumas palavras se despedindo e então partiu daquele local, indo imediatamente para o hotel em que estava.

Rubi se convidou para ir no mesmo carro com ele, e o presidente apenas concordou, já sabendo o que ela realmente desejava. Ela já o esperava no banco de trás quando ele entrou no carro e abriu o único botão que havia fechado do terno.

— Você deixou algumas pessoas bem irritadas ali, Fitzgerald. — Rubi falou e ele fez uma expressão de visível desagrado. Não precisava de uma mulher reclamando de suas atitudes, para isso ele tinha Cyrus, seu assessor e além de tudo um amigo no meio das cobras do mundo político. Aliás, ele já imaginava o quanto Cyrus falaria em seu ouvido quando chegasse ao hotel.

— Você veio aqui para me dar reprimendas ou me satisfazer? — falou o presidente a olhando com certa impaciência. A loira dos lábios carnudos, acentuados pelo batom escarlate que usava, sorriu e lançou um olhar sedutor para ele.

Fitzgerald aproveitou-se do fato dos bancos do motorista e carona serem separados por um vidro revestido por insufilme, assim como todos os outros vidros que eram negros e blindados, e deixou que a mulher ao seu lado se esparramasse em seu colo, depositando um beijo deliciosamente molhado e quente em sua boca.

As mãos dele deslizavam pela cintura da mulher, e por vezes descia até encontrar as nádegas da mesma, causando arrepios no corpo dela, e fazendo com que gemidos saíssem de seus lábios. As unhas vermelhas combinando com o batom que havia sido borrado, deslizaram pelos fios de cabelo do presidente que já se remexia no banco devido ao desconforto formando-se dentro de suas calças. Aquela mulher parecia profissional naquele assunto.

O carro parou exatamente quando Fitzgerald deslizou sua mão por dentro da saia lápis da loira que se afastou e olhou ao redor. Sabiam que tinham chegado ao hotel e ela fez um olhar visivelmente insatisfeito.

— Se não tivesse ficado me repreendendo pelo que fiz, talvez minha mão teria alcançado o que tanto queria encontrar. — o presidente depositou um beijo no pescoço da mulher, antes de coloca-la de volta ao seu lado. Ela se encolheu no canto carro, já sabendo o protocolo de não aparecer de forma alguma diante dos repórteres que já o aguardavam do lado de fora do carro.

Fitzgerald usou seu lenço para limpar a mancha de batom dos lábios, e então saiu do carro, fechando a porta antes que pudessem fotografar qualquer parte do corpo de Rubi ali dentro. Um outro carro chegou logo atrás, e de dentro dele saiu um Owen com os olhos cheios de preocupação.

Os seguranças estavam logo rodeando Fitzgerald e foi assim que ele conseguiu entrar no hotel sem ser muito assediado pelos repórteres que insistiam em fazer a perguntas que se tornaram frequentes nas últimas semanas: "O que você tem a dizer sobre a sua queda nas pesquisas eleitorais?", "Aquilo que Sally falou sobre você é verdade?", "Acha que pode ser eleito esse ano novamente, presidente?".

Ele infelizmente não tinha muita certeza se a resposta daquela última pergunta seria positiva, na verdade, temia que dessa vez não desse conta de lutar com unhas e dentes pela presidência como da última vez. Aliás, ele se lembrou que na última campanha ainda tinha Mellie ao seu lado, dando força e apoiando-o em todos os momentos em que ele pensou que fosse cair.

Fitzgerald entrou na suíte do hotel na qual ficaria hospedado até a hora de embarcar de volta para Washington, o que deveria acontecer em mais ou menos uma hora. A porta se abriu novamente e ele já sabia quem era, pois a única pessoa autorizada a entrar e sair de seus aposentos, além de seus seguranças, era Cyrus.

Ele retirou o terno e afrouxou um pouco da gravata que o sufocava, antes de se sentar em um sofá de couro marrom instalado em uma sala ampla e confortável, seu assessor se aproximou.

— Mas que merda foi aquela? — Cyrus esbravejou sentando-se no sofá que ficava de frente para o que Fitzgerald estava acomodado.

— Do que fala? — Fitz perguntou e gesticulou com a mão para seu segurança que estava diante da porta, o homem alto e forte deixou a sala, fechando a porta.

— De toda aquela agressividade com seus eleitores. Porra, Fitz! Estamos falando de seus eleitores e não seus empregados! — Cyrus sacudia a cabeça em negação.

— Eu fui apenas sincero. E sabe que me segurei bastante durante toda essa semana, e que ouvi coisas que, por favor, não mereciam nem mesmo ter passado pela peneira de Rubi. Você e ela já foram mais seletivos. — Fitz falou impaciente.

— Sua sinceridade vai te levar para o fundo do poço, se prepare.

— O que quer dizer com isso? Está se referindo à minha popularidade nas pesquisas? — o presidente se levantou e caminhou até uma mesinha onde colocou whisky em um copo e o bebeu de uma vez, puro mesmo, sentindo o gosto amargo aliviar a tensão e o estresse que o incomodava. Ele sabia que no fundo, aquilo era sério, mas não sentia a menor vontade de reverter a situação. — Acredito que posso mudar esse quadro até as eleições. — mentiu.

— Acredita mesmo? Engraçado, mas não é isso que vejo em seus olhos e eu sei bem o que você pensa, te conheço há mais de dez anos e aprendi a decifrar seus olhares e expressões. Você teme que não seja reeleito e sabe que é preciso fazer algo agora mesmo, antes que Sally tome seu posto.

— Mas você é um velho insuportável. — Fitzgerald sacudiu a cabeça e riu, Cyrus levantou uma das sobrancelhas. — Sabe tudo, não é? Então me fale, tem alguma ideia para melhorar minha situação?

— Tenho.

— Aposto que tem uma ideia revolucionária e fantástica. — Fitzgerald falou com um tom sarcástico que não atingiu o mais velho.

— Não me irrita com seu tom de sarcasmo, senhor. Sabe bem disso. — ele sorriu placidamente.

— Então desembuche logo e me conte. — Fitzgerald demandou impaciente.

— Precisa mostrar para seus eleitores que sua imagem não é como Sally vem pintando.

— Você diz sobre as mulheres? Mas você sabe que elas existem por debaixo dos panos. — ele deu um riso debochado. — Alguém acredita mesmo que um homem vive de luto para sempre? Eu sou um ser humano, preciso de suprir as carências do meu corpo.

— Eu sei disso, mas o mundo não precisa receber a confirmação dessa história toda.

— Deixa eu adivinhar, você quer me colocar como um bom moço? Pai de família? — Fitzgerald tombou a cabeça e passou a língua no lábio inferior se lembrando com amargura da família que quase teve. — Perdi essa chance há dois anos, meu amigo.

— Não existia só Mellie no planeta, mesmo que você não acredite nisso. — Cyrus disse e apoiou os braços em suas coxas, tombando o corpo para frente. — Você precisa de uma mulher para mostrar ao mundo.

— Um troféu? — Fitzgerald perguntou interessando pela conversa.

— Quase isso, precisamos de um conto de fadas, Fitzgerald. Precisamos de uma mulher que seja exatamente o que o povo quer, uma mulher que represente família, que tenha uma beleza sedutora, mas que consiga ser recatada ao mesmo tempo.

— Não quero viver romances bobos, Cy. Não tenho tempo para isso. — Fitzgerald falou seco.

— Não quero que se apaixone por ela.

— Eu fingiria e enganaria uma mulher? Não sei se sou tão bom ator, e ela me detestaria depois de uma semana comigo. Segundo as mulheres com as quais tentei me relacionar, minha amargura acabou com minha graça.

— Ela pode saber do nosso plano, seria meramente um acordo político. — Cyrus passou a mão pelo queixo. — Faríamos tudo de forma confidencial, obviamente.

— Quer dizer, de contrato assinado? — Fitzgerald perguntou com um sorriso brotando nos lábios. — Quem se interessaria em fazer um acordo deste tipo?

— Ah, isso não é difícil de achar, senhor. Aliás, já tenho até algumas possíveis candidatas em mente.

— Ótimo. Resolva isso e me mostre as mulheres, quero poder escolher pessoalmente as candidatas finalistas ao cargo de primeira dama. — um sorriso malicioso formou-se nos lábios de Fitzgerald.

— Fitzgerald, sabe que isso não inclui nenhum tipo de envolvimento, certo? Aliás, vai ser uma das cláusulas do contrato, não queremos mais escândalos.

— Veremos o que iremos fazer quanto a isso. Por enquanto, foque apenas em fazer com que as mulheres concordem e as traga para mim. — ele cruzou as pernas de um jeito totalmente masculino, apoiando a panturrilha sobre a coxa e apoiou o braço no encosto do sofá. — Todas elas.

Há alguns quilômetros de distância de onde se encontrava o presidente, acontecia uma festa que era considerada uma das mais importantes do ano, e a convidada de honra era Olivia Pope. Ela chegou em um carro esporte preto, e no banco de trás do carro ela ajeitou e deu os últimos retoques na maquiagem antes de acenar para Lavy, seu motorista, e sair do carro.

Os flashes foram instantâneos assim que ela pisou fora do carro, ela acenou timidamente para todos eles e pensou consigo mesma como aquilo tudo era cansativo. Mas ela estava acostumada a lidar com aquele exército que carregava celulares, câmeras fotográficas, e um olhar bisbilhoteiro, desde que se entendia por gente. Isso porque ela era filha de Eli Pope, um político reconhecido mundialmente, e adorado pelos cidadãos americanos.

Liv se tornou uma estrela com o passar do tempo, sempre acompanhando o pai no cenário político, e isso a fez se apaixonar por aquele mundo, era engajada em questões humanitárias e então tomou espaço na mídia, e era tratada quase como se fosse uma atriz ou cantora. Liv aparecia em revistas de grande porte e era convidada com certa frequência em programas Talk Show.

Mas apesar desse mundo cheio de fama, ela queria mesmo era se tornar uma política, seguir os passos do pai e de seu avô, já falecido. Mas Eli Pope não tinha o interesse naquela participação dela no mundo político, ele desejava que ela estivesse fora daquele núcleo, que ele considerava "sujo demais para uma mulher".

Desde pequena, Liv ouvia os conselhos de seu pai, "Estude se quiser ser alguém na vida", e ela estudava muito, muito mesmo. Mas a sua ideia de ser "alguém na vida" era totalmente diferente da dele.

E pelo fato de seu pai ser quem era, ele quis que a filha tivesse bons estudos. Liv, que sempre fora obediente, aprendeu tudo que foi possível no colégio interno apenas para filhas ou garotas com algum parentesco com políticos que ficava localizada no sul do país. Eli queria que Liv aprendesse a se comportar diante da sociedade, e que não fosse como a maioria das garotas, ignorantes e alienadas com o que acontecia no mundo, já sua filha queria se preparar para assumir um cargo importante na política, em um futuro que não considerava distante. Havia um certo conflito de interesses naquela busca pelo conhecimento.

Liv sofria, pois seu pai não aceitava que ela assumisse um cargo político, claro que ela com seus vinte e seis – quase vinte e sete – anos, podia fazer o que quisesse da própria vida, mas não era tão fácil quanto parecia quando se é filha do governador Pope.

Quando estava terminando a escola e se preparava pra universidade, o pai da garota decidiu que a mesma deveria ter um futuro bom, ao fazer um bom casamento com alguém importante. Na ocasião, Liv perguntou de maneira irônica se poderia ser um político e foi o seu maior erro, pois a partir desse dia, ele começou a marcar jantares em casa com homens influentes na política. Liv agradecia mentalmente o fato de que aquela fase tinha acabado há alguns anos.

Daqueles jantares restou apenas uma coisa pela qual a garota se sentia recompensada: Edison, ou simplesmente Ed. Seu melhor amigo, seu confidente e o cara pelo qual todas as garotas suspiravam. Seu defeito? Era um cafajeste incurável.

Aliás, Olivia quase desistiu de ir àquela festa na qual havia chegado, e só voltou atrás quando recebeu uma mensagem de seu amigo, pedindo que ela o acompanhasse, pois tinha terminado com a namorada da vez, uma modelo Russa que parecia ter 2 metros só de perna.

Ela havia combinado de encontra-lo na festa, já que ambos preferiam ir com os próprios carros, mas assim que Liv desceu do carro e olhou mais adiante, o avistou na porta da festa. Ele se aproximou dela sorridente e a abraçou cheio de cuidados para que não saíssem nos tabloides que eles estavam juntos, qualquer brilho já virava faísca aos olhos dos paparazzi presentes ali.

— Acabei de chegar e resolvi esperar por você. — Edison falou no ouvido da garota enquanto entrelaçava seu braço no dela, que sorria animada para ele.

— Ainda bem que esperou, se achassem que estou desacompanhada, seria mais uma festa na imprensa. — Liv falou entredentes e acenou para os repórteres antes de seguir e entrar na festa.

Um vez dentro do local, ela desarmou o sorriso quase forçado do rosto e então desenlaçou o braço de Ed, que não perdeu a oportunidade de pegar duas taças de champanhe da bandeja de um garçom que passava ali.

Liv pegou a taça e agradeceu Ed, antes de virar o conteúdo de uma vez só, sem nem pestanejar ou pensar duas vezes. Edison deu um riso baixo e a garota o olhou sem entender.

— O que foi? — ela perguntou olhando ao redor e agradecendo mentalmente por aquela festa não permitir a entrada de repórteres e ter um próprio fotógrafo.

— Me parece bem sedenta hoje, hein? — o rapaz lhe falou com o tom zombeteiro.

— Hoje meu dia foi insuportável. — ela disse revirando os olhos. — Só mesmo uma bebida para melhorar meu humor. Me sinto horrível.

— Eu devo dizer que eu e todos da festa acham o contrário. — ele comentou assim que começaram a caminhar pela festa e todos olharam para Liv com curiosidade.

Aquela festa era para Olivia, em sua homenagem por ter conseguido fundos para a abertura de um centro de convivência para filhos cujos pais que estavam na guerra. O local era super bem estruturado e tinha espaço para que as crianças estudassem, e se divertissem, e além disso também possuía uma ala para as esposas, noivas e namoradas que sofriam com a ausência do parceiro.

Alguns a criticaram, e acharam que aquela era uma causa boba pela qual lutar, mas Liv sabia muito bem o quanto sua avó sofrera diante da perda de seu avô Alfredo. A senhora de cabelos brancos, sempre fazia questão de lembrar dele, com lágrimas penduradas nos olhos e nos últimos meses de sua vida fizera um pedido para que a neta tentasse ajudar outras mulheres que sofriam tanto com a falta do companheiro em suas vidas.

— Aliás, não acredito que esse decote nas costas a deixe horrível. Muito pelo contrário. — ele piscou e arrancou uma risada da garota. Era típico receber elogios de Edison, apesar de serem amigos, ele sempre deixou bem claro que possuía um interesse na mesma.

— Pare de galanteios e venha comigo cumprimentar algumas pessoas. — ela ordenou e ele tombou a cabeça para o lado puxando um sorriso junto.

— Qualquer coisa que a futura presidente dos Estados Unidos mandar. — ele disse e ela sacudiu a cabeça, desistindo do garoto que sabia exatamente o que falar para fazê-la amolecer.

Ela e Edison apareceram por muitas vezes nas revistas de fofoca, o suposto relacionamento dos dois era o foco das manchetes que acompanhavam fotos deles almoçando, jantando, ou simplesmente caminhando juntos pela cidade em momentos de descontração. Até que a mídia se deu conta de que dali só sairia mesmo amizade, até porque o rapaz de 29 anos levava uma vida bem agitada, ao contrário da de sua amiga.

Liv adorava festas, mas sabia que tinha uma reputação a zelar, caso quisesse mesmo se tornar uma política influente em algum momento de sua vida, e ela sabia que queria isso ao contrário de seu amigo, que já tinha decidido o que fazer da vida e já estava encaminhado. Ele havia se tornado um dos sócios de um enorme escritório de advocacia que levava seu sobrenome e de seu sócio.

— Liv? — uma voz feminina chamou a atenção da garota que se virou.

— Katie? — ela abraçou a mulher ruiva que retribuiu o gesto com a mesma intensidade. — Há quanto tempo não te vejo? E caramba, você não mudou nada depois do bebê.

— Deve ter uns 8 meses, acho que te vi quando minha princesinha nasceu e depois sumimos uma da vida da outra e eu fiquei um bom tempo afastada do trabalho.

— Soube que voltou e que agora está com o cargo que sempre quis. — Liv comentou com a morena que possuía o cargo de porta-voz da Casa Branca.

— Não diria que era o que sempre quis, mas estou chegando lá.

— Ora se não é a ruiva mais sexy que já conheci. — Edison se aproximou e depositou um beijo no rosto da mulher que sorriu.

— Você não muda mesmo, não é, Ed? — Katie riu e voltou a olhar para Liv. — Preciso falar com você sobre um assunto meio urgente, Liv.

— Pelo que vejo, vou sobrar na conversa de vocês. — Ed disse e então piscou. — Vou cumprimentar um cliente que acabei de avistar. — disse e então se afastou das duas mulheres.

— Vai precisar de alguma ajuda? — Liv perguntou.

— Não sei se leu as últimas notícias sobre um certo affair do governador Graham com Alícia. — Katie comentou.

— Claro que li! Achei aquilo tudo uma loucura daquela maluca, mas pelo visto é sério. — Liv falou com certa surpresa das notícias serem verdadeiras.

A notícia era que o Governador Graham, estava de caso com uma garota que poderia ser não sua filha, mas sua neta. Mas o problema nem era esse, e sim que ela era simplesmente uma das garotas mais polêmicas que existiam, e que adorava estar em festas e escândalos da alta sociedade. Olivia a conhecia da época da universidade, e simplesmente não conseguia engolir a popularidade daquela garota, pois sabia que a única coisa que ela provavelmente sabia fazer era abrir as pernas para homens influentes em busca de fama, dinheiro e vingança contra seus pais que sempre foram negligentes com a mesma.

— Mas como eu poderia te ajudar? — Liv perguntou curiosa.

— Soube que a conhece, e imaginei que pudesse conversar com ela e pedir para que ela cale aquela maldita boca. — Liv riu das palavras de Katie. — E eu sei que qualquer missão que passo para você, é como se soubesse que será resolvida.

— Você sabe que eu adoro esse tipo de coisa. Mas não entendo, você não está mais lidando com os escândalos que envolvam políticos, Katie. O que te leva a querer resolver esse?

— Pedido direto do próprio governador. — ela respondeu com visível desgosto. — Sabe que eu gostava de resolver esses problemas, era meu trabalho e me acostumei a colocar panos quentes nas coisas ou varrer sujeira para debaixo do tapete, mas desde que me tornei porta-voz, minha vida se resume a passar mais tempo do que gostaria lá dentro da Casa Branca. — A ruiva tomou um gole da bebida em sua taça antes de prosseguir. — Eu quis dizer não para ele, mas você sabe que ele é um idiota quando quer e acabei entregando os pontos e aceitando o trabalho para me livrar de suas explicações, todas mentirosas, é claro.

— Entendo. Aposto que ele tentou usar a família dele para ter convencer. — Exatamente. Parece que ele agora, como que em um passe de mágica, se lembrou do casamento de 30 anos e das filhas pequenas, mas engraçado que ele esqueceu isso completamente na hora de trepar com a Alícia pela Europa. — Katie disso em um tom irônico e Liv riu. — Além de mim mesma, nunca vi ninguém lidar tão bem com esses tipos de situação como você, aliás, não sei como não pensei em te procurar antes.

— Fique tranquila e considere isso como algo resolvido. Alícia não será mais um problema para você. — Liv disse confiante de suas habilidades de resolver problemas daquele tipo, aliás, ela se achava uma ótima detetive e vivia se metendo em assuntos que não deveria, como por exemplo, quando descobriu uma grande fraude durante uma campanha de eleição e fez com que todos soubessem. Ela sabia que corria perigo ao se meter naquele tipo de assunto, e que quando políticos procuravam por vingança era um caminho único escolhido, a morte.

Mas ele não temia ameaças, Olivia parecia um anjo, mas quem a conhecia de verdade sabia muito bem que por trás daqueles olhos doces e inocentes se escondia uma predadora que esperava apenas o melhor momento para um ataque fatal.

— Me sinto bem ao ouvir isso. Queria que pudesse resolver todos os problemas que se acumulam, como por exemplo, o fato de ter que ouvir a mesma pergunta todos os dias nas conferências diárias com a imprensa na Casa Branca.

— Qual pergunta?

— Se o presidente tem alguma namorada, ou se ele pretende se casar novamente algum dia. — Katie disse revirando os olhos.

— Normal, estamos falando de Fitzgerald Grant, e desde que ele apareceu na mídia se tornou um queridinho entre todos.

— É, mas às vezes sinto que as pessoas esquecem que estamos falando de um presidente e não do ator de um filme campeão em bilheteria. — ela falou com desânimo.

— Eu vejo os jornais falando mais sobre o estado civil dele do que sobre as promessas feitas caso seja reeleito para o cargo.

— Isso se ele for realmente eleito, porque o que corre é que ele não conseguirá.

— Já sei, ele não tem sido muito educado nos últimos tempos, e as respostas dadas por ele em entrevistas tem causado grande alvoroço já que ele quase sempre dá uma má resposta.

— E eu tenho que ficar consertando os erros que ele tem feito, mesmo não tendo a obrigação para tal, pois as perguntas feitas nas conferências são somente sobre isso.

— Acho muito triste toda essa situação, Katie. — Liv comentou pesarosa. — Ele era um homem tão vivo, tão alegre e desde a morte da esposa se fechou em um mundo onde sorrisos parecem não fazer parte do seu dicionário mais.

— Ah, querida, ele sorri sim. Mas normalmente porque é obrigado pela Rubi, a contratada como relações públicas direta dele e da campanha. — Katie disse com uma expressão de desprezo.

— Pela sua feição, não parece gostar muito dessa Rubi. — Liv riu e Katie suavizou a expressão.

— Se você conhecesse a vadia, entenderia o motivo da minha expressão carregada. — Katie falou fazendo um gesto de desprezo. — É tão óbvio o que ela está tentando fazer e chega a ser ridículo o esforço dela para conseguir se transformar na próxima primeira dama. Coitadinha. — Katie falou com um sorriso debochado no rosto.

— Uau, ela está transando com o presidente e sonhando em se tornar a primeira dama? Como eu não estava sabendo disso ainda? — Liv perguntou em tom ameno. — Você sabe que sou chata com candidatos presidenciáveis e Fitzgerald foi o primeiro que realmente apoiei durante a campanha, não é?

— Claro, me lembro de você apoiando junto com seu pai. Aliás, Cyrus deve procurar por seu pai em breve para que ele possa apoiá-lo novamente.

Liv se lembrou da última campanha e das poucas vezes em que falou com o presidente, quase sempre acompanhado de sua esposa que ainda estava viva, todas as vezes em que teve a oportunidade de conversar com ele, foi tratada com muita cordialidade e simpatia.

Mas após a morte de Mellie, não teve a chance de vê-lo pessoalmente, o presidente sumira dos jantares que aconteciam com frequência entre políticos, e aparecia apenas em eventos oficiais da Casa Branca.

Liv sempre o admirara, acreditava nas coisas que ele falava, pois as promessas feitas por ele durante a primeira campanha foram cumpridas, uma por uma e isso aumentara ainda mais a estima da garota pelo homem, era por isso que Liv se sentia sinceramente triste pelas mudanças no presidente após o falecimento de sua esposa.

— Eu gosto bastante de Cyrus, você sabe que meu pai o conhece desde quando ambos eram jovens e por isso cresci vendo-o quase como um parente próximo. — Liv falara animada.

— Sei sim. Cyrus é de longe uma das poucas pessoas na qual confio naquele ninho de peçonhentas que é a Casa Branca. Ali dentro deve-se estar sempre atento, pois um descuido seu e ó... — Katie passou o dedo pelo pescoço como se fosse uma faca. — ...você é derrubado facilmente.

— Liv? — uma senhora se aproximou de Liv e Katie. — Me desculpe interrompê-las, mas é a hora do seu discurso.

— Claro. — Liv se dirigiu à senhora que aparentava uns 50 anos e depois se virou para Katie. — Precisamos marcar um reencontro, Katie. Meu número de celular é o mesmo, me ligue para que possamos tomar um café.

— Pode deixar. — Katie piscou e Liv assentiu.

— Nos falamos em breve.

Olivia se afastou e subiu ao palco sendo ovacionada e aplaudida pelos presentes antes que começasse seu discurso, mencionando sua avó e o sonho que levara a criar o centro de convivência. Para qualquer um naquele salão todo decorado em estilo clássico e luxuoso, aquele era apenas mais um momento de altruísmo, mas para Olivia era um pequeno passo em direção da carreira pela qual almejava alcançar no futuro