"Tiii...".
O som é longo e contínuo. Chega a ser irritante, mas quem está perto, quem se importa. Não tem cabeça para se irritar.
Não tem cabeça, nem coração para aguentar o que aquele incomodo som representa.
O som da morte, do fracasso. O som do "Adeus" que não se tem a mínima vontade de ouvir.
Ele sentiu seu mundo se fazer em pedaços. Tudo por causa daquele som, aquele maldito e incomodo.
Ergueu-se da poltrona num pulo. As enfermeiras entraram, apressadas, na tentativa de salvar aquela vida, porém ele sabia que não havia mais chance. Como queria estar errado, porém podia senti-la, podia sentir em seu peito a dor intensa da perda.
Ele queria abraçá-la e gritar aos céus que a trouxessem de volta, foi segurado pelos braços por seguranças. De seus olhos azuis escaparam as lágrimas e de seus lábios um chamado, uma esperança.
- Olivia! – seu chamado foi um grito a plenos pulmões. – Olivia!... Droga, Olivia!
Ele não conseguia impedir, estava chorando muito. Saber que ela não abriria aqueles lindos olhos castanhos-caramelo e diria para ele que tudo ia ficar bem, estava destruindo-o por dentro.
- Olivia! Liv!
Eles usaram o desfibrilador nela. Uma. Duas. Várias vezes.
Em vão.
- Ela se foi... – o médico responsável falou, em tom pesaroso.
Ela se foi... A frase ecoava em sua mente e ia rasgando seu ser por dentro, arrancando sua esperança.
Os seguranças, finalmente, o largaram.
Elliot fitava o corpo inerte de sua amada, naquela cama de hospital.
As lágrimas corriam por seu rosto, ele já não se importava com elas, não tinha mais nada a perder. Seu tudo se fora. Seu mundo acabara de morrer e ele nada pode fazer para evitar.
Aproximou-se da cama a passos quietos. Sua visão embaçada pelas lágrimas.
- Olivia... – murmurou.
Deixou-se cair de joelhos no chão, segurou a mão dela, fitou seu rosto, com a mão livre acariciou-a.
Seus olhos estavam vermelhos, seu peito rasgado, numa dor excruciante. Ele sabia que não poderia se recuperar dessa.
- Olivia... Liv... Eu sinto muito... – ele murmurou.
Encostou o rosto na mão dela e se deixou chorar ali.
xxx
-... Acho que vai me achar idiota por isso, mas... Eu não consigo mais... Não sem você, Liv... Espero que um dia possa... Me perdoar... – foi tudo o que ele disse.
O som ensurdecedor dos disparos abalou toda a vizinhança.
xxx
Os passos de Cragen era resignados, ele esperava por aquilo. Sabia que uma hora viria a acontecer.
- Onde está? – perguntou ao ver Finn se aproximar
- Ao lado do tumulo de Olivia. – respondeu o detetive.
Cragen seguiu pelo caminho e viu Munch, seguiu o olhar do detetive até ver Elliot. Morto, ensaguentado, baleado ao lado do tumulo de Olivia.
- Tem um papel na mão dele. – falou Melinda, usando a pinça para pegar o papel, abriu e leu.
"Peço desculpas a vocês, Finn, Munch, Cap, Melinda, mas dói demais...
Peço desculpas a você também, Liv...
Sou apenas um tolo apaixonado que perdeu sua razão de viver.
Elliot Stabler".
Cragen suspirou.
Seus dois melhores detetives em menos de duas semanas.
"Espero que sua dor tenha passado, Elliot" Pensou o capitão da SVU, fazendo seu caminho para fora do cemitério, guiado pela brisa fria daquela noite de outono.
