Lembrando sempre que J. K. é dona de tudo, eu só escrevo porque gosto. A única coisa que ganho com isso é o prazer de "ser lida".
Prólogo.
Para começar, um pouquinho de Hogwarts.
Desde a primeira vez que Albus Dumbledore pisou no castelo, ele soube que jamais deixaria de verdade esse lugar. Não, ele poderia estar do outro lado do mundo, mas seu coração sempre pertenceria à Hogwarts. Como é, de fato, até hoje.
E foi por isso que o bruxo retornou para a escola na primeira chance que teve.
Fora isso, ele já havia notado o imenso prazer que sentia em lecionar. Mas devorar livros e acumular conhecimento, nada disso fazia muito sentido se não tivesse com quem compartilhar.Compartilhar... Isso é Hogwarts!
E ele já tinha certa fama e prestígio quando, em 1938, conseguiu o emprego que ostentaria com orgulho por muitos anos ainda. E o melhor era que ensinaria Transfiguração, de longe a sua matéria preferida! Ainda sim, todos ficaram meio surpresos quando ele aceitou de pronto a oferta, até mesmo o próprio Armando Dippet. Mas Albus estava feliz. Tão feliz quanto alguém poderia ficar.
Era como voltar pra casa.
Porém, essa história não é somente sobre Dumbledore ou mesmo Hogwarts. É, antes de mais nada, sobre amor. Soa um pouco piegas, eu sei. E posso imaginar olhos revirarem aborrecidos para o teto quando toco nesse assunto, então por hora vou me ater aos fatos.
A primeira vez que ele a viu foi no discurso de boas-vindas, na noite em que estreou seu assento junto a seus colegas na mesa dos professores. Ele não escutou praticamente nenhuma palavra do que foi dito por Dippet na ocasião, porque estava prestando muito mais atenção nos estudantes. Tantas cabeças jovens, ávidas de conhecimento! Para ele era incrivelmente empolgante e amedrontador ao mesmo tempo. Um desafio fantástico, sem dúvida. E nada melhor para uma mente privilegiada do que um pouco de estímulo.
Albus estava contentíssimo.
Como é normal quando se está entre uma multidão de pessoas desconhecidas, escolhe-se uma mais ou menos agradável, aproxima-se ou distancia-se, procura semelhanças... E Dumbledore sempre gostou muito de observar as pessoas.
E não deve ter se retido muito tempo nos longos cabelos negros ou na expressão séria que absorvia concentrada as palavras do diretor, aliás, como ele também deveria estar fazendo. Apenas registrou que simpatizou de cara com a garota.
Ela era segundanista grifinória e ele sempre se recordaria de ter achado que alguma coisa no olhar severo que ela lançou aos colegas que cochichavam ao seu lado lhe lembrou um pouco de sua mãe, Kendra, ralhando com ele quando insistia em ler na mesa de jantar. E, veja bem, ela era então só uma garotinha.
No dia seguinte descobriu que se chamava Minerva, como a deusa romana da sabedoria. E da guerra também.
Dumbledore tinha o costume de associar as pessoas a seus nomes - o que , se você quer saber, é um exercício bem válido de análise de personalidade – e mais tarde descobriria que esse em especial caía como uma luva.
Minerva era mais a velha da turma, pois fazia aniversário no começo de outubro. Também era de longe a mais inteligente e, por mais de uma vez, o meteu em sérios apuros por estar tão adiantada dos demais colegas que o conteúdo que ele explicava parecia obsoleto e sem importância. Mas Albus também não podia apressar o resto da classe por causa de uma única aluna, por mais esforçada que ela fosse.
Ela se metia constantemente em discussões porque não conseguia ver uma briga sem tomar partido. Era justa demais para ficar sem defender um inocente ou colocar o culpado em seu merecido lugar, mesmo que isso a prejudicasse (o que acontecia frequentemente) e a fizesse perder alguns dos muitos pontos que conseguia para sua casa. Também tinha o péssimo hábito de ser excepcional em tudo que se propusesse a fazer, o que acabava a distanciando um pouco da maioria dos outros alunos, ou pelo menos daqueles que se ressentiam com isso.
Some essa personalidade forte ao excesso de teimosia e uma língua afiadíssima e terá Minerva McGonagall. Tinha tiradas tão inteligentemente maldosas que muitas vezes o seu alvo nem chegava a entender que fora ofendido.
Toda essa "popularidade" lhe gerou uma série de brincadeiras de mal-gosto e apelidos um tantinho ofensivos . Havia ainda um menino em especial, chamado Desmond O'Malley, que a importunava com tanta frequencia que ninguém ficou muito surpreso quando ele passou três dias na ala hospitalar sem admitir quem havia lhe feito nascer chifres de dragão por todo o rosto.
Tinha também, é claro, um grupo pequeno e leal de amigas. Duas ou três jovens da mesma casa que não compartilhavam plenamente do seu entusiasmo pelos estudos, mas das quais ela só desgrudava para ir à biblioteca. Não que elas tirassem notas ruins, uma vez que Minerva jamais as deixaria fazê-lo. Obrigava-as a estudar.
E ela nunca realmente se importou muito com suas inimizades, talvez por saber se defender muito bem sozinha. Na verdade, em pouco tempo Albus descobriu que ela costumava dar aulas de reforço em seu tempo livre para os demais colegas, incluindo aqueles que falavam mal dela pelas costas. E alguns dos que falavam mal pela frente também.
Talvez, ainda tão jovem, já tivesse tomando gosto por ensinar.
E procurava o professor de tranfiguração constantemente depois das aulas, sempre com dúvidas e perguntas, até mesmo algumas sugestões. E algumas vezes ele teve de pesquisar um bocado antes de poder lhe dar uma resposta satisfatória. Ela tinha um interesse assombroso pela sua matéria.
Como já deve ter ficado evidente, em pouco tempo tornou-se sua aluna favorita. Não que Albus não gostasse de todos os alunos, longe disso. Mas sempre há aquele que se sobressai aos demais, senão por suas qualidades, pelo próprio carisma. E ocasionalmente há aquela pessoa tão querida que dá certa tristeza em ver concluir o curso e seguir sua vida adiante.
Mesmo um pai zeloso às vezes acaba manifestando certa preferência por um de seus filhos em particular. E com os educadores não é muito diferente. Horace Slughorn que o diga!
Porém, sua amizade só foi firmada e sacramentada completamente quando ela já cursava o quinto ano e uma tragédia se abateu sobre sua vida. Quando seu pai falecera, deixando ela e seus dois irmãos mais velhos órfãos, e coube a Dumbledore a terrível tarefa de lhe dar a notícia. Afinal, era o chefe da grifinória e seu professor preferido.
Foi ele quem a abraçou enquanto ela chorava por mais de uma hora seguida, também foi ele quem lhe consolou e sussurrou que ficaria tudo bem, e foi a ele quem ela recorreu nas próximas vezes em que precisou de um ombro amigo.
Em toda a escola, Albus foi o único que a viu chorar.
Naturalmente, quando chegou a hora, Minerva tornou-se monitora e logo depois monitora-chefe. Tinha ótimas notas, que só não eram ainda melhores porque se dedicava demais ao posto de apanhadora no time da casa. Ah sim, também haviam as confusões relacionadas ao quadribol...
Mas é em 1943 que nossa história começa de verdade.
Na época Dumbledore tinha seus sessenta e dois anos¹, a barba e o cabelo ainda vermelhos e não tão longos. De resto, era exatamente o que é agora, só que bem mais jovem, mais estabanado, menos experiente, e sem as cicatrizes que traz hoje consigo, visíveis ou não.
Ele dedicava-se muito ao trabalho, que era seu maior prazer e grande orgulho. Mas também andava tomado de preocupação, pois havia um cuidado redobrado sobre a segurança de cada aluno depois do terrível caso da câmara secreta, mais de um ano antes. E, pior de tudo, era tempo de guerra. Uma guerra terrível, de fato...
Mas me abstenho de falar disso por hora, então tratemos de assuntos mais felizes.
Minerva cursava o sétimo ano e ele já tinha deixado de vê-la apenas como criança. Admirava-a profundamente e se envaidecia de cada um de seus sucessos, que ela às vezes partilhava com ele nos intervalos das tais aulas de reforço nas quais Albus agora a ajudava quando tinha algum tempo livre. Eram então, já nessa época, grandes amigos, embora conversassem estritamente sobre assuntos acadêmicos. Ela nunca lhe confidenciara nada mais pessoal do que sua ambição de seguir, assim como ele, a carreira de docente; e ele tampouco havia lhe revelado nada mais particular do que seu gosto extravagante por doces.
Mas logo esse quadro logo foi se modificando.
Sim, é sobre isso que eu me referia quando disse que falaria de amor. E falarei um bocado, já vou avisando.
Bem, você certamente concordará que é perfeitamente compreensível quando uma aluna se apaixona por um professor. Provavelmente até já tenha passado por algo semelhante, ou conheça alguém que tenha vivido essa situação.
Oh sim, talvez aquele professor de filosofia inflamado de ideais nobres ou quem sabe aquela professora de matemática com um decote insinuante já lhe tenha dado uma ou duas idéias acerca do que estou falando...
Os jovens, com seus corações frágeis, são mais suscetíveis a confundir admiração e amizade com algo mais profundo, tem sentimentos um tanto volúveis e acabam transformando uma paixonite qualquer em um verdadeiro e arrebatador amor visceral. E aí mergulham em tragédia e sofrimento, até que finalmente descobrem que isso passa. E como eles superam rápido!
Albus já era bem experiente nesse assunto, pois já tinha visto acontecer outras vezes com alguns colegas e até consigo mesmo. E, não, não foi esse o caso. Na verdade, e ele se sentiria muito constrangido em ter de admitir isso em voz alta, aconteceu exatamente o contrário.
E quando é o professor que se apaixona pela aluna... Ah, aí sim você tem uma situação realmente complicada!
Ora, vejo que você começa a se interessar pela história afinal. E uma platéia atenta me agrada bastante.
Se ficaram juntos? Tudo a seu tempo, não vamos atropelar a sequência dos fatos. De acordo?
Por hora basta que você saiba que Albus Dumbledore se apaixonou por Minerva McGonagall. Um amor platônico, acredite, sem nenhuma intenção ou malícia. E se ele tivesse notado o que estava acontecendo, é certo que teria feito algo para impedi-lo. Mas quando deu por si já era tarde demais, e não tinha mais volta.
Espere, não foi assim tão simples quanto parece. Na verdade ele demorou muito para se dar conta disso, demorou mais ainda para admiti-lo para si mesmo, e passou mais um tempinho ainda tentando negar.
Quando aconteceu realmente? Ele jamais saberá precisar ao certo quando a semente desse sentimento germinou em seu peito. Mas o acontecimento que representou pra ele a verdadeira luz do entendimento, esse só ocorreu bem no final de agosto daquele mesmo ano, pouco antes do início das aulas.
Então peço sua atenção porque eu vou lhe contar exatamente como aconteceu.
¹ lembrando que os bruxos envelhecem bem mais devagar, então lhe atribuam algo por volta de quarenta anos de trouxa.
n/a: Primeiramente, obrigada por ler!
Sempre quis escrever sobre essa época e estou planejando coisas bem interessantes para essa fic... *-*
Adoraria receber reviews (por favor, por favorzinho).
Ah, se vc curte ADMM como eu, recomendo altamente minha outra fic,"Segundas Chances", que é a menina dos meus olhos.
Um grande abraço e até breve.
