Com sua personalidade cativante, Rin Yuzukai é a mulher ideal para libertar Sesshoumaru Taisho da maldição. Para Rin também, o casamento é o único meio de escapar de uma situação dramática, e ela sobe ao altar com aquele homem desconhecido, sem imaginar a paixão que ele ira lhe despertar e a batalha que ela terá de enfrentar para salvar o marido e o amor que os une!...

-Não tenha medo... - Rin se inclinou para o pescoço de Kirara,a égua que a transportava.

-Os rumores sobre os Taisho e os Yzuma são uma grande e rematada
tolice! Que grande estupidez acreditar que eles tenham sede de sangue...·.

Rin se endireitou na garupa e fitou os cavalos que a acompanhavam: dois à frente, dois atrás e um de cada lado. Seis gregos taciturnos e rudes.

Desde que partira do castelo Yuzukai, na Inglaterra, nenhum deles dirigia a palavra a Rin, exceto para dar ordens ou instruções.

Não que houvesse oportunidades para conversas, pois viajavam dois dias sem parar, subindo e descendo montanhas e atravessando trilhas pelas florestas. No principio Rin suportara bem a viagem, mas ao final do primeiro dia, o cansaço a atingiu e mais de uma vez Inuyasha, um dos cavaleiros, foi obrigado a se aproximar e chamar-lhe a atenção, para que ela não adormecesse e caísse da sela.

Em certa ocasião, Inuyasha os fez parar e sacudir Rin ate que ela acordasse, deixando-a terrivelmente embaraçada, mas retomaram o galope assim que Rin despertou. Não era fácil adormecer num cavalo trotando, mas às vezes o sono se tornava tão forte que era impossível impedir que os olhos se fechassem e o corpo tombasse para frente.

Ela sonhava com o momento do descanso, apesar de saber que só ocorreria ao atingirem Taisho, o destino final.

Rin estava exausta, e isso minava sua capacidade de se manter otimista e ter uma visão positiva sobre o futuro que a aguardava. Se seu cansaço não fosse tão grande, talvez tudo lhe parecesse uma grande aventura; entretanto, oque mais sentia era solidão e temor.

Afinal, deixava para trás o castelo Yuzukai, o mundo que conhecia, e partia rumo a uma vida em meio a estranhos, numa terra distante, levando apenas a roupa do corpo e o conteúdo da trouxa amarrado à sela: um pequenino retrato pintado do rosto da mãe, o punhal que pertencia ao pai, um vestido já velho e dois ou três artigos mais.

Isso era tudo que possuía no mundo.
Rin estava acostumada a não ter posses, e não se importava com isso, mas doía não poder contar com a companhia de Sango naquela viagem. A jovem ajudante de cozinha, em Yuzukai, transformava-se em sua dama de companhia,quando necessário, e era a única amiga que ela tinha. Rin se sentia mais próxima de Sango do que de Hakudoshi, seu próprio irmão.

Sango era a única pessoa de quem sentiria falta. Hashi (era assim que ela o chamava quando pequenos), contudo, se recusara a abrir mão da criada, e de qualquer maneira não era de esperar que os cavaleiros gregos concordassem em levar outra mulher como carga durante a viagem.

Rin sorriu ao pensar em si mesma como um fardo que os cavaleiros transportavam. Afinal, seu irmão, Hashi, sempre deixou claro que ela não passava de um peso morto, uma criatura indesejável, da qual ele tinha que tomar conta desde a morte dos pais, quando ela completou nove anos.

Rin tentava ao Maximo não incomodá-lo, e ajudava no trabalho a ponto de fazer serviços que cabiam aos criados; mas isso não bastava para Hashi. Ele nunca perdia uma oportunidade de humilha-la, declarando que ela não valia a pouca comida que ingeria.

Seu esforço para ajudar na manutenção da propriedade e comer o mínimo possível jamais fora o suficiente para Hashi trata-la com consideração. Na verdade, a simples presença dela o irritava. Ele tentou conseguir-lhe casamento, mas não teve sucesso, então, tomou a decisão de interna-la como freira num convento, em vez de permitir que ela vivesse na casa onde nascera e crescera.

Porem, os cavaleiros chegaram, e junto com eles a oferta de matrimonio, um dia antes de Rin se mandada para o convento.

Ela cultivava suas ervas medicinais quando Sango chegou subitamente, anunciando a nova surpresa que o destino lhe prepara.

-Rin, minha senhora, nem imagina o que aconteceu! Neste exato momento, Hakudoshi esta... negociando seu casamento! Um lorde deseja casar-se com a senhora, e enviou seis gregos para cuidar do assunto! O mais estranho e que pretendem realizar a cerimônia agora mesmo, sem a presença desse lorde!

Há principio, Rin pensou que Sango se enganara a respeito do teor da conversa entre Hashi e os cavaleiros, pois seu irmão ha tempos espalhara a noticia de que não oferecia um dote a quem a desposasse.

Entretanto, o que se tornou claro logo depois e que não decidiam quanto Hakudoshi "pagaria" para se livrar dela, mas sim quanto "receberia" dos gregos para consentir que a Irma casasse com o lorde que os enviara. Bem, não decepcionarei meu valoroso irmão!

{Vejamos o que o destino me reserva!}.

Pensou ela, com orgulho ferido.

Rin ainda procurava se recuperar do choque da noticia trazida pela criada e única amiga, quando a moça informou com desgosto que o lorde grego era do clã Taisho.·.

-Oh, senhora, é horrível que tenha que se casar com um daqueles monstros!

A jovem se forçou para não chorar.

Rin jamais prestara atenção a mexericos e boatos, porem ouvira comentários de que os Taisho eram vampiros sem alma que se alimentavam de sangue de seres humanos. Ela ainda tentou consolar Sango, explicando-lhe que não passava de tolice.

-Querida, os cavaleiros chegaram a Yuzukai em plena luz do dia, e de acordo com os rumores, os vampiros não suportam o sol, e morrem queimados quando se expõem a ele.

-Mais nem todos os Taisho são vampiros-

Insistiu Sango.

-Um ancestral da família casou-se com uma mulher mortal, e os filhos que geraram passaram a ter sangue misto: metade vampiro, metade humano. Por isso ha entre os Taisho pessoas capazes de realizar tarefas que os seres sem alma não conseguem executar. Os seis cavaleiros gregos suportam a luz do sol, e por esse motivo o senhor do clã dos mortos-vivos os enviou para negociar o casamento em seu nome.

Rin não se deixava convencer por tal argumento, mas mesmo assim não poderia negar que Sango lhe plantara uma semente de duvida no espírito.

-Inuyasha ela esta falando sozinha novamente.

Inuyasha suspirou ao ouvir o comentário de Kouga. Os outros cavaleiros já haviam notado o estranho comportamento da moça, que começara a conversar sozinha desde a partida de Yuzukai. Já se dizia entre eles que a dama que se tornara esposa de seu lorde era louca.

-Nosso senhor não vai gostar de saber que casou com uma mulher louca...

-Concordo, Kouga, ele não vai gostar nada!

Shipoo, que ate então cavalgava ao lado esquerdo de Rin, agora se aproximava dos dois cavaleiros que vinham atrás para tomar parte da conversa.

-E vai nos culpar por isso.

-Não!

Protestou Narak, deixando de cavalgar do lado direito de Rin e integrando-se a conversa.

-Ele não vai nos culpar por ela ser louca.

-Nosso lorde vai pensar que nos a enlouquecemos contando historias a respeito do que a espera.

Disse Shipoo

-Lorde Taisho sabe que jamais faríamos isso.

Interferiu Inuyasha

-Alem do mais a consorte de nosso lorde não e louca.

Acrescentou ele.

-Não acha que falar sozinha sem parar e sinal de loucura Inuyasha?

Insistiu Kouga.

- Seria um sinal de loucura se fosse Grega. Mas ela é inglesa, e os ingleses são diferentes. Creio que esta tentando acalmar o cavalo.

-Acalmar o cavalo o tempo todo?

Kouga expressou tamanha surpresa que Inuyasha quase chegou a rir.

Entretanto, Inuyasha sabia que o assunto era serio demais para provocar risos. Seu argumento não fora convincente nem para ele próprio, mais algo tinha que ser dito, pois não podia deixar que os cavaleiros chegassem a Taisho acreditando que a nova senhora do castelo era louca, e espalhassem tal rumor.

Na posição de primeiro cavaleiro do senhor do clã, era seu dever proteger os interesses do lorde e da mulher que se tornaria sua esposa. Infelizmente, Inuyasha percebera que seria muito difícil fazê-los mudar de opinião.

Não havia outra saída, teria de dirigir-se a Rin, abordar o assunto e arcar com as consequências. Se ela não fosse louca tudo estaria bem, mas se suas faculdades mentais deixassem a desejar, então lorde Taisho tinha um problema pela frente.

No momento, era melhor fazê-la para de falar sozinha para não alimentar as suspeitas dos cavaleiros.

Apressando o galope, Inuyasha se adiantou e ficou do lado de Rin. Ela o fitou surpresa, e depois sorriu com amabilidade.

{Seria melhor se ela não sorrisse}

Pensou Inuyasha, sabendo que nenhuma mulher em sã consciência teria vontade de rir após dois dias numa sela. Tal sorriso seria interpretado como outro sinal de loucura. Decidido a desencoraja-la a ser amável, Inuyasha a fitou com seriedade, enquanto tentava descobrir um modo de abordar o assunto sem a ofender.

-A senhora é louca?

-Como?- Rin arregalou os olhos

-Falava sozinha o tempo todo. Por isso pergunto se é louca.

Estupefata, Rin fitou o homem, que não aparentava mais de trinta anos. Custava acreditar que ele tivesse coragem de lhe fazer tal pergunta, e de maneira tão bruta.

-Não falava sozinha. -respondeu ela finalmente.

-Não?

-Estava falando com Kirara. -Rin notou que os cavaleiros que vinham atrás se aproximavam para ouvir a conversa, e os que galopavam a frente diminuíam a marcha para escutar o que diziam.

-Kirara?

Perguntou Inuyasha sem compreender o que Rin queria dizer, e olhando em volta como se procurasse outra mulher por perto.

-Minha égua.

Explicou Rin, paciente.

-Ah!-Inuyasha relaxou e um sorriso de triunfo desenhou-se em seus lábios. Os demais cavaleiros, contudo, não pareceram se impressionar com a explicação.

-Esperava que o cavalo respondesse?

Indagou um deles, franzindo a sobrancelha.

-Shipoo, isso e coisa que se diga.

Repreendeu Inuyasha.

Rin sorriu para o cavaleiro de cabelos ruivos e rosto cheio de sardas

-Não seja tolo. Cavalos não falam.

Ela argumentou.

-Mas quem disse que não são capazes de ouvir?

Acrescentou ela.

Inuyasha sorriu, e os outros menearam a cabeça em concordância.

-Ela tem razão.

Comentou o cavaleiro que galopava a direita.

Rin se virou com um sorriso agradecimento para o homem que a apoiava, e tentou se lembrar de seu nome. Inuyasha parecia te-lo chamado de Narak, mais ela não tinha certeza.

-Por que deseja falar com seu cavalo?

Insistiu o cavaleiro à esquerda, e que Rin sabia chamar-se Kouga.

-Esta égua me pertence há muitos anos e só saiu de Yuzukai uma vez, quando viajamos para a corte. Eu a conheço e sei que esta agitada por cavalgar por lugares estranhos. Por isso converso com ela, para acalma-la e garantir que esta tudo bem.

Essa explicação pareceu ter convencido os homens, que já se aprontavam para a formação habitual de galope. Era bom que obtivessem a confirmação de que ela não era louca, pena que voltassem a ser os calados e taciturnos gregos de sempre, pois ela adoraria conversar com um ser vivo a não ser Kirara.

Rin apreciava conversar. Em Yuzukai sempre havia alguém com quem falar Sango e os outros criados do castelo, o ferreiro, o padre, o rapaz que tomava conta do estábulo, ou mesmo as crianças. Todos a tratavam bem, e jamais recusavam conversar quando Rin os procurava ou encontrava por acaso.

Ela não estava acostumada a longos períodos de silencio, e a viajem já começava a incomoda-la. Sentia-se irritada sobre tudo com quem a colocara em tal situação e a obrigara a viajar, seu marido, Sesshoumaru Taisho.

Rin murmurou o nome do esposo em tom desanimado, e soltou um profundo suspiro. Em vez de ter ido busca-la pessoalmente, lorde Taisho enviara seus homens para fazê-lo, como se ela fosse uma vaca ou uma ovelha. Isso indicava que sua vida no castelo Taisho não seria muito diferente da vida em Yuzukai, onde o irmão não lhe dava o menor valor.

Quando soube que o senhor Taisho havia pagado para casar, e o matrimonio seria realizado antes de partirem e sem a presença do noivo, ela alimentou esperanças de que Sesshoumaru Taisho a fosse considerar algo mais do que um objeto inexpressivo, mais as circunstancias já demonstravam que não seria assim.

-Senhora?

Chamou Shipoo.

-Sim?

Rin virou-se distraída para o cavaleiro ruivo e sardento.

-Por que conversa com sua égua a respeito de nosso lorde?

-Eu fiz isso?

Perguntou Rin, embaraçada por ter proferido pensamentos em voz alta.

-Fez. Não e mesmo, Narak?

-Sim.

Confirmou o cavaleiro de ombros largos e compridos cabelos escuros, aproximando-se também de Rin.

-E não parecia nada satisfeita. Por acaso não esta contente em ser a esposa de lorde Taisho?

Rin considerou mentir para não ofender os cavaleiros, mas mentir não fazia parte de sua natureza.

-Eu preferiria que lorde Taisho viesse me buscar pessoalmente, em vez de manda-los coletar-me como se eu fosse uma vaca comprada para aumentar o rebanho.

-Ah!

Inuyasha trouxe seu cavalo para mais perto, a fim de tomar parte da conversa. Os outros cavaleiros também haviam emparelhado ao lado de Rin, mas apenas Inuyasha falou.

-A senhora é inglesa, por isso não compreende. Lorde Sesshoumaru jamais enviaria seis cavaleiros para buscar uma vaca. Enviaria somente "um" homem, e não seria nenhum de nos.

Os demais homens concordaram, meneando a cabeça de modo solene.

-Então deveria me sentir honrada por lorde Taisho tê-los enviado para me buscar em vez de fazê-lo ele próprio, em pessoa?

Rin respondeu com ironia

-Sem duvida.

Assegurou Inuyasha, serio e compenetrado.

-Naturalmente.

Confirmou Shipoo

-Afinal, nosso lorde não poderia ter vindo, e por isso nos enviou. "Seis" cavaleiros! Vê como e importante? Ate mesmo Inuyasha foi enviado.

-Inuyasha e o primeiro cavaleiro de lorde Taisho.

Informou Kouga, dando entender que ela devia se sentir satisfeita com a escolta encarregada de negociar o casamento e de trazê-la.

-Por que lorde Taisho não podia vir ao meu encontro?

Rin ainda não se convencera.

-É difícil explicar...

Inuyasha mostrou-se hesitante.

-Por causa de sua condição.

Disse Shipoo, tentando ajudar o companheiro.

-Condição?

Perguntou Rin, entre curiosa e preocupada.

-Sim.

O embaraço de Inuyasha era visível.

-Que querem dizer com isso?O que ha de errado com lorde Taisho?

-Mas a senhora terá de lhe perguntar, e ele próprio explicara.

Disse um de cabelos escuros e curtos presos em um rabo de cavalo baixo. Mirok, este era seu nome.

Apesar de insatisfeita com a resposta, Rin resolveu não insistir, pois nenhum dos cavaleiros daria maiores explicações. Na verdade, eles já retornaram ao silencio habitual e se viraram para frente, desencorajando qualquer dialogo. Rin, contudo, detestava a ideia de retomar o silencio que a incomodava e tornava a viajem triste e mais cansativo. Ela gostaria de conhecê-lo melhor, saber quem era e como viviam.

Afinal, adentrava em um país que não era o seu, e estaria rodeada de estranhos na nova moradia.

Rin costumava sonhar que um dia se casaria e seu marido moraria em Yuzukai, para que ela não necessitasse abandonar o lugar e as pessoas que desde infância. Tal sonho, contudo, já não existia, pois ela desposara um lorde grego e ia se juntar a ele na Grecia. Rin jamais imaginara que a solidão era o que o seu futuro lhe reservara.

-Esta um lindo dia, não acham?

Entretanto, nenhum deles respondeu somente se entreolharam espantados. Então Rin percebeu que dissera uma grande tolice, pois o céu estava cinza e não tinha nada de bonito. Seu comentário fora estúpido, afinal, ela só tentava puxar assunto.

-Um dia lindo?

Disse Inuyasha por fim, para constatar se ela sabia o que dizia.

-Bem, não esta chovendo.

Rin retrucou em tom defensivo, temendo que mais uma vez a considerassem louca.

-E verdade.

Concordou Narak, olhando para o céu nublado.·.

{Pelo visto não adianta continuar falando sobre o tempo.}.

Pensou Rin.

Mas sobre o que conversariam? Tratar de política estava fora de cogitação, pois eles eram gregos, e ela inglesa, e se agora desfrutavam de um período de paz, os dois povos haviam sido inimigos durante séculos. Inesperadamente, foi Inuyasha quem tomou a iniciativa de seguir com a conversa.

-Não estamos muito longe de Taisho.

Rin sentiu um repentino incomodo ao tomar consciência de que em breve encontraria seu marido pela primeira vez. Finalmente conheceria o homem que a desposara a distancia!

-Meu marido estará nos esperando ao chegarmos?

-Apenas se chegarmos depois de escurecer, caso contrario estará ocupado.

Informou Inuyasha após uma breve hesitação.

-Nosso lorde não sabia quanto tempo levaríamos para negociar o casamento. Ele nem mesmo sabia se a proposta seria aceita.

-Compreendo.

Rin pensou que seria melhor se chegassem antes de escurecer, pois ao menos teria tempo de se arrumar um pouco antes de enfim encontrar Sesshoumaru Taisho.