Pra Dizer Adeus
N/A: Boa tarde a todos! Já aviso que não é nenhuma songfic, eu só tomei o nome emprestado sem autorização... (:-P) Essa fic também não tem relação alguma com as MxC que escrevi anteriormente. Espero que gostem!
Capítulo I
No próximo sábado faria dois anos que estavam juntos. Não que Camus se importasse com datas, mas sabia que Milo ficaria furioso se o francês não fizesse nada para comemorar. Afinal, pensava Camus, não custa nada fazer alguma coisa. Gostava mais de Milo do admitia. Não era à toa que o passo de morarem juntos tenha sido proposto por Camus.
- No que ta pensando em fazer? – o companheiro de escritório de Camus, Mu, dava umas sugestões. – Tem um restaurante muito bom perto daqui, não sei se já viu.
- Vi,vi. – Camus ajeitou os óculos quadrados enquanto examinava uma papelada. – Acho que vai ser algo simples.
- Entendi. – Mu levou uma das mãos ao próprio queixo. – Seja o que for, vai ser uma boa, né? Milo parecia meio amuado nesses dias.
Camus não disse nada, mas concordou internamente. Não demonstrava, claro, mas uma pontinha de preocupação o incomodava há uns dias. Desde um dia em que Milo voltou tarde, uma sexta-feira, e estava estranho. Camus não perguntou, mas sentiu ali algo errado. O francês às vezes se perguntava se ele mesmo não estava trabalhando demais.
- Camus, você não anda trabalhando muito, não? – Mu perguntou repentinamente.
Camus sobressaltou-se discretamente. Será que estava pensando muito alto?
- Eu?
- É. Sei lá, você tá muito focado aqui dentro. Não que eu queira me meter, mas já me metendo... Podia ter um tempo a mais com o Milo.
Sem resposta.
- Desculpa, não devia estar me metendo. Vou pra minha sala, qualquer coisa...
- O.K. .
Agora que Camus não conseguia mais se concentrar no serviço. Vendo-se sozinho, largou-se na cadeira e tirou os óculos, massageando a ponte do nariz. Soltou o ar pelas narinas, com certa irritação. Mu tinha razão, como sempre. Estava tão preso ali que muitas vezes mal falava com Milo. Outras tantas vezes chegava tarde em casa, e tão cansado que negava ao parceiro algum carinho.
E por que tanto trabalho? Simples, rebatia mentalmente. Queria manter a casa; mesmo que Milo trabalhasse, não tinha o melhor emprego do mundo. E sua carteira estava sempre vazia, pelo menos desde uns meses...
Camus batucou a haste dos óculos levemente sobre a escrivaninha. Não. Milo podia ser intenso e sensual, diga-se de passagem, mas não era do tipo que procurava por outras. O francês riu de si mesmo por estar pensando na hipótese, embora não conseguisse evitar ficar preocupado.
- Melhor eu voltar ao trabalho. – Disse a si mesmo.
-x-
Faltava um dia, e estava tudo pronto. Tiraria um dia para eles, já tinha falado com o chefe de Milo, e com o próprio chefe, arrumando desculpas. Fariam o que quisessem no sábado.
- Tudo bem, pode deixar que eu seguro as pontas. – Mu deu um tapa amigável no ombro de Camus, abrindo um sorriso estimulante.
- Obrigado, mesmo.
Chegou mais cedo em casa na sexta-feira, e encontrou a casa vazia. De princípio deu de ombros; tomou um banho, separou uns DVDs que Milo gostava (Cada filme sem conteúdo algum, resmungava Camus). Sentou no sofá para esperar, escolheu um livro para ler enquanto aguardava.
Vieram as nove horas, vieram as dez. Camus passou a olhar o relógio de pulso com mais freqüência. Onze. Sua mão coçou para pegar o celular, e ver se tinha alguma chamada perdida. Onze e meia, e nada. Tinha sono, mas sabia que não dormiria até Milo chegar.
Passava de meia-noite e quinze, e um estalinho de maçaneta alertou o francês. A porta se abriu e se fechou. Camus levantou e virou o corpo para ver quem chegava.
Milo estava em pé no meio do hall. Estava com as mãos dentro da jaqueta; parecia bem abatido. Talvez até mais magro.
- Mi...
O grego passou direto, subiu as escadas numa indiferença típica de Camus, e que era desconhecida vinda de Milo. Camus subiu as escadas atrás dele, seguiu-o até entrarem no quarto. Milo acendeu o abajur e tirou o casaco jogando-o por cima da cama. Camus tocou-o no ombro, mas a reação do grego não foi das melhores.
- O que foi?
Camus se surpreendeu. A face de Milo, agora contra a luz do abajur, parecia mais escura e magra,apresentava olheiras e exalava agressividade; o queixo estremeceu.
- Chegou tarde.
- Não me diga. Não vai perguntar onde eu tava? – A voz dele era baixa e ofensiva.
- Só fiquei preocupado.
- Preocupado? Você? Comigo? Ah, ta, conta outra. – O grego deu as costas, ficando de frente para o abajur.
- Por que você ta assim?
As costas de Milo endureceram, como se o grego prendesse a respiração. Virou o rosto demoradamente, num gesto quase dramático.
- Não quero mais saber, Camus. Eu cansei.
O que ele estava dizendo? Será que aconteceu alguma coisa enquanto ele estava fora?
- Milo, o que há com...?
- Nada. Exatamente isso. – Afastou-se de Camus e abriu com força o armário, e socou umas roupas dentro de uma bolsa velha.
Camus o segurou pelo braço, mas foi repelido pelo grego.
- Guarda suas coisas de volta...
- Não me enche.
- Qual é o seu problema?
Milo trincou a mandíbula antes de falar.
- Nada que seja da sua conta.
- Você é da minha conta.
- Eu era.
Fechou o zíper com força, jogou a bolsa por cima do ombro.
- Depois eu pego o resto.
Camus se irritou. Puxou o grego pelo ombro e o prensou contra a parede do quarto.
- Droga, sai de cima!
- Você vai me dizer o que aconteceu. – Um tom muito enraivecido saiu dos lábios de Camus. Milo estreitou os olhos.
- Então vê se abre bem as orelhas: Eu não quero mais saber. – Deu uma pausa, desviando o olhar azul. – O amor acabou.
Involuntariamente, Camus afrouxou o aperto. Milo se desvencilhou dele e saiu, batendo a porta.
Não saberia dizer o que era, mas algo desconhecido parecia ter roubado o calor do ambiente. O foco parecia se perder. Camus estava sem entender.
E nisso um rodamoinho de pensamentos o invadiram; lembrava-se de Milo sumir durante as noites, e de estar estranho há tempos... E também a própria ausência. Talvez tivesse mesmo uma parcela de culpa. E não podia impedi-lo.
Andou pelo quarto e encostou-se à janela, a tempo de ver Milo saindo a passos largos e entrar num carro desconhecido, que partiu deixando só a fumaça pra trás.
Continua.
N/A: Err... Acho que não tenho muito a ser dito, né? Só que a história continua até o capítulo dois (pelo menos esse é o meu plano), mas vai saber. Espero que tenham gostado... Ou não. 8D
Abraços! \o
