Disclaimer 1: Saint Seya e seus personagens relacionados pertencem ao mestre Masami Kurumada e às editoras licenciadas (gente boba, nem sabe que, na verdade, a dona dos douradinhos sou eu).
Disclaimer 2: Juliana e Sheila são criações minhas, para esta fic. Isso significa que, a partir de agora, para andar na rua, trabalhar e até respirar, ela me pagará direitos autorais (Dama 9, vc está isenta do pagamento porque começou a escrever "Luthier..." antes desta fic aqui)! Peraí, acho que cometi um erro por aqui... Na verdade, Sheila é uma criação da Ju, então acho que fiquei na mesma: o que ela me paga em direitos autorais, eu devolvo... Hunf, magoei...
Idéias na cabeça, imaginação a mil e cara de pau a milhão! Sim, mais uma fic... Esta nasceu da parceria entre um sonho e um bate papo com dona Juliana, ou Kalíope, e acabou dando nisso. Uma viagem sem tamanho, quem tiver coragem total e pudores zero, pode embarcar com a certeza de que vai se divertir muito. Agora, se você é do tipo "moralista" ou cheio dos "não me toques", esqueça! Vá alugar um padre, se confessar com ele e deixe a gente se divertir em paz, ok?
Ju, se prepare que a piração vai começar!
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Capítulo I – Garota Tapada (Hollaback Girl)
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Uh huh, this is my shit
All the girls stomp your feet like this
A few times I've been around that track
So it's not just gonna happen like that
Because I ain't no hollaback girl
I ain't no hollaback girl x2
Esta merda é minha
Todas as meninas batam seus pés assim
Algumas vezes eu passei por isso
Então, isso não vai acontecer de novo
Porque eu não sou nenhuma das suas garotas tapadas
Eu não sou nenhuma das suas garotas tapadas
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Quanto tempo estava ali parada no meio da sala, esperando aquela lesada se arrumar para o trabalho? Passando a mão nervosamente pelos cabelos vermelhos e encaracolados, a jovem estreitou os olhos castanhos, com impressionantes riscos amarelos nas pupilas, e decidiu subir as escadas atrás da companheira de casa e trabalho.
Quando chegou ao quarto, descobriu que seria impossível entrar no cômodo, tamanha era a bagunça. Roupas e sapatos espalhados, caixas reviradas, livros e papéis por toda parte. E uma jovem, de cabelos castanhos bem escuros e olhos idem, estava com metade do corpo dentro do armário, atirando para o alto diversos objetos, enquanto parecia procurar por algo.
-Sheila... Sheila... SHEILA!
-Quê... Ai! – a jovem gritou, batendo a cabeça em uma gaveta, assustada com o grito da outra.
-Posso saber o que você está fazendo aí, dentro do armário?
-Procurando meu gravador, oras! Como quer que eu trabalhe sem meu precioso e necessário gravador, Juliana?
-Por um acaso seria aquele ali, em cima do criado mudo? – Juliana apontou o móvel, revirando os olhos.
Sheila olhou para o móvel e soltou um gritinho de satisfação, pegando o gravador entre as mãos como se fosse uma jóia rara.
-Ah, eu sabia que iria encontrar meu bebê... Anda, vamos logo senão chegamos atrasadas na redação!
Sheila desceu correndo as escadas, enquanto Juliana contava mentalmente até mil para não esganar a amiga. Suspirou, como podia conviver com um ser tão sem noção e distraída feito a libriana?
As duas jovens eram jornalistas, amigas desde os tempos de faculdade no Brasil. Uma, o perfeito contraponto da outra. Juliana era centrada, responsável, curta, grossa e direta. Já Sheila, pobrezinha... Distraída, avoada, perdidona e totalmente joselita. Mas muito inteligente e, por incrível que possa parecer, perspicaz. Em comum, além da profissão, o gosto pela liberdade e a incrível "coincidência" de terem sido as únicas indicadas pela faculdade para fazer um curso de especialização em Chicago, onde moravam e trabalhavam há algum tempo.
-x- Flashback –x-
Álvaro Bufarah, um respeitado professor de rádiojornalismo, suava frio dentro de seu carro, estacionado em um local ermo, era pouco mais de onze horas da noite. Ao seu lado, no banco do passageiro, uma ruiva o encarava, com um sorriso perverso nos lábios, enquanto que, no banco de trás, uma morena com cara de avoada brincava com um canivete suíço.
-Então, tio Bufas... – disse a ruiva, apoiando a mão direita no encosto do motorista – Você já sabe quem vai indicar à coordenação para o curso de especialização em Chicago?
O professor engoliu em seco ao ouvir a pergunta e também o barulho de uma lâmina bater insistente contra o vidro traseiro do veículo. Suspirou fundo, maldita hora em que aceitara dar carona àquelas duas loucas!
-x- Fim do Flashback –x-
Em Chicago, o melhor meio de transporte era o metrô. Nele, Sheila ia mexendo em seu "bebê", rebobinando fitas e ouvindo a última entrevista que fizera e que precisava descrever em uma matéria. Juliana, que de vez em quando parava para observar a vista da cidade, verificava algumas fotos em sua máquina digital.
-O que será que teremos hoje? – perguntou Sheila, fitando a amiga.
-Não sei, mas eu não tô a fim de nada que dê muito trabalho.
Sheila deu de ombros e se levantou, chegavam à estação em que deveriam descer. Logo ganharam a rua, dobraram a esquina e o prédio onde funcionava o jornal em que trabalhavam pôde ser visto, o nome do veículo escrito em letras fundidas em bronze na fachada: Daily News.
Cumprimentaram o porteiro e entraram no elevador, Juliana praguejando contra o dono do jornal. Por que a redação tinha que ser no décimo andar?
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No porto da cidade, em um galpão próximo ao cais, homens trabalhavam em ritmo frenético para que caixotes e containeres estivessem prontos, precisavam ser embarcados ainda naquela noite. Supervisionando a tudo, atento e com ar de superioridade, um homem de longos cabelos azuis piscina e olhos da mesma cor, claríssimos, anotava algo em uma prancheta. De vez em quando lançava olhares a um outro ao seu lado, trocavam algumas palavras.
-Ainda falta muito, Afrodite? – perguntou-lhe o outro homem, encarando-o com seus olhos azuis mesclados, os cabelos da mesma cor desalinhados por conta do trabalho e do suor.
-Apenas algumas caixas que chegarão esta noite, pouco antes do embarque. Relaxe, não há como alguma coisa dar errado, Máscara!
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-Merda! Vai se f#$ Sheila! Saco! – Juliana gritava, saindo do elevador tremendo feito vara verde. Dentro do mesmo, Sheila ria feito criança, sentada no chão.
Tudo porque, sabendo do medo de altura e elevador da amiga, a jovem começara a dar pulinhos para que o dito cujo balançasse e ameaçasse parar no meio do caminho. E pior, o elevador era panorâmico, o que potencializava o efeito da brincadeira. Soltando fogo pelas ventas, xingando palavrões em português, Juliana entrou ventando pela redação, nem se deu conta de que quase trombara em alguém.
-Credo, que bicho te mordeu, Juliana? – perguntou um rapaz, de cabelos loiros em um tom que lembrava a cor laranja e olhos vermelhos.
-Não foi nada, Mime, ela que acordou do lado errado da cama!
A jornalista xingou outro palavrão e fez um gesto obsceno para a amiga, bem na hora que o chefe vinha até sua mesa para lhe falar algo.
-Juliana, eu preciso... Que qué isso?
-Quer mesmo que eu te explique?
O editor levantou os braços em sinal de rendição, o que aumentou os risos de Sheila e a irritação de Juliana. Ajeitando os cabelos dourados, ele sorriu meio amarelo e encarou a subordinada com seus olhos da mesma cor de suas melenas.
-Tome, aqui estão as fotos para a matéria da greve estudantil, quero que escolha uma para a capa e duas para o miolo da reportagem.
-Pede para o Mime, ele também é fotógrafo, Radamanthys!
-Nem vem, eu vou sair agora com o Shido para cobrir uma coletiva do prefeito sobre o programa de reciclagem!
-Ih, boa sorte, Mime... Só toma cuidado para não dormir com a falação daquele velho caquético! – zombou Sheila, já sentada em sua mesa ultra organizada.
-Ora, por que você acha que estou mandando Mime e Shido e não vocês duas?
Fazendo beicinho, Sheila fingiu uma careta de indignação e depois desatou a rir novamente. Vencida, Juliana suspirou e sorriu, afinal, estava acostumada a conviver com aquela maluca.
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Tentava se concentrar na leitura do jornal, mas quem disse que conseguia? Era um aviãzinho de papel para cá, uma bola de papel amassado para lá, risos debochados vindos dos dois lados da sala do distrito policial onde estava. Levantou os olhos azuis escuros, encarando os responsáveis por aquela criancice. Um deles, de cabelos azuis cacheados e olhos da mesma cor, ria alto e debochado, provocando o outro, de cabelos e olhos negros.
-Miro! – chamou e o de cabelos azuis virou-se para ele – Quer parar com isso, está me atrapalhando a ler o jornal!
-Pois não, mamãe Kamus! – Miro falou, provocando risos no companheiro de brincadeiras – Cara chato!
Kamus voltou sua atenção ao jornal, bem na hora que um quarto elemento entrava pela sala, trazendo uma bandeja com quatro copos de isopor. Tinha os olhos verdes atentos aos outros dois, os cabelos castanhos encaracolados caindo por seu rosto.
-Tá aqui o café que vocês pediram.
-Finalmente, Aioros! Demorou tanto que achei que você tinha ido colher o café, secar no sol, moer o grão...
-Piada sem graça, Shura... Demorei porque o capitão me chamou para avisar que a escala mudou, a gente que vai fazer o plantão noturno de hoje.
-QUÊ? – Miro gritou, quase cuspindo o café que acabara de tomar. – Cê tá brincado!
-Não estou... Parece que deu um problema com a escala do Deba e do Mu, eles não vão poder estar aqui de noite. E o Ikki e o Hyoga já tinham pedido para trocar comigo e o Shura.
-E você aceitou sem me consultar, né Aioros?
Ele deu de ombros, sabia que, se consultasse Shura, o parceiro simplesmente lhe diria "você quem decide, Aioros".
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-Fergalicious is a definition...
A voz desafinada ecoava por toda redação, enquanto os dedos tamborilavam sobre o teclado do computador, redigindo uma matéria para o caderno de cultura. De vez em quando, Sheila jogava a cabeça para trás, balançava os cabelos no ritmo da música, cantava o refrão em tom mais alto. E. na mesa ao lado, Juliana tentava controlar sua irritação.
-Uno... Dos... Três... Quatorze!
-Sheila... – a jovem a chamou, a outra nem ouviu, já mandando ver em outra canção de sue vasto repertório – Sheila!
E nada da amiga lhe dar atenção. A bem da verdade, ela só percebeu quando Radamanthys parou ao lado de sua cadeira e ela...
-Hello, hello, como estás? Please, come to Vertigo! – ela cantava, abrindo os braços e acertando direto e reto no estômago do redator – Nossa, desculpa aí, Radamanthys... Nem te vi!
-Ai... Reunião, na minha sala... Agora.
Ele saiu, Juliana logo atrás. Sheila desligou o monitor de seu computador, pegou uma barra de cereais que foi mastigando e, mais uma vez, o repertório mudou.
-She gives me money, when I'm needed! She gives me money… And now I got live… I got live…
Balançando a cabeça, Radamanthys fingiu que não ouvia e indicou duas cadeiras, que ambas logo ocuparam. Pegou então uma folha de seu bloco de notas e passou às jornalistas, era um endereço.
-Quero que estejam esta noite no porto da cidade, nós vamos iniciar uma série de matérias especiais sobre o trabalho noturno no local. Conversem com os marinheiros e estivadores, procurem pelos responsáveis pelos galpões, quero uma série completa e cheia de curiosidades.
-Esta noite? Ah, podia ter avisado antes, assim eu me programava direito e... – Juliana quis argumentar, estava começando a ficar nervosa. Sheila, ao contrário, nada dizia, segurando papel que o chefe lhe dera.
-Vocês ganharão como extra, já que é fora de seu horário no jornal... O que acham?
Falou em dinheiro, os olhinhos de Juliana brilharam e ela concordou na mesma hora. Sheila, longe dali, aceitou ao ver a amiga concordar, depois perguntaria o que Radamanthys queria com elas. Foi para sua mesa e guardou o papel com o endereço em sua bolsa vermelha, da qual nunca se desgrudava.
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Mesmo dia, cerca de oito horas da noite
Estavam no porto, gravador e máquina fotográfica em punho. Juliana percorria cada centímetro com seus olhos, tirava fotos e mais fotos. Sheila anotava algo em um bloco de papel, pensando por onde poderiam começar.
-Sheila!
-Que foi?
-Qual era mesmo o galpão por onde o Radamanthys queria que começássemos? Era o sete ou o dezessete?
-Eu é que sei, você quem conversou com ele!
-Ai, meu Deus... – Juliana suspirou – Estava marcado naquele papel que ele te deu. Eu vi você guardando na sua bolsa quando voltamos para a redação.
-Ah tá, a bolsa preta ou a vermelha?
-Sei lá, acho que a preta... Que diferença isso faz?
-Dã, você está me vendo com a bolsa preta por um acaso?
Juliana fez que não com a cabeça, Sheila deu um tapa na própria testa, como se dissesse "depois a lesada sou eu".
-Tá, então pega na vermelha...
-Não dá.
-Por quê?
-Por que eu também não trouxe a vermelha, eu trouxe a branca, ó!
A escorpiana quis voar no pescoço da amiga, mas se conteve. Resolveu, então, que tentariam na sorte e puxou Sheila em direção ao galpão dezessete, já que estavam na saída do cais e não na entrada.
Entraram no local e era tudo silêncio, quebrado apenas pelo barulho de passos apressados, homens que carregavam caixas e mais caixas para um navio negro, que estava no cais. Juliana estranhou, que tipo de carga era aquela que precisava de seguranças armados e à paisana pelo local?
Sheila meio aérea, já estava querendo interceptar um daqueles homens para uma entrevista quando foi puxada pela amiga, que a levou para trás de uma pilha de caixotes. Pedindo silêncio, esticou o pescoço e viu mais adiante uma caixa aberta e tomou um susto: eram armas.
Tráfico de armas, daí os seguranças e tanto silêncio entre eles. Desligou o flash da máquina e disparou a tirar fotos, tinham uma big matéria em mãos. Sheila percebeu e começou a anotar tudo o que via.
Então, ouviram uma discussão ao longe e, ao erguer os olhos na direção, viram em outro canto três homens discutindo, não estavam muito longe dali. Um deles, mais exaltado, puxou algo da cintura e apontou na direção do menor.
Três tiros foram disparados, Sheila se assustou e bateu as costas contra uma pilha de caixas atrás de si, derrubando várias no chão. O barulho chamou a atenção de todos, os dois homens que participavam da discussão foram em direção às caixas, armas em punho.
-Merda, corre!
Juliana nem precisou pedir duas vezes, ambas saíram correndo, desviando de caixas e outros homens, faziam isso com tamanha agilidade que chegava a surpreender. Bem, nem tanto, porque Sheila acabou trombando contra uma outra pilha de caixas pequenas, a pequena bolsa que levava consigo caiu e seu conteúdo se espalhou pelo chão, ela mal teve tempo de recolher tudo.
Os dois homens corriam, mas não conseguiram alcançar as duas jovens, não podiam dar muita bandeira do que faziam. Pararam justamente na pilha onde Sheila derrubara suas coisas, um deles praguejava palavrões em italiano.
-Acalme-se, Máscara... – o outro disse, abaixando-se, pegava algo do chão – Olhe isso aqui.
Máscara pegou um pequeno cartão das mãos de Afrodite e grunhiu. Um cartão de visitas, que as jornalistas costumavam trocar com outros profissionais da área em eventos que cobriam.
-Sheila Tamasauskas e Juliana Gerônimo, repórter e fotógrafa... Muito interessante...
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I heard that you were talking shit
And you didn't think that I would hear it
People hear you talking like that, getting everybody
fired up
So I'm ready to attack, gonna lead the pack
Gonna get a touchdown, gonna take you out
That's right, put your pom-poms downs, getting
Everybody fired up
Eu ouvi que você estava falando merda
E você não achou que eu ouviria isso
As pessoas escutam você falando desse jeito
Deixando todo mundo irritado
Então, eu estou pronta para atacar, vou liderar a
gangue
Fiquem calados quem manda aqui sou eu
É isso aí, coloque seus pom-poms no chão
Deixando todo mundo irritado
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Ah, não falei que era piração? O que acharam, que encrenca a Sheila meteu as duas, né não? Ju, espera só que a aventura está apenas no começo, vem muita coisa por aí!
O nome do capítulo e seu tema é uma música da Gwen Stefani, acho que já perceberam quem é a "garota tapada", né? E as músicas que a Sheila canta no capítulo (bem a minha cara, eu faço isso o dia inteiro), são, na ordem:
"Fergalicious", da Fergie (Black Eyed Peas)
"Vertigo", do U2
"Gold Digger", Kanie West e Jamie Foxx
Beijos e até o capítulo dois!!!
