N/A: Naruto não me pertence, logo, os personagens aqui presentes também não. Ambos aqui pertencem ao tio Kishimoto.
N/A²: Esta música épica também não me pertence. The Last Time I Saw You, pertence ao Helio Flanders, Vanguart.
N/A³: Os capítulos desta fanfic não serão grandes. Será composta por 10 capítulos. E, realmente espero que gostem.
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The 1st time I saw you.
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Passava as mãos nos fios vermelhos pela terceira vez em cinco minutos. Havia uma xícara de café na mesinha de centro, e também algumas páginas com notas musicais gravadas em um preto vibrante sobre a mesma. A palheta vermelha destacava-se entre os objetos ali presentes. Mais uma vez. Deixou os dedos deslizarem sobre as cordas, dedilhando-as em um som melancólico e lento. Assim como a sua vida. Praguejou novamente. Por que diabos ele não conseguia criar uma música decente? Inspiração... Era isso que lhe faltava. E ele iria encontrá-la.
Colocou o violão em sua capa e vestiu uma camisa. Iria à praia. Logo o sol iria se pôr. Ele não precisava do carro, a praia era irritantemente perto da sua casa. Às vezes, sorria sozinho ao ouvir o som das melodiosas vozes das crianças brincando na areia quente. Em passos lentos, dirigiu-se a porta dos fundos da sua casa, descendo os degraus do mesmo modo, estremecendo-se quando os pés tocaram a fria fina areia da praia. Sorriu de canto ao sentir uma brisa gélida bagunçar ainda mais a madeixa ruiva. Pôs-se a caminhar novamente. Havia se enganado, o sol já tinha se posto, mas o céu ainda estava alaranjado, não iria tardar para que os postes começassem a se acender. O barulho do mar o acalmava, apesar de não estar estressado ou algo do tipo. Sentou-se em um banco de madeira um pouco desgastado pelo tempo. Os dedos ágeis, agora, dedilhavam com perfeição. Mas dessa vez, a música não era dele.
- Is there anybody out there – uma voz feminina tornou-se presente. Melodiosa e calma. Virou-se devagar. Ela estava com um vestido branco. Os longos fios negro-azulados contrastavam a pele alva, mas o mais intrigante eram os olhos. Os seus olhos pareciam pérolas. Ela era cega? - Uma boa música.
- Sim, é.
Silêncio. Ela se sentou ao lado do rapaz, cruzando as pernas e olhando para o mar. Prendeu o cabelo num coque mal feito, deveria estar incomodada com os fios atrapalhando a visão. Ventava. Virou-se para o ruivo e sorriu-lhe. Não, ela não era cega. Limitou-se a tocar novamente.
- ... Essa, eu não conheço - afirmou, esperando a resposta do rapaz.
- Essa, é minha - e ele sorriu pela primeira vez, ao ver o sorriso abobalhado dela. Talvez, a música não estivesse tão ruim assim.
- Hyuuga Hinata - ela falou primeiro.
- Sabaku no Gaara.
- Bom, Gaara, tenho que ir. Tenha uma boa noite. - Ela não esperou uma resposta. E assim como veio, se foi. Ela era como areia. Escorregaria em suas mãos, e ele percebeu isso assim que a avistou.
Depois de não mais ouvir os passos abafados pela areia, pôs-se a caminhar novamente. Para a sua casa. Tomar o seu café amargo, pedir uma pizza e, quem sabe, chamar uns amigos. Pelo menos assim, não se sentiria tão inútil, não com tantos inúteis, como ele, ao seu redor. Suspirou abrindo a porta de madeira. Era sexta-feira. Temari, sua irmã, provavelmente iria ligar para saber como está o irmão mais novo, ou azucrinar-lhe dizendo que ele precisa de uma mulher ou de um emprego decente.
Mas dessa vez, ela não ligou. E ele sequer chamou os amigos. Jogou-se no sofá e dormiu. Sem o seu café, ou remédios. Esperava que ao menos nos seus sonhos, as coisas fossem diferentes.
