I. PROLOGUE
Eu observo o relógio velho pendurado na parede atrás do balcão, faltava ainda uma hora para que eu terminasse meu expediente e pudesse ir para a casa. Não que eu estivesse ansioso para isso, afinal, tinha alguns trabalhos da faculdade para fazer e duas provas ainda nessa semana para estudar. Acontece que passar o dia limpando mesas e servindo cafés para jovens riquinhos que são sustentados pelos pais e que não precisam se preocupar se em economizar para conseguir sobreviver não era bem o tipo de coisa que eu gostava de fazer.
"Com pressa, cowboy?" pergunta Lauren, ela também trabalha no Sue's como garçonete, já que, também como eu, não tem pais e nem familiares ricos que possam pagar seus estudos em Yale, e por isso era obrigada a trabalhar por meio período em uma lanchonete próxima do campus para ajudar.
"Não, só muitas coisas da facul para fazer" digo encolhendo os ombros.
"Hum... quer uma ajuda?" ela diz, com um sorriso malicioso.
Eu sorrio sem graça, balanço a cabeça negativamente e vou até a mesa que acabara de ser desocupada para limpá-la. Lauren está trabalhando aqui há mais tempo do que eu, e desde o meu primeiro dia sou obrigado a ouvir algum comentário ou indiretas como essas todos os dias. Ela provavelmente não sabe que sou gay, eu não gosto de sair por aí falando sobre a minha vida para todo mundo. Na verdade, a única pessoa que sabe é minha melhor amiga Alice, e ela prometeu que não diria a ninguém, mas vira e mexe ela me apresenta um de seus amigos ou conhecidos que também são gays. Por algum motivo, ela se alto proclamou minha fada madrinha e acha que tem o direito de me ajudar a achar algum namorado ou algo do tipo.
Eu termino de limpar uma mesa e colocar na bandeja as xícaras, pratos e pires usados e levei para a cozinha, para que fossem lavados. Quando volto para trás do balcão, ouço o toque do sino que ficava em cima da porta de entrada, e avisto dois rapazes entrarem no café, sorrindo e conversando. Não era a primeira vez que os dois apareciam por ali. O primeiro era alto e musculoso, cabelos crespos e escuros, olhos acinzentados e com covinhas nas bochechas. O outro tinha os cabelos castanhos acobreados e desalinhados, olhos grades e verdes, também alto, porém mais esguio.
"Um latte, por favor". Disse o de cabelos ruivos e rebeldes, ele tinha uma voz grave e de perto dava para ver melhor seus olhos grandes e verdes, envoltos por volumosos cílios negros.
"Algo mais?" pergunto enquanto digito o preço do pedido no caixa.
"Não".
"Ok, são $3,25". Eu o informo, e, enquanto ele coloca seu cartão na máquina e digita a senha, e pego um copo de isopor e a caneta de tinta preta. "Qual o seu nome?"
"Edward" ele diz. "E o seu?" um sorriso torto e malicioso surge em seus lábios grossos e avermelhados, e o rapaz ao seu lado, o de cabelos crespos e escuro, dá uma gargalhada alta.
Eu fico surpreso e não sei o que dizer. Eu estava acostumado a ouvir diversos tipos de brincadeiras, já que trabalho como barista de um dos cafés mais frequentados pelos estudantes de Yale, especialmente aquelas onde o cliente fingia que tinha um nome engraçado ou de duplo sentido e gargalhava toda vez que gritamos o tal nome quando o pedido está pronto, mas isto, decididamente eu nunca havia ouvido antes.
"Ahm, Jasper..." eu murmuro.
"Hum... Jasper. Poderia colocar um pouco mais de chantilly no meu café, por favor?" ele pergunta com uma sobrancelha grossa e escura erguida.
"C-claro..."
Edward sorri e se dirige para a mesa que eu havia acabado de limpar. Seu amigo ainda sorridente, pede um café expresso. Eu digo os pedidos para Lauren e entrego os dois copos de isopor contendo os nomes de cada um, Edward e Emmett. Sinto uma sensação estranha na barriga quando observo os dois rapazes de longe, são bem atraentes, e, a julgar pelos sapatos, roupas e relógios de marca, eram de famílias ricas. Também não pareciam muito velhos, o que me fez acreditar que provavelmente era estudantes de Yale.
Quando Lauren termina de montar o pedido deles e chama por seus nomes, Edward se aproxima para pegar os copos, e eu o vejo piscar um de seus olhos na minha direção. Eu perco a respiração por um instante e me sinto aliviado quando vejo que Lauren não havia percebido nada. Ele estava flertando comigo ou era mais uma dessas brincadeiras idiotas?
Eu tento não olhar muito para a mesa onde os dois rapazes estão sentados durante os vinte minutos que levam para terminar de beber seus copos de café enquanto conversam e riem animadamente, eu tento não prestar atenção no que estão dizendo, mas não posso deixar de perceber que estão falando sobre uma festa. Por uma vez ou outra, meu olhar encontra com os olhos verdes brilhantes de Edward e imediatamente eu desvio, olhando para outra direção. Eu não sei exatamente o porquê, mas aqueles vinte minutos foram os mais difíceis da minha vida.
