* Naruto (série) e todos os personagens aqui utilizados não me pertencem.
* Fic sem fins lucrativos.
* Observação: Essa fic está sendo escrita ainda e o mais provável é que tenha um total de 13 capítulos, não necessariamente continuação perfeita do capítulo anterior. Eu ia colocar essa fic como um conjunto de one-shots relacionados um ao outro em ordem cronológica, mas essa observação não faz muita diferença.
* Importante: Yaoi. Sem beta. Naruto seme. Um pouco de todos os gêneros (drama, comédia, fluffy, friendship...). E, principalmente, Slice of life, pedacinhos da vida dos dois.
Aos aventureiros que deicidirem ler essa fic: Uma ótima leitura ^^
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Mr. Arrogance
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• Part I - Little Arrogance
Naruto nem sempre fora um garoto animado. Nem sempre parecia feliz. Não, considerando que perdera os pais em um acidente. Crescera morando com um parente distante - ou sozinho, quando não podia acompanhá-lo nas viagens que ele fazia a trabalho. Mas havia algo que o ajudou a sair desse estado de tristeza em que ele ficara por um tempo, uma lição que seu pai lhe ensinara e que ele nunca esqueceria.
"Se algo ruim lhe acontece, procure olhar o lado bom disso, para que a tristeza não possa pegá-lo completamente e afundá-lo em um poço de desespero."
Fora difícil no início, claro. Perder os pais nunca é uma coisa fácil de aceitar. Não vê-los mais quando acordar, não desejar-lhes "bom dia" com um sorriso animado no rosto, não divertir-se mais fazendo coisas que muitos considerariam estúpidas, mas que eles faziam porque adoravam, pelo simples fato de estarem juntos... Não, ninguém disse que seria fácil.
Mas, aos poucos, as palavras de seu pai ecoavam cada vez mais em sua cabeça.
No início ele achou impossível acreditar que aquilo poderia ter um lado bom, mas pouco tempo depois, Naruto decidiu acreditar que eles estariam felizes onde estivessem, graças aos conselhos preciosos de Jiraya, apesar de terem sido ditos de forma rude. Decidiu acreditar que eles ainda manteriam aquele sorriso de que ele se lembrava. E que a felicidade deles estaria completa se ele conseguisse voltar a sorrir também.
Logo Naruto ficou conhecido por seu jeito alegre entre seus amigos da escola e da vizinhança onde morava. Parecia sempre contente e feliz, apesar de sua má sorte.
As pessoas que o olhavam viam nele um garoto com uma força de vontade enorme e eram sempre contagiados por sua alegria e animação.
Era assim na maioria dos meses do ano. Entretanto as pessoas notavam que, em Dezembro, os olhos azuis não possuíam mais o mesmo brilho de sempre e o sorriso parecia um pouco triste, cansado. A empolgação parecia contida, embora ele se esforçasse para não parecer tão deprimido e para baixo.
"Eu não gosto de dezembro", ele dizia a todos, desculpando-se, como se houvesse algo que desculpar. "É frio, meus dedos ficam congelando, e a neve só começa a cair mais no fim do mês... Aí fica difícil brincar de guerra de bolas de neve... E é impossível fazer um anjo, como nos filmes...", dizia com um sorriso.
Mas, o que as pessoas imaginavam, era que Naruto sempre se lembrava dos pais quando dezembro chegava. Não haveria mais as luzes, os presentes, os sorrisos, o calor dos abraços ou a alegria familiar naquela época do ano que, apesar de parecer uma data puramente comercial, ainda poderia ser sinônimo de bons momentos juntos em família. Não que as pessoas acreditassem que ele não pudesse ter tudo isso com o tutor que lhe foi designado, mas sabiam que era impossível não sentir falta de tudo o que ele tivera um dia e que, infelizmente, lhe fora tomado.
E as coisas não se mostraram diferentes por um longo tempo.
Essa forma de pensar, entretanto, só mudaria anos depois por uma série de fatores que vieram a acontecer ao longo do tempo, momentos que ele vivera que poderiam parecer sem importância, até que, após seu aniversário de dezesseis anos, em mais um desses momentos, ele decidisse que era hora de mudar.
O que o levou a essa mudança radical, algo que foi influenciando lenta e gradualmente a sua filosofia de vida, foi a chegada de uma família tradicional ao bairro em que ele morava, durante o mês de dezembro, quando ele tinha quinze anos.
Os Uchihas eram uma família discreta e provavelmente eram cheios de formalismos.
As pessoas olhavam para os membros dela com respeito e admiração. Eram pessoas que transmitiam confiança, respeito e polidez. Perfeitos à primeira vista.
Naruto também acreditou nisso por um tempo. Somente o suficiente para que encontrasse o mais novo dos filhos de Uchiha Fugaku na escola e passasse a ter uma opinião completamente diferente.
Uchiha Sasuke era bonito, muitas garotas suspiravam sempre que ele estava por perto, era inteligente, educado...
"Ele é um verdadeiro gentleman", ouvira uma garota comentar certa vez.
Mas uma coisa que Naruto aprendera com um pouco de tempo, é que Sasuke não era exatamente um "cavalheiro" se ele não se importava com ninguém - e isso foi o que ficara na cabeça de Naruto quando Sasuke simplesmente ignorou o desespero de uma aluna que tinha tirado uma nota ruim na prova e pedira a anulação de uma questão, mas que, por conta dos argumentos de Sasuke, não conseguiu anulação alguma.
Naruto não acreditou que ele fizera isso por maldade - ele não costumava ver maldade nas pessoas, é claro -, mas achou que não custava nada ser um pouco piedoso e ajudar a garota.
"Não é o fim do mundo", ele disse quando Naruto questionou o seu comportamento. "Ela vai poder recuperar na próxima prova". Falou e deu de ombros, deixando Naruto resmungando sobre o quanto ele era arrogante e sem coração.
Quando o mês de dezembro seguinte ao da chegada dos Uchihas, portanto um ano depois, havia chegado e os sorrisos de Naruto se tornavam gradualmente mais tristes e menos frequentes, ele escutou os boatos que começaram a circular na vizinhança.
"Acha que nós poderíamos fazer uma torta para levar para os Uchihas? Imagino que o Natal deles deva ser triste, considerando que a mãe dos meninos já não está mais viva..."
"Sim, poderíamos fazer isso. E aproveitar e levar uma torta ao Naruto-kun também. É dezembro e ele mais uma vez vai estar sozinho no Natal."
"Aqueles garotos têm passado por coisas difíceis, não é?"
"Sim. E têm encarado as coisas muito bem e de forma muito madura. São garotos excepcionais, sem dúvida."
Naruto escutou a conversa das duas senhoras sem querer, mas sem deixar de sentir curiosidade desde que ouvira o nome Uchiha, não se contendo e escutando mais do que deveria.
Sempre imaginara que Sasuke fosse alguém com "cara de bunda" - era assim que se referia a ele mentalmente sempre que, por algum motivo, toda aquela arrogância e aqueles modos falsamente polidos eram colocados à mostra. E ele decidira que Sasuke não era polido por simples educação, era mais que isso, era orgulho, presunção. Mas nunca se indagara sobre motivos. Nunca quis saber o que havia por trás da máscara de altivez que Sasuke sempre sustentava. Até por que nunca acreditara que houvesse muita coisa ali por baixo.
Mas o fato de que a mãe morrera e de que ele tinha um pai que realmente poderia meter medo em qualquer um, como ele constatou certa vez, foi o suficiente para convencer Naruto de que aquele poderia ser um provável motivo de todo aquele jeito de quem se acha superior.
Tudo para esconder o que sentia, talvez.
No entanto, decidiu que não iria deixar que o passado triste de Sasuke o influenciasse. Ele também passara por dificuldades. Nem por isso ele andava agindo como se fosse o dono do mundo, como ele achava que Sasuke agia - e ele tivera um ano de observações árduas para chegar a essa conclusão.
Em verdade, ele nunca deixou de pensar em Sasuke durante aquele mês de dezembro desde que ouvira aquela conversa, especialmente nos dias vinte e quatro e vinte e cinco de dezembro.
Se Naruto se sentia sozinho, com Jiraya trabalhando, infelizmente - eles não eram ricos, apesar das ótimas vendas dos livros que Jiraya escrevia e, para que pudessem ter um padrão de vida confortável, era necessário que viagens fossem feitas, autógrafos distribuídos, palestras fossem ministradas... - Naruto imaginava que talvez Sasuke pudesse estar sentindo algo parecido com o que ele sentia, mesmo tendo um pai e um irmão que pudessem lhe fazer companhia naquela data.
E assim os conceitos de Naruto mudavam de forma calma, mas efetiva.
Andando pelos corredores de um shopping na tarde do dia vinte e seis, Naruto encontrou algumas garotas, que ele conhecia de vista do colégio, sentadas em uma das mesas da praça de alimentação, quando ele sentou ali perto após pedir e pagar um chocolate quente para viagem e esperava que ficasse pronto.
"Acha que Uchiha-senpai iria gostar de um presente de Natal atrasado?"
Naruto revirou os olhos ao ouvir o tom doce que elas usavam para se referir àquele Uchiha. Se fossem falar dele, provavelmente usariam um tom de total desprezo, certamente, já que as pessoas costumavam pensar que ele era retardado, idiota ou qualquer coisa do gênero - e na maioria das vezes não hesitavam em chamá-lo de idiota, só por ele dizer uma besteira ou outra no meio da aula. "Nada de mais."
"Todos gostam de ganhar presente, você sabe. Mas Uchiha-senpai nunca vai demonstrar que gostou em uma explosão de felicidade ou algo assim."
"Eu sei. Ele costuma parecer tão frio com relação a tudo...", a garota concordou com um ar sonhador e soltou uma risadinha.
"Frio, un?", Naruto pensou. Frio e solitário, lembrou-se. "Ótima combinação".
E familiar também.
Recebera seu chocolate quente e voltara para casa, andando a passos lentos enquanto sentia os flocos de neve tocarem-lhe levemente a face, sentindo o sabor adocicado e quente do chocolate, enquanto o sorvia a goles pacientes.
Passou em frente ao parque em que as pessoas costumavam passar uma tarde agradável e tranquila. Muitas crianças brincavam no local e sorriam, divertindo-se, fazendo Naruto sentir uma vontade de sorrir praticamente misturada ao nó que se formava em sua garganta, como se ele fosse chorar ao ver que elas estavam acompanhadas dos pais.
Frio e solitário.
Frio e solitário.
Frio e solit...
Parou de pensar em si próprio quando viu que Sasuke estava a alguns metros de distância, com uma expressão indecifrável no rosto.
Naruto já o vira com expressões arrogantes antes. Expressões de desprezo, de satisfação, de superioridade, principalmente quando eles trocavam algumas palavras cordiais, na maioria das vezes porque a professora achava que eles deviam trabalhar juntos em vez de somente soltarem farpas um contra o outro, como se tornou comum acontecer por conta do instinto de competição comum a garotos - a famosa disputa de vestiário - aliado ao fato de que Naruto definitivamente queria que ele parasse de ser tão irritante.
Mas ele nunca vira um sorriso e uma expressão como a que estava vendo naquele instante.
Se Naruto pudesse dizer, diria que Sasuke achava que ninguém o estava observando para ter uma expressão tão linda no rosto.
Frio e solitário.
Naruto. Sasuke.
Dezembro.
Naquele dia, Naruto tomou uma decisão. Não era como se ele fosse parar de ser tão implicante a ponto de fazerem as pazes no dia seguinte. Especialmente porque ele sabia que assim que as aulas recomeçassem, Sasuke já não seria mais o mesmo garoto que ele vira no parque com um sorriso melancólico no rosto, um brilho de tristeza nos olhos, e, sim, o garoto arrogante e orgulhoso que ele sempre fora quando sabia que todos estavam olhando.
Mas ele pensou muito, pensou até cansar, porque foi preciso.
Pensou em si mesmo, pensou em Sasuke, pensou na vida dos dois. E então pensou em seu pai.
"Se algo ruim lhe acontece, procure olhar o lado bom disso, para que a tristeza não possa pegá-lo completamente e afundá-lo em um poço de desespero."
Era hora de adotar essa filosofia completamente.
Até mesmo quando o assunto era Dezembro.
Até mesmo quando o assunto era Sasuke.
E então ele decidiu que os meses de dezembro seriam vistos sob outro ângulo, que seriam transformados em momentos felizes. Assim como Sasuke, que definitivamente precisava de algo mais em sua vida.
Era hora de mudar aquele frio e solitário e transformá-lo em algo quente e animado.
N/A.: Pronto, capítulo/one-shot 1 saindo! Resolvi pegar os temas que me faltavam do 30 cookies e transformá-los em uma única fic. A ideia surgiu ontem à noite, enquanto eu tentava dormir e pensava nas similaridades entre os ukes que eu gostava e no fato de que eu poderia fazer uma dissertação sobre o porquê de eu achar que o Sasuke (e mais outros tantos personagens) pra mim é o uke.
O título meio que é parte das minhas razões.
Opinião bem pessoal aqui, mas realmente não me importa quem faz o quê na relação deles (quem vai por cima ou por baixo). Que fique bem claro para todos, até mesmo para mim. Mas que todos fiquem avisados, para não terem problemas depois com o que está por vir.
Isso aqui pode ter saído meio rápido demais - a narração e os acontecimentos -, mas eu meio que só queria dar uma perspectiva real do porquê os próximos capítulos existem. Juro que os próximos serão mais detalhados =9
Anh... Certo, acho que era só isso.
Obrigada aos que leram até aqui.
* Iniciada em 16/10/11 ~Dark Lirit
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