Draicon 06 – Seduzindo o Inimigo

Essa história fala do amor incondicional, da aceitação e principalmente da capacidade de perdoar e desejar a felicidade do outro mesmo que isso cause a sua infelicidade.

Uma história que encerra de forma brilhante essa série magnífica.

Capítulo um

Gotas vermelhas surgiram da agulha pintando a pele obscurecida pelo sol. Desconcertado por sua sede de sangue, Índigo Mercier se enfocou em criar a tatuagem. Um formigamento o advertiu de que algo poderoso tinha despertado seu meio-vampiro adormecido.

Eu sou um lobo Draicon, cantarolava enquanto limpava o braço de Gabriel com um pano branco limpo.

O suor escorria pelas têmporas quando a pistola de tatuagem zuniu. Ajustou a lâmpada de pescoço de cisne e ignorou a fome que aumentava. Índigo não tinha provado sangue em um século. Jantar seu irmão adotivo não era uma boa idéia para começar a fazê-lo.

― Ai, isso dói. ― Gabriel Robichaux fingiu gemer.

― Cale-se e aja como um homem. ― disse Rafael Robichaux.

― Sou um lobo, não um homem. ― replicou Gabriel olhando por cima das costas.

― Se mova outra vez e você será um lobo com um coração torto. ― advertiu Índigo. ― Te disse que relaxasse na cerveja. Agora está sangrando em mim.

A nova loja de Índigo em Nova Orleans estava tranquila esta noite, um dia antes da véspera de Hallowen. Ele fez tatuagens grátis para a família Robichaux. A manada Draicon, a diferença do clã de vampiros de sua mãe, nunca o baniria por causa de uma história de amor inocente.

A arte cobrou vida sob seus dedos experientes que se firmaram sobre o forte bíceps de Gabe. Pensou em sua própria tatuagem, um símbolo de seu passado destruído, e Antoine Avril.

Filha do líder de seu primeiro clã, Avril era um vampiro de sangue puro. Índigo tomou seu sangue e sua virgindade há um século. Xavier, o pai de Avril, o tinha banido logo após porque Índigo era um Mestiço, um meio-vampiro, meio homem-lobo Draicon. Classe baixa na hierarquia de vampiros.

Tinha fugido para Nova Orleans e se reuniu com os homens-lobo Draicon da manada de Rafael. O trataram como a um irmão. Tinha respeito e aceitação.

― Terminado. ― Índigo puxou as luvas e as retirou. Desmontou a pistola de tatuagem, limpou a ponta da agulha e o tubo de tinta e logo as colocou na máquina para esterilizar.

Enquanto Gabe e Rafael admiravam a arte, o pensamento de Índigo foi à deriva. Desejos eram estúpidos e ele era um idiota. Contudo... Desejou ter Avril de volta em meus braços só por uma noite.

Quando a idéia se desvaneceu, um som débil colocou tanto seus sentidos vampíricos como os de lobo em alerta máximo.

― Intruso. Está na loja. ― Murmurou Rafe, enrugando o nariz.

Os olhos negros de Gabriel brilharam na cor âmbar, o que indicava a aparição de seu lobo.

― Não é Morph, nem humano.

Os Morphs, antigos Draicons que se transformavam no mal após assassinar um familiar, podiam mudar para a forma de qualquer animal. Matavam sem piedade e absorviam a energia vital da vítima aterrorizada.

Índigo fez sinal para que se aquietassem. Silencioso como seu lobo, rápido como o vampiro, deslizou para trás da loja. Escolheu uma sombra ondulante pelo solo. Seu corpo de um metro e noventa se movimentou como um tsunami silencioso e sigiloso.

Quando a sombra se moveu, Índigo atacou.

Sua presa arquejou quando ele se sentou sobre ela. Índigo sentia curvas deliciosas e seu corpo se agitou numa resposta instantânea. Todos os seus sentidos estalaram quando inalou o cheiro almiscarado e feminino de gardênias. Sua metade vampírica respondeu quando suas presas desceram em sua boca e seu pênis endureceu.

Não pode ser ela, pensou realmente sobressaltado. Meus desejos não se fazem realidade.

― Que demônios você quer? ― Grunhiu.

Uma batida de coração no silêncio. Então uma voz suave e melódica, disse:

― Você, Índigo Mercier. Preciso de você.

Índigo soltou os pulsos frágeis que tinha imobilizado. Ele se levantou como se a mulher sob seu corpo ardesse como fogo.

― Avril?

Com mão trêmula, procurou às cegas o interruptor de luz. As lâmpadas halogenas sobre ele mostraram a figura de seus sonhos mais doces, mas proibido. Avril estava ali em pé, os cabelos loiros longos até um pouco mais abaixo da cintura, derramando na parte traseira que ele uma vez tinha acariciado. Todas as lembranças transpareceram em seus olhos, ainda frescas como se um século completo tivesse sido ontem.

― Índigo. ― disse em voz baixa. ― Senti tanto a sua falta. Temos que falar.

Um nó apertou a ferida em seu estômago. Afastou-se até a parede. Não o suficiente para escapar de seu aroma encantador, esquecer o sabor total de sua boca úmida, avermelhada. Uns jeans de marca, ajustados, e uma camiseta branca acentuavam sua figura exuberante. Com um metro e oitenta e dois de altura, parecia uma supermodelo com presas.

Usava uma gargantilha de pele aveludada ao redor de seu pescoço. A visão o enfureceu. Era o símbolo do clã de um vampiro de sangue em condição de servidão. Avril era alimentada por um só macho.

Um instinto possessivo fez rugir sua reclamação. Ela tinha sido sua no sentido mais pleno do sangue e da carne. Agora não era mais.

― Já não estamos em 1909. Não ouviu falar de correio eletrônico? ― Perguntou.

― É importante.

Ele abriu caminho até a sala de tatuagem. Assim que ela viu Rafe e Gabriel, descobriu as presas. Índigo retrocedeu, recordando como tinha sido condicionado a desconfiar dos homens-lobos.

― Draicon. Bolas de pêlo de quatro patas. ― Ela sussurrou para eles.

― Mulher morcego Niza. ― Gabriel de voltou para ele. ― Velha amiga sua?

― Ou inimiga? ― Perguntou Rafael olhando avaliadoramente para Avril.

Índigo nunca afastou o olhar de Avril. Sob seu embriagador aroma, cheirava o medo.

― Deixem-na, ― disse a seus irmãos. ― Agora.

No momento em que Rafael e Gabriel se afastaram, Avril passou as mãos sobre seu rosto pálido.

― Tinha esquecido a quantidade de Draicons que vivem em Nova Orleans.

― Sou um deles. Esqueceu disso? Quer outra pequena recordação? Estou exilado e se a vêem comigo, se arrisca a ser exilada também.

Conforme se aproximava, seu corpo despertou e se pôs tenso para o sexo.

Índigo pôs distância entre eles.

― Tive que vir aqui. Você é o único a quem poderia pedir proteção. O único em quem confio. ― suplicou.

A confusão e a preocupação o golpearam de uma vez.

― O único? Que tipo de pai é o seu? Desde quando a filha querida de Xavier precisa de mim? Vocês têm uma legião de vampiros que de boa vontade me chutaram o traseiro para proteger a você.

― Estou arrasada pelo que aconteceu. ― Fez uma pausa. ― Por favor. Não estou pedindo por mim.

O descongelava, o queimava com os olhos de cor violeta doce a olhá-lo dessa maneira. Nunca pôde resistir a qualquer coisa que quisesse. Só uma mordida Índigo, ela pediu há muito tempo. Quero que seja a minha primeira.

― Por quem demônios, então?

Avril enfiou a mão em sua camisa e puxou uma corrente de ouro. Pendurado nela estava um cristal azul de formato triangular que piscava com uma misteriosa luz azul.

― Isto.

Esteve a ponto de engolir a língua.

― O Encanto de Anastácia? É um conto de fadas.

― É real, assim como seus poderes para tornar realidade os desejos. E por isso preciso de você, Índigo. Preciso de você para proteger o cristal antes que caía em mãos perigosas. Por que se isso acontece, seu mundo deixará de existir. E não há nada que possamos fazer para deter isso.

― Isso é um pouco exagerado, Avril, ― disse Índigo. ― O fim do mundo?

Cruzando os poderosos braços sobre o peito, seu antigo amante se apoiou contra a parede. Sob suas calças negras, Índigo tinha a maior parte da musculatura de um leão. Jeans esticados abraçavam um traseiro de músculos tensos e duros. Sedosos fios negros até a metade das costas e pele profundamente bronzeada, insinuando sua herança polinésia, nativo americana e francesa. Costeletas e bigode recortado estreitamente, marcavam a boca cheia que uma vez tinha implorado para beijar.

Seu primeiro amante, uma vez seu melhor amigo.

― Seu mundo que um vez foi o meu até que seu pai se inteirou que éramos amantes. Boa pessoa, seu pai. ― continuou. ― Me disse que eu a tinha manchado. Expulsou-me.

Apertou o encanto de Anastácia, que tinha o poder de conceder um desejo ao portador. Avril recordava a marca no pescoço.

― Eu paguei um preço, Índigo.

― Não vendo reprises de Buffy ou faço incursões ao banco de sangue.

― Olha, eu sei que foi um choque me ver outra vez e eu não tinha a intenção de sacudir seu mundo, mas preciso de sua ajuda.

― A última vez que me pediu ajuda, tive que mudar de endereço.

Avril lhe deu as costas.

― Sinto muito, Índigo. Pensei que ainda era o mesmo e o rastreei até aqui, para encontrar a única pessoa em quem confiava para manter o encanto em segurança. Suponho que estava errada.

O desespero a enchia. Podia voltar ao clã, mas, e depois? As fêmeas desdenhando dela. Os homens se afastando quando entrava em um cômodo. Eles se negaram a alimentá-la e tomar de seu sangue, até que ela fugiu do rechaço esta semana, então como ia pedir que protegessem o precioso amuleto?

Uma suave pressão cobriu sua palma. Índigo separou seus dedos e pegou o colar. Oh, seu toque era tão bom que queria aproveitar a mão e nunca deixar ele ir.

― Shii, Avril. Só estou brincando, chérie. ― Ele a estudou com uma olhada encoberta e depredadora. ― Como conseguiu isto?

Pendurou o Encanto de Anastácia no dedo como um pêndulo de um relógio.

― O peguei para sua custódia.

― Você o roubou.

― Para te manter a salvo de Victor.

Um grunhido profundo estrondou dele. Tinha tomado a decisão correta. Diferente do resto de seu clã, Índigo considerava seu meio-irmão mais novo, Víctor, nada mais que perigoso.

Assim como o clã desprezava Índigo, reverenciavam Víctor, o resultado de um tórrido romance entre a mãe de raça pura de Índigo e um vampiro de distinta linhagem. Índigo tinha ficado aos cuidados de seus avós maternos por um tempo enquanto sua inquieta mãe tinha vivido em Nova Orleans, após regressou com Víctor a tiracolo. O pai de Víctor os tinha visitado nos últimos anos, algo que impressionou inclusive ao esnobe Xavier Antoine.

Ao contrário do pai de Índigo que tinha sido um homem lobo Draicon poderoso com poderes mágicos, que ainda era um homem lobo aos olhos do clã vampiro de sua mãe. Apesar de ser depreciado, Índigo tinha se mantido no clã após a morte de sua mãe em vez de buscar a manada de seu pai, deixando claro que o fez por causa de Avril. Ele nunca escondeu sua natureza de Mestiço.

Quando Índigo lhe devolveu o colar, Avril colocou a corrente ao redor de seu pescoço. A fome se acendeu em seu olhar enquanto estudava o Encanto afundar entre seus seios.

― Como me encontrou? ― Perguntou.

Ela deu de ombros.

― Seu sangue está em minhas veias. Posso te encontrar em qualquer lugar.

A porta se abriu de um golpe. Os Draicon que tinha deixado fora irromperam em seu interior.

― Índigo. Esqueceu de reforçar a blindagem contra Morphs? ― Perguntou o Draicon chamado Gabriel.

― O que acontece?

― Alguma coisa ou algo está aqui. ― replicou Rafael às suas costas.

Nesse momento, algo escuro e fétido passou como um canhão de mau cheiro. Gabriel fechou a porta e ele e Rafael se apertaram contra ela.

― Morph saia da frente. ― ordenou Rafael.

Índigo empurrou Avril para trás dele. A medida a sobressaltou. Tinha esquecido sua feroz proteção.

As dobradiças gemiam quando a coisa do outro lado tentou entrar.

― Deixa, Avril. Morph tem medo dos vampiros, mas não quero correr riscos com nenhum de vocês. ― Índigo espetou.

O ruído se deteve. Rafael e Gabriel olharam para baixo.

O choque se apossou de todos. Por baixo da porta se infiltrava uma massa marrom, escorrendo. Escorria como lodo. Avril levou a mão à boca quando o cheiro de decadência encheu o ar.

― Eles se movem como vermes de esgoto. Atrás. ― ordenou Rafael.

Ele e seu irmão se afastaram quando a massa viscosa se retorceu e se alargou em uma manada de lobos grunhindo. A saliva gotejava por seus caninos amarelados. Eles piscaram. Tinham os olhos negros, poços sem alma.

― Estão se clonando. Avril, corra para a saída! ― Índigo gritou. - Instintivamente dentes alongados como presas explodiram em sua boca. ― Maldita seja, saia, seu sangue é ácido.

Ela avançou, cortando-os e desaparecendo antes que seu sangue brotasse. Gabriel e Rafael trocaram. Ela inspirou seu aroma limpo e fresco em seus pulmões, os marcando para diferenciar entre os lobos invasores.

― A única forma de matá-los é os apunhalar no coração. ― Índigo agitou seus braços e um par de adagas de aço apareceu em suas mãos. Ele lhe lançou uma.

Com o objetivo de atingir o coração, Avril se lançou sobre um Morph. A queimadura foi angustiante quando o sangue salpicou sobre seu punho, mas ela ignorou a dor. O lobo morto se fundiu em cinzas.

Ela, Índigo, Rafael e Gabriel lutaram com uma potência suave e dura determinação. Logo, os lobos invasores estavam mortos. Avril estabeleceu a adaga e respirou tremulamente. Nunca seu clã tinha enfrentado um inimigo declarado. Sua família de vampiros levava uma vida sofisticada, elegante e muito poucas vezes teve que lutar. Os outros seres temiam aos vampiros.

Esta luta tinha sido um olhar no outro tipo de estilo de vida, no entanto, perigoso e emocionante.

O suor gotejava da testa de Índigo. A adaga ressoou no solo quando ele a soltou. A fúria acendeu seu olhar escuro quando viu suas mãos queimadas, já começando a sanar.

― Maldita seja, eu te disse que ficasse para trás! ― Grunhiu.

― Você deve saber que eu nunca escuto o que dizem.

Índigo suava de medo, não por ele, mas sim por ela. Seguia sendo o mesmo homem poderoso e super protetor. Ninguém tinha se preocupado tanto por ela em muito tempo. Ela tinha esquecido como era.

― Índigo, tudo bem. Posso cuidar de mim.

Ele estremeceu quando ela apertou seu braço suavemente.

― Não deveria ser assim.

Rafael e Gabriel se deslocaram para trás, se vestiram com um aceno da mão. Rafael estudou as cinzas dos Morphs.

― A máquina ainda está lá fora. ― Gabriel franziu a testa. ― Seu cheiro é diferente. Não é como qualquer Morph que já encontrei. Algo mais está lá.

Índigo inalou o ar, parecia estar tentando encontrar o perfume, sem sucesso.

Raphael inclinou a cabeça.

― O cheiro está desaparecendo. Ele está se afastando. Agora você vai me deixar reforçar a blindagem?

Raphael acenou com as mãos, murmurando um canto bonito na sua voz baixa e profunda. Faíscas iridescentes flutuavam no ar. Foi lindo e um formigamento se derrubou por sua espinha. Muito poderoso também.

― Rafe, Gabe, por favor. Caiam fora ― Índigo disse.

O dois Draicon olharam para ela e saíram.

Com olhos escuros e penetrantes, Índigo se virou para ela.

― Estranha coincidência Morphs como aqueles que aparecessem apenas depois de você. Eu quero a verdade. Quem está perseguindo você, Avril?

Seu olhar cor de café perfurou Avril, esperando.

― Por que aquele bastardo Victor quer o Encanto de Anastácia? É ele que persegue você? - Avril concordou. ― Eu preciso de respostas.

Avril explicou como seu pai havia removido o pingente de seu esconderijo. A cada 50 anos, o amuleto deveria ser usado ou seus poderes diminuiriam. Xavier usou o Encanto de Anastácia para ajudar um membro doente do seu clã de vampiros e, depois, Victor "emprestou" o encanto.

A tensão atou seu estômago.

― Victor disse que o queria para se acasalar comigo. Mas não foi por isso que o roubou.

―Não é razão suficiente?

―O Encanto só concede a cada pessoa um desejo. Ele queria destruir todos os Draicon porque ele odeia lobisomens. Eu acho que ele queria algo mais do que se unir comigo.

― Matar a toda uma raça? Ele blefou. ― afirmou Índigo.

― Eu o peguei dizendo as palavras e ele parou.

Ele amaldiçoou baixinho. Avril empurrou seu cabelo.

― Você sabe o quão perigoso e determinado ele é. Você deve encontrar uma maneira de manter o Encanto seguro.

Ele deu um sorriso zombeteiro.

― Eu não sou nenhum super-homem, ou super-lobo, chèrie. Por que eu?

― Porque você é o único em quem posso confiar. ― ela explodiu. ― Todo mundo que eu conheço está sempre fora de si. Você era o único lá que tomou conta de mim quando eu realmente precisei de você. Eu preciso de você agora, Índigo.

Ele se aproximou até ficar a pouca distância. Ela inalou seu delicioso cheiro de pinho e couro. Índigo arrastou um dedo em seu rosto.

―Você me pediu uma vez um favor e olha o que aconteceu. ― ele murmurou. ― Você tem tanta certeza que eu sou a escolha certa de novo?

Avril fechou os olhos. Cem anos atrás, e o momento ainda estava vivo. Ela tinha 18 anos, sentada na cama cerimonial antes do rito de sangue. Victor tinha sido escolhido para ser o primeiro a ter seu sangue. O pensamento aterrorizou Avril. Sozinha com Índigo, que tinha parado para desejar boa sorte, ela pediu-lhe para ser seu primeiro.

Índigo tinha sido gentil, sua língua lambendo sobre sua pele em carícias suaves. Sua mordida foi uma perfuração erótica. O prazer os consumiu até rasgarem a roupa um do outro. Avril tinha tomado seu sangue e entregou a sua virgindade. Quando o clã chegou para a cerimônia, Victor quase tinha rasgado a cabeça de Índigo fora. Ele tinha convencido seu pai que Avril foi arruinada pelo sangue misturado de seu meio-irmão.

Avril abriu os olhos. Ela estudou seu ex-amante.

― Essas coisas, Morphs, seus inimigos. Mantiveram-se dividindo. O que são eles?

― Draicon que se tornaram maus por ter matado um parente próximo. Eles fazem isso para ganhar mais poder. Eles têm a habilidade de clonar a si mesmos.

Ela estremeceu.

― Só Draicon? Que tal Mestiços? Você pode virar Morph?

Nenhuma emoção se mostrou naqueles olhos escuros.

― Eu suspeito que ele iria causar problemas para o meu lado vampiro. Agora é minha vez de fazer perguntas. Como você fez Victor parar de fazer um desejo?

― Eu o beijei.

Um rosnado baixo e profundo retumbou do peito dele.

― Você não poderia ter batido na cabeça dele?

― Não foi o beijo que o parou. Comi alho. Eu acho que ele quase engasgou.

Ele explodiu em gargalhadas, rica e profunda. Os ombros relaxados. Talvez isso pudesses funcionar depois de tudo.

― O alho para os vampiros. ― ele gaguejava. ― Você sempre foi brincalhona.

Ela ofereceu um pequeno sorriso.

― Eu não tenho gosto de alho agora.

― É um convite?

O coração de Avril bateu com um estrondo violento.

― Pode ser.

― Vamos ver. ― Ele a puxou em seus braços e a beijou.

Ela tinha gosto de mel quente e picante de especiarias, assim como todos os seus sonhos. Ele quase gemeu, sentindo sua boca ir flexível sob a pressão sutil da sua. Avril tremia quando Índigo acariciou sua língua dentro da boca. Ela suspirou quando entrou na dança sedutora. Ela trouxe todos seus sentidos adormecidos de volta, irradiando vida.

Avril beliscou seu lábio com uma presa. Ele provou o sangue em sua língua, a pressa desceu para seus lombos.

Beijá-la era como estar sendo bombeado com galões de adrenalina. Ofegante, ele se afastou, olhando para ela com frustração selvagem.

Avril tinha despertado para a vida seu vampiro adormecido. Nada poderia satisfazê-lo até que a tivesse nua embaixo dele, seu corpo enterrado no dela. Seus dentes afundando em seu pescoço, puxando o seu sangue, quente delicioso.

Ele apelou para o seu lobo, mas agora seu meio Draicon estava inativo.

― Índigo? ― Seus olhos estavam enormes, cheios de sua própria fome.

Fechando suas mãos em um punho, ele lutou para se controlar. Eles precisavam ir ao que interessava. Não era seu corpo entusiasta o assunto no momento.

― O que você quer fazer com o Encanto? Escondê-lo?

Avril recuou. Então ela sorriu.

― Você sempre foi muito direto, Índigo. Eu esqueci como você é focado.

Não tão focado como eu quero ser, disse ele em silêncio, devorando-a com os olhos. Índigo teve que lutar para não puxá-la mais uma vez para seus braços trêmulos.

― Ocultar não irá funcionar. É mais seguro com você, Índigo.

Ela desprendeu o colar e entregou a ele.

A tentação do poder do Encanto o puxou como uma corda enrolada na cintura. Quantas noites quis ter Avril em sua cama, sua para sempre? Era uma fantasia estúpida. No entanto, o Encanto faria essas fantasias realidade. Se ele se atrevesse a cantar as palavras.

O lendário Encanto de Anastácia concedia um desejo a cada pessoa. Índigo sabia que o seu desejo era ter Avril em seus braços para o resto de suas vidas.

Caramba, isso tudo era errado. Ele não era melhor que Victor, querendo usar o Encanto para ganho pessoal. Ele segurou-o como se fosse uma cobra de vodu negra.

― Eu não posso manter isso. Não é destinado a mim, inferno, eu sou mais Draicon que vampiro.

Ela levantou o queixo na inclinação teimosa que ele se lembrava.

― Você pode guardá-lo melhor do que ninguém. Você é a única pessoa que nunca me decepcionou e sempre tinha mais autocontrole do que ninguém que eu conheço.

Esse auto-controle se sente tão substancial como o papel em torno de você. Para acalmá-la, Índigo colocou o colar. Ela pareceu relaxar um pouco.

Alarmou-se quando percebeu como ela estava pálida. Ele pegou seu pulso fino nos dedos.

― Quanto tempo se passou desde que se alimentou?

Ele não quis fazer sua voz tão áspera, mas o hábito e velhos sentimentos de proteção, não desaparecem fácil.

Avril desviou o olhar.

― Eu estava com pressa.

Ele amaldiçoou sob sua respiração.

― Você vai ficar comigo até elaborarmos um plano. Com a condição que você se alimente.

Algo cintilou em seus olhos. Ela colocou a mão em sua garganta.

Índigo colocou uma jaqueta de couro preto, desligou as luzes e pôs o alarme na loja. Avril seguiu até a noite fria, olhando expectante para ele.

― Iremos andando. ― ele murmurou.

Como poderia explicar que não se lembrava como se desmaterializar? Ele fez a escolha de viver como Draicon e esquecer a sua metade vampiro. A verdade doía, se ele fosse um vampiro puro-sangue, Xavier não se oporia a seu acasalamento com Avril.

― Qual é a sua casa?

― Vamos sair para encontrar uma refeição decente.

Ela parou.

― Eu não posso Índigo.

― Bourbon tem muitos turistas. A maioria deles está bêbado, então se sua preferência é não-alcoólica, podemos ir para os hotéis ...

― Eu não posso fazer isso, ― disse ela em voz baixa. ― Além disso, você não sente?

Cada célula gritou um aviso que perfumava o ar. Parecia contaminada e cheia com mau pressentimento. Avril olhou por cima do ombro.

― Eu continuo a senti-lo. Sinto muito, Índigo, por pôr você em perigo.

Ele agarrou o braço dela.

― Tenho as costas largas. Você precisa se alimentar. Nem mesmo Victor pode pará-lo e se ele tentar ...

Vou demonstrar exatamente que tipo de lobo eu sou.

Avril olhou para a rua. O intestino de Índigo se apertou.

― Chérie, o que você quer que eu faça? ― Seu coração balançou com a fome gritante em sua expressão.

― Eu não posso me alimentar de estranhos, Índigo. Tem sido assim desde que você se foi. Posso ... você vai me deixar ... posso me alimentar de você?