Draicon 04 - Lobo imortal
Depois que ela recuperara a vida. Agora, ela trazia a morte com seu toque.
Emily Burke passou a mão através do mármore frio do túmulo. Embaixo dela estava Helen, sua tia favorita. Ao redor pedras, margaridas plantadas com carinho, estavam murchando e morrendo no seu frágil caule.
Nunca tinha se sentido este desamparo. Não desde que matara seu pai há um ano atrás.
A luz solar salpicava fracamente as folhas douradas e vermelhas sobre as copas das árvores. Perdidos raios de luz flutuavam na pequena clareira da floresta profunda. Aqui e ali, arredondados marcadores gravados com velha língua marcavam os lugares onde a família eternamente descansava. A família Burke tinha governado esta parte leste do Tennesee por gerações, vivendo e morrendo nesses mesmos trezentos hectares arborizados. Se ela tivesse o mesmo caminho, logo o seu túmulo se juntaria ao dos outros. Então, a maldição perturbadora ao menos seria quebrada.
Um arrepio percorreu sua espinha enquanto uma brisa fresca acariciou sua face. Em poucos dias, o mais reverenciado de todos os Draicon, Kallan, chegaria para prepará-la para o rito de trasna1. O ritual de passagem para o Outro Reino, pois necessitaria de meditação formal, despedidas e unção. Apesar de bastante jovem, o Kallan era conhecido. As fêmeas cochichavam sobre suas lendárias proezas sexuais. Os machos abaixavam suas cabeças em respeito ao seu enorme poder.
Sem o Kallan, seu próprio bando seria forçado a executá-la.
Estendendo as mãos, ela estudou as luvas de camurça masculinas que as cobriam. Puxou da luva da mão direita e a fina luva de látex estéreis debaixo delas. Emily tocou o túmulo novamente, saboreando a sensação da superfície dura, o mármore frio.
Apenas para sentir algo.
Eu posso te tocar agora, Helen.
A margarida caiu no túmulo. Emily engoliu em seco. Ela olhou ao redor e escolheu uma pedra afiada. Um corte acentuado atravessou a sua palma da mão e ela estremeceu.
Ela colocou a palma sangrando sobre a planta. Um, dois, três, quatro gotas vermelhas, sua vida fluindo, gotejando sobre a flor.
Emily permitiu que o corte curasse e observou a margarida com tênue esperança. As pétalas brancas desfraldadas e o centro amarelo-limão brilhavam saudáveis uma vez mais, ela trouxera de volta a vida. A última descendente puro-sangue dos Draicon, ela podia restaurar a vida com seu sangue. Emily já havia curado muitos, inclusive os animais da floresta, que estavam doente e entanto, por um ano, agora seu toque matava sua própria espécie.
Oh, por que ser amaldiçoada com o toque da morte e do sangue da vida? Por quê? Será que a maldição era porque sua deusa Aibelle viu Emily como uma inútil?
O que eu fiz? Ela sussurrou - Por favor, me diga como posso alterá-la; eu não abusei deste dom que me foi dado no nascimento. Eu só queria curar. Um ano atrás, num sonho, a deusa Aibelle misteriosamente dissera-lhe que o equilíbrio da vida e da morte estava dentro dela, Emily. No dia seguinte, Emily tinha tocado seu pai e marcas minúsculas crescente escavaram na palma da mão quando ela o apertou, suas unhas escavando na carne tenra. Engolindo em seco, ela cobriu a mão dela. Ambas as luvas tinham sido purificados na fumaça de sálvia e banhados numa rica mistura de especiarias e ervas, antes da secagem. Não importava isto. Suas mãos matavam as pessoas. Ela matara seu pai após tocá-lo.
Matou a tia Helen também. Agora, ela devia pagar o preço, antes que sua maldição disseminasse outros Draicon. Ela tinha uma esperança. Recentemente, ela encontrara telepaticamente seu dracairon, seu destinado companheiro macho. Sua voz profunda e sensual em sua mente não insinuava sua origem, e isto lhe uma emocionada preocupação, de que ele poderia ter ouvido falar de Emily, a maldita e ela dera-lhe seu apelido de Erin. Ela imaginava-o tão grande, poderoso e um pouco ameaçador para quem se atrevesse a magoá-la.
Mesmo o Kallan, o Draicon que poderia executá-la.
Amant era seu cavaleiro, que poderia exigir seu resgate. Se Amant soubesse de seu destino, ele faria qualquer coisa para salvá-la. Era seu dever. Instinto o levaria a arriscar tudo para mantê-la segura.
Emily fechou os olhos e mentalmente estendeu a mão para chamar seu cavaleiro branco.
Ajude-me.
Rafael Robichaux acelerou em direção a Bourbon Street em sua Harley para seu bar favorito vagueando através do seu território, em Nova Orleans. Milhas de distância, uma mulher o esperava para enviá-la para a morte. Uma morte rápida, mas apesar de tudo, a morte.
A moto grande ronronava quando o vento chicoteava seus irregulares cabelos na altura dos ombros. Montar na Harley dava-lhe uma liberdade verdadeira que só ele conhecia. Mas à medida que Rafael se aproximava de Bourbon,uma voz gritou insistente.
Kallan. Kallan. Eu preciso de você.
Rafael virou a moto, em direção ao suspiro fraco, esperançoso. Num beco sombrio repleto de sacos de papel e cheiro de vômito antigo, um macho sentava-se contra a parede de tijolos expostos. Mesmo quando ele deslizou da Harley, Rafael sabia que era um ancião Draicon sentindo muita dor.
Amarelados e dentes afiados brilhavam no beco. Morfos. Ex-Draicon que se tornou mal por matar um parente, eles poderiam se metamorfosear em qualquer forma de vida. Um casal lambia o sangue escorrido da fronte do mais velho, saboreando a morte e o medo do Draicon para ganharem energia.
Um golpeava o macho impotente, roubando os sulcos sangrentos de seu peito.
O velho engasgou-se.
Rafael ficou na entrada do beco para combater alguém capaz de atormentá-lo, um desafio em sua voz.
Rosnados saudaram-no quando eles se afastaram de sua presa. Os Morfos endireitaram-se. Energizados pelo terror do ancião, se transformaram em ratos, clonando-se e, em seguida, mastigando os braços e mãos do idoso.
O velho gritou.
Uma absoluta tranqüilidade chegou até Rafael. Ele nunca perdia de vista os dois originais, suas marcações, seus movimentos. Ele ergueu as mãos para criar um véu de proteção, bem como uma cerca eletrônica, ao redor da pessoa idosa. Chocados com a magia pura, os ratos gritaram e caíram , antes de Rafael se transformar. Ele estava pronto. Acenando com as mãos, ele despojou-se de roupa e transformou-se em lobo.
Concentrando-se no par original, ele saltou para atacar. Eles berraram e transformaram em sua forma verdadeira. Quando o fizeram, os seus clones desapareceram, sem a energia necessária para mantê-los.
Assim quando Rafael transformou-se rapidamente de volta para sua forma humana, vestiu-se. A adaga materializada nas mãos. Ele rodopiou, perfurando, agindo. As duas formas deram uivos baixos e caíram para o solo. Em um minuto, desapareceram sob cinzas.
Rafael foi até a pessoa idosa, que estava segurando seu estômago, como se tentasse manter suas tripas cheias dentro. Sua boca ficou seca enquanto olhava os ferimentos do Draicon.
-Por favor, me ajude a acabar com essa cruz. O mais velho, com pelo menos 1.500 anos, ofegava com a dor que irradiava dele em grandes ondas. - Apenas me deixe ir.
Rafael esquivou-se, dividido entre querer dar um consolo honrado ao ancião e a agonia da decisão final, para ele, mas o homem abrasado implorava cutucando-o para que seguisse em frente. Já era tempo.
Fechando os olhos, Rafael colocou sua mão no ombro do outro se concentrando, enviando-o ao Outro Reino de paz e sem dor. Ele proferiu palavras na língua antiga.
Seus olhos se abriram quando ele tirou um punhal, curto dourado sempre amarrado à sua cintura. A lâmina tinha uma magia anestésica. Murmurando as palavras sagradas, ele esfaqueou o idoso no coração.
A morte foi rápida, indolor e misericordiosa. Luz desapareceu do olhar Draicon, mas um pequeno, sorriso sereno descansava nos lábios finos. Com reverência, Rafael fechou os olhos do velho, limpou o sangue de sua adaga sagrada com uma pequena toalha dobrada em seu bolso ão,ele guardou o punhal, pegando seu celular e fez uma chamada.
Cinco minutos depois, quatro de seu ex-grupo chegaram. Eles enrolaram o corpo num longo tapete oriental e discretamente levaram para o caminhão ao velho, para homenageá-lo com um enterro que merecia.
Rafael fechou os olhos, desejando não se sentir tão sozinho. Porra, os Morfos lhe deram muito mais que uma apressada morte, despachar alguém à paz do Outro Reino fazia ele se sentir vazio. Sombrio por dentro.
Ele era o Destruidor, o portador da morte.
Trazer consolo para atravessar para o Outro Reino era uma vocação honrada. Dane-se. Ele era um negociante da maldita morte. Ele era um Kallan, a única pessoa que poderia encerrar a vida de um companheiro Draicon sem conseqüência.
Minutos depois, ele estacionou a moto na frente do bar Lua Cheia. Música alastrava-se na rua numa onda acústica; jazz suave, e, rock pesado martelante. Algumas mulheres relaxavam na calçada e consumindo excessivamente oferecendo-se a ele duplamente. O vento provocou um movimento da mecha branca de cabelo em sua fronte, brincando com o brinco de punhal dourado que caía de sua orelha esquerda.
Um suspiro coletivo feminino, suave como a brisa do rio Mississipi, brotou na direção dele. Ele inclinou seu famoso meio sorriso olhando as três senhoras e dando.
-Boa Noite, Senhoras, com a fala arrastada.
Três em uma noite. Nada de novo. Complicado, companhia feminina fácil, o êxtase do sexo rápido, anônimo e a energia que trazia empurrando para trás um pouco a solidão. A mais alta tinha uma figura exuberante, com carne suficiente em todos os lugares, que gostava de acariciar. Ele adorava o sexo feminino. Mesmo as mulheres humanas, que eram demasiadas frágeis para absorver o sexo bruto que os machos Draicon às vezes apreciavam.
Mas nunca o sexo com estranhas anônimas preencheria o espaço vazio dentro de si. Rafael deu as mulheres um sorriso encantador esse afastou.
Atrás dele,seus murmúrios de desapontamento como mosquitos zumbindo no igarapé.
Ele foi em direção ao bar de madeira arranhada e pegou uma caneca de cerveja. Um macho e uma fêmea Draicon que bebiam cuidadosamente olharam para ele. Nisso ele ouviu um sussurro feminino: 'Um Kallan, dizem que ele foi nomeado porque matou oitenta Morfos em um dia, quando eles estavam prestes a matar um grupo na Califórnia'.
Às vezes, a história se vangloriava com mais de uma centena de Morfos, e o bando de Draicon eram de Nova Inglaterra. Não importava, pois a lenda sombria dele era muito maior do que a realidade.
"Ele também era o único mestiço que se tornara Kallan. Quem teria pensado que um Cajun híbrido poderia ter entrado na classe", o macho, murmurou.
Rafael enrijeceu.
Demasiadas vezes se sentia como se estivesse interpretando um papel num pedestal erigido por seu Clã. Quando que ele declinaria porque o seu sangue não era puro o bastante? Somente sua família tratava-o normalmente. Ele bufou: Normal? Ele era imortal. A normalidade não fazia parte do clã.
Ser um Kallan requeria força necessária, aptidão física, mas sobretudo, desprendimento, emocional temperado com compaixão e pureza espiritual. Um Kallan não apreciava despachar seu próprio Clã. Ele via o seu papel como guia para o Outro Reino, que os preparava para atravessar.
As execuções, mesmo que eles cometessem crimes contra sua própria espécie, eram tratadas com dignidade e compaixão. Ele nunca tinha enviado uma mulher antes. Rafael esperava ter a força e emocional desprendimento para executar uma maldita Draicon.
Dois de seus irmãos gritaram um entusiasmado - Olá. Ele estava atravessando a distância entre eles, quando então, uma voz falou em sua cabeça.
Amant? Você está aí?
O sussurro o fez parar. Era ela, ele a venerava acima de todos. Rafael ergueu um
mão em saudação aos seus irmãos. Ele retirou-se para uma mesa solitária.
Erin. Eu estou aqui, ele tranqüilizou.
Sua voz soava trêmula, como se tentasse disfarçar seu medo. Mas algo profundo preocupava-a.
Eu pensei que o tinha perdido. Você não tem falado comigo desde ontem.
Acalme-se, um pouco, ele acalmou-a. Eu estou aqui, como tenho estado. O que incomoda, cherie?
Eu tenho saudades você, isso é tudo.
Eu tenho saudades de você também, - ele admitiu, puxando uma cadeira e apoiando a bota em cima dele.
Um mês atrás, tinha estado a preparar lagosta para o churrasco com a família, quando ele ouviu sua draicaron procurá-lo. Rafael paralisara na pureza da sua voz suave, um baixo tom melódico. Ele se sentia banhado em serenidade e ainda aguçado pela necessidade sexual.
Foi a coisa mais erótica que já experimentara, e, ainda assim, ela falou, apenas uma frase. Desde então, eles se falavam quase todos os dias. Ele sabiamente não a pressionava e permitia-lhe que o procurasse. Ele lhe falara de si mesmo e do apelido conferido a ele por seus irmãos:- Amant, a palavra francesa para amante. Ele não queria assustá-la ou vê-la tomada pelo temor do lendário Rafael, o mais temido e respeitado Draicon.
Onde está você agora? O que você está fazendo? - Erin perguntou.
Em um bar. Conversando com você.
Ele se inclinou para frente, colocando os dois pés no chão. O que está errado, Erin? Você parece triste. Você está sozinha?
Um suspiro pequeno passou por ele como uma flecha. Onde eu estou, eu estou sempre sozinha.
Onde estava o seu pessoal? Sua Alfa?
Tenho que ir. Aqui não é seguro. Eu tenho que ir a algum lugar seguro.
Ele sentiu a sua ansiedade, enquanto escovava um pouco os cabelos da nuca. Rafael franziu a testa, desejando que ele pudesse vê-la. Seu clã, eles estão perto? Você se sente ameaçada?
Apenas alguns homens de meu Clã andando perto. Eu não posso deixá-los me ver.
Sua raiva aumentou com a sugestão de alguém se atrevesse a tocar em sua draicaron. Automaticamente, ele flexionou seus músculos, seu instinto de proteção aumentando. Se tentarem alguma coisa com você, eles vão me pagar.
Não se preocupe. Eles não vão chegar perto de mim.
É melhor eles não façam. Você é minha e somente minha, - ele não poderia ajudar rosnando.
Ela deu um sorriso leve, tão suave e arejado como um pássaro. Eu posso cuidar de mim. Confie em mim. Agora, eu o posso por algum tempo.
É o meu trabalho cuidar de você.
Sua voz aprofundou. Você é tão bom para mim, mesmo quando não está aqui. Eu aprecio os nossos momentos juntos nestas últimas semanas. Quando eu poderei ver você?
Rafael bloqueou o pensamento distante da tarefa que o esperava. Em breve. Eu tenho um trabalho, depois eu vou até você.
Promete? O desespero pontuava sua voz. Perturbado, ele enviou ondas de tranqüilidade, acalmando-a com imagens da floresta e do vale, no silêncio profundo da floresta verde. Ele sentia sua tensão facilmente.
Como eu desejaria que você me beijasse agora. Beijasse-me e dissesse que tudo está bem.
Sua admissão enviou ondas de calor erótico através dele. Ele poderia beijá-la, cada suave polegada. Seu corpo apertado de necessidade. Ele se questionou o que a agradaria e desejou que ela lhe permitisse ver seu reflexo num espelho.
Estou ansioso para que nos encontremos, eu mal posso esperar para tocá-la, ele admitiu em voz baixa, rouca sensual.
Não!
Sua aflição gritou em sua mente. Rafael franziu a testa e especulou. Mesmo se ela fosse uma virgem com medo de sua primeira vez, esse receio não era normal.
Alguém te magoou? Ele não queria que sua voz ficasse tão aguda, e suavizou o tom: Fale-me, para que eu possa ajudá-la, cherie.
Eu vou ficar bem. Sua melancolia retorceu seu coração.
Deixe-me ajudá-la, eu sou seu dracairon. É meu dever cuidar de você, e ver todas as suas necessidades, sejam elas grandes ou pequenas.
Você fala como se eu fosse uma doente que necessita de assistência para sair da cama, - veio a resposta ácida.
Rafael deu uma risada. Isto poderia chegar a esse ponto. Ele bloqueou o pensamento da imagem sexy de Erin deitada lânguida e ruborizada na cama, atordoada pelo prazer que ele lhe daria. Claro que não. Mas eu sou seu companheiro, e me entristece saber que você está em tal aflição. Diga-me o que você precisa.
Você. Ela ficou em silêncio os batimentos cardíacos diminuídos, e acrescentou: - Você me quer?
Sua voz profunda e sensual enviando um espiral de luxúria através dele. Rafael prendeu a braços da cadeira.
Querê-la? Você não tem idéia do quanto eu te quero. Mentalmente, ele enviou-lhe uma imagem de uma cama enorme, dois corpos entrelaçados entre remexidos lençóis de seda. Tudo isso e muito mais, ele disse baixinho.
Oh! Oh, eu não sabia, eu nunca...
Um silencioso prazer encheu-o com a sua encantadora inocência ruborizada. Não se preocupe, cherie. Será sua primeira vez, e eu vou ser gentil. Você não tem nada a temer de mim.
Eu não tenho medo de você, eu poderia nunca ter medo de você.
Satisfação derramou-se sobre ele. Ele iria amá-la e estaria consciente de sua inocência em sua primeira união de êxtase, conseguiria abrandar toda a dor da perda de sua virgindade. Rafael lambeu seus lábios, imaginando separação das coxas macias com as mãos, aproximando a boca para seu núcleo e movendo rapidamente sua língua...
Lá? Choque vibrou com sua voz. Rafael riu baixinho.
Lá, e muitos outros lugares. Acredite, você vai apreciar.
Eu gostaria de poder tocá-lo.
A tristeza absoluta em sua voz o fez parar. Seu coração entristeceu. Logo, ele prometeu.
Com canto dos olhos ele viu dois homens rugindo para ele. Ambos sólidos como linebackers2. Tinham rugas profundas em seus rostos. Um ostentava no rosto uma cicatriz de faca. Problemas. No bar, seu irmão mais velho, Etienne, atirou-lhe um olhar interrogativo. Precisa de ajuda?
Rafael balançou a cabeça. Erin, perdoe-me por um momento, ele disse a sua draicaron. Ele se levantou, estendendo completamente seu um metro e noventa e centímetros de altura.
-Senhores , ele se ofereceu.
-Você é o bastardo que ferrou feio por aí com a minha mulher no mês passado,
anunciou o grandão cicatrizado.
-Sua ex , -ele rebateu.
-Nós estávamos fazendo as pazes -, disse o cicatrizado estilhaçando os vidros quando ele levou a garrafa de cerveja contra a mesa. Ele segurou a borda recortada .
-Eu duvido disto, a julgar pelas feridas que você tem - Rafael estreitou os olhos.
-As mulheres devem ser tratadas com cortesia e respeito. Você precisa ter maneiras. Ele sentiu seu crescente poder para colocar este bastardo em seu lugar.
-E você é um feio cão sem raça, - soou o amigo do Cicatrizado.
Uma raiva violenta jorrou nele. Ele escondeu-a:
- Nunca me chame de vira-lata, ele disse agradavelmente.
Rafael friamente engatilhou um com um soco e mandou o outro para o chão com um simples empurrão.
A cerveja espirrou em cima da mesa quando as garrafas caíram. Seus reflexos foram tão rápidos que ficou sem tempo para piscar.
Ele sentou-se novamente, colocando uma bota em cima. O corpo do Cicatrizado inconsciente.
As minhas desculpas, Erin. Eu tive que tirar o lixo. Apenas um pouco de negócio que me tirou sua companhia agradável. Onde estávamos?
Que negócio?
Dois homens que não gostam da aparência do meu rosto. Ele estudou os dedos.
Nem sequer um arranhão.
Você está machucado? Uma preocupação nítida tingiu sua voz. Rafael sentiu um espanto inesperado preenchê-lo. Ninguém nunca se preocupara com ele por lutar antes. Sua família assumindo que sendo Kallan poderia lutar todas as batalhas. Seus amigos sabiam que ele podia.
Você deve ser um guerreiro muito forte.
Eu faço o que devo. Ele deu de ombros, firmando os dedos de forma inconsciente no chão.
Você também é bastante modesto, eu posso sentir a humildade que irradia de você.
Novamente riu com prazer. Pela a primeira vez, desejava que não fosse um Kallan e poderia correr para o lado de Erin, sua draicaron tinha necessidade dele, mas seus deveres como Kallan vinha em primeiro lugar.
Cherie, amanhã eu devo deixá-la. Eu não posso contatá-la. Eu tenho um dever a cumprir que requer uma concentração absoluta.
Por quanto tempo?
Uma eternidade. Três semanas.
Está tudo bem; eu entendo. Ela deu um pequeno suspiro, soando suspeitamente como um soluço abafado. Talvez eu vá vê-lo em algum outro lugar. Algum dia.
Erin. Ele tentou chegar a ela, mas ela desapareceu como a névoa que se escoa através do pântano. Rafael recostou-se, ligeiramente incomodado. Ele não gostou do som de seu adeus. Soou quase como uma despedida.
Ele deixou de lado suas preocupações, depois, ele encontraria Erin e lhe daria tudo o que ela precisava. Por enquanto ele devia se concentrar no que estava por vir.
Seus irmãos, Etienne e Gabriel, aproximaram mais. Eles estudaram os dois corpos deitados aos pés de Rafael. -Não podia ter jogado fora? - Gabe perguntou.
Eles não queriam compartilhar minha caixa de areia. Ele se juntou a eles em outra mesa e sinalizou para garçonete, que colocou uma fria longneck sobre a mesa. Rafael inclinou a cabeça para trás e bebeu profundamente.
Etienne girou o encosto de uma cadeira, inclinando os braços compridos nas costas:- Quando você sairá?
-Assim que eu terminar a próxima. Ele cobriu a boca com as costas da mão.
-O que é desta vez? Onde?
Rafael tamborilou os dedos sobre a mesa, tomado por um súbito arrepio... Fêmea.
As bocas dos seus irmãos se retorceram. - Mau negócio. O que aconteceu?
Sua mente vasculhou os detalhes com imparcialidade. – Me falaram que Emily é amaldiçoada, condenada pela deusa Aibelle. Ela foi amaldiçoada um ano atrás por Aibelle com o toque da morte por causa da sua vaidade.
Todo Draicon que Emily toca atualmente ela mata. As antigas profecias prediziam que Emily traria o final para o nosso Clã, se ela não for sacrificada à meia-noite da próxima lua cheia. Se ela não for, trará maldição não somente para o Clã inteiro e Etienne assobiava quando Gabriel sacudiu a cabeça: - Parece injusto, -disse Gabe. - Onde ela está?
Eles me disseram que ela está pronta, é velha e ficará feliz por atravessar. Ela está no leste do Tennesee. Rafael não adicionou que ficou aliviado por sua vítima ser mais velha. Já era ruim
o bastante ela ser do sexo feminino. A maioria dos que enviara, viam os seus serviços como um alívio nos seus quarenta anos como Kallan, ele só eliminara uns cinco condenados muito relutantes, que haviam matado inocentes e estavam prestes a virar Morfos.
Gabriel deu-lhe um olhar pensativo. -Os Draicons nessa área são do Clã Burke. Você não está dizendo que são eles.
Rafael fez um breve aceno, os olhos de Gabriel e Etienne ampliaram. - Este clã Burke cuida de si mesmos, Rafe. Eles são muito tradicionais e cumprem rigorosamente o costume, alertou Etienne.
Como se eu não soubesse. O convite com uma caligrafia detalhista tinha chegado num pergaminho frio (sem e-mail para o clã Burke). A cerveja em sua boca azedou. Ele engoliu em seco.
-Sem cabos para você, Internet Sem fio, sem Wii3, nada moderno; exceto o telefone, utilitários básicos e carros. Guardiões dos registros de Draicon, o Clã dos Burkes era descendentes diretos dos puros-sangues dos nossos antepassados, Guardiões do Banco do Velho Mundo. Gabriel deu a Rafael a jaqueta de couro e apontou.
O ultimo Kallan, vestia os mesmos trajes cerimoniais para agradar alfa Burke - Urien. -Ouvi que Urien estava chateado porque você se tornou Kallan porque não é
puro-sangue como eles?
-Como todos os outros Kallans antes de mim? - Os dedos Rafael apertaram a garrafa de cerveja, quebrando-a. A espuma expeliu para os lados. O silêncio envolveu no ar. Etienne trocou olhares inquietos com Gabriel.
-Urien pode beijar minha bunda com roupas de couro. O ressentimento encheu. Os puros-sangues sempre com as suas tradições, costumes e complexo de superioridade. Eles não querem um Kallan que era um renegado, um Cajun e um vira-lata sob seus olhos. Pensou. Era tudo o que tinham.
-Eu não vou lá para fazer uma declaração de moda só para honrar o seu pedido. O respeito brilhou em seus irmãos. Gabe balançou a cabeça: - Eu não saberia como fazê-lo, Rafe. - eu certamente não poderia realizar um trasna sobre uma mulher, espero que você encontre a força.
-Poderia ser melhor esperança, Gabe.
-Você tem um monte dependendo dessa atribuição.
Rafael baixou a cerveja, seu olhar sombrio enquanto estudava seu irmão -Só espero que ela seja mais velha e esteja pronta para morrer. -Porque se ela não estiver eu terei um conflito na mão, lembra-se do código?
-Você é o único cuja perda da vida não é uma coisa maldita.
- Eu não posso impedir isto.
Gabriel tirou um papel de legal, uma faca e uma pena do bolso e colocou-as no mesa.
-Você não tem que fazer isso, Gabe.
-Se eu não fizer então quem o fará?
A antiga tradição o incomodava, mas ele não poderia quebrá-la. Cada vez que seus serviços como Kallan eram solicitados para encerrar a vida de outro Draicon, ele assinava um contrato vinculativo. O membro da sua família do sexo masculino era obrigado a assinar, assim, colocando sua vida em risco como garantia no caso de Rafael voltasse atrás no acordo.
O contrato garantia que de Rafael prosseguiria com a execução ou os solicitantes de seus serviços matariam seu parente. Nenhum Kallan jamais renegara, e ao longo do tempo o documento se tornara mais uma formalidade do que uma realidade. Ainda assim, Rafael sentiu-se enjoado sobre a idéia de dar ao clã Burke a autoridade para acabar com a vida de Gabe. Ele poderia fracassar em executar Emily.
Um pensamento perturbador rondou sua cabeça. Ele descartou sua preocupação. Disciplina, e não emoção era necessário para o seu planejado dever. Mas esta execução particular apresentou outros desafios. A última vez que tinha marcado um irmão de juramento de sangue, Etienne era separado e a execução que o ancião desejava foi de paz para outro reino.
Nunca uma fêmea.
A tarefa muito delicada, difícil.
Gabriel tinha um perfil perfeito. Visto que Etienne estava acasalado, ele era proibido de assinar um juramento de sangue. Alexandre, que havia perdido sua companheira e sua filha,tinha manifestado o desejo de se juntar a eles e poderia até prejudicar o ritual de trasna no afã de fazê-lo. Índigo e Damião, ambos adotado como irmãos de sangue, não eram parentes afins. Além disso, Damian estava casado agora com Jamie e tinha um envolvimento próprio. Índigo, bem Índigo era um puro sangue considerado uma abominação, porque ele era um mutante meio-vampiro, meio- Draicon. O clã Burke proibira de oferecer sua vida.
Apenas Gabe ficou em pé.
Os olhos do irmão eram escuros como os seus, considerando-o igualmente. Gabe apontou para o papel: - Eu li tudo. Vamos?
-Assim seja, - pegou a faca, cortou sua mão e assinar seu nome com sangue, Gabe pegou a lâmina afiada com um olhar irônico: - Eu já disse para te dizer que desmaio com a visão de sangue, especialmente o meu próprio?
-Desmaie, e caia após a assinatura, monfrere4. Eu poderia até pegar você.
Com um ligeiro estremecimento, Gabe cortou a sua mão e assinou o seu nome. Rafael olhou para a assinatura carmesim. Um pequeno ponto de sangue, como uma lágrima minúscula, no pergaminho manchado.
-O que há de errado? Minha assinatura não está legível? - Gabe brincou.
Rafael não respondeu, olhando perdido para fora da janela. A premonição estava diante dele, negra e cinza pairando como sombras. O sangue manchando a camisa de seu irmão. Gabriel deitado.
Morte.
Mas de quem, ele não podia dizer.
