DRAICON 03

TREVAS DO LOBO

Preso e torturado por demônios, Guy Laurent pensava que a única maneira dele poder escapar seria através da morte. Então lhe é oferecida a chance de uma liberdade, recuperando uma menina com a ajuda da ex-Draicon Kayla Morris... Apesar de Kayla ter sido avisada que Guy é um lobo selvagem e perigoso, seu cheiro e seu beijo, faz sua parte selvagem vir à superfície. Mas apesar de seus lobos interiores uivarem para se acasalarem, Kayla deve lutar contra sua atração sob o risco de desencadear o dom fatal que ela odeia...

Capítulo 1

Eles poderiam matá-lo agora ou esperar. Ele tinha ido cuidar do passado.

Ninguém ia chorar sua morte. Guy Laurent estava sozinho no mundo. Esse pensamento foi doloroso. Em seu mundo de homens lobo Draicon, quem o conhecia pensava que já estava morto.

Encolhido em um canto da gaiola no Zoológico do Reino Selvagem, ele estava deitado com a cabeça entre as patas. Olhou para as barras de aço que o proibiam de escapar. Disfarçado como um verdadeiro jardim zoológico, a instalação era uma prisão para as werecriaturas que disfarçavam sua forma animal durante o dia para que os visitantes não soubessem.

Uma menina lambendo um sorvete, parada ante sua jaula de exibição com sua mãe estava sentada em um banco para alimentação de crianças. A criança o olhou chateada: ―Por favor, não fique triste, o lobo―. Ela estendeu a cone ―Você pode tomar meu sorvete.

Ninguém lhe dava nada sem um preço. Mas ele ainda tinha um fraco no lado esquerdo por crianças. Voltou a cara para as grades, desejando poder sorrir para ela.

O guarda se aproximou, bateu na mão da criança derrubando o sorvete. ―Ei, você garota boba, não alimente os animais!

A menina começou a chorar.

Um rosnado baixo retumbou de Guy. Ele olhou para o demônio encarregado da gaiola.

A electricidade queimou seu corpo poderoso. Irritado, ele manuseou através das grades, querendo ferir o demônio por transtornar a criança.

A menina gritava ―Mamãe, o lobo vai me machucar!― Guy assistiu em aflita perplexidade quando ela fugiu. Eu só estava tentando ajudá-la.

Quando é que ele ia aprender que nada de bom vinha de ajudar os outros?

O demônio apertou um caixa em seu cinto. O chip de identificação enterrado debaixo da pele de Guy enviou dolorosos pulsos pelo seu corpo. Ele uivou, sacudindo a cabeça, tentando se livrar da agonia.

Mais tarde, eles vieram pegá-lo. Em forma humana, agora ele estava nu. Usando o chip de identificação injetado em cada werecriatura, os guardas demônios restringiram sua magia e obrigaram a todos os presos a ficarem em suas formas humana muito tempo depois do zoológico ter sido fechado.

O garrote no pescoço de Guy o sufocou enquanto o tiravam fora da cobertura. Os demônios o estenderam e amarraram ao poste de punição. O chicote de couro assobiou através do ar e Guy se pôs tenso. O sal e a prata no chicote de pregos garantiu suas feridas e cicatrizes.

Um vento frio da noite assobiou sobre seu corpo quando o deixaram na gaiola após sua pisa. O frio invernal infiltrado do centro da Florida se sentia como agulhas picando sua carne tremula.

―Um dia difícil?

Ao som daquela voz familiar, profundamente, o indivíduo levantou a cabeça e rosnou.

―Vamos acabar com todos os demônios não, Phoenix?

O homem de cabelos escuros em pé ante ele, levantou cada fio de cabelo na nuca de Guy. Tristan era um Phoenix, um dos imortais Guardiões da Justiça que supervisionava todas as werecriaturas.

―Se eu fosse, teria lhe dado ao carrasco Draicon em vez de confiná-lo aqui.

―Bom. Agora fora daqui. Você está bloqueando minha visão― Murmurou Guy.

―Como gostaria de ser livre?

Sentiu as queimaduras nas costas. ―Fui torturado o suficiente hoje. Deixe isso para amanhã, quando o demônio se cansar.

―Nunca. A tortura não é meu estilo. Isto fica para eles. Tristan sentou de pernas cruzadas diante dele.

―Eles me disseram que a única maneira de eu sair daqui é em um caixão.

―Eu tenho autoridade final aqui. Já visitou a Ilha Javalí no sul do Caribe?

―Ilha Javalí? Por quê? Eles têm um novo zoológico que querem me mostrar?

―Você tem um amigo lá. Bernard Belizaire. Bernard age como uma espécie de coordenador de recursos para Draicon na ilha e se mantém atualizado sobre tudo o que acontece. Ajudou vários Draicons presos a se assentarem na Ilha Javalí anos atrás. Recentemente, o mais antigo bloco desapareceu. ―O olhar verde de Tristan encontrou o seu. ―Eles foram assassinados por Morfos.

Guy amaldiçoou brandamente. Morfos, Draicons antigos que se voltaram para o mal por um maior poder ao matar um parente próximo, eram a maior ameaça a sua raça.

―O Quartermaines deixou os Estados, mas o seu alfa, Dell, manteve um olho sobre ela. Dell quer Brianna, a mais jovem Draicon. Ela conseguiu escapar e chegar a uma casa Draicon segura. Seu trabalho é ser o guarda-costas de Brianna e ajudar Kayla Morris, a mulher contratada para encontrar e levar Brianna de volta para Dell. Precisamos de um Draicon que é um bom lutador e que manterá Brianna a salvo até seu retorno aos Estados.

―Por que Bernard não pode fazer isso sozinho? Ou esta pessoa, Kayla?

A mandíbula de Tristan se apertou. Ela admitiu que não pode protegê-la de Morfos. Tem uma enfermidade rara e seus sentidos, especialmente a audição e o olfato não funcionam em Kayla. Ela não tem poderes Draicon. Foi contratada porque Brianna só confia nas mulhers. Se você fizer isso, poderá sair livre.

―Você está me oferecendo isto pela bondade desse gelo negro que você chama de coração? ― Sua traqueia foi comprimida quando Tristan apertou o punho, segurando nada mais do que o ar.

―Cuidado, lobo.

Tristan o soltou. Guy esfregou a dolorida garganta.

―Por que eu deveria confiar em você quando me colocou aqui?― Exigiu.

―Você está aqui porque matou o alfa de sua manada.

―Estou aqui por causa de Anne, avisei que Simon estava se transformando no mal e que eu ia pegá-lo. Então ela disse a Simon. Ele foi atrás de mim, o matei e em seguida Carl, beta de Simon, assumiu. Carl tem a liderança e eu tenho a prisão.

Ele estupidamente tinha avisado Anne para mantê-la segura, sob pena de ver sua lealdade cega a seu líder. Ele deveria ter sabido melhor do que colocar as necessidades de uma mulher antes da sua própria.

Tristan estava sombreando Guy com o seu corpo alto ―Porque você salvou a manada ao matar Simon, está aqui, em vez de seis palmos sob a terra. Você sabia das regras, deveria ter informado a Carl, que teria alertado Kallan para executar Simon. Kallan é imortal e a manada teria que respeitar sua autoridade. Em vez disso, você matou Simon e quase causa a sua manada uma guerra brutal sobre quem acredita ou não que você é um velhaco que não pode seguir as ordens.

―E você acha que eu posso seguir as regras agora?― Ele zombou. Porra, ele ainda tinha as listras sangrando nas costas para provar o contrário.

―Estou te dando essa chance para ver se pode― Phoenix lhe dedicou um sorriso escuro.

A liberdade estava tão perto que ele poderia saboreá-la. Guy apertou os punhos doloridos. ―Vou fazê-lo. E quanto a Identificação?

―Fica até que você entregar a menina a Dell. Um seguro no caso de você fazer um desvio. ―Tristan parecia impassível ―Irei desativá-lo, mas em cinco dias, o iniciarei novamente a não ser que você entregue a garota.

O pensamento do chip ainda enterrado dentro dele incomodou Guy. Ele tomou uma respiração profunda.

―Lembre-se, entregue Brianna a Dell ou você está de volta aqui. E não irá sair até que esteja em um caixão. ―Tristan fez uma pausa― Quando ela se apresentar amanhã, irá fácil para Kayla. Ela geralmente evita os Draicon.

―Claro, vou facilitar para a humana.

Tristan sorriu. ―Nunca disse que Kayla era humana.

―Que diabos ela é?

―Seu destino.

O medo e a raiva rugiram através de Guy. ―Ao diabo com o destino, Phoenix. Passei trinta anos trancado porque uma mulher me traiu. Você a chama de meu destino, também?

―Kayla não é Anne, Guy. Ela não tem lealdade com a manada.

Guy sacudiu a cabeça ―Cada lobo por si mesmo. ―Já veremos ― Tristan murmurou quando desapareceu.

Kayla Morris não se assustava facilmente. Ela suportou a execução de seu pai, sua mãe grávida deixando seu alfa e jogando-a no mundo humano.

Ela pensou que nada poderia intimidá-la. Não até que atravessou os portões do Zoológico do Reino Selvagem.

Os sentidos Draicon a longo tempo abandonados cobraram vida relutantemente. Este jardim zoológico mais parecia o inferno das werecriaturas.

Um homem vestindo um macacão roxo varreu o lixo com uma pá. Ela viu um flash de olhos vermelho escuro.

Um demônio secular. Eles gostavam de atormentar os outros.

Só os mais selvagens foram presos aqui. Como ela poderia trabalhar com uma besta selvagem?

Não tenho escolha. Precisava desesperadamente dos quarenta mil dólares prometidos no momento da entrega para salvar seu negócio dos credores. Guy Laurent fazia parte do negócio.

Kayla limpou as palmas das mãos contra o seu suor de seu jeans. Com uma faixa preta, ela prendia o cabelo marrom encaracolado em um rabo apertado. Supondo que a expressão indiferente a protegeria contra o mundo, ela se fortaleceu.

Não importa o quão selvagem este Draicon era, ela poderia lidar com ele.

Quando chegou a exposição na ala dos lobos, a gaiola estava vazia. Mas o cheiro persistente chamou a atenção dela. Não era nada como ela tinha experimentado, profundamente masculino misturado com um delicioso perfume de sálvia e pinheiros. Era alucinante e ela o inalava, sentindo seu corpo ficar tenso inesperadamente. Parecia um cocktail de alta octanagem sexual.

Ela não mais se considerava uma Draicon. Mas seu sentido lobo a longo tempo morto voltou a vida com uma inalação.

Um homem alto, ruivo, vestindo um terno italiano, caminhou em sua direção. Victor, demônio chefe deste lugar nocivo.

Ela levantou as mãos para mostrar que não levava uma arma. Demônios sempre eram suspeitos.

―Kayla Morris, estou aqui para pegar Guy Laurent.

―Assine aqui― Victor pôs uma prancheta em sua mão.

Ela assinou. Papelada e burocracia. Os demônios eram infames para ela.

Victor assoviou e um demônio com sobrepeso vestindo um macacão vermelho puxou uma corrente, trazendo a um homem carrancudo, de um pequeno galpão. A corrente era presa a uma coleira no pescoço do homem.

Grilhões atavam os punhos juntos. Seu comprido cabelo loiro escuro estava limpo, mas três dias de barba cobriam o queixo duro. Um macacão laranja folgado, do tipo usado pelos prisioneiros do estado da Flórida, cobria seu corpo alto. Seus pés estavam descalços. Ele não olhou para cima, manteve a cabeça abaixada.

Guy Laurent.

Seu perfume foi em direção a ela, enchendo-a mais uma vez com essa sensação de cócegas deliciosa.

Segurando um cacetete grosso em uma das mãos, o demônio empurrou Guy em direção a ela. Aqui está sua nova amante, cão.

Um resmungo mal perceptível retumbou de Guy, os olhos do demônio brilharam vermelhos. ―Você vai pagar por isso― Ele levantou o bastão em direção a Guy.

―Pare com isso ― Kayla ordenou. Ela apontou para as restrições e para a corrente. ―Tire.

Victor arregalou os olhos ― Ele é um lobo selvagem e perigoso.

―Tire-os agora.

O demônio deu de ombros ―É a sua cabeça ou garganta. Ele normalmente vai para a garganta.

As algemas caíram quando Victor estalou os dedos.

Guy avançou em sua direção. A dois metros de distância, parou e ergueu os olhos. Queimando com raiva, eram de um azul mar brilhante. Kayla recuou. Suas narinas. Ele se aproximou dela, fechou os olhos e inalou.

Porra, o lobo estava cheirando ela?

A julgar pelo interesse nos seus olhos agora abertos, ele gostou do que cheirava.

―Kayla― Ele retumbou.

Oh, meu céu, que voz sensual, profunda. Ele disse o nome dela como se gostasse do sabor em sua língua. Como se ela fosse derreter o chocolate em sua boca. Quase podia sentir a raspagem suave da sua língua contra sua pele enquanto beijava e lambia seu corpo acima e abaixo.

O rubor inflamou seu rosto. Constrangida com os pensamentos devassos, Kayla olhou para longe.

―Você é um Draicon― Guy disse suavemente.

Carrancuda, ela voltou olhar para ele ―Não mais, eu não faço magia, não mudo e não gosto de homens lobo.

O interesse desapareceu do olhar de Guy. Ele começou a esfregar os círculos sangrentos nos pulsos. Kayla estremeceu e deu uma olhada aos cortes com raiva.

―Estão com um aspecto desagradável. Você precisa por algo neles.

Ele deu uma risada curta. ― Eles não são nada, eu vou curar, só preciso de carne bovina in natura até elevar minha energia― Deu um sorriso lento para a Draicon ― Ou sexo. Quer ser voluntária?

―Você vai ter que se contentar com um Big Mac― Kayla estudou o uniforme da prisão. ―Nunca vou fazer isso passar pela segurança do aeroporto. Você tem alguma outra roupa?

―Tenho uma mala cheia de ternos de grife, você não sabia?

De repente, uma mochila preta apareceu ao lado de Guy ao mesmo tempo em que a roupa nova cobria seu corpo. Agora, ele usava uma camiseta na cor verde floresta moldando seu peito musculoso e jeans desbotados. O jeans enfatizava os membros atléticos. Em seus pés estavam botas resistentes.

Wow. As roupas enfatizaram sua sensualidade. Bad boy de cima abaixo, atado com o calor latente.

―Obrigado, Phoenix― Murmurou Guy, em seguida, fixou os olhos em Kayla―. Preciso dar o fora daqui.

Mas, inclusive quando ele caminhou para frente, viu o demônio zangado elevar o seu porrete em direção à cabeça de Guy. A maldita serpente. Kayla deu uma tesoura e chutou o meio de seu peito. O demônio cambaleou para trás.

―Da próxima vez vou por um objetivo muito menor― Alertou.

Guy deu uma profunda e divertida risada. Eles saíram, mas na catraca de saída, Guy hesitou. O suor estalou em seu rosto. O medo piscou brevemente em seus olhos azuis quando ele olhou para o sinal de saída vermelho.

Kayla olhou para ele ―O que há de errado?

―Vamos― Ele murmurou.

Quando eles chegaram ao carro dela, Guy colocou sua bolsa no porta-malas e, em seguida, inspecionou o refrigerador que ela tinha embalado. Ele pescou um pote de manteiga de amendoim e um bife cru envolvido em plástico. Suas sobrancelhas escuras subiram.

―Isso é para mim― Ela disse, pegando a manteiga de amendoim. ―Eu não como carne.

Ela pegou outro bife. Ela desembrulhou ambos, os colocou num prato de plástico e entregou para ele. ―Demônios seculares não são conhecidos por alimentarem seus prisioneiros.

Guy limpou a garganta: ―Você tem uma faca e garfo?

Depois que ela lhe entregou os utensílios, Kayla sentou no pára-choque traseiro, cavando a manteiga de amendoim com uma colher, enquanto Guy sentou no banco de trás. Ela tinha recebido dinheiro para as despesas e comprou os bifes mais caros que poderia encontrar para Guy. Kayla sabia o tipo de fome que poderia deixar um Draicon louco, do tipo que corroia o estômago vazio. Ela sabia, porque ela mesma sentiu por dias depois do alfa ter chutado ela para fora da manada.

O cascalho triturou sob as botas quando ele saiu, colocou o prato vazio e os utensílios no refrigerador.

Kayla lambeu a colher, pegou ele olhando.

―O quê?

―Você tem manteiga de amendoim em seu lábio, ele murmurou.

―Oh― Ela passou a língua sobre o local. Ele inalou.

A sexualidade escura a agarrou. Ela aspirou seu aroma sedutor masculino, perturbada por sua própria selvageria à tona. A manteiga de amendoim se agarrou a seu dedo. Contra a lógica que normalmente a guiou, ela tocou o dedo na boca dele. ―A boca pode esperar.

Kayla mal reconheceu a sua sensualidade. Com os olhos escurecidos Guy passou sua língua pelo dedo, girando em torno dos delgados dígitos.

Ela tragou um gemido, fechando os olhos enquanto ele mamava seu dedo. Muito leve, ele a beliscou.

Com um pop lento, ele o soltou. Quando ela abriu os olhos, o olhar selvagem em seu rosto suprimiu sua respiração. Seu lobo interior respondeu, rosnando para acasalar.

Este foi um grande erro.

Kayla se distanciou dele. ―Devemos pegar a estrada― Ela aconselhou, esperando que ele não ouvisse seu coração batendo rapidamente.

―E a sobremesa?

Misericórdia, é um lobo exasperante. Ondulações prejudicavam seu rosto magro. Ele tinha um sorriso muito sexy.

―O que eu tenho são mentas para o hálito.

―Isso está bem.

Ela tragou de volta um resmungo exasperado quando cavou em sua mochila e entregou-lhe algumas.

Triturando as balas brancas arredondadas, suspirou com prazer.

―Obrigado― Ele murmurou: ―Agora eu estou pronto.

Choque e prazer colidiram em conjunto, quando ele a puxou em seus braços e a beijou.

Kayla tinha sido beijada antes, mas nunca desta forma.

Muito assustada para se afastar, ela permaneceu imóvel. Seu beijo era calmo, sorvendo sua boca. O gosto inebriante dele enchia seus sentidos quando ele lambeu seu lábio inferior. Ele deslizou suas mãos em torno de sua nuca, massageando suavemente. Kayla colocou os braços sobre ele, tentando se aproximar a sua boca, aberta sob a pressão insistente da dele. Guy deslizou sua língua para dentro. Assustada, ela recuou um pouco. Ele fez um som cantando, e ela se inclinou para ele. Ela nunca soube que um beijo pudesse ser tão intrigante e sensual, como se sua língua acariciasse cada centímetro de seu corpo.

Ele bebeu em sua boca, sua língua acariciando contra a dela. Algo mais significativo desencadeou entre eles, uma conexão de seus instintos mortos há muito tempo martelando o reconhecimento.

Guy provocava e seduzia, levando-a em uma dança erótica. Kayla sabia que a dança iria acabar com ele em cima dela, empurrando em seu corpo de forma muito íntima. O lobo dentro dela uivou para seu companheiro.

O pensamento inquietante de finalmente dar o corpo a um homem mais poderoso a fez ver a razão.

Kayla se afastou. Ele parecia relutante em deixá-la ir embora, mas recuou, sua respiração ligeiramente irregular.

―Você tem gosto de sol e ar fresco― Ele murmurou.

―Que diabos foi isso?― Kayla exigiu.

―Querida, eu estive trancado por um longo tempo. O que mais você espera que eu faça quando vejo uma Draicon bonita?

―Eu não sou Draicon, de modo que mantenha suas patas para si mesmo. Não estou interessada― Era uma mentira. Seu corpo estava macio, o espaço entre as pernas molhadas e inchadas preparadas com a necessidade.

Ele inalou. ―Seu cheiro me diz que é uma mentira. Quem é você, se não um lobo?

―Eu sou aquela que você não vai estar beijando novamente, entendeu?

Guy deu-lhe um olhar longo, pensativo. ―Duvido― Ele murmurou.

Passar cinco dias com ele nessa tarefa poderia revelar mais do que ela poderia segurar. Kayla endireitou sua espinha. Limites. Ambos precisavam deles.

―Mantenha sua distância, lobo―. Ela estreitou seu olhar. ―Estou disposta a esquecer o que aconteceu. Devido a que você foi preso, mas não tente fazê-lo novamente.

Seu olhar ardente azul se fixou no seu. ―Não é possível fazer qualquer promessa querida, vendo que eu não posso esquecer o beijo. E eu duvido que você, ou eu... ― sua voz ficou rouca ― Na próxima, vai ser capaz de se controlar, então se eu fosse você, pensaria duas vezes antes de colocar algo na minha boca, entendeu?

Quando eles subiram no carro dela, Guy não falava, nem sequer a olhava.

Sua atitude não falou tanto quanto aquele beijo fez.

O beijo tinha acariciado cada furiosa terminação nervosa. Kayla tinha saído, mas ela ainda era virgem. Ela sempre sentiu que algo melhor a estava esperando além.

Ela esperava que não fosse o indivíduo, porque ela suspeitava que ele poderia persuadi-la a despertar seu lobo morto há muito tempo.

Isso era uma má idéia, porque despertar seu lobo significava despertar o dom mortal que odiava.

O trajeto desde a costa central da Flórida para o aeroporto de Fort Lauderdale parecia interminável. Kayla deu uma olhada para seu passageiro.

Uma barba rasposa demarcava a boca cheia que era ao mesmo tempo cruel e sensual. Seu nariz era reto e suas bochechas estavam ocas. Um bem definido pacote de músculos se mostraram abaixo da camiseta apertada quando ele pendurou um braço musculoso para fora da janela. Seu corpo estava definitivamente feito para o amor quente, como sua amiga Denise diria.

Guy olhou para fora da janela enquanto eles se dirigiram para o sul. Uma brisa forte soprava seu cabelo áspero para trás.

Quando ela pressionou o botão e começou a subir os vidros das janelas, ele finalmente falou.

―Não.

As janelas reverteram para baixo sozinhas e o choque a atravessou. ―Não me diga que você é um telecinético.

―Querida, há um monte de coisas que você não sabe sobre mim.

Depois de alguns momentos, ela colocou um CD no leitor. ― O que é isso? ― Ele perguntou.

―É um leitor de CD― Ela mostrou como manusear os botões.

Duas linhas franziram o cenho dele. ―Que raio de música é essa?

―Blues Traveler melhor blues rock que existe ― Ela falou.

―Eles soam pior do que quando os demônios estão torturando os werecats.

Em vez de se ofender, sentiu apenas curiosidade mórbida. ―Eu não posso imaginar estar ali nem sequer por um dia.

―Tente trinta anos.

A respiração Kayla se entupiu. ―Como vocês sobrevivem?

―Você aprende a fazer o que precisa.

―Como foi? Eles sempre o maltrataram?

―Você não vai querer saber―, Disse em voz baixa. – Eu não diria isso a alguém como você.

Ela mordeu o lábio ―Você quer dizer um homem lobo que vive como um ser humano.

―Não, uma mulher como você.

―Oh, você é um daqueles que acha que porque sou fêmea, sou covarde.

Agora, ele olhou para ela ―Não, eu só acho que as fêmeas devem ser protegidas e nunca devem ouvir sobre a vida na prisão. Se você fosse minha, eu a protegeria da feia realidade.

―Eu vi muitas realidades feias e eu não sou sua― Ela disparou de volta.

Ele deu um sorriso lento, fazendo seu olhar ficar sexy e perigoso. ―Não, você não é. Mas eu posso mudar isso.

O homem era perversamente belo, com um corpo rígido feito para longas noites entre lençóis de seda.

Seu coração estava batendo muito rápido.

Depois do que ela tinha sofrido por parte de Dell e da sua manada, ela jurou nunca confiar em outro macho Draicon. Mas havia algo diferente sobre Guy. Ela só não poderia saber por que ele era diferente.

Então, seu sorriso desapareceu e ele voltou para a janela novamente como se tivesse se arrependido de suas palavras.

Guy se sentia fraco como um recém-nascido.

Levou todo o seu controle duramente conquistado a coragem para sair da prisão. Tão atormentando como tinha sido, foi sua casa durante trinta anos. Estar do lado de fora o fez se sentir enjoado.

E o que se ferrava tudo e tinha que voltar? Eu morrerei primeiro, prometeu.

E agora Kayla. Maldição, ele não precisava disso.

Seu perfume despertou seu desejo. Somente mantendo as janelas para baixo, a cabeça enfiada no exterior como um maldito cão, ele poderia suportar.

Ele observou que ela era cerca de sessenta centímetros mais baixa que ele. Jeans que ressaltavam curvas exuberantes e sua camisa polo preta mostrava seios firmes e altos. Seus olhos verde-mar brilhavam como sol sobre o oceano. Ela era mais atraente que bonita com a ponta de seu nariz inclinado e a face oval.

Mas foi essa boca que fez a sua verter água, um franzir de rosa pink molhado, que pedia beijos.

Sexo, sim, ele queria sexo, depois de trinta anos de celibato forçado. Talvez o sexo o aliviasse um pouco. Porém era tudo o que ele poderia oferecer, somente seu corpo e não ele. Uma vez fora um Draicon confiável, agora só se preocupava consigo mesmo para sobreviver.

Cada lobo por si.

Vagamente, ele se perguntou o que iria ganhar. Sua própria necessidade de auto-preservação ou o instinto que dirigia todos os Draicon masculinos para proteger e valorizar o seu companheiro destinado?

Esta missão mudou a partir do momento que tocou os lábios dela. Kayla parecia alheia. Ele queria rir da ironia, porque na sua obstinada insistência em abandonar tudo que era Draicon, ela não conseguiu ver o óbvio.

Kayla franziu a testa ―O que você está olhando?

Você, querida. Guy deu de ombros ―Esse dispositivo que você chama leitor de CD. Isso não é música― Ele se inclinou para trás, fechou os olhos. Madonna, de repente soprou nos alto-falantes.

―Como uma virgem― Ele lançou um olhar divertido. ―Beijada pela primeira vez.

―Não, é uma virgem tocada pela primeira vez.

―Assim como eu suspeitava― ele disse baixinho: ―Nunca foi tocada.

Oh, homem, como amava a bela coloração rosa que apareceu em seu rosto. Kayla olhou para a estrada.

―Temos que chegar ao aeroporto, reservei duas passagens para o vôo da tarde de Fort Lauderdale ―Sua voz falhou ligeiramente.

―Há sempre mais tarde esta noite - Guy disse baixinho. ― Sou um homem de resistência que pode durar toda a noite, posso tornar muito agradável para você.

Kayla empurrou o seu olhar de volta para a estrada, mas ele pegou o cheiro de sua excitação. Ele quase gemeu no aroma picante.

―Eu não gosto de lobos ― Murmurou.

Ok, mãos à obra. Primeiro, ele deve descobrir o que aconteceu para fazê-la desconfiar da sua espécie.

Ele esfregou o queixo. ―Então me diga, por que você deixou sua manada?

Ela olhou para ele por baixo dos longos cílios escuros ―Não agrado a Dell, a meu alfa.

Ele franziu a testa. ―Dell? Dell Anderson que comanda a manada perto de Pittsburgh?

Quando ela acenou com a cabeça, ele continuou. ―É a ele que eu estou entregando Brianna. Ele contratou você.

―Não, um homem chamado Tristan me contactou e me prometeu o dinheiro.

―Eu deveria ter sabido, ele murmurou― Tristan não é um homem, ele é um imortal, um Phoenix, o filho da puta que me condenou.

Ela perdeu seu fôlego. Não pode entregar esta menina a Dell, ele é um canalha frio e insensível.

Brianna precisa de amor, a compreensão da família. Maldito seja Guy, entregando ela a manada de Dell, é como se estivesse jogando-a.

―Os lobos?― Guy sacudiu a cabeça. ―Meu trabalho é ajudar a buscá-la e trazê-la para Dell dentro de um tempo.

―Você é um canalha sem coração mesmo― Disse ela com os dentes cerrados.

As palavras não deveriam ter picado tão profundamente. Ele, que não se importava com nada nem ninguém, se encontrou desejando sua compreensão. Guy quase riu. Entender? Como poderia alguém como Kayla entender a que diabos ele sobreviveu?

Viajaram em silêncio por um tempo até que ele finalmente falou, a expressão forçada de sua garganta. ―Isso é o que a prisão fará para você, luz do sol.

Kayla lançou um profundo suspiro, desmanchou o rabo de cavalo do cabelo dela e lançou o elástico para trás. ―Isto é um erro. Nós estamos presos juntos nos próximos dias, então vamos começar de novo―. Ela estendeu uma mão, mantendo os olhos na estrada. ―Kayla Morris Mensageira Internacional.

A palma da mão era suave como veludo e muito quente. ―Guy Laurent, Draicon―. Ele ficou pensativo. ― Kayla, um Draicon que não é Draicon, que gosta de Blues Traveler.

Ele acenou com a mão e o seu CD voltou a tocar. Kayla deu um sorriso apreciativo. ―Obrigada.

―Meu prazer― Ele disse baixinho. ― Basta lembrar que não sou como um bastardo cruel quando se trata de tempo.

―Tempo para quê?

―Já verá.

Em menos de nove horas, Guy tinha ido de uma prisão demônio para um hotel de luxo nas verdes montanhas da capital da Ilha Javalí. O contraste foi o suficiente para embaralhar as células do cérebro de alguém, Kayla pensou.

No entanto, o Draicon parecia indiferente a tudo isso. Ele agiu como se voar de primeira classe e ser levado de limusine com motorista para um hotel cinco estrelas, quando o seu antigo leito era concreto, fosse nada. Ela queria começar imediatamente a procurar Brianna, mas Guy insistiu em visitar o hotel. ―Eu necessito me comunicar com Bernard Belizaire, em primeiro lugar. Você não anda em uma zona de guerra possível, sem conhecer os riscos, ― Ele disse a ela.

Em seu quarto, ele se concentrou em um mapa. A suite, bem como o hotel, era luxuosa. Tinha um bar totalmente abastecido úmido, uma pequena cozinha, uma televisão de tela plana e duas grandes portas deslizantes que davam para um jardim com samambaias, palmeiras e buganvílias rosa brilhante.

Quando ela se inclinou sobre a mesa e traçou a rota para a costa sudeste, Guy colocou uma mão sobre seu braço. Ele definitivamente não era indiferente a ela.

Kayla saltou no calor entre ambos. Seus mamilos endureceram como pérolas minúsculas. Chamas de calor ardiam em seus olhos azuis quando ele olhou para sua camisa.

Ela se retirou para o outro lado da mesa ―Eu queria enfatizar o que disse antes, não gosto de homens lobo.

―Isso não faz sentido, você é um homem lobo― Guy franziu a testa. ―O que aconteceu?

Bandas de ferro apertaram seu peito. Ela precisava de distância emocional. Se aproximar de qualquer pessoa era sinal de más notícias. Quando se aproximava de alguém, eles tinham o poder para te ferir.

―Meu pai foi executado por Kallan. Depois, minha mãe deixou a manada e me pediram para deixar também.

―Mas por que o seu alfa ia pedir a você para sair por causa de algo que seu pai fez? Isso vai contra a lei da manada.

Ela respirou fundo. ― Pedi a Kallan para matar o meu pai.

O olhar vazio de choque em seu rosto não a surpreendeu. ― Por quê?― Ele perguntou sem rodeios.

―Senti que meu pai pretendia virar Morfo matando minha mãe. Dell não acreditou em mim e nem a minha mãe. Mas o Kallan sim e sua autoridade substitui qualquer alfa de manada. Minha mãe estava grávida de quatro meses, mas ela deixou a manada. Logo após, Dell me mandou sair. Ele não tolera que ninguém pense por si mesmo.

Guy olhou espantado. ―Como você pôde perceber o que seu pai tinha planejado?

Porque eu tenho um dom que eu odeio.

―Eu apenas fiz― Ela sussurrou

Sua mãe a detestara após isso. Sentiu picadas como de escorpiões, enquanto lembrava de sua mãe com o olhar frio, o sol brilhando sobre o medalhão de ouro em forma de coração que ela sempre usava no pescoço.

Kayla a tinha presenteado, com suas iniciais gravadas na frente.

Desta forma, você pode ter sempre o meu coração, mamãe.

Sua mãe havia retirado o colar e declarou que o medalhão estava indo para o lixo. Em seguida ela se virou e caminhou para fora da sua vida.

―Filho de puta, quantos anos você tinha?

―Dezesseis ― Ela murmurou: ―Alguém tinha que agir como adulto.

Você não era um adulto, querida. Porra, você era apenas um bebê.

As palavras foram como um suave sussurro em sua mente, ele ainda não tinha falado. Ele veio para seu lado, pegou sua mão, a palma da mão calejada quente. Guy começou a acariciar sua pele.

―Dezesseis ― Ele murmurou: ―Como diabos você sobreviveu por conta própria sendo tão jovem?

Ela queria se entregar ao seu carinho calmante. Tinha sido há tanto tempo desde que sentiu o suave contato Draicon utilizado para o conforto. Lobos usavam o tato para se comunicar. Em seu contato com o mundo humano, ela manteve todos à distância, até esta data.

Kayla havia esquecido o quão poderoso um simples toque poderia ser.

Ele segurou seu rosto, correndo o dedo suavemente ao longo do seu queixo. Se inclinando na palma de sua mão, ela fechou os olhos, estimando a ternura do seu gesto.

Guy murmurou baixinho. Ela inalou seu perfume delicioso, pronta para sucumbir à tentação. Antigos instintos lhe pediram para acasalar, para dar seu corpo a este macho.

Seus olhos se abriram. Kayla se afastou, sua respiração irregular. Seu lobo uivou no interior de decepção.

Bem, inferno, melhor se acostumar com isso, disse a si mesma. Você não já não é mais uma Draicon.

― Sou parte do mundo humano agora, estou adaptada a eles―. Kayla caminhou em direção as portas de vidro deslizante― Conheci Jack e Denise, que me deram casa e comida em troca de trabalho na sua empresa de Mensageiros. Eu fiz isso e fui para a escola noturna. Então, quando Jack e Denise quiseram fechar, comprei o negócio deles, mantive os trabalhadores e ampliei internacionalmente. Sou boa em me meter em lugares de risco.

Se ela falhasse neste trabalho, seu negócio iria a bancarrota. Denise e Jack precisavam da renda. Já não Draicon, Kayla tinha encontrado o mundo humano igualmente desafiador. Tinha pessoas que dependiam dela como só uma manada podia depender.

Mas os seres humanos poderiam ser amáveis, como Denise e Jack eram. Seu sangue gelou quando seu pensamento girou em torno de Brianna e a indiferença de Dell.

―Ouça Guy― Disse ela com urgência, se voltando para ele, ― Sei como é perder tudo, você não pode dar Brianna a Dell. Ele não é do tipo de carinhoso. Ela precisa se sentir segura.

Sua expressão se fechou. ―Vamos nos concentrar em encontrá-la por agora. Vamos ter um jantar com Bernard e sair na primeira hora da manhã.

Ficar aqui durante toda a noite com Guy era uma má idéia. Os sentimentos sexuais que ele despertava ameaçavam tudo o que ela tinha trabalhado tão duro para conseguir. Guy desencadeou uma mudança para reviver seu longíquo passado lobo.

Os Draicon a tinham traído e abandonado quando ela mais precisava deles. No entanto, este selvagem, selvagem lobo fez reagir a sua sexualidade. Ela não entendia por que. Ela só sabia que os institintos há muito tempo mortos voltavam à vida em torno dele.

―Quando exatamente você iria me dizer isso? ― Antes que ele pudesse responder, ela o atacou. ― Olha Laurent, você pode pensar que esta é sua passagem para a liberdade pessoal, mas eu tenho muita coisa em jogo aqui, significa trabalhar em conjunto, partilhando informação, sem se arriscar.

Ela poderia dizer pelo seu olhar amotinado que ele não trabalhava bem com os outros.

―Vou trabalhar com você, mas estou no comando. Se você estiver em perigo, você me obedece ou eu vou fazer o que não se deve em um risco.

―Tenho tomado conta de mim durante onze anos.

―Sem riscos― Ele repetiu. ―Ou você ficará aqui, onde Bernard pode cuidar de você e eu

sairei sozinho na primeira luz.

Ela suspirou. ―Ok. Mas você não passará por cima de mim. Trato?

―Trato.

Ela estendeu a palma da mão. Ao invés de um aperto de mão vigoroso, ele virou a mão para cima, trouxe para seus lábios e beijou-a.

―Porra, eu não seria rude com você. Você merece gentileza― Ele disse baixinho e mordiscou suas juntas.

O calor úmido de sua boca contra sua pele fez estragos em a todas as terminações nervosas.

Kayla se sentia cheia de saudade. A umidade que escorria entre as pernas era como uma dor quente em cima de seu corpo.

Um sorriso de stisfação apareceu em sua boca cheia quando ele soltou sua mão. Kayla fingiu indiferença, embora estava certa que ele pudesse ouvir seu coração batendo loucamente.

―Quando é este encontro?― Ela perguntou.

Guy olhou para fora. ― Sete, hora do jantar. Entretanto, sugiro que tente descansar um pouco. ― O sorriso sexy voltou. ―Você prefere o lado direito da cama ou o esquerdo?

―Eu gosto do lado direito da minha cama― Ela se dirigiu para a porta. ―O vejo lá embaixo às sete.

Bernard ficou muito feliz em ver Guy e encantado com Kayla. Sua equipe francesa lhes serviu uma entrada de carneiro delicioso na sala de jantar privada. Seu velho amigo os entreteu com as histórias de lendas da ilha antes de mudar o tema para as suas funções.

―Henri St Pierre é um bom Draicon. Ele é dono do Les Jardin, o melhor hotel na região e ele dirige a manada Quartermaine muito bem. Se não fosse por ele, Brianna estaria morta.

Guy brincou com o garfo de prata pesada. ―Como o encontrou?

Bernard olhou para ele. ― Ela fugiu para o hotel há uma semana após sua manada ter se sacrificado para o Morfos não tocá-la. Por que, eu não sei. Coitada, estava em choque e só ficou com Henri porque ela o conheceu algumas semanas antes e confiava na esposa de Henrique, Danielle, que é uma beleza! Eu a conheci ontem durante o almoço antes de Henri sair. Ela voou da França para cuidar de Brianna até que você pudesse chegar.

―Porque Brianna ainda está com Henrique? Por que ele mesmo não a levou? ―Kayla perguntou.

Seu amigo olhou para o prato. ―Meus sentidos não são o que costumavam ser. Eu não poderia cheirar o aroma mineral de um Morfo mais do que um ser humano pode, de modo que, qo quanto bom sou eu para Brianna? Aquela pequena está severamente traumatizada. Além de Henrique, ela só confia em mulheres. Os morfos que atacaram sua manada estavam disfarçados de homens amistosos.

Bernard se inclinou para frente. ―Nunca baixe a guarda, Guy. Há Morfos a espreita nas montanhas e outra coisa ruim tem se infiltrado na ilha. Há ainda rumores de uma Remorae.

Guy lhe lançou um olhar divertido. ―Outra das lendas de sua ilha?― Ele aprofundou sua voz, como se contando uma história de fantasmas. ― Cuidado com a Remorae, meu filho. Vai devagar sugando a água de dentro de você até solidificar como uma múmia. Eles anseiam a doçura que há em todas as crianças Draicon até sua primeira mudança para lobo.

―Eles não são lenda ― Bernard disse baixinho. ― Eles existiram uma vez.

―E eles agora estão extintos ― Guy girou seu copo de vinho. ― Eu luto com o que está na minha frente, não mitos. Os Remoraes agora não são nada mais que mito.

―Eu espero que você esteja certo― Bernard olhou pensativo.

Muito mais tarde, Guy não conseguia dormir. Ele encontrou se distraindo na cama muito macia. O toque aveludado dos lençóis o fez pensar sobre a pele macia de Kayla o amortecendo quando ele a montasse. Estaria molhada e acolhedora, enquanto a montava?

Seria ela acolhedora com todos, sabendo o que era?

Ele se voltou, socou o travesseiro. Tensão atou seu intestino. Ele era um assassino de sangue frio que havia despachado a seu alfa. Kayla não gostaria dele, não poderia jamais aprender a cuidar de alguém como ele.

―Eu ainda estou sozinho. Sempre estarei sozinho ― Ele sussurrou para a noite.

Permaneceu acordado, o pensamento dolorido dentro dele por um longo tempo.