Título: Verdade ou Consequência
Autor: Danielle
Disclaimer: Trata-se de uma estória cujo único propósito é entreter sem a intenção de infringir os direitos autorais das obras nas quais foram inspiradas ou auferir qualquer lucro.
Sumário: FIC SPOILER. Recapitulação do episódio Committed (#8.05) com os momentos entre Lois e Clark que não foram mostrados.
PARTE 1
Lois caminhava pelos corredores do Planeta Diário carregando algumas pastas quando, ao passar pela sala onde dividia espaço com Clark, esticou o pescoço e verificou se ele já havia chegado. Mas a mesa dele estava vazia, e ela tratou de caminhar a passos apressados em direção ao elevador. Apertou o botão e suspirou, aliviada por não encontrá-lo durante toda a manhã.
"Não está me evitando, está?"
Tomada pela surpresa ao ouvir a voz de Clark, Lois se virou e o viu se aproximar, sério e com as mãos nos bolsos. E ela imediatamente reconheceu aquela expressão, basicamente a mesma da noite anterior, quando ele a libertou da cadeira elétrica improvisada por Macy, o joalheiro psicótico que os sequestrou e os submeteu ao mortal teste da verdade, mas também a mesma que tinha para si, e que era a de quem acabou de descobrir um grande segredo, e estava disposto a confrontar o seu mantenedor. O problema, é que Lois não estava preparada para um confronto. Pelo menos, não naquele momento.
"Eu?" dissimulou ela, mais do que depressa, porém sem conseguir evitar o rubor nas faces. "Por que o estaria evitando? Só estive comprando presentes para Chloe e Jimmy"
"Vejo que finalmente aceitou o casal feliz" devolveu ele, enquanto também esperava o elevador, ansioso para um momento a sós com Lois, quando então finalmente poderiam esclarecer os últimos acontecimentos, os quais o atormentaram por toda a noite.
"Sim, só precisou eles terem quase morrido num jogo elétrico de algum maluco e, já me vendi" disse ela, quando então a porta do elevador se abriu, e Clark entrou.
Lois não se moveu, não muito certa do que fazer.
"Não vai entrar?" perguntou ele, segurando a porta, e abrindo um pequeno sorriso ao finalmente ter a certeza de que, com aquela atitude, ela realmente queria evitá-lo, o que apenas corroborava com os fatos sucedidos nas duas últimas noites, e que o deixava visivelmente satisfeito.
Sabendo que seria uma longa viagem até o décimo sexto andar, e que passar muito tempo sozinha com Clark no elevador depois de tudo o que passaram juntos naquelas últimas horas poderia ser extremamente perigoso para sua integridade emocional, por falta de uma desculpa melhor, Lois acabou se comprometendo ainda mais ao recusar a viagem na sua companhia:
"Pensando bem, depois de tudo o que aconteceu ontem à noite, as escadas fazem bem para o coração"
Clark sorriu e, não se dando por satisfeito, chamou-a para dentro do elevador:
"Estatisticamente, este é o meio mais seguro de se viajar"
Lois o encarou, surpresa com o cinismo. Se não podia evitá-lo, então o confrontaria, pensou ela. Afinal, era forte o bastante para enfrentar qualquer tipo de situação, mesmo aquela. Mas quando ela entrou e a porta do elevador se fechou, houve o inevitável silêncio constrangedor. Lois o olhou pelo canto dos olhos. Precisava acabar com aquilo. E como tudo levava aos eventos da noite anterior, tratou de puxar o assunto:
"O joalheiro confessou" disse ela.
"Ouvi falar" disse Clark em resposta. "Cinco casais?"
De repente, novamente o silêncio. Ela se virou para vê-lo, e respirou fundo. Não poderia mais fugir das explicações que ele manifestamente aguardava:
"Então, sobre aquele teste..." e ela parou de falar. Simplesmente não conseguia. Não podia. Era difícil demais até mesmo para Lois Lane. Os segundos se tornavam minutos, e cada vez mais ela sofria com a situação, quando então ele novamente veio ao seu resgate:
"Quem diria que você mente tão bem, hein?" perguntou ele, ciente do desconforto de Lois naquele momento, e tentando fazer com que ela se sentisse melhor a ponto de se abrir para ele de uma vez por todas. "Enganou até aquela máquina"
Lois abriu um sorriso. Aliviada com o que poderia ser a sua salvação, resolveu assumir todos os riscos de postergar o confronto aproveitando a deixa de Clark:
"Mesmo eu tendo um talento natural para mentir, precisei de uma ajudinha" disse ela. "Aquela máquina era quase uma antigüidade"
Clark sorriu, como se concordasse, e extasiado com a idéia de que estava próximo o momento em que ela finalmente reconheceria tudo o que aconteceu nas últimas horas, e não haveria mais segredos entre eles, pois Lois Lane, a mulher forte, determinada, com todas as respostas na ponta da língua e que tanto o menosprezou ao longo dos anos na verdade o amava, completou:
"Funcionou da primeira vez, quando você me eletrocutou"
"Exatamente" disse ela, segura de si. "Enquanto ele estava distraído, retirei o sensor do meu dedo"
Foi então que Clark se virou para vê-la, surpreendido com a revelação.
"Muito astuta, não acha?" indagou ela, sorrindo, satisfeita ao perceber que o convencera.
"Então, você estava mesmo mentindo?" perguntou ele, perplexo, e visivelmente desapontado.
"Por favor, nós formamos uma boa dupla, mas não pense que isso quer dizer algo mais" retrucou Lois, triunfante.
"Não pensei" mentiu ele, contrariado.
"Que bom" disse ela.
"Ótimo" disse ele.
E novamente o silêncio imperou. Enquanto Lois assimilava o que fizera, não muito certa se estava arrependida ou aliviada por conseguir desacreditar Clark acerca dos seus sentimentos, prolongando ainda mais seu sofrimento, ele sorria despropositadamente, decepcionado consigo mesmo por acreditar que alguém como Lois Lane poderia mesmo amá-lo.
De repente, a porta do elevador se abriu. Lois desceu no seu andar, e se virou para vê-lo:
"Vamos ficar felizes por eu ter ficado na máquina e não você" disse, sorrindo, ainda aliviada por não ter sido tão ruim a experiência de confrontá-lo após tudo o que aconteceu, por mais que aquilo também significasse sua derrocada.
"Por quê?" perguntou ele, confuso e desiludido.
"Smallville, todos sabem que você é um péssimo mentiroso" explicou ela. "Quem sabe o que aconteceria se você tivesse respondido àquela pergunta?"
Ela então lhe deu as costas e foi embora.
Clark sorriu, e pensou consigo mesmo o quanto Lois estava errada, pois ele saberia exatamente o que responder. Era óbvio. Afinal de contas, era uma pergunta simples, e ele jamais se comprometeria como achou que Lois o fez, expondo seus sentimentos daquela forma. Porém, de repente, uma ruga se sobrepôs em sua testa. Seu sorriso desapareceu dos lábios, e ele se voltou para Lois, e enquanto a observava se afastar e desaparecer pelos corredores do décimo sexto andar carregando ostentosamente suas pastas, descobriu que, de fato, não saberia o que responder. Afinal, estava comprometido com a verdade, e a verdade era que realmente tinha sentimentos por Lois, sentimentos esses que reconhecia há algum tempo, embora não os compreendesse, e que se intensificaram quando confrontado por Maxima e nos dias que se seguiram. E enquanto a porta do elevador se fechava, o coração de Clark bateu mais forte ao considerar o fato de que amava Lois Lane.
Continua...