Autor: Lady Bogard
Título: Always be...
Sinopse: Eles acreditavam não merecer aquilo tudo, vidas que se entrelaçam e destinos que se unem. Mas amor é o tesouro que brilha no fim do arco-íris, pra todos que se arriscam a buscá-lo.
Fandom: Weiss Kreuz Kapitel
Ship: YohjixKen, AyaxOmi, POxPO
Orientação: yaoi
Classificação:18 anos (só porque é yaoi)
Gênero: romance, angust (muito leve)
Formato: Parte 01 de 03
Observação: RA, fic baseada no ambiente criado pela Freya de Niord, menção a m-preg (por mais que eu odeie)


Always be...
Lady Bogard

Parte I
Yohji e Ken

Ora, e não é que estava um dia maravilhoso? Um dia maravilhoso para uma pessoa maravilhosa. Nada mais merecido do que isso, eu sabia.

Traguei o cigarro tentando disfarçar meus pensamentos. Não consegui. Que merda de velho sentimental estou me tornando! Hum... vamos corrigir essa frase, eu não sou um velho! Não ainda...

Ta certo, passei dos quarenta, admito. Mas isso só me deixa na idade perfeita pra curtir de verdade, sem as loucuras da juventude. Sou um sábio experiente.

Kuso. Deixa o Ken ouvir isso. Ele vai rir da minha cara e me chamar de nostálgico. Ele pode. O maldito está envelhecendo, obviamente, assim como eu, só que consegue manter o corpo em forma!

Eu até conseguiria, mas teria de acordar todo dia às seis da manhã pra ir correr, parar de beber e de fumar só pra ficar em forma... fala sério! Ken não vive.

Hum... ta certo, ele vive. Vive uma vidinha chata e sem graça que... espera, vou corrigir essa frase outra vez: ninguém pode viver uma vidinha chata ao meu lado. Isso é inquestionável. A vida de meu amado jogador pode ser saudável, esportiva, etc, etc, etc, mas com certeza não é sem graça.

Ele só me irrita um pouco quando começa a me provocar, dizendo que é um quarentão sarado, com tudo em cima, enquanto eu tenho essa 'barriguinha de chope'. Barriguinha de chope! Alguém consegue imaginar isso?

Tenho porra nenhuma! Quando estou de bom humor levo na brincadeira. Mas quando Ken me pega naqueles instantes trágicos após o ultimo cigarro do maço... Há, eu ponho ele no devido lugar com um: "essa barriga é pelo filho que pari pra você".

Isso sempre funciona. A cena termina com Ken me pedindo desculpas e saindo de fininho. Só que eu não faço isso sempre. Não sou tão sacana assim.

É...

Nosso filho. Kenji Hidaka. Quem diria que isso seria possível.

A vida é engraçada. Quando entrei pra Weiss, eu tinha um objetivo. Queria... esquecer... abandonar... deixar pra trás... talvez, algo que nunca admiti pra mim mesmo, morrer. Era uma espécie de castigo, por ter sobrevivido. Ter sobrevivido às custas de Asuka.

Eu nunca pensei que poderia me perdoar. Em minha mente não tinha o direito de usufruir da minha própria vida. Sentia como se estivesse manchado de sangue, maculado não pela vida desregrada, mas por me achar indigno de tamanho sacrifício.

Me afundava cada vez mais, porque nunca teria coragem de acabar com minha própria vida. Achei que me tornar um justiceiro e agir como se nada pudesse me atingir seria o suficiente, e que mais cedo ou mais tarde tudo teria um fim. Um grande e definitivo fim.

Era como se, inconscientemente, pedisse socorro. Mas ninguém parecia ver minha mão estendida. Até Ken acontecer.

É... um dia fui atropelado por um caminhão chamado Ken Hidaka e tudo, enfim, começou. Minha vida verdadeiramente começou.

A convivência me trouxe muito mais do que paixão, trouxe amor, trouxe carinho, respeito e preocupação. E mesmo assim eu ainda vivia por um fio. Cada dia de felicidade ao lado dele aumentava minha crença de que não merecia nada daquilo.

Tudo poderia ter sido de Asuka, e era meu. Porque a troca injusta ceifara-lhe a vida e permitira que eu continuasse. E continuando, não apenas vivi, mas aprendi.

Aprendi a valorizar o que eu tinha, ao invés de me punir por ter sobrevivido. Amadureci o suficiente para aceitar o presente que Asuka me ofertara. Compreendi o quanto havia desperdiçado em uma auto-punição que não me levaria a lugar nenhum.

Se eu tivesse morrido naquele dia, ao invés de Asuka, não teria encontrado Ken. Não teria conhecido o amor. Não haveria Aya nem Omi...

Nem Kenji.

Hoje não troco isso por nada. Agradeço, com todas as minhas forças, o sacrifício de Asuka, pois pude ter algo que nunca me julguei merecedor: uma família. Posso envelhecer ao lado de Ken, posso ver meu filho se tornar um homem.

Venci todas as provas, derrotei todos os inimigos, libertei-me de toda a culpa. Sinto como se tivesse chegado ao fim do arco-íris e encontrado o tesouro. Não moedas e jóias, mas algo muito mais valioso. Algo que nenhum dinheiro do mundo pode comprar.

Falo de sorrisos, olhares, risadas e toques. Falo de momentos inesquecíveis. Momentos de dor e tristeza. Momentos de alegria, felicidade. Momentos ao lado das pessoas que aprendi a amar, que adotei como minha família.

Hoje entendo que passado é passado e deve...

Meus pensamentos se interromperam pelo som de passos. Olhei pra trás e vi Ken apressado, quase correndo em minha direção.

– Ei, Yotan! – gritou pra mim – O que você está fazendo aí? Estamos esperando você!

Sorri pra ele e joguei o cigarro fora.

– Está na hora?

Ken sorriu e balançou a cabeça:

– Hn. Vim te chamar...

Só então notei que estava sozinho por ali. Quem diria... me perdi feio nas recordações. Quis prolongar a sensação de bem estar por alguns ínfimos segundos:

– Aya não voou no pescoço de Kenji? – só de imaginar a cena eu poderia rolar pelo chão de tanto rir. Meu filho é tão sem noção quanto um dos pais... e não é de mim que estou falando.

No mesmo instante o sorriso de Ken esmaeceu um pouco:

– Claro que não! Imagina se eu ia deixar ele fazer isso.

Há! Eu ia mesmo rolar pelo chão. Claro que Aya não enforcou o meu filho. E não é porque tenha medo de Ken. Mas, por mais sem noção que Kenji possa ser, tio Aya tem um carinho muito grande pelo moleque. E, assim como seus pais, perdoa todas as cabeçadas que o Kenji dá.

Isso inclui aparecer com aqueles trajes no dia de hoje. O dia mais especial para todos nós. Principalmente para Aya e Omi.

– É... – suspirei – Kenji não quis mesmo usar o terno que alugamos.

– Deu tanto trabalho escolher. – o bico que Ken fez foi adorável. Certas coisas não mudam nem com a idade. E eu não quero que mudem.

– Ora, estamos perdendo tempo, Yohji! Anda logo!

Ele deu meia volta e foi se afastando. Eu ia dar um passo, quando senti o coração disparar. Que porra! Estava ficando nervoso. Quase em pânico. Se eu estava assim, imagina Aya e Omi! Desejei ardentemente que nenhum dos dois desmaiasse... ainda. Seria ótimo ter a câmera na mão pra flagrar o Aya fazendo aquele papelão! O nosso ruivo frio e insensível, se rendendo aos encantos da filha, Saiyuri, que se tornara uma graça de mulher. Algumas coisas não mudam, mas outras...

Era melhor parar de enrolar ou começaria a viajar no passado outra vez. Tinha que me controlar e tentar não ficar tão nervoso. Olhei de Ken para a igreja e engoli em seco.

Que começasse logo aquele casamento!

Continua...


N/A: Presente feito de todo coração pra Evil Kitsune, minha querida amiga e mestra suprema. Rsrsrsrsrsrsrs. Era pra ser uma fic boa, mas minha criatividade entrou em greve, gomen moça!

Por isso, e por ter te deixado na mão.

Capa dessa fic on em meu profile.