Ela precisava de proteção. Precisava de alguém que não fosse deixa-la sozinha como já havia sido feito algumas vezes antes. Precisava desesperadamente de alguém que pudesse acabar com aquela solidão interminável de seu fim de domingo que parecia ter impregnado todos os dias da semana.
Havia muito desde que havia amado pela primeira vez. Desde que tinha sido retribuída. E o que aconteceu com aquele que a amou? Seu peito doía de lembrar. A cidade em chamas. O grito desesperado. O tiro. O fim.
Ron havia sido tirado dela tão brutamente que o ar de mentira absurda ainda pairava sobre tudo.
Sobre as coisas compradas e intocadas no novo e inutilizado apartamento dos dois. Sobre os sorrisos e palavras de consolo vindas de pessoas amigas e inimigas. Seu vestido de noiva intocado no armário de sua casa era a única coisa que ainda conseguia olhar.
Nada traria Ron de volta. E parecia que nada faria com que aquele vazio acabasse.
Se existia felicidade dentro de si, ela há muito estava como seu vestido de noiva já mofando: intocado e abandonado. E claro, mofando.
E nada ali tinha luz. Nada tinha um toque de compaixão ou felicidade. Ou ao menos de superação. A escuridão tinha tomado conta de si tão profundamente que não ligava para as cortinas fechadas ou para os medicamentos injetados naquele quarto de hospital.
Ela o queria. Ele jamais saberia.
