O frio castigava os moradores de Westchester e os impelia a procurar abrigos da ventania. O escritório de Charles, por outro lado, via-se aquecido por uma generosa lareira de mármore. Erik se via lindíssimo num casaco grosso cinza-escuro e calças beje que pareciam lhe encompridar as pernas; Charles o observava apaixonado, o pescoço envolvido num lenço elegante, os braços cruzados, o corpo recostado à majestosa mesa. O alemão olhava os títulos da longa biblioteca do namorado e, sem dificuldades, percebeu que seus movimentos eram milimetricamente analisados. Antes de virar-se para o atraente telepata, segurou um livro pesado e sorriu daquele jeito cafajeste de sempre.
"Acho que hoje darei uma de nerd e passarei o dia que nem você, Xavier.", começou ele, com a costumeira expressão misteriosa. "...devorando uma quantidade absurda de livros." Charles franziu o cenho, desconfiado, e descruzou os braços, apoiando as mãos brancas na beirada da mesa.
"Ah é?", perguntou ele, notando de leve a provocação iminente. "Okay então. Hoje inverteremos os papéis; eu serei Erik Lehnsherr, o sombrio mestre do magnetismo, e passearei pela Mansão deixando os outros com medo do meu olhar fulminante." Charles sorriu em seguida, levantando uma das sobrancelhas, como se aguardasse a réplica.
"Não comece, Professor X.", respondeu o alemão, abrindo o livro e manuseando algumas das folhas, chamando a atenção para os seus dedos longos e magros.
"...e vou seduzir todo e qualquer ser bípede com polegar opositor e capacidade de organizar sentenças gramaticais para uso social.", terminou o intelectual sem tirar os olhos do rosto de Erik, que o olhou em seguida e sorriu.
"Não seja ridículo.", disse com gravidade, detectando os ciúmes e o flerte. "Se for assim e eu realmente for agir que nem você, eu deixaria todo e qualquer interlocutor hipnotizado com meus encantadores e grandes olhos azuis e meu rosto esteticamente perfeito, venerado pela grande maioria das sociedades ocidentais.", retrucou Erik, fechando o livro e o deixando na prateleira. "Além de ter um traseiro arredondado e ótimo para morder."
Charles não resistiu e acabou rindo, encarando os pés em seguida.
"Está bem, Erik.", voltou a encarar o namorado. "Você me convenceu. Pode ser Charles Xavier por um dia."
Erik fingiu que comemorava.
"Primeiro ato do dia como Professor X: gritar ao sete ventos que amo Erik Lehnsherr.", brincou Erik, encarando Charles, que sorria.
"Pra quê isso, se está estampado no seu rosto desde que você me conheceu?"
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N/A: Novamente, na minha cabeça ficou mais legal.
