Koko Ni Kite

Por Theka Tsukishiro

- Capítulo I –

- Lembranças à luz da Lua -

Era uma noite escura onde somente a claridade da lua e das estrelas parecia iluminar o jardim bem cuidado daquela distinta e honrada casa. Nenhum som sequer era ouvido dentro do interior da casa de dois andares em estilo chinês.

A brisa leve fazia com que aquela noite quente de verão ficasse um pouco amena. Sentado no parapeito de sua janela, apenas um jovem contemplava aquela bela noite. Seus cabelos rebeldes castanho-escuros eram levemente agitados pela brisa. Sua cabeça inclinada recostada na parede e seus olhos cor de chocolate eram os únicos a contemplar o céu naquele momento.

Um leve suspiro escapou-lhe de seu peito. Olhou para o jardim abaixo e recordou-se das risadas e das poucas brincadeiras divertidas que juntos ali passaram quando da visita dela em seu país. Estudavam juntos e ainda não sabia o que sentia por ela. Um leve sorriso brotou-lhe nos lábios e mais uma vez voltou sua atenção ao céu.

Ele não soube dizer quanto tempo mais ficou ali admirando o astro que a muito lhe chamava a atenção. Cansado voltou para dentro de seu quarto e deixou-se cair sobre sua cama tentando não mais pensar na garota de lindos cabelos castanho-claros, e os brilhantes olhos verdes como duas esmeraldas. Adormeceu pensando nela.

- Acorda!!! – Meilin o sacudiu pela segunda vez.

O dia já havia clareado, e era estranho para todos na casa saber que o jovem mestre ainda não havia se levantado.

Shaoran resmungou alguma coisa inelegível aos ouvidos de sua prima e abriu os olhos perguntando:

- Que hora é? – passou as mãos pelo cabelo os deixando mais rebeldes.

- Muito tarde, Shaoran! Você nunca perdeu hora desse jeito! Já passa das 10 horas! – exclamou Meilin parecendo muito irritada. A jovem que em seus 18 anos havia perdido o jeitinho da menininha briguenta e cheia de si, agora era uma moça muito bela, daquela menininha somente o jeito irritado com que batia o delicado pé no chão.

Shaoran sabia que pareceria estranho, mas em anos ele nunca ficara sem levantar cedo e fazer seus exercícios. Encarando a prima que se sentara em sua cama perguntou ocasionalmente, pois ver a prima nervosinha não lhe era novidade.

- Por que está tão nervosa? Marcamos alguma coisa?

- Aiii, Shaoran!!! Como você pode ser tão esquecido! – esbravejou Meilin apertando os olhos. – Você prometeu que iria até o shopping comigo hoje. – e fez beicinho.

Shaoran a encarou sem graça, pois realmente havia esquecido, e tivera um bom motivo para isso na noite passada. Empurrando o lençol para o lado levantou-se e indicando a porta pediu para a prima se retirar, pois iria trocar de roupa.

Naquela mesma manhã já no shopping, Meilin achou o primo muito distraído e bem mais quieto do que o costume. Ela sabia o que vinha acontecendo com ele desde o dia que voltaram de Tomoeda no Japão.

"Shaoran é um bobo!" – pensou Meilin bufando enquanto tentava distrair o primo que parecia estar muito mal desde a volta deles a mais de quinze dias. – "Ele devia tê-la convidado para vir passar as férias aqui já que não poderíamos ficar mais tempo por lá." – olhou por sobre o ombro e o viu parado a poucos metros dela. Ele estava com as mãos cruzadas atrás da cabeça, e parecia estar muito distraído.

- Shaoran?? – chamou-o Meilin. – Você vai ficar aí parado como uma estátua? – fez uma pausa e o encarou decidida, sorriu matreira.

– Vamos não é o fim do mundo, anime-se você não pode ficar assim.

Shaoran deixou os braços caírem ao redor do corpo perfeito e másculo que havia obtido graças aos exaustivos treinos, e balançou a cabeça algumas vezes. Havia ficado envergonhado. Afinal de quem ele estava querendo esconder seus mais íntimos segredos? Não, com Meilin não funcionaria. A prima o conhecia muito bem, e ele sabia que com ela ele poderia sempre contar. Aproximou-se lentamente dela e disse devagar:

- Você sabe que não é bem assim, Meilin!

- Como não é bem assim? Vocês se amam e isso é o que importa. Depois vocês podem pensar no resto. – disse Meilin com um lindo sorriso a lhe iluminar a face.

- É, Meilin, talvez você tenha razão. – disse Shaoran a encarando sério. – Sakura precisava mesmo ficar para prestar aquele último exame e eu tinha de voltar para resolver os problemas do clã. Darei um jeito de ficar com ela nesse verão.

Meilin sorriu e pegando as mãos do primo querido, o arrastou pelo resto do shopping, e tinha uma coisa em mente, faria tudo que pudesse para ajudá-lo para que tudo se resolvesse e que ele voltasse logo para Tomoeda.

Assim que Shaoran adentrou em sua casa Wei fora encontrar-se com ele.

- Jovem Shaoran, sua mãe o espera na biblioteca. – informou o fiel mordomo, que era bem mais que isso para o jovem.

- Obrigado, Wei. – respondeu já se dirigindo para a biblioteca.

Ao entrar não gostou do jeito como sua mãe se encontrava. Achou-a com o semblante sério e aquilo o preocupou. Ela fez-lhe sinal para que se acomodasse na cadeira a sua frente e assim que ele o fez ela começou a conversar em voz baixa com seu único filho homem e a quem o conselho dos anciões haviam incumbido de ser o novo líder.

A conversa não fora nem um pouco amistosa, mas Shaoran sabia que sua mãe só estava lhe passando o que ouvira na reunião em que só a matriarca da família Li havia participado.

- Mãe, eles não estão falando sério, estão? – perguntou Shaoran descrente e revoltado.

- Creio que sim, meu filho. – respondeu Yelan calmamente. Ela sabia que seu filho não aceitaria a imposição do conselho, ainda mais quando se tratava de escolherem uma esposa para o futuro líder do clã. Ela mesma não suportava a idéia, pois gostava muito da namorada do filho e achava que ela seria a pessoa ideal para ser a nova matriarca, sem contar que fazia seu querido filho muito feliz, conseguindo até mesmo quebrar o sempre tão sério temperamento dele.

Shaoran tinha os nervos à flor da pele, e isso não passava despercebido para sua mãe. Yelan, calmamente segurou nas mãos do filho que as tinha fechadas sobre o tampo da mesa e disse calmamente:

- Nós temos um ano para tentar achar uma saída, lobinho. Não se preocupe. – disse Yelan levantando-se da mesa no que foi acompanhada pelo filho que lhe fez uma reverência. Ela saiu devagar da biblioteca, enquanto seu filho se dirigia para seu quarto.

Shaoran precisava pensar e resolver logo os problemas do clã. Ele precisava voltar para Tomoeda. Somente Sakura o acalentaria naquela hora.

Naquela noite...

- Isso não pode ser! – exclamou Meilin espantada. – Eles não podem estar querendo lhe arranjar uma noiva, Shaoran.

Shaoran apenas balançou a cabeça afirmativamente. Eles estavam no quintal da casa de Meilin sentados em um banco embaixo de uma cerejeira.

- Tenho certeza que tia Yelan vai dar um jeito nessa situação.

- Meilin, nem minha mãe pode ir contra o conselho. – interrompeu-a Shaoran.

- Mas pode descobrir um jeito. – disse Meilin estreitando os olhos.

Ficaram em silêncio observando a noite enluarada e sentindo o perfume das flores que exalava da árvore.

Mudaram de assunto e, a prima contou-lhe sobre sua paixão secreta, Mamoro Akira. Shaoran já havia ouvido falar dele. Era um rapaz do último ano de engenharia, e muito popular por sinal.

Shaoran reparara que a prima ficava com os olhos brilhantes sempre que falava no rapaz, e se perguntou se ele mesmo ficava assim quando falava de sua querida flor.

Separaram-se mais tarde, só que desta vez Shaoran não ficou apreciando o céu noturno.

Na manhã seguinte Shaoran acordou cedo, se vestiu como de costume e saiu para ir treinar no dojo que ficava dentro da propriedade da família. Quando voltou, suado e cansado, subiu até seu quarto a fim de tomar um banho e só ai descer para tomar seu café da manhã e sair para mais uma reunião de negócios. Ele já havia assumido em partes os negócios da família e apesar de estar no último ano de administração na faculdade, já se saia muito bem.

Despediu-se da mãe e de uma de suas irmãs que estava fazendo-lhes uma visita e seguiu para uma estadia em Pequim.


Essa é minha primeira fic de Card Captor Sakura, espero que gostem e que me mandem reviews, mesmo que for apenas para me criticarem construtivamente. Obrigado a minha irmã pela paciência de ter lido esse capítulo enésimas vezes. Essa fic já era um sonho antigo e espero que agradem a todos.

Bjs

Theka Tsukishiro