N/a - Essa short eu escrevi com data prevista, para um desafio D/G do fórum 3v. Como provavelmente eu não ganhei, pensei em publicar aqui... Particularmente não gostei muito do texto, mas quando à qualidade são vocês que decidem...
Perdas e Ganhos
Ficar com Virgínia Weasley me deu trabalho. Para começo de conversa, ninguém imaginaria que eu me interessaria por ela livremente, sem aquelas babaquices de apostas. Acho que nem eu mesmo teria imaginado, alguns dias antes da confusão começar.
Eu estava saindo com uma garota da Corvinal, chamada Caroline Stevens. Era mesmo uma beleza de garota. Gosto de inteligência em uma mulher; aquela garota sabia exatamente o que eu queria e quando eu queria. E quando não queria também. Obviamente eu saía com outras, de vez em quando; dessa forma ninguém pensava que ela estava me domando.
Faltando dois meses para que eu terminasse Hogwarts, a abandonei. Poucas vezes me diverti ao chutar uma garota. Aquela parecia mesmo ter gostado de mim, o que tornava a coisa mais sangrenta e mais estimulante ainda. Não me lembro exatamente do porquê de ter largado dela. Acho que ela começou a ter ciúmes de mim. Queria andar abraçada comigo pela escola toda. No final das contas talvez isso fosse benéfico para nós dois: ela poderia ficar agarrada num cara maravilhoso como eu e eu teria um troféu para exibir por aí e mostrar o quanto eu sou capaz de ter quem eu quiser.
Ninguém nunca ousou duvidar disso. Até hoje não ousam. Mas não vamos falar sobre hoje, afinal eu resolvi contar sobre um dia específico do meu sétimo ano.
Quando fiquei livre novamente, todas as garotas, de todas as Casas, começaram a voar em cima de mim. Até mesmo algumas que estavam comprometidas. E leve em consideração que eu continuava fazendo nenhum esforço para ser agradável com as pessoas. Todas as manhãs havia algum bilhete na minha mochila, com os convites mais absurdos.
Um deles vinha de uma grifinória franzina, de cabelos escuros e pele muito branca. Um encontro logo depois do jogo de quadribol que eu teria contra a Grifinória. Tive que mostrar aquilo para Crabbe e Goyle. Achei que todos os grifinórios morressem de inveja de mim e me odiassem, principalmente depois de um jogo de quadribol contra eles.
Os dois riram, como sempre, sem entenderem completamente a piada. Eu sinceramente nunca me importei com a burrice deles. Aquilo me lembrava o quanto eu era superior até mesmo entre os sangues-puros.
Lancei um bom olhar sobre a mesa da Grifinória durante o almoço antes do jogo, tentando lembrar o nome da menina. Anne Summers. Ali estava ela. Rindo e conversando com outra garota que parecia de extremo mau humor... Ora, se eu não estava olhando para a pobretona Gina Weasley! Devia estar pensando em como os pais não tinham dinheiro nem mesmo para lhe comprar vestes decentes; de onde eu estava podia ver que eram de segunda ou até mesmo de terceira mão.
Eu disse então a Crabbe e Goyle que esperassem ali; eu iria me divertir um pouco e seria mais divertido que eles assistissem de longe.
-Olá... Anne – cumprimentei a garota ao chegar ao meu objetivo. – Recebi seu recado.
Observei com prazer a garota corar e me olhar empolgada, sem saber o que dizer, enquanto Weasley encarava seu prato, parecendo muito mal humorada.
-Ah... Recebeu? – certamente aquela tal Anne não fazia o tipo inteligente. – E o que achou?
-Uma ótima idéia – repliquei, com o meu melhor olhar malicioso. Quando a garota gaguejou em resposta, revirei os olhos. Mais um pouco e eu percebi que o irmão da Weasley, junto com a Sangue-Ruim Granger e o Potter Perfeito estavam de olho em mim.
-Então, ah... Acho que está certo... – Summers conseguiu dizer.
Em seguida Weasley resmungou algo que eu não entendi completamente, mas onde consegui divisar nitidamente o som da palavra "ridículo". Aproveitando a deixa de estar sendo observado, resolvi provocá-la um pouco.
-O que foi, Weasley? Agora quer escolher com quem a sua amiguinha sai?
-A minha vontade felizmente não é da sua conta, Malfoy. – ela retorquiu, com um olhar furioso pra mim. – Mas com certeza, se eu pudesse escolher alguém para minha amiga, você seria a última opção.
-A inveja é realmente algo deprimente, Weasley – eu disse então, pondo uma mão no bolso. Pelo canto do olho, vi o irmão dela se mexer inquieto no canto dele. – Mas depois que eu cuidar da sua amiga, talvez eu possa dar um trato em você, sem nenhum problema... Isto é, se ela não me deixar muito cansado.
Obviamente eu estava apenas me divertindo com as reações da Weasley. Nunca eu sujaria as minhas mãos nela. E se ela tivesse apertado a mão de Granger antes? Eu não estava disposto a correr o risco.
A reação foi instantânea.
Weasley se levantou e quase pulou em cima de mim.
-Saia daqui, Malfoy! Você já disse muito mais do que tinha a dizer pra Anne! SOME!!
Ao mesmo tempo, vi o outro Weasley se levantando e vindo na minha direção, com Potter e Granger atrás dele. Respirei fundo e me virei para recebê-los.
-Ora vejam, parece que estou no lugar errado... Vim parar na Idade Média, onde os irmãos precisam zelar pela honra das donzelas... – conforme eu falava, as orelhas do Weasley iam ficando mais vermelhas.
-Você não tem nadinha pra fazer aqui, Malfoy. – Weasley sibilou. – Vá procurar o que fazer em outro lugar.
-UUUUH, alguém parece nervoso! Hey, Potter, por que você não tenta acalmar o seu precioso amiguinho? Ou andou ocupado se mantendo afastado da Sangue Ruim que vive grudada nele?
-Ah, mas que grande idiotice! – exclamou a Weasley menor. – Suma daqui, Malfoy, eu já disse! E você também, Rony – acrescentou ela severamente.
-Com licença – falei sarcasticamente. – Preciso voltar para a mesa da Sonserina e respirar um pouco de ar puro, se é que me entendem. Até mais tarde – falei para a Summers.
Mesmo de costas, eu soube que a menina ficou vermelha e gastou um tempo absurdo explicando tudo para os amiguinhos sujos de Potter. Resolvi pensar em outras coisas. Eu tinha que ganhar aquele jogo do maldito Santo Potter.
O jogo era mais tarde do que o normal porque as tardes estavam ficando mais longas com o verão tão próximo. Eu, que a esta altura era capitão do time da Sonserina, na realidade havia conseguido retardar o jogo para tentar armar um plano no qual a Firebolt de Potter sumisse misteriosamente e ele não teria como provar que o aluno exemplar Draco Malfoy era culpado de alguma coisa.
Eu só não estava gostando do tempo. Além do plano ter dado errado e Crabbe e Goyle terem quase sido capturados, algumas nuvens suspeitas eram mais que visíveis no céu. Droga, se começasse a chover eu estaria encrencado. Pelo menos metade dos meus planos de trapacear Potter iriam para o espaço. Se bem que, com alguma névoa, eu poderia enfeitiçá-lo e Madame Hooch nem veria.
Estávamos todos do time no vestiário. Crabbe chegou correndo.
-Deu tudo errado – falou ele depressa, suado.
-Do que está falando, imbecil? – retruquei sem pensar. Droga, os grifinórios no vestiário ao lado não podiam perceber que eu estava nervoso.
-Do plano – Crabbe disse, respirando depressa e parecendo uma locomotiva a vapor. – Potter nos descobriu. Goyle já chegou?
-Está se vestindo – falei, sem ânimo. Virei-me para o resto do time. – Bem, detesto dizer isso a vocês, mas vamos começar em pé de igualdade. Se puderem, vejam se conseguem trap... Ei! Quem está ali?
Corri até a porta e surpreendi ninguém menos que a caçula Weasley, surpresa e potencialmente furiosa. Ela me encarou, pega em flagrante, e eu a segurei pelo braço antes que pudesse fugir.
-Espionagem é algo muito feio, sabia, Weasley?
-Você é que devia saber disso! Trapaça também não é nada bonito! – explodiu ela, vermelha como seus cabelos.
-Tsc, tsc, que coisa deprimente... Uma grifinória agindo como uma de nós – comentei para o time, que ria sem parar.
-Ah, Malfoy, deveria se esforçar mais para me ofender – retrucou ela, arisca. – Solta o meu braço!
-E por que eu faria isso? – eu disse, malicioso.
-Porque eu posso soltar todas as trapaças que você já tentou contra o nosso time! – ela rebateu. – Seria o suficiente para que a Grifinória nem precisasse entrar em campo!
-Ah, mas nós sabemos que você não vai fazer isso, Weasley – falei, chegando mais perto e sentindo a garota prender a respiração instintivamente. – Porque o seu queridinho Potter lhe disse que quer nos ganhar em campo.
-Eu... Você... Você não é ninguém para tentar adivinhar o que eu penso! – que patética, pensei. Rindo com o resto do time, sussurrei no ouvido dela:
-E você sabe que eu estou certo. – e soltei-a, erguendo então o tom de voz. – Agora suma, Weasley, e vá contar ao Santo Potter o que ouviu por aqui... Mas não se esqueça de contar a ele que a Sonserina vai esmagar uns certos leões.
Aquilo me fez entrar em campo com um humor melhor; a garota me odiava mas eu tinha percebido claramente que ela estava doidinha pra me beijar. Adoro quando essas coisas acontecem. Pisar nas meninas, principalmente as da Grifinória, sempre foi um dos meus esportes favoritos, mais até do que o quadribol, porque aquele eu sempre vencia.
Assim que comecei a voar, quase caí para o lado; o vento estava mesmo uma droga. Meu pai havia renovado nossas vassouras nas férias, mas daquele jeito Potter ainda estava levando uma vantagem ridícula com a Firebolt. Pouco antes do jogo começar, não fugi à rotina; uma provocação apenas, para deixá-lo nervoso.
A artilharia sonserina começou a fazer bem o seu trabalho; nos primeiros cinco minutos de jogo, a Weasley havia quase sido derrubada da vassoura por Goyle e o outro Weasley já havia tomado alguns gols que me fariam rir por algumas semanas. Tudo estaria perfeito se o resto todo do time da Grifinória subitamente explodisse.
Começou a chover. Como eu não encontrava nem sinal do pomo de ouro, resolvi ajudar em algo. Quando Weasley passava com a goles, eu casualmente dei um encontrão nela, olhando para outro lado, e apesar de me chamar de alguns nomes que eu prefiro não repetir aqui, ela não pode reclamar de nada; eu estava apenas fazendo o meu trabalho de procurar p pomo, afinal.
Foi quando Potter de repente disparou para o chão, e como eu não podia ficar para trás, lá estava eu voando bem atrás dele. Infelizmente já havíamos chamado demais à atenção da torcida, o que me impedia de lançar algum feitiço interessante e que me favorecesse. Quem sabe um leve Accio no pomo.
Uma rajada de vento mais forte nos desviou da rota, mas o pomo continuava à vista; tentei virar o cabo da vassoura para contornar o vento, e já estava conseguindo quando vi Potter caindo da vassoura, depois que Crabbe providenciou um belo balaço nas costas para ele. O que mais eu poderia pedir, pensei.
Fui chegando perto do pomo e Potter perto do chão; e assim eu não soube por que razão afinal todos nas arquibancadas prenderam a respiração. Acho que todos eles escutaram o meu grito quando segurei o pomo desgraçado entre os dedos.
E infelizmente Potter não completou sua queda; McGonagall o segurou com um feitiço a alguns centímetros do chão. Mas aquilo, afinal de contas, nem importava! Eu tinha vencido Potter! Sem trapacear, infelizmente, mas ainda assim era uma ótima vitória. Mal podia esperar para descer e rir da cara do Potter Perfeito, que agora não era tão perfeito assim.
-Ei, Potter! – chamei, tão logo pisei no chão. – O que foi? Escorregou no balé? Ou sua mamãezinha estava te chamando pra ir com ela?
Meu sorriso aumentou vendo a cara de raiva dele. E a dos dois Weasley. E a de todo o time da Grifinória, que chegava junto comigo ao chão.
-Some, Malfoy – o Weasley goleiro falou, tremendo de raiva. – Antes que alguém aqui resolva te dar uma lição prática sobre com quem não deve se meter.
-Ohhhhhhh, se não é Weasley me ameaçando! Oh, Merlin, fiquei com medo! – falei, virando as costas sem me preocupar. Eram grifinórios, nunca me enfeitiçariam pelas costas. Os heróis sempre são muito previsíveis.
Quando eu já estava me afastando e imaginando onde aquela tal de Anne Summers poderia estar, alguém me cutucou o ombro.
-Ah, olá, Weasley – cumprimentei a garota. – Diga, onde está aquela sua amiguinha?
-Ela não vem mais, Malfoy. – ela sibilou de volta, erguendo uma mão. – E isto é pelo Harry!
Nem tive tempo de reagir ao tapa que ela me pregou na cara.
-Ei! – exclamei, sem entender. – Finalmente ficou louca, é? O que eu fiz dessa vez?
-Eu vi! Você combinou com aquela nojenta Pansy Parkinson para enfeitiçar o Harry quando ele visse o pomo! Quando é que o Harry simplesmente cairia da vassoura daquele jeito! Nem você seria tão burro!
-Pare aí onde está! Não estou dando a mínima de ela resolveu me dar uma ajudinha – que droga, dessa vez eu era mesmo inocente, mas depois teria que premiar Parkinson pela pontaria; acertar Potter da arquibancada sem ninguém ver deveria mesmo ter sido algo brilhante. – mas será que você pode me dizer por que a Summers resolveu não vir?
-Sim, eu posso. – então eu vi escapar um sorrisinho pelos lábios dela. Ah, se houvesse dedo dela naquele bolo. – Anne não queria que você tivesse me vencido. Ela estava planejando te consolar depois do jogo, como uma grifinória superior. E agora ela está furiosa com você e pelo jeito não vem mais.
-E ela esperava que eu perdesse DE NOVO para o Santo Potter por causa de uma garota? – não pude deixar de rir. Devia ser mesmo uma menina ridícula.
-E não é o Santo Potter – ela retorquiu, olhando para mim com censura. – É o Harry.
-Seu amorzinho sagrado e o herói inatingível. – zombei.
-Você não me conhece, Malfoy! – ela gritou, e eu notei uma certa nota de descontrole enquanto me encarava. – Nem imagina o que se passa comigo!
Até o momento em que ela disse aquilo, eu realmente nem imaginava. Parei e fiquei reparando nela, histérica e tão vermelha quanto o cabelo – ou talvez tão vermelha quanto o uniforme de quadribol que ainda estava vestindo. Que contraste comigo. Eu era o sonserino malvado e ela era a grifinória certinha.
-Agora que você falou, Weasley... – murmurei, dando um passo à frente e lançando o meu melhor olhar malicioso. – Acho que sei sim. Conhece a velha lei dos opostos?
Vi quando ela percebeu o que eu estava pensando. Ao ficar mais vermelha ainda, percebi que afinal de contas não era de raiva, e sim de vergonha! Olhei-a de novo. Aquela boca estava pedindo pra ser beijada.
-Eu... ah... NEM PENSE NISSO! Você não presta, Malfoy! Some da minha frente!
Ainda rindo com malícia, me aproximei mais e pus uma mão no pescoço dela. E ora, quem diria: ela havia estremecido quando toquei nela. Fui levando a outra mão à cintura dela e eu sabia que ela não tinha mesmo a menor intenção de fugir.
-Pare com esse escândalo – sibilei, prendendo os olhos dela com os meus. Como eu não tinha reparado nela antes... – Você não quer que alguém nos interrompa, não de verdade.
-Eu... eu não...
-Droga, apenas cale essa boca – sussurrei, puxando-a pra mim.
Apesar dos pesares, Weasley tinha um beijo ótimo. Uma boca ótima. E nossa, eu percebi que ela estava de olho em mim havia uma eternidade. Mas nunca ia admitir isso. E wow, as difíceis sempre me foram mais interessantes. Não a soltei por um bom tempo e tampouco ela reclamou. Eu sabia que se dependesse dela, eu não iria embora nunca.
Mais tarde, quando estava voltando ao vestiário, encontrei Parkinson pelo caminho. Meu mundo desmoronou com as notícias dela. A Sabe-Tudo Sangue-Ruim Granger conseguira provar que ela tinha enfeitiçado Potter. Ela não só havia perdido cinqüenta pontos pela armação descoberta, quanto conseguira que a Sonserina fosse desclassificada e a Grifinória ficasse com todos os pontos do jogo.
Olhei para cima, tentando não bater na garota diante de mim.
Eu afinal tinha perdido o jogo e o encontro com a tal Summers. Mas havia ganhado um encontro muito interessante com uma certa ruiva... Se ela quisesse ganhar de mim outras vezes, no final das contas, eu nem acharia tão ruim.
