Quando Gelo e Fogo Colidem
.parte 1: chama
0. Reminiscência
16 de Dezembro de 2012
As melhores noites da sua infância eram aquelas passadas perto da lareira dos Weasley, o seu tio relembrando ao som da rádio os tempos de glória em Hogwarts, enquanto a sua mãe entrançava-lhe o cabelo com a maior delicadeza do mundo condensada na ponta dos dedos, e o seu pai quedava-se recostado na poltrona, bebendo um copo de firewhiskey. Enquanto isso, as crianças ouviam, de olhos regalados e com um espaço entre os lábios, as histórias de Harry Potter, Ron Weasley e Hermione Granger.
Fora numa dessas noites, quando Harry contava pela enésima vez a história dos dragões no Torneio dos Três Feiticeiros, que Rose descobrira o seu fascínio pelo fogo. Já sabia a história, palavra por palavra, mas ouvir o tio falar sobre dragões, fogo e voo, causava nela uma sensação de conforto que ainda não compreendia.
Ouvia-o falar já completamente alienada, sem estar a prestar atenção, os olhos fugindo para a lareira à sua frente. A chama ardia, consumindo aos poucos os pedaços de madeira que a alimentavam. O fogo estava controlado mas era fascinante como, a qualquer momento, bastava um pequeno desvio, ele podia dispersar-se e ninguém mais teria controlo sobre ele, tornando o que era luz e vida em algo perigoso - possivelmente a morte.
Claro que Rose, na sua inocência de seis anos, por muito inteligente que fosse, não pensava nas conclusões alegóricas que podiam ser tiradas de uma mera lareira. Limitava-se a admirar a beleza do fogo, as cores que este podia adquirir, os seus movimentos graciosos, o som do crepitar da madeira sob as chamas.
A mãe acabara de fazer a trança e preparava-se agora para amarrar os cabelos vermelhos de Rose, deixando-os depois cair para o lado direito. Recuou depois um bocado no chão e deixou-se esboçar um sorriso enquanto Harry relembrava os tempos passados.
Já Rose, completamente alheia a tudo, ia rastejando para cada vez mais perto da lareira, os olhos cada vez mais esbugalhados, a mão aberta avançando em direcção ao fogo, pronta a agarrar a chama.
Um grito de mulher ecoou pela sala. Hermione saltou o mais rápido que conseguia em socorro da filha, apanhando-a por trás, verificando de imediato a mão desta. Tinha a certeza que a tinha visto colocar a mão no fogo. Contestara-o no segundo imediato em que isso acontecera. Contudo, na mão da rapariga, nem uma queimadura, nem um vestígio do que se tinha sucedido. Toda a gente levantou-se dos seus lugares e foi ver a rapariga, perplexos, olhando de canto para canto. Mesmo nas famílias mágicas, as crianças não se podiam evitar de queimar. Rose olhava para toda a comoção de adultos à sua volta com um olhar curioso, não percebendo a razão de ter, do nada, tanta gente à sua volta.
Não tivera tempo de questionar a mãe sobre o que se passara, pois poucos momentos depois, George entrou na sala de estar, as sobrancelhas erguidas perante o episódio. Depois, aproximou-se da sobrinha e lançou-a no ar, enquanto esta sorria jovialmente, colocando-a segundos depois no seu colo enquanto arranjava um lugar no sofá.
Aos poucos, o resto da sala fez um acordo silencioso de ter aquilo em conta como magia acidental. Estava na idade dela começar a ter os seus primeiros acessos mágicos e isso seria uma explicação lógica para o desaparecimento da queimadura. Contudo, eles não colocavam a hipótese - a verdadeira - de que a queimadura nunca tivera sequer existido.
Enquanto isso a ruiva permanecia alheia a tudo que acontecia à sua volta e à preocupação dos seus parentes. O seu olhar repousava, mais uma vez, sobre o crepitar do fogo, os olhos brilhando com as chamas, na sua mente passando os sonhos ingénuos de estar no meio deste, de voar rodeada deste.
N.A. Os capítulos serão longos. Acreditem. Incrivelmente longos. Por isso é que se deve notar que isto aqui não passa de um prólogo e um muito pequeno, acrescento.
Quanto às datas no início, a fanfic andará ocasionalmente num zig zag de tempos que será essencial para a compreensão da história apesar de que a trama principal iniciar-se-á no sexto ano da Rose, do Scorpius e do Albus.
