- Angústia/Romance/Universo Alternativo etc.

1x2, talvez um 3x4 e talvez mais alguma coisa. -

"Dois irmãos, sentimentos confusos e crenças sendo testadas. Seria a hora de fortalecer, quebrar, ou desenvolver novos laços, novos vínculos. O quanto se pode resistir sem sucumbir ao que sua mente e o mundo diz ser proibido...".

E... Salientando o fato doloroso de Gundam Wing não me pertencer...


Vínculos.

I


Duo POV

Acendi o segundo cigarro em menos de cinco minutos. Levei o doce veneno aos lábios tragando sofregamente como se aquilo pudesse de alguma forma aliviar meus temores, meus anseios... Minhas dores.

Um emaranhado de sucessões causadas pelo destino traiçoeiro, e eu me encontrava ali, no saguão de embarque do espaço-porto, esperando que o maldito ônibus estacionasse para que eu finalmente pudesse embarcar para o meu destino indesejado.

O paradoxo em meu raciocínio fez um sorriso cínico contorcer meus lábios e num movimento dos mesmos deslizei o cigarro para o canto da boca de forma que pudesse andar livremente sem precisar segurá-lo. Estava indo de encontro a tudo que fugi nos últimos... Nove anos? Não... Não podia ser tanto tempo... Eu ainda era um garoto. Mas posso afirma com todas as fibras que formam esse belo corpo, que na última vez que meus olhos encontraram os dele há cinco anos atrás, eu tinha completa certeza. Certeza do que eu queria, e do quão absurdo e doentio aquilo tudo era.

Eu podia ser novo na época, mas não era idiota para não perceber o clamar de cada célula do meu corpo pelo o dele. E também não era cego para não perceber que daquilo, boa coisa não poderia vir. Não... Não poderia.

Traguei profundamente sentido o peso do conformismo sobre meus ombros. Em algum ponto da vida, principalmente na adolescência, muitos se encontram em um dilema difícil onde o amor parece impossível e que tudo no mundo parece conspirar para que você e seu amado fiquem separados. Sexo... Distancia... Idade...

Agora o que um a pessoa sentiria quando enfrentasse por seu caminho não apenas essas três barreiras, mas também uma muito inconveniente como a que eu tinha:

Ele era um homem assim como eu, morava na Terra enquanto eu morava em uma colônia. Era oito anos mais velho do que eu, e ainda por cima era meu irmão.

O turbilhão de sentimentos e pensamentos que essa constatação me trazia fez o cigarro diminuir pela metade em meus lábios. Por dias... Noites, horas a fio, tentei me aquecer seguro na idéia de que éramos irmãos sim, mas apenas porque um papel ditava aquilo.

Balancei a cabeça, resoluto de que lembrar das circunstancias adversas em que eu entrei para a família não seriam bem vindas. Não por serem dolorosas, e sim por me jogarem na cara que eu nunca teria o que realmente queria. Essa era a segunda grande certeza que eu tinha em minha miserável vida.

Eu nunca teria aquilo com que tanto sonhava, os vínculos que eu tanto queria..

Ajeitando a alça da mochila nas costas atirei o cigarro na primeira lixeira em que meus olhos bateram e segui pelo corredor estreito desembocando no ônibus e me acomodando na poltrona indicada. Olhei instintivamente para a janela. Não esperava ver ninguém me acessando ou coisas do gênero, a única pessoa que poderia fazê-lo estava hospitalizada no momento, lutando entre a vida e a morte.

E eu? Eu estava ali atendendo a um pedido estúpido dela.

Esse pensamento fez uma parte do meu cérebro cogitar a hipótese de deixar o transporte. Não fazia nenhum sentido eu estar ali enquanto aquela mulher precisava de mim.

A minha outra parte, um pouco maior do que a anterior mandava eu me sentar e relaxar. Eu estava ali para realizar um pedido... Ou melhor dizendo, um desejo de alguém que estava para bater as botas e nada mais justo do que ter sua súplica atendida.

Afinal de contas... Devia muito a ela.

Mecanicamente recorri à primeira lembrança nítida que tinha dela. Seu semblante firme apesar dos olhos doces me encarando seriamente para contar que me levaria com ela para um lugar novo... Droga! Aquele não era o momento. Lembrar...

Lembrar daquelas coisas me jogava contra uma realidade dolorida. Eu estava perdendo. Estava perdendo minha mãe e ao invés de me prontificar ao seu lado eu estava embarcando naquele maldito ônibus!

- Diabos... – vocalizei o pensamento mais coerente desde que havia pisado no espaço-porto.

- Precisa de algo senhor? – a comissária parou solícita ao meu lado, sorrindo de forma ampla.

- Preciso... – suspirei. – Você faria o favor de me empurrar para fora? – indaguei sério, mas deixando transparecer em meus olhos o teor da brincadeira. Brincadeira essa que não estava tão longe da realidade.

- De maneira alguma senhor... – fingiu-se indignada entrando na minha. – Além do mais... Seria uma perda lastimável... – deixou a frase no ar fugindo de meu olhar pelo corredor.

Aquilo me fez relaxar um pouco. E eu que costumava não ser muito receptivo a cantadas...

Meus amigos costumavam me repreender pelo fato, a final eu era um rapaz de 19 anos - e com o perdão da modéstia - lindo demais para andar pelo universo desacompanhado. Não apenas desacompanhado, mas também intocado.

Sim, eu havia feito questão de me manter puro. Só não digo imaculado, porque antes que tivesse real conhecimento sobre certos sentimentos meus, já havia mergulhado nesse lance todo de beijar e ficar. Mas aquela parte, a parte realmente importante permaneceria intacta. Intocada para o dia em que ele...

- Não haverá dia Maxwell... – praguejei jogando a cabeça para trás lançando um ultimo olhar para a colônia L2. Minha casa. Casa essa que eu não veria por pelo menos um mês, como foi pedido por minha mãe.

Pedido esse sem cabimento algum. O que foi que ela viu em meus olhos aquele dia para me pedir tal coisa? Será que ela sabia? E se soubesse, entendia o quanto me doía estar partindo desse jeito?

Senti uma lágrima nublar minha visão e cerrei meus olhos, decidido a não quebrar minha primeira regra básica de sobrevivência. Sim. Eu era uma das criaturas mais emotivas do Universo, mas não me permitia chorar.

Nem por ela.

Nem por ele.

Aquela maldita viagem estava me afetando, mais do que eu gostaria... Chegar a Terra me afetaria ainda mais e seria preciso fortalecer todas as minhas barreiras e seguir a risca as minhas preciosas regras, para que com sorte, eu voltasse com todos os pedaços do meu coração em seus devidos lugares. Algo em mim se contraiu em uma lívida pontada de dor, e eu soube que não seria assim. Aquele lugar me marcaria mais do que eu estava pronto para agüentar.

Essa era a terceira grande certeza que eu tinha em minha vida.

A primeira?

A primeira... Eu comprovaria assim que colocasse meus pés no planeta azul.


(#w#)

Heero POV

Olhei para o relógio contando quarenta segundos desde a última vez que o verifiquei, e se minha memória não falhasse - o que dificilmente acontecia - havia um minuto desde a penúltima vez que eu fitei o visor.

Eu estava nervoso. Não nervoso por ansiedade, eu estava era irritado com o maldito atraso.

Passava das cinco horas da tarde e eu já havia perdido três reuniões em meu escritório, e pelo visto perderia a quarta, planejada para o final do dia. Tudo por causa de um pedido irrecusável e de um moleque que caía de pára-quedas em minha rotina bem formada no auge dos meus vinte e sete anos.

Grunhi algo incompreensível até para mim, mais do que aborrecido com essa situação. Aquela mulher realmente tinha algo na cabeça, porque só isso explicaria a maldita ligação repentina e o pedido mais do que estranho. Era preciso estar desprovido de suas faculdades mentais para pedir uma coisa daquelas.

Franzi o cenho inconsciente refletindo sobre meu pensamento anterior. Nem de longe parecia estar me referindo a minha mãe e meu irmão. Irmão esse que estava há vinte minutos atrasado e eu poderia xingá-lo se minha personalidade fosse mais propícia para isso.

Quando minha secretária transferiu uma ligação dizendo ser da minha mãe, senti que nada de agradável poderia vir daquele telefonema.

Primeiro porque as ligações entre nós aconteciam apenas uma vez a cada mês. Algo estranho para mãe e filho, mas não no nosso caso. Aquilo para nossa situação se bastava. O fato é que eu já havia recebido minha ligação periódica no início do mês e toda e qualquer razão para aquele telefonema não poderia ser algo bom para mim.

E isso me levava ao segundo motivo para recear a ligação.

Há um mês e meio a Srª. Yuy se encontrava internada cuidando de um tumor que sabíamos não ser operável. Isso me levava a crer que o motivo da ligação seria a notícia trágica, ou quem sabe uma despedida já que o bom filho não se dispôs a ir até lá.

Mas para a minha surpresa, não era nenhum nem era outro.

Depois de cinco anos de completa ausência de minha parte, minha mãe simplesmente me pediu que recebesse seu outro filho em minha casa. Meu irmão.

Minha primeira reação foi negar veementemente ao pedido esquecendo completamente da situação dela naquele hospital. Com certeza as más línguas que tanto gostavam de me apelidar de sem coração ou cubo de gelo, creditariam mais pontos contra mim diante da falta de tato da minha parte.

Infelizmente eu não era tão ruim quanto falavam e acabei por aceitar a vinda dele ignorando a sensação incômoda que sua presença sempre me trazia, e que me atormentaria pelos trinta e um dias em que sua presença seria imposta.

Mais um pedido absurdo. Porque ela fazia questão que fosse um mês? Não poderia apenas passar uma semana e dar-se por satisfeito?

Olhei mais uma vez para o relógio, e mais cinco minutos haviam se passado. Virei meu rosto para fitar o placar luminoso que indicava as partidas e as chegadas dos ônibus vindos das colônias sentindo mais uma pontada de irritação me açoitar. Eu teria de me controlar para não receber aquele garoto com quatro pedras na mão.

E pensar que um dia, lá no começo quando ele entrou em minha vida, eu o adorei de uma forma quase possessiva. Carregava aquele pequeno comigo para todos os lados cuidando... Zelando por sua felicidade. E jogando a modéstia de lado, poderia afirmar com toda a certeza que eu conseguia meu intento ao ver aqueles grandes olhos me encararem contentes por qualquer coisa boba.

Eu que um dia poderia ter sido considerado "o retrato de um perfeito irmão mais velho" agora queria evitar a todo custo estar em sua presença. Havia conseguido isso a tanto custo para ver desmoronar dessa forma.

- Kuso... – deixei escapar passando a mão em meus cabelos.

O gesto me fez lembrar dos cabelos longos que ele tinha. Será que ainda estavam lá?

Quando o vi pela primeira vez tinha apenas dez anos e ele dois. Era uma coisa pequena com grandes olhos cor de ametistas e os cabelos cor de mel um pouco grandes demais em sua opinião. Com o passar dos anos os cabelos nunca foram cortados defendidos a finco por seu dono orgulhoso e por mim que acabei por me juntar a causa daquela criança. Minha criança...

Balancei a cabeça tentando afastar as lembranças que me incomodavam de várias formas que não estava disposto a debater no momento. Novamente meus olhos correram para o placar onde algumas letras e números mudavam informando a chegada do ônibus espacial vindo da colônia L2.

Quase sorri de alívio pelo termino da agonia que estava se tornando esperá-lo. Caminhei em passos lentos e decididos até onde veria o corpo franzino despontar para o saguão, e pela primeira vez nos últimos dias me deparei com o fato de que não tinha nenhuma idéia de como ele estaria, e me estapeei mentalmente por ter esquecido desse detalhe.

Ele não poderia ter mudado tanto poderia? Quando o vi pela ultima vez deveria ter uns quatorze... Quinze anos. Não deveria estar tão diferente assim.


(#w#)

Duo POV

Estalei meus dedos e puxei minha longa trança para frente tirando a fita negra que prendia as pontas e a recolocando mais firme para não correr o risco dos fios se soltarem. Aquele grande pedaço de cabelo era algo sagrado para mim e ninguém poderia vê-los soltos, não sem minha permissão.

Olhei para o relógio e depois para a janela. Passavam das cinco e o ônibus estava atrasado. Com certeza um japonês muito irritado estava me esperando no desembarque, e eu ainda não tinha certeza de como encará-lo.

Meu irmão exótico e eu não tínhamos nenhum contato, nada físico, falado ou escrito há quase dois anos. Estranho para alguns, extremamente confortável para nós e principalmente para mim.

Quando nossos pais se separaram cada um levou um filho para seu lado. Eu tinha apenas dez anos e fui com minha mãe, Heero tinha dezessete e pela comodidade de permanecer na Terra e continuar com seus estudos, ficou com nosso pai.

Lembro ter sido difícil - para não dizer doloroso - partir para longe, a final ele era o que eu poderia chamar hoje de "um modelo clichê de irmão mais velho" e eu me senti extremamente perdido sem a presença protetora do meu irmão.

A princípio nos falávamos com freqüência e ele me visitava sempre que podia. Sim, me visitava. Eu sempre tive a certeza de que sua ida era pura e exclusivamente por minha causa, já que ele e nossa mãe não se davam muito bem.

"Idéias conflitantes" ele dizia para mim em uma das noites em que acompanhava o meu sono. Eu sabia que aquilo era mentira e sabia que fazia aquilo apenas por seu papel de irmão.

E essa certeza prepotente só fez aumentar a chama que se ascendia aos poucos dentro de mim.

Com o passar dos anos, as visitas diminuíram tendo a última sido há cinco anos atrás. Depois dela os contatos se resumiram apenas a e-mails sem grandes conteúdos. Apenas alguns relatos meus sobre a vida adolescente e o desenvolvimento no colégio, e ele contava algo sem importância sobre sua vida ocupada e suas pequenas conquistas no trabalho.

Até que um dia sem que percebesse não havia mais e-mails. Tentei jogar a culpa em meu desinteresse pela máquina odiosa que me eram os computadores, mas no final admiti para mim mesmo que eram meus instintos me protegendo.

Protegendo de mim mesmo, da ânsia de esperar algo dele que nunca viria.

Mas por que diabos estava me torturando dessa forma trazendo essas lembranças? Eu era um sádico?

Sim eu era!

Sádico por ter atendido ao pedido. Sádico por ter entrado no ônibus e sádico por não ser covarde o suficiente para permanecer ali e esperar que o transporte retornasse.

- Senhor Yuy? – a voa suave chamou minha atenção e me virei para encarar mais um dos sorrisos simpáticos da comissária, que durante a viagem descobri se chamar Hilde.

- Maxwell... – a corrigi deixando minha voz soar divertida, tão diferente de como eu realmente me sentia. – Mas sinceramente prefiro que me chame de Duo.

Ela pareceu ponderar por longos instantes sempre mantendo o sorriso nos lábios. Tudo bem que eu mesmo era o senhor sorrisos, mas aquela garota exagerava. E me senti simpatizar ainda mais com ela.

- Duo... – falou finalmente testando o som do meu nome e não impedi um sorriso genuíno que só fez o dela aumentar. Aquela garota deve sentir uma dor incômoda na boca no fim do dia. – Bem, Duo. Vim ver se gostaria de mais alguma coisa antes de deixar o ônibus.

- Não, mas obrigado! – pisquei com um dos olhos virando para a janela confirmando que já estava em terra firme.

- Ok. – sorriu novamente, mas percebi uma pontada de desapontamento em seus olhos. – Espero que tenha gostado dos nossos serviços. – se afastou um pouco, dando espaço para que eu me levantasse e retirasse a mochila no suporte em cima das poltronas.

- Os seus serviços foram maravilhosos, senhorita Hilde... – sorri amplamente como ela fazia.

- Obrigada... – ela corou levemente e eu a achei ainda mais graciosa. – Olha... Eu... – começou hesitante retirando um pequeno papel dobrado de dentro do bolso. – Não quero parecer prepotente ou...

Ela não precisaria continuar para que eu entendesse exatamente o que queria dizer. Normalmente teria cortado o assunto por ali mesmo tirando-lhe as esperanças, mas aquela viagem estava mexendo muito comigo e com meus nervos. Logo me vi pegando aquele papel e guardando antes que ela terminasse sua frase gaguejada.

- Eu ligarei. – e com mais um sorriso e uma outra piscadela deixei o ônibus.

Ainda não estava preparado para o que viria, mas estava anestesiado o suficiente para ter flertado com a comissária. Talvez aquela viagem me servisse de alguma coisa. Poderia sair magoado, machucado, infeliz, e outros adjetivos bonitos. Mas talvez... Talvez eu pudesse sair curado dessa doença bizarra que eu havia contraído e da qual estava sofrendo todos esses anos.

Encurralei tais pensamentos em um canto sombrio de minha mente aproveitando os últimos segundos para escolher que máscara eu usaria: A do Duo risonho e inabalável, ou a do Duo sarcástico e igualmente inabalável.

Estava prestes a optar pela primeira, afinal seria a mais cordial das duas opções, quando senti ser observado e minha pele queimar em resposta.

Quando ergui meu rosto para o saguão mirei meus olhos violetas nos olhos azuis que eu tanto quis evitar e esquecer nos últimos anos. Nenhum ensaio idiota me prepararia para a enxurrada de reações que aqueles olhos me causaram

Naqueles segundos ínfimos eu soube qual da máscara escolher.

O velho Duo sorridente não suportaria um minuto.


(#w#)

Heero POV

Estalei o pescoço já aborrecido com a demora. Aparentemente todos os passageiros já haviam deixado o ônibus. Por que logo ele demorava tanto? Essa pergunta me levou a uma outra que me fez cerrar os olhos, irritado.

E se ele não tivesse embarcado?

Não ele não faria isso, e tenho certeza que Natsumi Yuy não deixaria que ele o fizesse, ainda mais tendo sido dela a idéia toda.

Maldita idéia.

Me espantei com a capacidade que tinha de praguejar repetidamente contra um mesmo assunto. Acho que algo nunca prendeu minha atenção por tempo o suficiente para que isso acontecesse. Aprendi a ser sempre tão frio, impessoal. Tratar todos como mais um.

Era isso que o resto do mundo era para mim. Todos seriam sempre mais um na multidão.

Encarei o relógio num gesto já familiar e peguei meu celular no bolso, resignado de que o dia não renderia absolutamente nada. Teria de ligar para o escritório e atestar o óbvio: Eu não voltaria para lá naquele dia. Apertei o número dois no display luminoso e confirmei a ligação. Dois toques depois a voz aborrecida respondia:

- Relena.

- Dia cheio? – perguntei sem rodeios.

-Yuy... Não imagina como gostaria de vê-lo aqui. – declarou deixando a voz transparecer um pouco de cansaço. – Não queria admitir, mas essa empresa não funciona sem você.

- Hn. Eu já sabia. – deixei um pequeno sorriso escapar. – Tive alguns contra tempos, mas estarei aí pela manhã.

- Mas... – e ficou em silêncio por alguns instantes, Relena era tão cuidadosa com as palavras quanto eu, talvez até mais sendo a relações públicas de nossa empresa. - Não era hoje que o seu irmão...

- É Lena... – afirmei não gostando do rumo da conversa. Em nenhum momento em que ela havia surgido seus frutos foram positivos. - Mas isso não me impede de trabalhar amanhã.

- Como não Heero? – sua voz fina soou quase histérica e eu me arrependi de ter telefonado. – Quem vai...

- Isso não importa agora. – disse em tom de quem encerra a conversa. – Nos vemos amanhã. – e desliguei o aparelho sem cerimônias.

Não estava disposto para conversar e logo um americano estaria me fazendo companhia e não poderia recebê-lo nervoso daquela forma. Deveria parecer mais aberto, até onde me lembrava ele sempre fora muito tagarela e sinceramente esperava que essa pequena característica houvesse desaparecido.

Isso me levava a pensar em como o trataria naqueles dias em que permaneceríamos sobre o mesmo teto. Prometi a mim mesmo tentar ser mais ameno, afinal éramos irmãos. Na pior das hipóteses teria de deixar o garoto confortável até que aquilo tudo terminasse. Ele era uma vítima assim como eu das idéias sádicas da Srª. Yuy.

"Sem máscaras..."

Ergui meu rosto pronto para varrer todo o saguão com os olhos, mas isso não era necessário. Passando no meio de um grupinho de garotas afoitas vinha um rapaz... Não, um homem. Um pouco mais baixo do que eu com o rosto baixo alheio a tudo a sua volta. Uma comprida trança despencava pelo ombro esquerdo, muito maior do que eu poderia imaginar.

Esperava um rapaz franzino e descordenado, como sempre imaginava que ele seria. Mas para meu espanto ele estava longe de ser aquilo. Muito longe.

E sem nenhum aviso, aqueles grandes olhos violetas se voltaram para mim, e digo com toda certeza que nada me prepararia para aquele primeiro contato.

.Naquele momento senti aquele... Aquela coisa estranha que sempre me atingia quando ele estava perto.

Talvez aqueles dias não fossem ser tão ruins...

(#w#)

Continua...


Pra quem interessar, Natsumi é algo como um bonito verão.

Comentários:

Na verdade não tenho nenhum comentário. Simples assim, como a fic.

Nenhuma idéia muito pretensiosa. Talvez pra fugir um pouco da outra fic que estou me dedicando...

Simples assim...

Se alguém se interessar... Reviews!

Essa é a única forma de saber se o projeto foi bem recebido. E de a fic continuar, é claro.

Bye