"Eu quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida..."

A primeira vez que Alfred ouvira a brasileira falando sua língua materna, não tinha nada de sexy nela.

Demonstrando todo o péssimo sistema educacional de sua amada nação, o estadounidense chegou de cara falando espanhol, certo que estava arrasando, apenas para apanhar de forma humilhante na frente de metade da república e ter o olhar raivoso de Marina sobre sua pessoa.

"Gringo filho da puta, da próxima vez que achar que eu falo espanhol, perde as bolas. Aqui é BR, porra." a brasileira rosnara, antes de virar-se sorridente para Ludwig, Viktoria, Gilbert e Elizaveta, introduzindo-se. Alfred levou uma mão à mandíbula, só pra ter certeza que não tinha quebrado nada. Afinal, o hero não apanhava de mulheres!... Ou era isso que diziam. Pensando bem, não tem nada de errado em apanhar de mulheres, e sim em apanhar... Porque heróis nunca se machucam!

O rapaz ainda demorou-se, sentado nos degraus da república, apenas assistindo enquanto a moça entrava em casa, acompanhada dos outros. Gilbert até ajudou-a a carregar suas malas (coisa que ele, enquanto herói, deveria ter feito...), engajado em uma conversa sobre música brasileira no instante em que identificou a mala em formato de violão nas costas da brasileira. Ficou lá até Arthur vir chamar-lhe, com uma expressão divertida no rosto.

"What's wrong, lad?" o britânico caçoou. "Já se apaixonou?"

"Shut up." não, Alfred F. Jones não fez beicinho. Isso é coisa de criança, e ele era um herói, não uma criança, não importa o que aquele britânico velho diz!

"Nós na batida, no embalo da rede! Matando a sede na saliva..."

A segunda vez que Alfred ouviu o portugês brasileiro da carioca, o contexto foi relativamente menos violento.

Depois da introdução um tanto quanto conturbada dos dois, e do devido pedido de desculpas pela ignorância, uma amizade brotou quase que da noite por dia entre os dois. Talvez por serem ambos mais jovens que os colegas de república, talvez por serem ambos de outro continente, ou vai ver que só por compartilharem interesses mesmo. Uma semana depois do incidente do bar, estavam virando a noite jogando Call of Duty juntos, rindo feito crianças e metendo bala em todo mundo.

"Toma! Chupa gringo fdp! Aí talvez você aprende que mulher é tão capaz como você! Manda eu fazer sanduíche agora, puto, manda! Quero ver! Vai pra puta que te pariu, noob desgraçado, pega a manete e enfia no cu, quem sabe assim você melhora!" Alfred não tinha ideia do que a colega estava gritando no microfone, mas pelo tom de voz e pelo olhar assassino nas orbes cor de chocolate da outra, deduziu que o conteúdo era um tanto quanto ofensivo.

Trabalhando em grupo, os dois jogaram granadas no lugar onde seus adversários estavam. A explosão final foi um verdadeiro ato artístico, e ambos estavam sorrindo, contentes.

"Take that, misoginy." Alfred debochou.

Marina virou-se pra ele e sorriu o maior sorriso que ele tinha visto desde que a conhecera.

"Ser teu pão, ser tua comida." Seus passos eram leves e deliciosamente lentos, a pouca luz refletindo na bela pele morena enquanto ela se aproximava. O sorriso de Marina era travesso e sensual, e seus olhos analisavam cada pequena mudança na expressão de Alfred. "Todo o amor que houver nessa vida..."

A terceira vez em que Alfred escutara Marina falando português, o clima entre eles já estava decididamente mais romântico. Tinham acabado de voltar por um Passeio Turístico Obrigatório © por Londres. Estavam rindo de alguma piada que um dos dois tinha contado, sabe-se lá qual, e Marina riu tanto que precisou segurar-se no braço de Alfred pra não perder o equlilíbrio. Embora o estadounidense tivesse toda aquela pose de machão cercado por garotas, não havia chegado em um nível tão intímo com muitas, e... Bem. Marina é linda, e crushes são coisas malígnas, okay? Não era culpa dele se seu rosto ficou um pouco vermelho!

Mas, como a sorte nunca está do lado dos heróis, a moça notou, e imediatamente preocupou-se.

"Al? Cê tá vermelho, é sol?" ela franziu as sobrancelhas e inclinou-se para ver melhor. "Ou é febre? Não me diga que você adoeceu em mim, gringo!"

"Não, que isso!" ele riu um riso nervoso. "Deve ser só o sol! Heróis não adoecem fácil assim, hahaha!"

Marina sorriu, divertida, e afastou-se de novo. "Menino bobo, não precisa ter vergonha perto de mim." revirou os olhos. "Corrida até o ponto de ônibus!"

"H-hey! Espera! Volta aqui! O que você disse?"

"E algum trocado" A voz da moça ecoava pelo quarto, o instrumental como plano de fundo enquanto ela se aproximava cada vez mais, até que sentou-se no colo de Alfred. "Pra dar garantia..."

A quarta vez em que Alfred ouviu Marina falando portugês, já estavam juntos há um mês. Ambos queriam mover o relacionamento de forma devagar, ela por causa de experiências ruins no último namoro que ainda estava tentando superar, ele porque, pra dizer a verdade, estava um pouco inseguro se conseguiria manter um relacionamento sério com uma garota tão... Tão como ela era.

Estavam juntos no quarto do Americano, vendo um filme no Netflix, com três cobertores sobre seus corpos e abraçados o mais próximo que conseguiam. O inverno inglês castigava a ambos, acostumados à climas mais quentes, e apesar dos valentes esforços de Ludwig, o aquecedor não era lá essas coisas. Estavam bem no ápice de "Simplesmente Amor" (sugestão de Arthur, sem surpresas, que Marina adotou imediatamente) quando ela enterrou a cara no ombro de Alfred e sussurrou as palavras.

"Eu realmente gosto de você, Al. Por favor não seja outro Martín..." ela murmurou.

O rapaz sabia espanhol o suficiente para ter uma vaga ideia do que ela dissera.

"Don't worry, darling. I won't hurt you."

Ela acenou, mas abraçou-o com um pouco mais de força mesmo assim.

"E ser artista do nosso convívio..." Marina inclinou-se para cantar, apenas um sussurro daquela voz como mel contra a orelha de Alfred. "Pelo inferno e céu de todo dia..."

A quinta vez que Alfred ouviu a namorada falando sua língua, ele jura que não foi proposital. Lotte e Lizzie tinham saído pra fazer sabe-se lá o que, e Marina aproveitou para praticar seu canto. Não queria perturbar ninguém, então botou um volume mais baixo no seu IPod, e cantava para si mesma. Alfred foi chamá-la pra ir ver qualquer coisa na internet, mas justo quando ele chegou perto da porta entreaberta, ela começou a cantar uma música que sinceramente? Parecia sexo cantado.

Era lenta e sensual e pura sedução, e o quarto estava bem escuro, e Marina estava apenas de short e regata, sentada na cama, os longos cabelos escuros caindo ao seu redor e-

E Alfred estava encarando. Ele sabia que estava. E pra piorar, ela tinha visto.

Uns poucos minutos depois, ele próprio estava na cama da brasileira, ela em seu colo murmurando as letras daquela música no ouvido dele, tudo íntimo e caloroso e sensual e perfeito, tão Marina que até doía. E a tensão sexual entre eles já estava densa antes disso...

Bom, Alfred nunca fora bom em controlar seus instintos.

"Pra poesia que a gente não vive." ela cantou enquanto as grossas mãos do rapaz passeavam pelas grossas pernas escuras (da cor do pecado, um dia ela brincara, piscando para Afonso discretamente numa piada interna que provavelmente só cabia aos falantes daquela língua maldita). "Transformar o tédio em melodia!" ela começou a mordiscar a mandíbula, lisa com a falta de barba de Alfred, e as mãos subiram até aquele paraíso macio e redondo que ela sempre empinava com orgulho enquanto andava. My anaconda definitely does, ele pensou, mas não por muito tempo.

Naquele momento, o estadounidense tomou para si o desafio de ver até quando Marina continuava a cantar sem se perder entre gemidos de prazer. A resposta, para sua imensa satisfação, foi "não por muito tempo."


Me ajudem, um fórum de RP me sugou de volta pra esse fandom...

Música que a Marina canta/inspirou essa fic: www .youtube watch?v=xQV6XVOB7hw