N/A: Essa fic foi escrita para o II Challenge Slash. Finalizada em 13/05/2007.
N/A 2: As músicas são: "Ode aos ratos", do Chico Buarque (essa música é muito foda! Sim, o Pedro não está à altura, mas ele é importante aqui e ela é perfeita para o momento) e "Independência", do Capital Inicial, sugerida pela própria mestra do chall. Estão meio picotadas, mas acho que dá pra identificar qual é qual.
- Prefácio -
Ele estava de volta.
Não estava exatamente feliz com isso. Mas estava seguro, e isso era o importante no momento para a Ordem da Fênix.
Para a Ordem. Não para Draco.
Draco fugira. Fugira da Ordem, fugira do Lord, fugira do seu pai. Tentava fugir dele mesmo, mas não teve muito sucesso.
No fim o Lord mandou matá-lo por ter falhado miseravelmente em sua missão. Seu pai fugira de Azkaban e tentou cumprir a ordem de seu mestre ele mesmo, a fim de provar sua fidelidade.
Draco não esperou para ver se era verdade. Amava seu pai, afinal, era o seu pai. Mas sabia muito bem do que Lúcio Malfoy era capaz para limpar o seu nome, então não ia se arriscar.
Snape o ajudou a fugir. Tinha uma dívida eterna agora com o ex-professor. Mas não tinha muita consciência disso quando chegou quase desacordado, depois de dias de cárcere, à sede da Ordem da Fênix, agora liderada por McGonagall.
Ele foi tratado de seus ferimentos, alimentado, protegido. E agora estava de volta a Hogwarts para terminar o seu sétimo ano.
Que merda.
Há pelo menos um ano ele não pretendia mais terminar seus estudos. Pretendia ser um comensal, salvar sua família, ter o futuro grandioso que é reservado a qualquer Malfoy.
Mas não. A merda estava feita e agora ele estava lá, praticamente sendo levado pela correnteza. Não contava com o apoio de seus pais, nem de seus amigos.
As pessoas da Ordem logicamente não ficaram muito felizes com a sua presença. Ele não negou que precisava de ajuda e não a recusou. Mas daí a compartilhar daqueles ideais ridículos que os tolos sustentavam estava além de suas forças. Não, ele não iria ajudar. Mas também não iria mais atrapalhar nessa guerra toda.
De toda aquela movimentação que pôde observar enquanto esteve debaixo das asas de gente como Remo Lupin e Moody, Draco sabia que algo muito grande estava acontecendo. Mas não se importava mais.
Talvez lhe interessasse se soubesse que poderia usar a informação para voltar para o lado certo. Mas no fundo, ele sabia que essa não era mais uma opção.
Ao voltar para a Sonserina percebeu que muitos dos seus amigos, como Nott, Blaise e Pansy, não estavam mais lá. Estavam onde ele queria estar. Mas foda-se. Pelo menos Crabe e Goyle ainda estavam com ele. Não abertamente, lógico, mas pelo menos não eram tão hostis quanto todo o resto e quando estava sozinho com algum deles até podiam conversar normalmente.
Que merda.
Estava sozinho.
E a questão que mais o perturbava não era o que isso significava e implicava, mas o fato de estar sozinho em si. Nunca ficara sozinho daquela forma antes. Nunca tivera muita atenção dos pais e seus amigos não eram exatamente unidos, mas agora lhe parecia que nada, absolutamente ninguém lhe restara. Nem um elfo doméstico sequer para xingar e exigir serviço.
Draco deixou o corpo deslizar apoiado na árvore e se sentou no chão olhando o céu.
Sabia que não devia estar ali. Era arriscado, era muito perigoso.
Foda-se.
Ele estava com vontade de voar, e há muito tempo não via uma noite estrelada daquela forma. Aquele lugar fora um achado. Uma ponta da floresta que se erguia alta, quase no mesmo nível do castelo, a beira de um desfiladeiro enevoado. Sombrio, mas muito, muito bonito. Ainda mais em uma noite estrelada de verão como aquela.
Draco suspirou e procurou não pensar mais. Sua cabeça doía.
