Era uma noite fria de inverno. Nevava forte, o vento batia nas janelas e o frio endurecia os ossos daqueles que somente algumas peças de roupa tinham. Eles moravam um bairro tranqüilo e sofisticado de Washington. As casas eram em sua maior parte geminadas, e de boa qualidade. Os terrenos não eram grandes, mas havia espaço suficiente para algum verde em frente à calçada. As árvores eram parte da arborização de praticamente todas as ruas. Não diferente da atividade rotineira, Meechum auxiliava o serviço de segurança que atualmente instalado no porão da casa. No interior da casa, o calor provocado pelos aquecedores mantinha o clima gélido apenas do lado de fora. Ninguém caminhava ou conseguia permanecer pelas ruas durante um grande espaço de tempo, mas isso não impedia que o serviço de segurança monitorasse a casa, a rua e todo o quarteirão.

Naquela noite ele havia dormido cedo, um resfriado tinha tomado seu corpo. Algo nada freqüente e que realmente acontecia poucas vezes àquele homem tão forte e que possuía a saúde praticamente intacta ao longo dos anos. Ela não. Estava se remexendo na cama, um sono pesado. Lembrava de quando precisou abortar. Mais uma vez as nuvens do aborto lhe assombravam e faziam com que despertasse os piores sentimentos durante o sono. Era tão sombrio que seu corpo arrepiava, seu coração batia mais forte e sua respiração tornara-se ofegante em questão de poucos flashes. As decisões eram embasadas em uma série de condições que ambos colocavam à mesa quando o fato acontecia. Na realidade, o fato quando consumado se tornava em uma nuvem escura que pairava a cada novo pensamento voltado ao futuro e as conseqüentes realizações que tanto almejavam. As questões se tornavam debates, não eram discussões, que dirá conversas serenas. A consciência batia na alma a cada nova palavra dita. Nunca foi um tema fácil de resolver, mas também nunca fora explicitado tudo aquilo que realmente sentiam. Isso nunca acontecia.

Em uma das conferências externas realizadas pelo então chefe da segurança, algo inesperado acontece. Tudo era previsível para o serviço secreto, mas haviam momentos em que somente em um descuido as coisas poderiam virar de lado e se tornarem um novo problema a ser solucionado. Ele corre para perto do arbusto para identificar o que ali estava. De fato, em menos de dez minutos o artefato estava ali e ninguém havia notado a presença de alguém estranho em meio à neve.

Meechum: Atenção serviços. Há um pacote em frente ao arbusto localizado na frente da porta. Verifiquem nas câmeras se há alguém nas proximidades. Eu não consigo ver nenhuma pessoa de onde estou. Por favor, alguém me auxilie com o pacote, agora.

Mas o pacote, não era exatamente um pacote. Era uma espécie de caixa de papelão, que estava envolta por um plástico grosso transparente. A caixa já havia umedecido um pouco, com toda a neve que ali estava. Com o auxílio de outro agente, Meechum realiza uma rápida inspeção no elemento com um equipamento que verifica se há algum tipo de explosivo escondido. Negativo para o mesmo. Meechum então retira o plástico com cuidado, afinal, o que poderia ter sido abandonado, ou propositalmente colocado na rua, em frente à casa dos Underwood em um dia frio e naquela hora da noite.

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