Escrita para o Projeto Espelho de Ojesed, do Marauder's Map.

Personagem: Kurt
Observação: O contexto é a segunda temporada, quando Kurt deixa a McKinley e vai para Dalton, e depois retorna para a McKinley.

Disclaimer: Infelizmente, nem as palavras são minhas, apesar de eu não saber de quem elas são.


MASQUERADE

Não é fácil para você admitir que perdeu. A derrota doí tanto quanto a batalha em si. É complicado ignorar a dor, deixá-la de lado, querer esquecê-la. Você sabe que não conseguirá se isolar. Tudo pode parecer perfeito agora, mas não esqueça que os fantasmas do passado sempre voltam para assombrar.

Há sorrisos em todos os rostos, e as vozes são certamente mais doces. A atmosfera não pesa com a tensão da incerteza, da insegurança. Na verdade, ela é tão leve que basta um suspiro seu e voará para longe como se você não existisse. Será isso tudo apenas uma máscara social, então? Planejada apenas para te iludir e te prender em uma realidade inexistente? Você não sabe. O medo de não saber te persegue até em seus mais inusitados sonhos, mas o que pode fazer com eles? Se pudesse esquecer e apenas se concentrar para não desafinar em cada nota... novamente, não é tão simples.

Assim, você entra nesse mundo desconhecido, com seu ar eufórico estampado nas feições lisas. Sentindo a mente limpa pelos novos ares, você se deixa sorrir. Sente que, pela primeira vez, pertence a algum lugar. Vê o reflexo de sua própria euforia no rosto mais perfeito que já viu - Blaine também sorri. Parece certo. Você cresce dentro dessas paredes, e também descobre que a Dalton Academy é chamada de particular por um motivo: ela é isolada de sua antiga vida. Uma concha perfeita, que te envolve profundamente na ilusão de que mais nada é necessário. Você não se importa, a princípio. Ali, é apenas mais um aluno, mais uma voz ao fundo, mais um garoto à procura de auto-aceitação. Não é o Kurt. Mas também não é o gay incompreendido. É apenas você.

Percebe, no entanto, quando, um a um, os muros começam a desmoronar. Blaine te ama, mas não seria o amor dele só aparências? Sua voz é apreciada, mas não teria ela se perdido em meio a tantas expectativas? Seus amigos te compreendem, mas seriam eles seus amigos mesmo? E, com um simples e inocente olhar sob aquele lugar que fora sempre seu lar, você de repente muda de ideia. Percebe que não pertencia a Dalton. Sempre pertencera a McKinley, só precisava que a tirassem de você para perceber.

Agora, Kurt, você está de volta. Sabe que todas as suas desconfianças provaram ser verdadeiras. Porque Daltonera bom, era ótimo. Blaine foi o melhor amigo (e namorado) que poderia ter. Não era, porém, McKinley. Foi a mentira que você sonhou viver, sem passar de ser uma doce ilusão. Além disso, bem ao fundo, você até admite que preferia competir com os agudos perfeitos da Rachel do que juntar sua voz ao timbre doce de Blaine. Deixou a máscara cair ao anunciar sua volta. Deixou os muros que te prendiam se desfazerem. Deixou que uma velha música voltasse a tocar.

A mentira perde cores e sentidos ao intenso choque com o verdadeiro eu interior. Não que você já não soubesse disso, só demorou para descobrir que sabia.