N/A: Essa é mais uma das minhas fics! Espero que gostem da mistura de amizade, comédia e romance! Deixem reviews, confiram minhas outras fics e digam se continuo! ;D


Capítulo 1.

Eu sabia que não deveria ter aberto aquele e-mail. Quando o nome brilhou na tela do computador da minha mesa, uma fisgada contorceu meu estômago em antecipação e ansiedade. No entanto aquilo, claro, já era costume toda vez que minha querida irmã fazia contato. Porém, não podia ignorá-la. Ela não tinha culpa do estrabismo do meu anjo - no meu caso, eu gostava de chamá-lo de diabo - do cupido, nem a aversão à médicos que o mesmo reproduzia. O clique fez eco no meu cérebro e me remeteu rapidamente há anos atrás, onde eu era apenas uma universitária e estava sobre o efeito do álcool em demasia, mas completamente premeditado, com o fim de me fazer esquecer o traste que um dia esteve em minha vida.

~ Flashback ~

Já não sabia nem que horas mais eram. Apenas que todo o caminho para o meu quarto rodava em meus pés, e os fazia tortos e desajeitados conforme eu andava. O campus parecia ainda muito longe, e todo aquele mato verde confundia o trajeto real que deveria ser feito. "Canalha". Eu resmungava entre um gole e outro daquela vodca já quente na minha mão. Não conseguia chorar, não conseguia sentir mais nada a não ser os efeitos daquela bebida. Quando dei por mim, já estava sentada no mato úmido e gelado, que só as luzes ainda acesas mostravam. Nada podia ser feito com aquela dor que sentia, a dor da traição, a dor da confiança e do ego abalados. Era ruim demais. Então ele veio...

Os cachos loiros e os olhos claros preocupados e hesitantes vieram em minha direção em uma forma de um anjo curador. A mão estendida era uma oferta que aquecia meu coração machucado. Meu estado era deplorável, eu sabia. Mas o anjo não parecia se importar, e quando aceitei levantar ele sorriu tristonho e com...pena? Porém tudo foi ofuscado quando a realidade finalmente tomou conta do meu cérebro embriagado e eu me deparava com Jasper Hale!

- Wow! – ele me puxou pelo pulso e enlaçou minha cintura, então notei ter cambaleado e quase caído para trás. Desde quando aquele sorriso era tão lindo? – Por que eu não te levo até seu quarto e então conversamos, hein?

~ Fim do Flashback ~

Nós éramos os três mosqueteiros, quando encobríamos uns aos outros nas calamidades universitárias. Os três patetas quando nos juntávamos para ver filmes as vésperas de fins de semana e acabávamos com garrafas de cerveja contando piadas até alguém pegar no sono. Ou simplesmente Bella, Jasper e Rosalie para todos os efeitos.

Eu dividia um quarto com Rose, que era colado ao prédio de filosofia, onde seu irmão estudava. Jasper era apenas dois anos mais velho que nós, e fazia questão de nossa companhia nos lugares que freqüentava. Assim como fazia questão de nos manter longe dos abutres que nos cercavam pelo campus. E entre eles, minha teimosia fez questão de conhecer James.

Quando encontrei James em uma das muitas festas que íamos com a vagabunda ruiva entre as suas pernas, e a língua vasculhando a boca pintada, me senti entrando em um espaço oco, vazio, inanimado e sem vida, e tudo que eu podia ver era a mesma cena, de novo e de novo. E o resto foi resto. Como eu cheguei ao gramado, ou como a garrafa de vodca surgira em minha mão, só meu subconsciente sabe.

As seguintes semanas foram de sofrimento e confinamento dentro do dormitório. Havia dias que eu realmente nem saía do quarto. Rosalie se sentia apreensiva e preocupada sempre. Porém nunca fora uma boa consoladora, e no final acabava por chorar por mim e por ela sobre as injustiças do sexo oposto e as desvantagens que sempre conseguíamos. E era eu quem sempre acabava fazendo o papel de ombro amigo para suas lamúrias. Não era por mal, eu sabia, ela apenas se envolvia demais e comparava às suas próprias histórias e comoções.

Minha melhora era feita aos poucos. Às sextas feiras Jasper começou a se tornar um evento fixo em nosso quarto. Trazia dos mais variados e divertidos jogos e programas caseiros. Assim aprendemos a fazer alguns doces, jogar baralho, "Twister" – o qual me trouxe uma distensão na coxa – e a apreciar alguns filmes estrangeiros. Ou melhor, dublá-los de forma errônea e divertida. Sempre era a melhor distração para fechar a noite: filmes franceses e suas emoções demasiadas preenchiam o ambiente de risadas e brincadeiras internas.

Ele era meu salvador, meu melhor amigo e meu companheiro. Sempre fora. Até com suas namoradas ele conseguia ser aquele cara romântico e bacana que inexiste na vida de noventa por cento das mulheres do mundo. Minha dependência se tornou diária e minhas doses de seu bom humor aumentava com as trocas de mensagens pelo celular durante o período de aulas e as ligações no final do dia contando para mim e para sua irmã como estava feliz com o término do semestre. E ele conseguiu preencher o vazio dolorido que James havia deixado.

E assim aquela rotina se prendeu a mim por dois anos. Terminamos a faculdade, arrumamos empregos e apartamentos pela cidade. Eu ainda dividia apartamento com Rosalie, ela trabalhava em uma empresa de decorações de imóveis, e eu em uma agência publicitária, promovendo as propagandas visuais dos produtos e inventando logotipos. Jasper, infelizmente, se mudou para um bairro relativamente próximo à Chicago. Mas seus horários o impediam as visitas e as ligações que antes eram constantes. Eu sentia sua falta, das gargalhadas, das noites em claro, das palavras de conforto, de ver aquelas covinhas se formarem a cada sorriso e de seu abraço apertado na despedida de cada noite.

Então um conflito interno começou a correr em mim como um jóquei e seu "raça-pura¹" em uma competição de Turfe². Por que eu me sentia triste na sua ausência? Por que meus dias pareciam irritantes e sem graça sem suas piadas? Não que meu trabalho fosse infestado de palhaços enclausurados em suas baias e computadores. Minha sala ficava afastada do corredor principal, - já que a idealizadora dos produtos precisava de silêncio para toda aquela história de concentração de gênios da publicidade – logo as fofocas e brincadeiras feitas sobre a peruca torta do chefe, nunca chegavam a mim. Ou se chegavam, eram algumas horas depois, ao final do dia, quando a recepcionista boca-do-mundo fazia questão de me colocar a par do relatório do dia. Então nessa hora, já estavam em um outro nível de fuxicos sobre os casais da empresa.

Em uma festa de reencontro da faculdade, juntei as saudades que estava da irmã caçula e a convidei para ir comigo. Claro que ela ficaria grudada em mim, - eu imaginei – pois não conhecia ninguém. Logo que chegou ao apartamento, notou o pouco a mais de maquiagem que eu tinha colocado e questionou para quem seria toda aquela arrumação. Eu poderia ter contado e me sentido mais leve, por guardar tanto tempo aquele sentimento reprimido. Mas ela daria uma de cupido e arruinaria tudo.

Seguimos para o tal local e foi aquele "auê" de cumprimentos velhos e lembranças embaraçosas. Jasper não chegou muito depois e nos cumprimentou com um longo abraço, deixando seu cheirinho de amaciante perfumado em todas. Ele estava mudado, alguma coisa nele se diferenciava daquele jovem de vinte e um anos que me resgatava de um porre, depois de levar um par de chifres do namorado. Claro – pensei – Já não tínhamos mais vinte e um.

Algumas horas depois, Alice e Jasper engrenaram em algum assunto, qual eu não fazia idéia, e uma semana depois, estavam em seu segundo encontro e ela me pedia dicas de roupa e ajuda para marcar uma depilação. Não sei como suportei tudo isso, mas me afastei por um bom tempo, para acalmar meu coração e me conformar com a idéia, tendo em mente, que seria um caso rápido, já que Jasper não se envolvia com ninguém mais de alguns meses.

Mas um ano se passou, e continuei chutando-me mentalmente por ter sido o cupido não-intencional de Alice e Jasper, logo depois, ganhei um companheiro na empresa. Edward Cullen se juntou à companhia. Sr. Medina ficou eufórico com o novo empregado, se coçando para ser amigo do galanteador contratado. Era até hilário o sorriso de satisfação e orgulho qual lhe lançava quando nos fazia uma pequena visita. Ele tinha grandes esperanças que Edward não se tornasse "da turma", como eram Emmett, Mike e Tyler. Todos eles foram tentativas frustradas de amizades com o chefe do quarto andar, principalmente quando soube que recebera o apelido de "entradas lustrosas" (apelido auto-explicativo).

Sr. Medina lhe prometeu uma sala, como a minha, com o percorrer do ano. O que nunca aconteceu, pois provisoriamente ele dividiria a minha sala, que tinha uma mesa extra. Não me incomodou. Sua cortesia e simpatia eram agradáveis às 8h da manhã.

- Só por algum tempo. - Sr. Medina disse no primeiro dia de trabalho de Edward. - Logo mais teremos uma sala igualmente exclusiva para a nossa mais nova mente brilhante!

Exibiu-se gargalhando estrondosamente - e irritante. Cordialmente, Edward lançou um sorriso sem graça. O chefe girou os calcanhares, mas não sem antes dar uma piscadela triunfal antes de sair e sussurrar algo que seria por algum conceito alien uma frase de efeito bacana:

- Vou deixar os gênios trabalhando! - e bateu a porta rindo, nos deixando encarar o nada branco da sala grande.

- Aquilo era realmente uma peruca? - sussurrou Edward finalmente quebrando o silêncio um pouco mais próximo da minha mesa. Não olhei para cima, para lhe encarar, ainda em estado de choque.

- É o que dizem. - respondi de volta.

Para não ser injusta, Sr. Medina era realmente um dos homens mais brilhantes para promover sacos de bosta com aspecto de ovos de ouro maciço. Raramente recusavam algum produto exibido por suas mãos mágicas. Sua organização com as ordens na equipe era impecável e talvez - bem talvez - se ele não tivesse se tornado um buldogue que latisse horas e horas por dia, fosse o melhor chefe do ramo da publicidade.

Recebíamos as ordens durante uma reunião e as idéias lançadas minhas e da equipe paravam na minha mesa para uma pré-avaliação. Por isso a sala isolada, o falso ar de superior e todo aquela ladainha. Edward jazia no mesmo patamar que eu, com a diferença que ele e sua equipe rodavam os estúdios para a área de comerciais televisivos, para a confecção dos melhores e mais criativos da Renew's Inc.

Era fácil conviver com o novo companheiro de cela, sala - ou qualquer coisa que esse cubículo branco e sem graça significasse - Edward era calmo, engraçado e apreciava o silêncio nas horas cruciais de concentração no trabalho assim como eu. E nas outras cinco horas e quarenta minutos que não estávamos bolando algo fenomenal, conversávamos sobre de café e jogávamos no wikipédia a origem dos grãos mágicos.

Descobrimos esse vício em comum e tínhamos o costume de uma vez na semana trazer um tipo diferente para experimentar. Isso às vezes relaxava a síndrome de "panela de pressão" que eu tinha antes do dia acabar. Ele já parecia saber quando as fumacinhas apareciam e vinha com o líquido preto milagroso em um copão de 400ml.

Só não esperava que o pininho vermelho chiasse antes das dez da manhã ao ler o e-mail de Alice:

" Bells! Que saudades de você! Nunca mais apareceu (...)"

É, talvez eu só quisesse poupar o colapso nervoso quando visse o sorriso mais brilhante de Jasper daria ao estar do seu lado, ou quando ele enfiasse a língua na sua boca, agradecendo o chá que só você sabe fazer.

"(...)Sentimos sua falta de verdade. Mas sempre que eu ligo, você nunca está, Rosalie já deve estar de saco cheio de ouvir minha voz. De qualquer forma, as novidades são:

- Ganhei aquela bolsa Gucci que eu tanto queria! Sim! Sim! (agora me imagine dando pulinhos, como sempre)

- Jasper me pediu em casamento! Estou noiva!!! Eu não queria contar por aqui, mas você iria saber pelos outros..."

Então não li mais nada e submergi no mundo de lembranças. Até ver a mão de Edward balançando na minha frente.

- Bella? Você está bem? - perguntou provavelmente notando o desespero pálido que brotava em meu rosto.

- Sim... - sussurrei sem me preocupar de ser convincente - Mais ou menos... não.


(¹= melhores tipos de cavalo; ²= corrida de cavalos)