Aquele garoto, Nico Di Angelo, lhe passava uma estranha sensação de familiaridade. Percy ainda não estava convencido de que era a primeira vez que se viram, além disso, ainda não conseguia se sentir totalmente bem no acampamento romano e tinha a impressão que o irmão de Hazel sabia bem como era isso.
O que o filho de Poseidon - ou melhor, Netuno - não sabia (ou se lembrava) é que os problemas do garoto pálido não se resumiam em uma simples falta de afinidade para com os semideuses do Acampamento Júpiter. Por mais que tentasse disfarçar, Nico ainda sentia os ombros tensos pelo encontro recente com Percy Jackson. O herói dos semideuses gregos. O herói que estava sem memória e que todos estavam procurando. Quem tivera o infortúnio de achá-lo? Logo ele, filho de Hades. Nem romano era, para começar! Mesmo entre os gregos, era desajustado. Não pertencia a qualquer lugar que fosse.
Acampamento Meio-Sangue? Há. Até parece, até pouco tempo seu pai nem tinha um chalé próprio, apesar de ser um dos Três Grandes. Acampamento Júpiter? Nem precisa comentar algo, né? Mas antes fosse só isso; pois não era. A única pessoa que o aceitava por completo era sua irmã – a de sangue, que compartilhava mesmo pai e mesma mãe –, que morreu há algum tempo. Nico era evitado pelas pessoas vivas como se fugissem da própria morte, e também não pertenceria ao mundo inferior, a não ser que tivesse o mesmo destino que Bianca.
A vida era irônica: o desafortunado encontrando o herói que todos (ou quase) amavam. Ele mesmo se encontrava com os sentimentos divididos, o que só tornava a situação a pior possível. Não entendam mal, estava sim um pouco feliz por vê-lo. Só não podia fazer nada em relação a isso. O que estava em seu alcance era conter um suspiro frustrado ao sentir aquela presença familiar se aproximando.
Percy Jackson poderia se tornar o pé mais leve do mundo, mas conseguiria reconhecer seus passos em qualquer lugar. Mesmo de olhos fechados.
- Oi? – A voz de Percy se tornou presente, enquanto ele olhava curioso para o garoto de preto, um pouco hesitante. – Não está dormindo, né? Quer dizer, dormir em pé...
"Seria estranho até para você", pensou o filho de Netuno, encarando o garoto encostado a uma das colunas romanas. Sinceramente? Percy não via a menor diferença delas para as colunas gregas, embora Hazel insista que elas existem. Falando nisso, ela não está acompanhando Percy porque tinha algo muito complicado e romano para fazer, então o deixou andando um pouco sozinho. Receosa, mas deixou.
Nico abriu os olhos lentamente e os ergueu na direção de Percy Jackson, sem de fato se assustar com a aproximação repentina. Sustentava, naquele momento, a melhor expressão de indiferença que conseguia, apesar de internamente querer levar o mais velho para uma viagem nas sombras para bem longe dali.
- Não, não estou dormindo. - Respondeu em tom educado, dedicando apenas metade da atenção para o outro. A outra metade pensava em como arrumar uma desculpa para sair dali o mais rápido possível. - Precisa de alguma ajuda? - Pronunciou-se, resolvendo bancar o irmão prestativo.
"Certo", Percy pensava, ele estava acordado como era esperado, agora poderia tentar manter um diálogo e tirar as dúvidas que não conseguia evitar de ter.
- Eu não consigo te tirar da cabeça... – Epa! Espera, isso soou mal. – Digo, tirar você, que eu e você nos conhecemos! Não da forma esquisita que pareceu.
Ele tentava se explicar, franzindo o cenho e por um momento teve uma ligeira impressão que as bochechas do Di Angelo ficaram mais avermelhadas. Devia ser só impressão. Era mesmo um cabeça de alga... Quase podia ouvir aquela voz feminina falando isso.
- Então. Tem certeza que não nos vimos antes? Talvez tenha ouvido alguma coisa sobre mim – baixou os olhos claros por um instante, suspirando silenciosamente. Estava exausto, mas seu cérebro ansiava mais por respostas que seu corpo por descanso. – Talvez você conheça Annabeth.
Nico sentiu o coração falhar por um momento. Ainda bem que Percy, como todo meio-sangue, possuía déficit de atenção e hiperatividade, provavelmente não repararia que transferiu o peso de um pé ao outro, desconfortável. O filho de Hades precisou se concentrar para ritmar as batidas cardíacas e aproveitou para também desviar o olhar, sem saber se conseguiria sustentá-lo.
- Não posso dar as respostas que você quer, Percy. – Disse com sinceridade. Não podia, tudo aquilo era demais para ele. Havia muitas coisas em jogo. Ao mesmo tempo, não queria mentir, por isso a resposta vaga. Desencostou-se de onde estava e meio passo bastou para que estivesse rente ao maior, precisando elevar os olhos para fitá-lo mais uma vez, de modo sombrio e melancólico, o que parecia característico ao menor. – Desculpe.
Percy o fitou com aquele mar que eram seus olhos de modo decepcionado, quase triste, deixando o outro internamente desconsertado – e só internamente. Nico mantinha a expressão e fazia o mais velho pensar que ele era como um muro intransponível. Podia ver que ele não falaria nada, mas ao mesmo tempo sentia que se conheciam.
- Eu... – Franziu o cenho e forçou o cérebro a trabalhar. – Tenho certeza que... você sabe o que é Mitomagia?
Tal indagação fez o filho de Hades enrugar a testa, sem saber como reagir. Será que ele estava lembrando? Não! Não podia ser isso. Mas talvez fosse perigoso passar mais tempo com o filho de Poseidon.
- É só um jogo.
Ponderou por fim. Aquilo não poderia revelar nada... Poderia? Talvez Percy estivesse lembrando... de si? Não queria admitir. Nunca iria admitir. Mas isso fez algo em seu íntimo se aquecer. Contudo, seus pensamentos foram cortados pela voz de Jackson.
- Um jogo? Achei que parecia importante.
Deu de ombros após coçar o queixo por um instante. Não adiantava simplesmente dar tiros no escuro. Por algum motivo, achou que Mitomagia estava relacionado a Nico de alguma forma, mas duvidava que tiraria qualquer coisa dele sobre isso. A verdade era que Di Angelo era viciado nesse jogo antigamente. Se fosse parar e pensar, nem fazia tanto tempo assim, contudo, aconteceu tanta coisa nos últimos anos que era como se tivesse vivido séculos.
– Ei, pode me mostrar onde fica as termas? – Resolveu mudar de assunto. – Sua irmã ia me levar, mas surgiu alguma coisa pra fazer. E acho que nós dois não somos os mais populares por aqui, seria legal andar com alguém que sabe o que é ser olhado torto.
Ok, Percy não era lá muito sensível. Nico poderia ter se ofendido, porém aquelas palavras eram verdade. O menor coçou os cabelos bagunçados, ficando pensativo por um instante. Sua simples presença não faria nada à memória de Percy Jackson, acreditava. E era responsável o suficiente para não soltar nada comprometedor.
- Certo.
Foi o que disse, começando a caminhar com o mais velho a seu encalço. Nico não parecia do tipo que puxava assunto, então a próxima voz a soar foi de Percy.
- Você está aqui há muito tempo? – Sim, ainda tinha esperança dele soltar uma brecha que fosse que o ajudaria a recuperar ao menos uma parte de sua memória.
Os olhos escuros se fixaram por um momento nos esverdeados por cima dos ombros. O mais novo enfiou as mãos nos bolsos da sua jaqueta de aviador, sentindo como se sua espada tivesse ficado mais pesada e fria em sua cintura.
- Não muito. Fico mais de passagem. Como você observou, não sou muito popular aqui.
"E nem em lugar nenhum", completou em pensamento. Para Nico, isso era normal. Agora, em relação ao filho do deus dos mares, podia jurar que em poucos dias ele já teria sido elevado novamente ao status de herói. Não importava onde, acampamento grego ou romano, Percy era Percy e conseguiria isso. Já para Nico, o normal era ficar nas sombras. Novamente, suas reflexões foram cortadas por aquela voz familiar.
- Deve ser porque Hades é um babaca. – Comentou, ficando um pouco perplexo consigo mesmo. – Quer dizer... Bem, não tenho certeza...
Mas, de qualquer forma, a maioria dos deuses eram uns babacas. Só por ter esse pensamento, Percy olhou para baixo, como se a terra fosse engoli-lo e levá-lo aos confins dos Campos de Punição. Era melhor não ficar externando esse tipo de antipatia pelo pessoal do Olimpo... Ou de qualquer outro lugar, tipo o Tártaro e o Mundo Inferior. O ar pareceu se condensar, mas Nico respirou fundo e representou o papel que deveria.
- Plutão, você quis dizer.
Disse, sem se incomodar de fato. Era mesmo filho de Hades, deus do mundo inferior. Nenhuma coisa mais nobre como metais preciosos e sim senhor da própria morte. Diminuindo a velocidade dos passos, após uma caminhada considerável, apontou o prédio do banho, tão suntuoso quanto qualquer outro ali, indicando que chegaram.
- É ali.
Percy acabou ficando alguns passos a frente do mais novo, precisando se virar para se dirigir ao filho de Hades.
- Você não vem?
Nico parou a meio caminho de virar as costas, abaixando a cabeça, com um ar constrangido.
- Não sei se devo.
- Por que não? Essa coisa não é feita pra um monte de gente? – E achava isso meio esquisito, mas guardou para si, fazendo um gesto para o outro se aproximar.
- Sim, mas... Tem certeza que quer minha companhia?
Os olhos escuros novamente encararam os cor de mar, de modo intenso. Nico parecia irradiar uma aura sombria, mas Percy abriu um sorriso, o que imediatamente fez o moreno relaxar ao menos um pouco, possuindo aquele ar meio sarcástico e meio acolhedor. Uma combinação estranha que ele fazia parecer natural – e derretia um pouco as barreiras do Di Angelo. Não é como se o filho do deus dos mares fosse afogá-lo ou algo assim só para conseguir informações.
- Tenho. Você não me olha estranho só porque meu pai não é popular aqui.
Por um momento, Nico teve receio da nova morada ocasionar mudanças profundas em Percy, mas chegou inclusive a quase sorrir. Gostava – e ao mesmo tempo odiava – ele daquele jeito mesmo. Por fim, concordou, seguindo o mais velho para dentro da estrutura. O local era incrível, com várias áreas, parecia mais um lugar recreativo que para se tomar banho.
Nico o guiou primeiramente ao vestiário para que pudessem se despir e pegar algumas toalhas, indo em seguida tirar a sujeira do corpo. Percy franziu o cenho quando percebeu algo errado. A água caía sobre si, mas não o molhava.
- Ótimo. Sou imune a banhos – bufou. Talvez precisasse relaxar, tinha passado por tantas situações difíceis até ali que provavelmente seu instinto estava ligado no automático.
Apesar de distraído e virado para qualquer direção que não fosse Percy Jackson, Nico ouviu aquela fala e soltou um breve riso. Discreto, mas um riso.
- Essa é nova pra mim.
- Achei que você não soubesse rir.
Percy disse, voltando a face na direção do garoto, um pouco surpreso, mas também um pouco feliz. Sim, o comentário tinha sido feito intencionalmente para provocá-lo. O garoto era tão sombrio que não podia deixar de pensar que ele ficaria muito bem vestido de vampiro. Chegou até a sentir as bochechas se esquentarem quando a imagem lhe veio à mente, porque ela vinha acompanhada de uma ideia bastante constrangedora para se pensar a respeito de um menino: fofo.
– Algas demais nessa cabeça... – Resmungou, terminando de se limpar.
Nico, por sua vez, esboçou um semblante surpreso, chegando inclusive a olhar de esguelha para o mais velho que já não prestava atenção em si. Sentiu as bochechas se aquecerem, imaginando que poderia ser o vapor ou qualquer coisa parecida – e sabendo que não era. De fato, fazia muito tempo que não ria. Todos estavam tão preocupados e... Mordeu o próprio lábio inferior e reprimiu aquele pensamento. Era o melhor a se fazer. Perdido nos próprios pensamentos, não ouviu o murmúrio dele, terminando de se banhar pouco tempo depois.
A área com a piscina termal era ainda mais incrível, o teto alto que parecia refletir a água quente, fazendo leves feixes de luz brincarem na superfície das colunas. Aquela era só uma das áreas, ainda havia outras duas, uma com banho morno e outra com frio. Percy não se segurou, correu até a piscina e pulou em direção a água, mesmo imaginando que deveria ter uma regra sobre não fazer bagunça no banho. Romanos eram cheio de regras. Nico chegou a abrir a boca para pedir cuidado – e se ele batesse a cabeça em um degrau?! – mas não foi necessário. Di Angelo suspirou, entrando a passos lentos na grande banheira de água quente, até alcançar um degrau em que pudesse se sentar e ficar submergido apenas até os ombros.
- Acho que você vai receber uma bronca – disse o filho de Hades, arqueando brevemente as sobrancelhas, com um leve divertimento em seus olhos escuros.
Só de sentir os aquedutos abaixo dos pés já tinha se sentido melhor, agora Percy estava totalmente revigorado. O banho romano era realmente uma maravilha. Contudo, ao ouvir o mais baixo, endireitou-se e nadou até ele, com um sorriso confidente e malicioso, chegando perto até demais – especialmente em relação aos padrões do filho do deus dos mortos.
- Não se ninguém ficar sabendo.
Nico o encarou, arqueando o cenho. Achava isso difícil com o barulho feito, mas estavam só os dois ali, então nada disse. Especialmente porque Percy parecia, em vez de aumentar a distância, diminuir, cruzando os limites da zona de conforto de Nico. E continuou a encará-lo, fixando os olhos nos dele.
- Não tinha reparado. Talvez seja a luz, mas parece que seus olhos têm um sombra vermelha... como o pôr-do-sol. É bonito.
Definitivamente, não tinha como falar o que quer que fosse. Já perdera a conta de quantas vezes isso aconteceu só naquele curto espaço de tempo, mas seu coração pareceu ficar alucinado em seu peito e o rosto avermelhado. Por um momento, tudo que conseguiu foi soltar uma palavra inteligível, antes de murmurar sem pensar:
- Os seus parecem o mar. São mais. – Mas isso era uma certeza na vida do Di Angelo. Aqueles olhos eram devastantes e o tragavam como o oceano, isso era algo que não dava para negar.
Percy arqueou as sobrancelhas, sentindo um nó estranho se formar na boca no estômago. Tinha impressão de que estava prestes a fazer algo muito errado, tinha quase certeza que a tal Annabeth o mataria. Mas Nico estava mexendo consigo – talvez o fazendo confundir as coisas -, ele estava ali, tão perto, com seus olhos fim de tarde. Foi inevitável a imagem do cenário vir a sua mente.
- Acho que o conjunto é ainda melhor.
Talvez não fizesse muito sentido para ele, mas Percy não se importou (e só por curiosidade, sim, Nico silenciosamente concordava com a fala). Poucas coisas deviam ser mais bonitas que o fim de tarde na praia, lembrava-se de ter presenciado alguns, especialmente quando suas viagens pelas sombras davam errado e ia parar em algum canto desconhecido do mundo. Nessas horas, parava para apreciar a vista, o sol se escondendo nas águas do mar, como se queimando-o ao mesmo tempo em que se misturavam.
Percy resolveu confiar naquele seu impulso louco. Nico poderia recuar se quisesse, poderia até lhe dar um belo soco no estômago porque estava abaixando a guarda a cada centímetro vencido. Mas esse soco demorou demais e seus lábios encontraram os lábios de Nico di Angelo, encaixando-se neles ao mesmo tempo que as mãos do filho do deus do mar encontrava a nuca coberta de cabelos ensopados do herdeiro do senhor dos mortos – e das riquezas e tudo mais.
Nico prendeu a respiração, como se realmente fosse se afogar naqueles olhos que pareciam tragá-lo, arrastando-o para o fundo. Tentou desviar e quebrar o contato visual, mas isso se mostrava uma tarefa praticamente impossível. Mais que o próprio Percy, o menor sabia que aquilo era errado, afinal sabia quem era Annabeth e o relacionamento que eles tinham.
Mas, ao menos só naquele momento, desejou esquecer. Esquecer de Annabeth, do Acampamento Meio-Sangue, da batalha iminente. Apesar de não movimentar as mãos do fundo da banheira, aceitou o toque, retribuindo-o de um modo tímido como o mais alto não deixou de perceber. Nico parecia inexperiente, como de fato era, deixando o outro tomar a dianteira, mas entreabriu os lábios com o pedido mudo feito pela língua de Percy, retribuindo o beijo e levando as mãos para descansarem nos ombros do mesmo.
Era meio constrangedor. Tudo que separava os corpos nus era água e vapor, e nem era tanto assim. Mas o filho de "Netuno" não se incomodou por se tratar de outro garoto. Só Annabeth o incomodava, aquela incógnita que pairava em sua mente. Lembrava-se de ter a beijado, mas em compensação seu corpo reagia a Nico como se de fato se conhecessem de algum lugar, apesar do filho de Hades se esquivar do questionamento. Percy o trouxe mais para perto, se perguntando se estava sendo precipitado – e era óbvio que estava. Tecnicamente, tinham se conhecido agora. Mas o cérebro de Percy se enchia de perguntas em meio aos lábios que se moviam juntos, obrigando-o a cessar o beijo em busca de ar e respostas.
- Nico... O quê..? Por quê... é como se nós...
"Não. Por favor, não", disse mentalmente o mais baixo. A possibilidade de ser enchido de perguntas novamente fez com que entrasse em um estado semelhante ao desespero, apesar do filho do deus dos mares ainda estar aparentemente assimilando tudo aquilo. Não esperou, envolvendo-lhe o pescoço com os braços e fechando os olhos, pronto para iniciar mais um beijo, ainda mais intenso que o anterior.
Se a intenção dele era calar a boca de Percy Jackson, parabéns, porque agora tinha conseguido de vez. Ao ser enlaçado daquele jeito, ficou atordoado, esquecendo-se dos questionamentos anteriormente formados, retribuindo o abraço com força. Estando em um nível pouco mais baixo que Nico, foi fácil encaixar os corpos, parecendo sentir com mais intensidade cada parte do outro ali dentro da banheira, apesar de não fazer ideia se a água tinha algo a ver com isso. Os dedos longos e ásperos passeavam pelas costas do Di Angelo.
Era difícil saber quem estava mais ansioso ali. Nico pressionava Percy como se fosse se machucar – ou morrer, se quiser fazer mais jus ao nome de Hades - caso o soltasse. O filho de Poseidon quebrou o beijo, mas não disse nada, distribuindo beijos pelo rosto e pescoço alheio, apesar de ali não parecer o lugar mais adequado ou romântico para continuarem... bem, se agarrando. Nico sentia como se estivessem passando dos limites. Seu corpo queimava. Mesmo respirar fundo não estava ajudando, não queria soltar o outro.
- Nico... – chamou em tom baixo, afundando o rosto na curva do pescoço alheio, pressionando-lhe as coxas. – Eu... acha que estamos indo longe demais? – Indagou em um sussurro, roçando mais uma vez os lábios nos dele. Perguntava porque não achava que era esse tipo de pessoa. Certo, perdeu a memória, mas sabia que não era um conquistador de banheiros públicos. – Você quer ir para outro lugar...?
Ele usava um tom cálido e macio para falar. Nico sentia o corpo trêmulo. Era como se estivesse entrando em algo muito, muito, muito errado. Afrouxando o abraço, finalmente conseguiu respirar apropriadamente, retirando os fios escuros da frente dos olhos.
- Vamos... sair daqui.
O ideal seria o tempo parar. E o resto do mundo sumir. Mas era melhor saírem dali para o caso de alguém chegasse. Percy foi o primeiro a sair da água, estendendo a mão para ajudar Nico a fazer o mesmo.
