O Nascimento do Amor
Yullen
Tocou gentilmente na engenhoca em cima da mesa, desceu o dedo indicador e bateu levemente com a unha no vidro, um zumbido foi ouvido dentro da engenhoca, à água que havia dentro tremeu levemente, mas a flor não se mexeu ou balançou, permaneceu imóvel flutuando na água.
A engenhoca que mais parecia uma ampulheta, na verdade, era uma ampulheta, era a única coisa que tinha vida naquele quarto, a flor bonita com um tom rosa fraco, era a única coisa que parecia respirar ali. Só parecia, pois um garoto de olhos cinzas azulados e cabelos brancos olhava atentamente a ampulheta, "Será que isso foi de alguém que ele amou?" pensou o garoto triste. Ele perdeu o foco da ampulheta e olhou ao redor, o quarto tinha um ar frio e sinistro, a cama arrumada perfeitamente, tinha uma fina camada de poeira quase imperceptível pela falta do seu ocupante, que havia saído em missão. Allen Walker olhou para cama do seu companheiro que no momento estava fria e sem vida, lembrando de Kanda que havia partido em missão á dois dias, "O que ele estaria fazendo? Será que estava bem? Precisando de ajuda?" foi o pensamento do garoto de cabelos de neve.
Estava no quarto de Kanda havia á algum tempo, talvez uma hora ou duas, não sabia dizer, pois tinha se perdido ao analisar a ampulheta com a flor. O pobre garoto sempre vinha ao quarto do colega nos intervalos do treino para poder senti a presença dele, desde da missão da cidade de Matel. Vinha, sentava na cama, sentia o cheiro e se perguntava sobre a ampulheta em cima da mesa, o único item pessoal que havia no quarto, provavelmente seria de uma pessoa especial por que ela era bem cuidada, sempre tão reluzente e com a água bem limpa, talvez mais do que a própria Mugen.
Não sabia ao certo por que fazia isso, mas sempre vinha quando ao quarto do "amigo" quando ele não estava, pois assim que adentrava o recinto sentia um calor, uma energia emanando do quarto, algo que ele não sabia explicar, mas que lhe fazia muito bem, o deixava renovado, com mais esperanças. Talvez devesse ir para seu quarto, mas ele havida um ar misterioso e desagradável apesar de não poder negar que este não era muito diferente. Mas ao saber que seu companheiro habitava ali ou dormia naquela cama, um calor invadia seu peito e um certo nervosismo também. Uma mistura de emoções engraçadas, mas que surpreendentemente o deixava feliz, embora sempre soubesse que não podia ficar muito tempo ali, por que o quarto não era seu, todavia por hoje podia demorar mais um pouquinho já que o verdadeiro ocupante havia saído em missão.
Sentou na cama com cuidado, para que não a desarrumasse muito e encostou suas costas na parede, dobrou os joelhos, os abraçando e começou a admirando o teto, deixando senti aquela calma e paz em seu peito já conhecida, fechou os olhos devagar e na mesma velocidade apoio a cabeça entre os joelhos. Quando já estava se entregando ao sono, um som estrondoso rompeu o silencio no quarto e Allen acordou sobressaltado, levantando a cabeça fazendo-a bater com força na parede a sua costa, um moreno alto de longos cabelos azuis atravessou o quarto parando na frente do garoto de cabelo de neve que massageava sua cabeça dolorida, uma suave curva parecendo um O desenhou na boca do moreno que rapidamente foi mudada para uma cara zangada:
-MOYASHI! O que você faz aqui?- o garoto sentando na cama sorriu envergonhado enquanto o maior apertava com força a espada enfiada na sua cintura.
-Kan-Kanda! Você voltou cedo! O que houve?- o menor ficava cada vez mais vermelho de vergonha enquanto o maior ficava vermelho de raiva.
-Você não respondeu minha pergunta!- o maior de cabelos azuis desembainhou espada- Responda miserável! Antes que eu te fatie ao meio!
-É que...- o menor coçava a cabeleira branca e abria um sorriso tentando formular alguma desculpa enquanto era ameaçado com uma espada e um mal-humorado zangado empunhando-la - Johnny disse que precisava do meu quarto para algumas experiências, eu tive que sair de lá e como você estava em missão decidi ficar aqui até que ele termine o as experiências- o maior pensou um pouco e pareceu se convencer da desculpa do menor que suspirou aliviado.
-E por que você não ficou no quarto do usagi?- perguntou enquanto guardava a espada.
-Bom não queria incomodar o Lavi, seu quarto estava vazio, então achei melhor vim para cá, mas então achou a Innocence?- perguntou o menor curioso.
-Sim... foi bem fácil, estranhamente não havia muitos akumas, somente dois nível dois e vários níveis um, vários mesmo- falou o garoto de cabelos azuis enquanto despia o casaco pesado de exorcista ficando somente com uma camisa branca de algodão que estava aberta até a metade do peito, uma cicatriz em diagonal era visível em seu peito.
-Ah sim...- o menor notou a cicatriz e passou concentrar seus olhos e pensamentos nela, nem notou que levantava da cama em direção ao maior- Que cicatriz é essa Kanda? Você estar bem?- perguntou preocupado o garoto cabelos neve, quase tocando na cicatriz.
-Estou bem!- disse o moreno rispidamente fechando a camisa- Isso vai sarar em alguns dias, mas por que a pergunta?- perguntou o japonês olhando nos olhos do pequeno britânico.
-Oras!- respondeu um pouco indignado- Você é meu companheiro e amigo! Mas me deixe ver direito me parece que ela precisa de algum tratamento- o britânico esticou as mãos até a camisa e tentou tocar a cicatriz, o japonês ficou vermelho com a atitude do menor e puxou a camisa tentando fechá-la rapidamente em resposta o menor tentou forçá-la abri.
-Não precisa moyashi! Eu estou bem!- respondeu o japonês alto demais, tentando fazer o britânico soltar sua camisa em vão.
-Não se faça de forte! Não estar dolorida? Por que não passa na enfermaria só para te examinarem?- o albino ainda tentava abri a camisa para poder olhar melhor enquanto o espadachim tentava fechá-la.
Então começou uma briga de um abre e fecha da camisa, Allen já estava praticamente no colo de Kanda e com rosto quase colados, isso rapidamente foi percebido pelo maior que empurrou forte o pequeno que por sua vez tombou caindo no chão. Kanda se levantou com a cabeça baixa para que Allen não notasse a vermelhidão do seu rosto e foi até a porta no qual abriu bruscamente:
-Saia do meu quarto Moyashi! Agora!- gritou Kanda. O menor olhou para ele sem entender nada e ficou estático sentado no chão.
-Hã? Por que? O que foi que eu fiz? E é A-l-l-e-n, mais que coisa!
-Você... você... –o maior não conseguiu terminar por a vergonha travou a sua saída de som.
-Eu? Eu o que, Kanda? O que eu fiz?- perguntou o albino se levantando e limpando sua calça totalmente alheio a situação do japonês parado na porta.
-Você... sentou... no meu... colo... e quase... quase... quase... me beijou... –as suas palavras saíram num sussurro quase inaudível, as últimas palavras somente os lábios se mexeram sem sair nenhum som. O menor corou ao ouvi aquelas palavras e baixou a cabeça saindo rapidamente sem olhar nos olhos do maior.
Após a saída de Allen, Kanda fechou a porta com força tentando afugentar aquela vermelhidão do seu rosto, olhou para a ampulheta em cima da mesa, ela continuava lá, imóvel somente com duas pétalas ao fundo, chegou mais perto da flor, seu rosto fracamente foi refletido no vidro, mas por algum motivo, seu rosto se transformou no rosto do moyashi. Enfurecido empurrou a cadeira para longe fazendo um grande barulho.
.::OoOoOoOoO::.
Allen andava rapidamente por entre os corredores com a cabeça baixa dominado pela vergonha e com a mente repetindo as palavras de Kanda, as ultimas não pode escutar muito bem somente viu os lábios se mexerem, mas não faziam som algum. Estranhamente acertou o caminho até o quarto, abri a porta e a fechou o mais rápido que pode, encostando suas costas e parando para respirar melhor. Fez com que sua cabeça batesse de leve contra a porta de madeira e deslizou o seu corpo pela porta até sentar, abraçando os joelhos. "E agora? Como encararia Kanda? Talvez fosse só uma coisa boba, mas por que seu coração batia descontroladamente? E por que sentia um frio na barriga quando pensava nisso? E por que ele ficara tão nervoso?" olhou para sua mão, seus dedos haviam tocado aquela camisa sem pensar e do mesmo jeito levou a mão para o nariz para que pudesse sentir o seu cheiro, quase na mesma hora tirou a mão pensando no que tinha acabado de fazer "Por que eu estou agindo tão estranho? Será que... não! Definitivamente não! Eu não posso... ou posso? Estou apaixonado pelo aquele espadachim mal-humorado? Não! Deve ser outra coisa! Qualquer outra coisa!" o garoto olha para o quadro acima da sua cama, o que será que pensaria Mana? Vendo ele naquela situação? Estava cumprindo o que tinha lhe prometido, estava seguindo em frente, o resto não importava, nem mesmo um japonês mal-humorado. Ou era assim que pensava.
.::OoOoOoOoO::.
Alguns dias haviam se passado desde o ocorrido, cinco precisamente, Allen evitava de todas as maneiras o contado com Kanda e o maior havia notado isso, toda vez que ele chegava ao local o moyashi dava uma desculpa e se retirava, aquilo estava começando a irritar o Kanda, por que ele estaria fugindo? Vergonha? Talvez fosse isso, tentava não ligar para isso, mas infelizmente ele vinha na sua cabeça e perturbava seus pensamentos com idéias doidas de amor. Seu coração se descompassava e queria que o menor voltasse a falar ele chamando de Bakanda para poder sentir que estava tudo bem. Suas brigas de algum jeito o acalmavam, vê-lo todo irritado por chamá-lo de moyashi era divertido, todas as coisas que envolviam o moyashi eram boas e alegres. Apesar de procurar 'aquela pessoa' isso não significava que a amava, tinha um carinho por ela e sabia que devia encontrá-la por algum motivo. Tinha vontade de falar com aquele baka e pedir desculpas, mas seu orgulho não deixava, foi quando Komui lhe chamou, provavelmente para alguma missão e lá estava ele, o garoto branco:
-Qual a missão?- perguntou o maior rispidamente.
-Bom há algo acontecendo na França e quero que vocês investiguem, algo como um aparecimento extraordinário de akumas e acontecimentos estranhos como neve em pleno verão. Bom aqui tem um caderno com mais informações, como o numero de akumas é muito grande você fará dupla com o Allen. Se apresse e vão. Boa viagem!- o chinês de cabelos roxos e vestes brancas, sorriu docemente e acenou com a mão. O mais alto apenas pegou o caderno das mãos de Komui e se virou para sair, enquanto o menor jazia imóvel no sofá, quando Kanda já estava na porta ele gritou.
-Ei, Moyashi!- o garoto de cabelos neve virou- Você não vem?
-H-hai... – Allen acordou de seus devaneios e se apressou em acompanhar o maior. Komui sorriu docemente ao observar os dois.
.::OoOoOoOoO::.
Fora uma viagem difícil, com a vinda do trem até a cidade foi banhada de um silencio mórbido e varias olhadas do menor para Kanda, já que o mesmo não parava de olhar para ele. Ao chegarem à cidade haviam pegado mais informações, mas nada relevante e como haviam chegado muito tarde decidiram logo irem para o hotel. Chegaram ao hotel que não era muito luxuoso, mas bem aconchegante, descobrindo que teriam dormir no mesmo quarto, porém com camas separadas por que a procura por aquele hotel estava muito grande, mesmo com aparecimento dos akumas. Haveria dali alguns dias, um festival, os habitantes da cidade não se deixaram abalar pelos acontecimentos e fariam o festival, era o mais famoso da região e por isso recebiam muitos turistas. Allen que estava vermelho desde a entrada no trem, só fez corar mais, e para piorar toda vez que o maior se dirigia a ele, suas bochechas adquiriam um vermelho vivo. O caminho até o quarto fora silencioso assim como a viagem até a cidade, não falavam nada mais que o necessário e essa atitude irritava o maior que já estava nevorso.
O quarto era grande com uma porta no lado esquerdo e um guarda roupa de madeira no mesmo lado junto com uma pequena mesa e um abajur de aparência clássica, já o outro lado havia duas camas de solteiro com uma pequena mesinha entre elas, com um abajur em cima da mesma aparência que o outro, havia um tapete bem no centro do quarto de cor vermelha. O maior adentrou logo o recinto e se jogou com força na cama enquanto o menor foi até a janela admirar a vista, o tamanho da janela não era muito grande, mas para Allen era mais que o suficiente, ele abriu as frestas, apoiou o cotovelo na borda e colocou o queixo em cima da palma de sua mão. Todos esses movimentos foram cuidadosamente observados pelo japonês que fingia dormir.
De repente uma brisa bateu no rosto do britânico e fez com que seus sedosos cabelos brancos esvoaça-se para traz, o menor para aproveitar a brisa e fechou os olhos soltando um pequeno sorriso, aquela visão encantou Kanda "Nossa, como ele é belo e ao mesmo tempo tão frágil... Mas o que diabos eu estou pensando?" que não pode deixar de ficar vermelho com seus pensamentos. Pouco tempo depois a brisa se foi e Allen abriu os olhos lentamente como se tivesse acabado de acordar, o maior se perguntou o que o outro estaria pensando que o deixava tão feliz.
E assim os dois permaneceram por horas, o espadachim acabou não resistindo ao cansaço e dormiu de tanto observar o britânico, enquanto menor apenas se cansou da janela e foi tomar seu banho.
Já no banheiro reparou que não era muito espaçoso quanto o quarto, mas agradável, com uma enorme pia de mármore branco, que cobria a extensão da parede toda, e uma cômoda de madeira bem embaixo, havia um espelho que, assim como a pia, ocupava a parede da direita toda. Na parede da esquerda havia um box com chuveiro, na parede da frente havia um vaso sanitário de porcelana branca, tudo bem ajeitado e arrumado. Allen entrou no box e ficou bastante tempo no banho tentando relaxar diante da presença do Kanda, ainda se sentia envergonhado pelo acontecimento anterior, por isso não conseguia falar com ele mais que o necessário, e para piorar ele sempre parecia estar com raiva fazendo-o lembrar do 'incidente' no quarto, por isso ainda não teve coragem para pedir desculpas. Mas apesar disso era bom saber que deixava o maior vermelho, e que chegou bem perto dele. Durante a semana que passou longe dele percebeu o que o amava e muito, por isso que ia toda às vezes em seu quarto, suas insônias serviram para comprovar o sentimento por ele.
Havia um xampu no banheiro e utilizou-o para lavar seus sedosos cabelos brancos, assim que terminou se lavar saiu do box e se enxugou. Pensando que Kanda ainda estaria dormindo, vestiu apenas a calça deixando o tórax nu e saiu para voltar ao quarto, estava um pouco cansando e uma boa noite de sono ajudaria a sentir melhor.
Assim que voltou ao quarto notou que seu companheiro também tinha feito o mesmo que ele, havia tirado a camisa ficando somente de calças e com os seus cabelos lisos soltos, sentado na cama com as pernas cruzadas como se estivesse esperando que o menor saísse do banho. Allen tentou não ficar olhando muito para o peito nu do seu amigo, mas fora impossível esconder sua surpresa ao vê-lo ali sem camisa, por isso foi o mais rápido o possível, assim que conseguiu se recuperar, foi para sua cama jogando suas veste na cabeceira. Quando já estava preste a se deitar uma voz sedutora chamou seu 'nome':
-Moyashi... por quanto tempo você pensar em fica fugindo?- o menor parou e não parecia respirar, ele tinha estremecido ao ouvir seu nome. Kanda havia decidido naquela cama, só precisava ouvir dele.
-D-de que?-o menor virou mecanicamente tentando sorri, mas sem sucesso. Kanda se levantou e foi na direção de Allen que recuou caindo na cama, o espadachim continuou avançando enquanto o britânico ainda tentava recuar até que o maior sentou por cima do menor. O japonês havia decidido que amava aquele albino, mas precisava ouvir o mesmo dele.
-De mim...- sua voz saiu rouca, seus joelhos fixos sobre a cama colocando seu peso sobre o menor, derreando seu corpo por cima do outro, usando as mãos como apoio foi baixando a cabeça até perto do rosto do outro até que tocou os lábios do menor com seus.
Assim que fez isso o menor protestou usando suas mãos para empurrar os ombros de Kanda, num movimento ágil desconectando as bocas, Kanda imobilizou Allen prendendo suas mãos no topo da sua cabeça, Kanda voltava para a boca de Allen, entretanto o menor continuou a se mexer:
-PARE DE FUGI, ALLEN WALKER!- berrou Kanda. O cabelo de neve se assustou, o encarando por alguns momentos e depois desviando.
-E-eu não... estou fugindo... pare... por favor... eu... –Allen fechou os olhos, tentando achar as palavras para falar naquele momento, os olhos de Kanda o atrapalhavam. Não podia negar que toque dos seus lábios fora bom, mas estava com medo, tudo acontecia muito rápido, o queria, mas algo dentro de si o fazia parar. Kanda saiu de cima dele bruscamente.
-Desculpa...- foi tudo o que ouvira. Para Kanda ele precisava ouvir, mas não pode, seus sentimentos não eram correspondidos, mas algo dentro dele dizia que isto não estava certo, que não era assim que as coisas acabavam. Porém ele apenas se deitou de costa para o menor fingindo dormir.
.::OoOoOoOoO::.
Allen se mexia inquieto na cama, sua respiração pesada e seu corpo suado, sonhava com Mana, com o Conde, com os noahs, muitas outras coisas que estava lhe dando medo, um pesadelo de sua vida cruel era passado diante dos seus olhos, até acordar sobressaltado. Ficou sentado na cama até sua respiração normalizar tentando esquecer o sonho, tentou voltar a dormir, mas sentiu uma dor aguda atingi seu olho esquerdo, fazendo-o gemer, massageou o olho para que a dor diminuísse, mas ele se ativou e começou a ouvi as vozes. Voz das almas dos akumas, pedindo por ajuda, tampou os ouvidos para que as vozes cessassem, entretanto foi inútil, pois as vozes vinham da sua cabeça, sussurrou baixinho:
-Por favor, calem a boca, eu vou salvá-las, mas calem a boca, eu não consigo... –Allen não conseguiu terminar a frase outra pontada, como uma agulha entrando em seu olho, o atingiu, as vozes que suplicavam por salvação ficaram mais altas, na hora que iria dormir isso sempre acontecia, como se pedissem para que ele não descansasse até que todas fossem salvas, mas por algum motivo hoje estava pior.
Allen tentou se levantar para lavar seu rosto, mas seu corpo todo tremia devido a dor em seu olho esquerdo, com os pés arrastando e meio cambaleante se dirigiu até o banheiro, mais uma vez seus movimentos eram cuidadosamente vigiados pelo japonês que havia acordado com seu pequeno gemido, escutou parte do que ele havia sussurrado, decidiu não interferi por enquanto, apesar de muito preocupado. Allen conseguiu ir até a porta do banheiro com bastante esforço, sua mão esquerda segurava o olho enquanto a direita girava a maçaneta, um pequeno degrau, uma mesa e uma dor no olho, junte tudo isso e vai dar um Allen quase morto caído na porta do banheiro. Nessa hora Kanda se levantou rapidamente e saiu correndo em direção do menor caído, assim que chegou perto pode ver que o britânico se contorcia de dor.
Seus joelhos estavam dobrados e sua mão livre com o punho cerrado enquanto a outra apertava fortemente o olho esquerdo, Kanda o levantou cuidadosamente fazendo-o sentar, ao tocar nas suas costas senti a camisa toda molhada de suor. O maior olhou para o rosto do pequeno e pode ver claramente o sofrimento que passava, sua expressão pálida, seu olho direito cinza totalmente apavorado misturado com dor enquanto o outro era tapado por sua mão esquerda. Kanda pegou a mão livre dele, que tremia descontroladamente, e deu as mão com a sua, mostrando que ele estava ali para ajudá-lo, enquanto fazia isso pode ver que a boca de Allen se abria, mas não saia nenhum som, provavelmente ele estaria gritando, entretanto por algum motivo nenhum som saía. Viu que o menor poderia acabar cortando o seu próprio olho devido à força que fazia ao apertá-lo e que de fato isso ocorreu, ele cortou sua própria sobrancelha cravando suas unhas nelas, assim que viu o sangue escorrer pegou sua mão esquerda e tirou da frente do olho. E viu, mas preferiu não ter visto.
A orbe vermelha girava descontroladamente como um monstro que possuía vida, uma vida demoníaca, pode sentir o quanto as almas dos akumas era nojentas e suas vozes agonizantes. Enquanto Allen tentava de algum modo diminuir ou expressar sua dor, Kanda estava desesperado com a situação, tentava de algum jeito apaziguar a dor. Começou a distribuir beijos ao redor do olho, beijando primeiramente o local que sangrava, sentindo o seu sangue quente em seus lábios, o menor nem parece sentir o que o outro estava fazendo, entretanto continuou até a dor parar. Kanda soltou os pulsos de Allen que caíram no chão produzindo um baque surdo, continuou beijando ao redor do olho e assim que ele desativou, beijou o olho esquerdo, num selinho longo e demorado com todo seu amor, para que nunca mais aquilo voltasse.
Kanda sabia que Allen não teria forças para voltar para a cama e gentilmente carregou no colo, primeiramente o abraçou percebendo que ele não regia, o carregou no colo. O menor ainda tremia nos seus braços e suava muito, queria retirar aquela camisa que estava pingando de suor do corpo dele, então assim que colocou na cama, vasculhou suas coisas atrás de outra peça. Encontrando-a, pegou e voltou para cama, Allen ainda estava no mesmo jeito que o deixara, seu corpo não regia ao seu toque, parecia morto. Afugentando esses pensamentos tirou a camisa do britânico e vestiu a seca nele, ele pareceu não se importar ou pelo menos não esboçava nenhuma reação, o arrumou cuidadosamente na cama e colocou sua cabeça sobre o travesseiro e acariciou sua cabeleira branca enquanto o menor parecia admirar o teto com uma expressão vazia.
O japonês tentou se levantar para voltar para sua cama quando algo segurou a manga da sua camisa. Allen segurava firmemente a camisa do seu companheiro de viagem e tinha voltado a tremer. Kanda voltou rapidamente para a cama preocupado com o estado do colega, a expressão vazia que ele antes demonstrava se desmanchava em lagrimas, seus olhos antes recheado de dor deram lugar ao pavor. O maior abraçou o amado com força ao vê-lo naquela situação e sussurrou baixinho no seu ouvido:
-Shhh... eu estou aqui... calma, eu estou aqui- enquanto falava isso Kanda acariciava o cabelo de Allen.
-Kanda... eu... estou... com... medo...- falava o menor em seus braços entre os soluços e o choro.
-De que Allen? De que você estar com medo?- perguntou Kanda docemente.
-As vozes... estão mais altas... tudo está indo rápido demais... eu não consigo entender...!- o britânico voltou a chorar com forças em seus braços, enquanto o japonês tentava processar o que seu pequeno havia dito, sabia que ele estava com medo das vozes, mas não entendia o que estava indo rápido demais, ou que ele não conseguia entender.
Isto o fez se desesperar mais, pois queria ajudá-lo e não sabia como não entendia o motivo do choro do moyashi e, além disso, ele nunca tinha ficado assim na sua frente, sempre fora sorridente e brincalhão, nunca havia pensado que ele era tão frágil, parecia uma porcelana que se tocasse poderia quebrar:
-Kan-kanda?- o maior olhou para baixo onde o britânico estava deitado como um bebê e olhou dentro dos olhos do britânico que gentilmente pegou as bochechas do maior com suas mãos e começou a trazer o rosto para perto dele.
A cena se passou em câmera lenta, desde o toque gentil dos lábios do inexperiente albino no japonês até o maior envolvê-lo, fazendo seus corpos se colarem num abraço gentil. Kanda aproveitava o máximo daquele beijo enquanto Allen tentava acompanhar o ritmo do moreno, suas línguas travando uma pequena batalha, as mãos do espadachim subindo e descendo nas costas do britânico, até que o maldito ar faltou e eles se separaram. Ambos estavam ofegantes, entretanto o garoto cabelos de neve estava bem corado e evitava olhar nos olhos do espadachim. Allen inesperadamente saiu do colo de Kanda e se deitou na cama se cobrindo com os lençóis encolhendo-se todo, Kanda apenas ficou observando tudo surpreso, até que o pequeno o chamou:
-Kanda...? Dorme... dorme comigo? Me faz... me faz... sentir... calor- o britânico se encolheu mais ao dizer aquelas palavras e ficou escondido nos lençóis, mas não parou de falar- Eu... to com... medo... me tira... esse medo...
O japonês abriu um largo sorriso entendendo a mensagem de Allen e puxou o lençóis revelando um britânico totalmente corado, o maior começou a engatinhar sobre a cama em direção ao pequeno e colocou o rosto na mesma altura da dele, voltando a beijá-lo novamente, dessa vez o beijo continha uma misto de paixão e desejo, que fez o menor gemer bem baixinho. Após o beijo Kanda ficou encarando o amado por alguns instantes tentando saber o motivo da mudança, entretanto não iria perder esta chance, gentilmente começou a abrir os botões de sua camisa. Pensou em recuar, pois talvez, e o mais provável, o menor só quisesse se aproveitar dele, porém isso não importava se ele havia pedido para fazer ele faria. Nem que fosse a primeira e única vez.
Devagar o peito alvo de Allen foi se revelando, fazendo-o corar mais com cada botão aberto, após de todos estarem abertos, Kanda ficou observando o quanto é belo o corpo do exorcista e lentamente pousou a mão sobre o seu tórax, deslizando, numa linha incrivelmente torta. Parando no seu abdômen definido, no qual fez pequenos movimentos circulares no umbigo, causando no menor, pequenos arrepios por todo o corpo, claramente demonstrado pelos seus pelos arrepiados. Na mesma velocidade que sua mão, direcionou sua boca para o peito distribuindo leves beijos por toda sua extensão, sua boca então subiu, lambendo sem parar, até o pescoço, deixando para trás uma trilha de saliva quente. Quando chegou ao pescoço distribuiu fortes beijos e pequenas mordidas deixando marcas vermelhas nos lugares onde passava, subiu um pouco mais até atingir sua orelha:
-Allen... –o garoto estremeceu- Por que... – a mão de Kanda começou a brincar com os mamilos claros do menor, fazendo-o gemer baixo- mudou de idéia...? –aquilo não havia saído da cabeça do espadachim, ele realmente queria saber se aquela seria ultima vez.
-Ah...- Allen virou o rosto num claro movimento de prazer, o maior aumentou o ritmo dos movimentos com a mão, enquanto o outro tentava segurar seus gemidos, porém em vão- Ah...- o japonês via que ele não iria dizer, então resolveu aumentar a 'tortura'.
Desceu sua mão até a calça do pequeno, enquanto isso, mordia e lambia o pescoço dele, que respirava pesadamente. Ao chegar na calça do menor abriu bem devagar o botão e o zíper, para depois adentrar a mão na sua cueca, apertando levemente o membro duro dele. O britânico se assustou com o toque e ficou mais vermelho:
-Kan-Kanda... não... ai não... –pediu Allen, porém Kanda não ouviu e começou a fazer movimentos de vai e vem nele com as mãos- Ah... não... Kanda... não... –o japonês se deliciava com as tentativas do seu companheiro em parar seus movimentos, além das expressões que ele fazia.
-Vamos, moyashi... diga o por que mudou de idéia e eu pararei...- Kanda sabia que ele falaria, mas não pararia. Aumentos os ritmos dos movimentos, Allen começou a gemer mais alto e forte.
-Seu toque... ah... me faz... ah... sentir... ah... calor... ah... eu gosto... ah... desse... ah... calor... ah... e... eu... gosto... de você...- Kanda ficou surpreso ao ouvir aquilo, mas gostou do que ouvi e por isso aumentou mais uma vez os movimentos com a mão- Aahh... você disse... ah... que... ah.. iria... ah... paraaar...
-Por que se você está gostando tanto?- e soltou um sorriso sarcástico.
Sentiu que o menor estava ponto do orgasmo e decidiu pela ultima vez aumenta o ritmo até ele gozar. O que não demorou muito, um pequeno jato de liquido branco saiu do membro do garoto de cabelos alvos que soltou um gemido demorado e alto. Kanda tirou a mão lambuzada pelo sêmen do seu amado e lambeu com prazer, enquanto Allen cobria o rosto com um braço, ofegante, tentando entender todas as emoções que sentia. Tudo aquilo era bom e não queria que o Kanda parasse, além de querer de novo, gostava do japonês, mas estava com medo do que ele faria, estranhamente estava com medo da dor. Após lamber todo o sêmen do garoto, o espadachim sussurrou ao ouvido do britânico:
-Você quer sentir um prazer ainda maior...?- para o japonês independente da resposta continuaria até conseguir o quer. Allen retirou o braço do rosto e encarou Kanda surpreso, "o que seria esse prazer maior?"
-O que você- a mão do espadachim desceu até as calças e as retirou por completo assim como a cueca- Kan-Kanda? O que você... ah- a mão do seu amado foi descendo até seu membro, mas não parou lá, foi mais para baixo atingindo o seu anûs. O que fez o menor dar um pequeno gemido- Kan-Kanda... não... aí não.. é sujo...- o japonês não parou, ao contrario aumentou a freqüência dos movimentos- ai... Kanda estar doendo... serio estar doendo- o espadachim encarou o britânico por alguns instantes e retirou o dedo. Allen pensou que ia se sentir bem, porém foi como se tivesse arrancado uma parte dele.
-Gomem'nasai*... não pensei que doeria tanto... – era claro a decepção nos olhos do outro, porém Allen não sabia o que fazer. Doeram quando ele fizera aquilo, mas quando ele retirou não gostou, queria o espadachim, o amava e queria que o amado se sentisse bem- Boa noite Allen- Kanda se levantou da cama sem ao menos lhe dar um beijo de boa noite.
Allen não pode deixar de sentir raiva, ele não se senti pronto para o que Kanda queria fazer. O pequeno não pode deixar de sentir o desejo, mas não queria agora, na verdade queria e não queria. Estava tudo confuso em sua mente, não sabia o que fazer, decidiu se levantar e questionar ao companheiro a sua atitude, depois de fazer aquilo tudo com ele, resolvera desistir? "Este pequeno moyashi não deixaria assim". Sem nenhuma coberta se levantou e foi até o seu amado, sentou por cima dele e Kanda o encarou assustado:
-Mo-moyashi? O que faz aqui?- Allen não respondeu e o beijou, deixando seu instinto guiar suas mãos.
Que desceram para sua camisa, abrindo com rapidez. Sua boca foi para o pescoço, fazendo assim como ele fizera consigo, após abrir a camisa sua mão desceu para a calça, encontrando uma pequena dificuldade visto que ele estava em cima do amado, além do mesmo está sentado na cama. Assim que passou a mão por cima da calça pode senti que ele estava com um volume do tamanho do seu anteriormente, e isto fez o britânico corar bastante, mas não o suficiente para fazê-lo parar. O menor sabia o que fazer, já tinha visto o seu mestre fazer com um subordinado dele antes e faria o mesmo. Por que vira que o mestre havia se sentindo muito bem, apesar do subordinado não parecer senti o mesmo. Baixou a calça e a cueca o suficiente para retirar o membro do amado e lentamente ele começou a lambê-lo e chupá-lo carinhosamente, deixando bem molhado, não demorou muito com a boquete e pousou a sua entrada sobre o membro do maior que estava bem surpreso e por isso não conseguia mover nenhum músculo:
-A-Allen? O que você.. ah!- Allen havia começado a penetrar a sua carne com o membro do garoto- Ei! Ah... não... ah... precisa... ah fazer isso! ah... senão quiser!
-Eu sei... ah...- o menor penetrava lentamente sentindo dores muito forte, era desconfortável, já que Kanda era bem dotado- Que você... ah... quer... ah... então... eu também... ah... quero!- O britânico havia penetrado o membro do maior totalmente em sua carne e por isso havia parado por alguns instantes para recuperar o fôlego.
Kanda o encarava assustado se perguntando o motivo da atitude do seu pequeno, porém não demorou muito nestes pensamentos já que o menor começara a cavalgar sobre seu membro. Allen parecia gemer de dor, o japonês não fazia nada para parar os movimentos do pequeno, por que estava terrivelmente bom. O britânico tentava de todas as formas manter aquele fluxo dos movimentos, mesmo que doesse e fosse um pouco desconfortável, por que seu amor parecia se sentir muito bem com aquele sobe-e-desce, no qual era pura verdade, Allen era apertado e apesar dos movimentos serem lentos, era melhor coisa de sua vida. O menor estava começando a se cansar do sobe-e-desce, entretanto não iria parar, até por que a sensação melhorava e ele já não sentia mais tanta dor, Kanda percebeu o cansaço do seu albino e resolveu agir trocando de posições, estava na hora de colocar seu amado embaixo:
- Eu assumo daqui... está tudo bem? – o japonês estava preocupado, provavelmente essa era a primeira vez com alguém, e já estava se esforçando bastante. Ele soltou um sorriso.
- Claro que está... se você se sente bem eu também me sentirei... – o albino acariciou as bochechas do amado, deixando o bem vermelho que em resposta, o beijou o mais apaixonante que pode.
Ao término do beijo, os movimentos recomeçaram, num vai-e-vem envolvente e que superava o limite da consciência. Kanda estocava forte e rápido em Allen, desejando gozar, mas ao mesmo tempo aproveitar mais daqueles doces movimentos, seu belo moyashi gemia lindamente aproveitando os movimentos do namorado. O prazer era tão grande para ambos que sem precisar de masturbação e ao mesmo tempo, os dois gozaram, numa contração involuntária dos corpos, o sêmen de Kanda preencheu a entrada de Allen enquanto o sêmen do menor melou todo o seu tórax.
Ali, naquela cama, durante o ato, um se entregou ao outro de alma e paixão, ao um amor quente e cuidadoso, que prometia ultrapassar todas as barreiras, até mesmo da morte. Ao final do ato, os dois grudaram os corpos num abraço quente e protetor, para ambos. Allen descobriu que não estaria sozinho no caminho que havia traçado para si, além de não precisar mais ter medo, pois acreditava que seu amor estaria ali sempre para lhe ajudar e Kanda achou um lugar quente e amoroso que sempre podia se abrigar. Antes de dormir, sentindo o cheiro do pequeno, o maior se pronunciou:
-Moyashi... eu ti amo... ti amo tanto... você... me ama? – o albino sorriu diante a pergunta.
-Claro que eu ti amo... amo, mas que você possa imaginar... - mais um pouco e os dois dormiram com um lindo sorriso no rosto.
.::OoOoOoOoO::.
A missão foi terminada com sucesso, trazendo a innocence de volta a ordem. A viagem de volta fora bem tranqüila com o Allen dormindo no colo do amado, devido a noite e ainda ter o trabalho de recuperar a innocence, fora assim até a chegada na ordem, precisamente até chegaram ao escritório do Komui. Estranhamente a ordem estava vazia e o departamento de ciências estava calmo, provavelmente eles estariam no seu almoço. Kanda agoniado para terminar esta missão e passar mais tempo com seu moyashi, entrou sem bater no escritório do Komui, e se deparou com a cena mais constrangedora de sua pobre vida. Komui e Reever estavam fazendo sexo, sendo Komui o uke e o Reever o seme. Komui usava a sua mesa para apoio e os dois pareciam perto do ápice, porém o espadachim não ficou para descobrir, fechou a porta com violência e pegou a mão do seu moyashi carregando para seu quarto:
-Nossa, então nós não somos os únicos namorados aqui, né? – o japonês não respondeu, fazendo o britânico pensar que fora precipitado demais em chamá-lo de namorados – Somos namorados né, Kanda? - Allen fora empurrado para dentro do quarto de Kanda, no qual fora imprensado contra a parede da porta.
-Claro que somos, moyashi... – o britânico ficou imensamente feliz com aquela resposta, não sabia por que, mas tinha medo de Kanda dizer que não, apesar de tudo.
-É por que... –moyashi não pode responder, teve seus lábios atacados pelo moreno, que foram devorados intensamente. As bocas se desconectaram pela falta de ar – Kan-Kanda?
-Não posso te beijar? – as orbes negras encararam as cinzas.
-Claro que pode, mas precisa desse fogo até parece que quer... aquilo... – o britânico ficou vermelho feito um pimentão.
-E se eu disser que quero? –Kanda sussurrou roucamente no ouvido de Allen, numa clara demonstração de desejo – Tem algo contra? Ver aqueles dois me deixou seriamente excitado...
-Eu vou dizer... que também... estou na mesma situação...
Foi o suficiente para o moreno, depois disso tiveram mais uma rodada de amor e paixão.
N/A: As pessoas perguntam, por que diabos esse final? Eu respondo, por que tenho a ideia de fazer um capitulo extra sendo Reever x Komui, só por isso .-.
E uma coisinha, ela sera uma dou-shot e fora o extra que tenho em mente. Espero que gostem e reviews! *-*
