O Diário de Michelle Bonny.

Hm, oi.

O que escrever? Sei lá. Vi essa agenda aqui no Pérola Negra e resolvi escrever nela, pra passar o tempo que o Jack, Jake e o resto da tripulação estão em Tortuga; Jack não quer que eu desça, para que ninguém saiba que existe mulheres à bordo. "Eu me visto de homem!", eu berrei, mas de que adiantou? "Você está grávida, Shelly. Você não pode passar faixas no corpo."

Se eu soubesse que ser grávida é sinônimo de tédio, eu não tinha feito aquilo com o Jake. E eu só tenho um mês! Ninguém nota! Ah, fazer o quê. Ordens são ordens, não?

Vou contar um pouco sobre a minha vida, para gastar mais tempo, e não ficar escrevendo essas porcarias e passar só cinco minutos escrevendo. Tá, mas vai ser um mini-resumo.

Eu sempre morei perto do mar, afinal, eu morava na Jamaica, e sempre fui fascinada por ele, talvez pelo fato do meu pai tenha sido por uns três anos marinheiro, e sempre contava o que ele fazia quando voltava da viagem. Minha família? Minha mãe, dona de casa; meu pai, dono de uma fazendinha de café e cinco irmãs: Anne, Morgan, Melissa, Marie e Melinda; minha mãe amava a letra M, e resolveu colocar nas filhas todas com nome começando por esta letra, mas depois prometeu para a minha avó, antes de morrer, que ia colocar o nome da mais velha de Anne, em homenagem a tataravó. Ou era a bisavó? Ah, tanto faz.

Melinda sempre foi a minha irmã mais querida, talvez pelo fato que ela tem a idade mais parecida com a minha, um ano mais velha, eu era a caçula. A minha mãe era demais, brincava conosco e fazia um macarrão delicioso, mas depois começou a inventar negócio de casamento. Ela desesperava-se ao pensar que Anne tinha dezesseis anos e nenhum pretendente: ela gostava mesmo era de ficar pelo porto, até que um dia fugiu. Fugiu entre aspas, na verdade: disseram que ela foi raptada, mas eu nunca acreditei. Dizem hoje que ela está morta, ela foi uma pirata de Calico Jack, e fico espantada de ouvir que ela casou com um primo de milésimo grau que nunca tinha conhecido, e começaram a vida de piratas juntos.

OK, parar de falar da vida da minha irmã. Falar da minha.

Oh, sim, e ela faleceu. A minha mãe, quero dizer. Não a minha irmã. Talvez. Ah, esqueça. E então eu e minhas irmãs (com exceção da Anne) tivemos que viver sem ela, e sim com uma governanta, meu pai dizia que era preciso ter uma mulher em casa. Então eu argumentava: "Tem aqui cinco mulheres.", e ele só respondia: "Mulheres de verdade, não crianças.".

Eu disse que minha mãe se desesperava por casamentos, não? Pois a viúva Winship, a governanta, era viciada, tinha uma fixação por casamentos. Nós íamos para pelo menos três bailes por semana, eu nunca me interessei por casamento, até conhecer o Jake. A Melinda começou a distanciar-se de meus iguais pensamentos, o bicho do casamento a atacou também.

Até que um lindo dia, com a Morgan já casada com um ricaço dos Estados Unidos, com a Melissa casada com um oficial, Marie com um dono de um hotel muito gracinha, e eu e a Melinda encalhadas, a chata da viúva Winship inventou de passear na mansão da Morgan, em Sleepy Hollow, uma cidadezinha nos Estados Unidos.

Só fui eu, a Melinda e a governanta. Até que nós recebemos uma carta que o papai tinha feito o testamento, deixando quase tudo pra mim e para Melinda, e um pedaço para a Winship. Eu acho que ela ficou com raiva, já que tentou me matar, me jogando do navio. Nunca mais a vi, há boatos que dizem que ela perdeu a cabeça em Sleepy Hollow. Literalmente.

Ah, foi sorte eu saber nadar, e a viúva não saber disso. Eu consegui chegar ao Caribe, e tentei entrar na marinha, era meu sonho viver no mar. Mas só fizeram rir da minha cara. "Você é uma garota! Se fosse ao menos um garoto!", eles zombavam. Fui andando de cidade em cidade, até chegar numa que agora é a mais especial: Tortuga.

Lá resolvi me vestir de homem. A Winship vivia dizendo que eu não era feia, mas não era bonita. "Você não é gorda, nem magra, nem estrábica. Precisa só de uns toques.", ela disse. E falou que eu fizesse penteados em mim, e ao prender num rabo-de-cavalo, ela disse que eu estava bonita, se fosse um garoto. "Minha nossa! Você parece um... menino!". Nunca esqueci disto.

Cortei o cabelo com uma faca e comprei uma faixa acolá para esconder meus seios, e pronto! Um novo garoto nasce! Haha. Mas, quando eu entrei no navio que estava precisando de tripulantes, eu não tinha planejado um nome.

"Mitchell... Bonny.", eu respondi, meio rápido, para não dar suspeitas. Até que depois de cinco navios diferentes, em seis anos de pirataria, aprendendo com um amigo a mágica da esgrima, eu entro no Pérola, quando estava fugindo de alguns caras que descobriram quem eu sou. E vivo muito feliz desde então.

Sabe de uma coisa? Eu não agüento ficar aqui. Eu vou sair daqui, agora, vestida de Mitch Bonny. Adeus.

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Jack estava sentado num banco do bar, ao lado do "fiel escudeiro" Gibbs, bebendo nada mais nada menos que rum. Eles falavam sobre as mulheres de Tortuga, tão belas, e tão encantadoras. Na mesma hora, aparecem Giselle e Scarlett, na direção de ambos.

- Atrás de mim, doçuras? O velho Jack está com saudades! – ele diz, logo acomodando os braços nos ombros das garotas.

- Jack?! – diz Giselle, espantada – Você está...

- Diferente. – completa Scarlett, com os olhos saltando das órbitas.

- Água da Vida, amores. – ele esbanja um sorriso de orelha a orelha; estava com saudades de mulheres. Pelo menos de uma que ele pudesse tocar, ou melhor, apalpar, pois ele convivia agora com uma mulher, Michelle. – Vieram correndo me ver, hm?

- Na verdade, viemos atrás de Gibbs. – disseram elas em uníssono. Jack ficou sem saber o que falar. Gibbs ficou alegre, e as meninas notaram a diferente aparência dele. Jack resolveu ir atrás de alguma mulher, e encontrou uma, quietinha, escrevendo em o que parecia ser um diário. "Que gracinha!" ele pensou. E lá foi ele.

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O Diário de Ivy Victoria Read

Ah, eu não sei o que agora eu vou fazer!

Aquele navio medíocre da marinha tinha que afundar. E logo perto desta imundície de porto PIRATA. Um porto pirata! E agora? Papai conseguiu pegar um bote, e ele não é uma dama da alta classe.

Ei, aí vem um homem, para perto de mim. Ele é tão... lindo. Uau. Como gastam este corpo perfeito com um pirata, e não com pessoas honestas? Eu tenho que ficar aqui, esperando resgate, com a minha mala entupida de roupas.

Ele está falando comigo! Ah! Escrevo mais tarde!

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- Olá, doçura. Quer algo para beber? – ele diz para a bela mulher a sua frente; tinha cabelos cacheados e cor de mel, assim como seus olhos. Ela mexia-se freneticamente, como se Jack tivesse alguma doença contagiosa, tentando escapar da sua mão estendida, esperando ser tocada, para ajudar a dama levantar-se. – Como alguém linda como você está parada, sem companhia? Oh, sou capitão Jack Sparrow. Prazer.

- Read. Ivy Victoria Read. – disse ela, ainda assustada com a bela aparência do homem a sua frente. E ela o deixou a levar para um outro canto imundo: o bar.

- Rum! – disse Jack para a meretriz que servia os homens no bar. – O que você vai querer, srta. Read?

- Água, por favor. – Ela diz com extrema boa educação. A atendente ri, mostrando seus dentes imundos, e responde:

- Nós não estamos com água agora, srta. Rum? É a especialidade da casa. – Ela sorri, tentando ser educada.

- É, bem, então vai rum mesmo. – ela disse, meio espantada. Nunca tinha bebido rum. E ela dá um gole, revirando os olhos com o jeito que a bebida descia pela garganta. Nada mal, na verdade. Ela virou para Jack, que cara lindo, meu Deus! Ela com um gole, já tinha ficado grogue. Ela dá uma risada, o efeito da bebida.

- E então? Vem de onde, srta. Read? – Jack começou a bater papo.

- Venho da Jamaica, capitão... como é mesmo? Ah, Sparrow. – ela faz confusão com o nome. Ele lhe é familiar... não sabe de onde.

- Você é o quê? Perdão perguntar, mas, é uma... meretriz? – ele tentava ao máximo não ofender a garota. Ele tinha se simpatizado com ela, não queria magoá-la.

- O QUÊ? CLARO QUE NÃO! – ela dá um berro, espantada. Mas dava para entender o raciocínio dele, lá ou tinha pirata, ou tinha vadia. Mas ela não era nenhuma das duas coisas. Ainda. Até que ela sente uma coisa nos seus pés, uma coisa meio macia. Ela foi olhar para baixo e... – AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! UM RATO! – ela imediatamente coloca os pés sobre a cadeira, ficando "de pé na cadeira com os joelhos".

O ratinho toma um susto, e sai correndo na direção de uma pessoa que acaba de entrar. Que por acaso lhe dá um chute e sai do bar voando. Essa pessoa olha ao redor, atrás de certas pessoas. Hm, Capitão Jack Sparrow.

- Jack Sparrow...

- Mi... tchell! – ele quase entrega o disfarce da amiga, e fica fulo da vida. "O que ela faz aqui?" – O que você está fazendo aqui, sr. Bonny? Era para você estar, bem, cuidando do navio.

- Quis sair dali. – ele, ou melhor, ela, olha para a criatura desesperada ao lado de Jack. "Mais uma para a coleção...", ela pensou, e sentou-se ao lado dela. Apoiou os braços na mesa, todo, quero dizer, toda acomodada. Ela tinha o dom de fingir que é homem, abrindo as pernas grosseiramente. – RUM! Eu estou com sede, madame.

Imediatamente a pobre atarefada mulher o traz (a traz) uma garrafa de rum, que a mesma bebe com vontade, subindo ligeiramente a cabeça e tomando gole atrás de gole. Olha para a menina ao lado, que deveria ter a mesma idade dela.

- Idade, mocinha...?

- Vinte e dois, sr. Bonny. Chama-se Mitchell? – pergunta ela, espantada pelo ser tão bonito. Pelo menos a coitada achava que era "bonito". Iria descobrir logo a verdade. – Ah, sim, sou Read. Ivy Victoria Read.

- Prazer em conhecê-la, srta. Read. – ela pega a mão de Ivy, e a beija. A garota percebe algo estranho: ao beijá-la, ela pode sentir a pele da bochecha de Michelle, que no momento era Mitch; era uma pele tão macia.

- Pele macia, sr. Bonny. – Jack começava a irritar-se, a garota era dele! Mitchell percebeu a cara de Sparrow, e resolveu então sair atrás de Jake, deixar a Victoria a sós com Jack, ele merecia uma diversão.

- Até mais, srta. – ela fez uma reverência, abaixando-se e tirando o chapéu. Depois, escafedeu.

- Ele era bonito, não? – diz Ivy, olhando pra Michelle.

- Não tanto quanto eu. – sorri sarcástico Jack.

- Claro que não. – ela ri, e dá outro grande gole de rum. Levanta-se, e senta no colo de Jack. – Mas é claro que não. – Jack ri, e os dois continuam a conversar.

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Diário de MB.

Tá, eu trouxe essa coisa para baixo, não sei pra quê. O cheiro do rum é tão bom... e o gosto dele, então! Ainda bem que estou aqui, procurando Jake, meu amoooor! Como o mundo é mais colorido e alegre com ele!

Eu estou necessitando um beijão daqueles nele. Para manter a mente sã. Ahá! Ali está ele! Carregando rum para o Pérola. Hm, vou dar uma "surpresinha" para ele. Até mais.

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Diário de IVR.

Achu que eu tô bebona, Jack bunitaum, hehe

Eu ia sair daqui, eu pegar a mala e procurar pai num sei aond... mas eu caí num canto do navio du Jack e é boum aqui... tô cum soninho agora e nunk mar eu bebu rum puquê

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Após a quilométrica conversa de Sparrow e Read, ela diz que é preciso procurar o pai em algum lugar, ela necessita sair de Tortuga para a casa de férias dela em Port Royal. E a cada palavra, ou ela ria ou fazia um discreto "hic", ela já havia bebido duas garrafas, o que era nem um oitavo do que Jack tinha bebido, porém, ele tinha a mente muito mais sã. Ele aproveitou-se do momento:

- Então, que tal passar esta noite comigo? Amanhã de manhã eu já irei partir, para uma viagem muito longa, uma aventura que você não imagina como será! – ele deu um sorriso, louco para beijar aqueles lábios da garota que estava sentada no seu colo. Que tentação...

- Não dá hic! Jack! Hehe, meu pai deve estar preocupado hic!comigo, e eu devo sair hic! daqui agora! Obrigada por me fazer companhia, hehe, Jaaaack Spaaarrow! – a menina encheu a boca ao falar aquele nome tão familiar a ela. Ele era adorável, mas ainda queria ver seu pai novamente, ele a tinha prometido um vestido e um par de sapatos maravilhosos. Além de ele ser seu pai, claro.

- Então, adeus, srta. Read. – Jack tenta não empolgar-se, e dá um beijo melado de rum na bochecha de Ivy. Ela dá uma gargalhada ébria e retribui o beijo. Na bochecha. E sai, saltitando, com sua bagagem.

Coitada. Estava tão bêbada que não tinha senso de direção. E cambaleou, nada mais nada menos, que até o Pérola Negra, onde estavam um casal se beijando; ela não deu a mínima importância. Vomitou no mar e caiu no cantinho do convés, pegou o diário, qualquer coisa para escrever e fez algumas anotações, até dormir por cima da agenda.

Ninguém da tripulação, de manhã, na hora de partir, percebe uma coisinha ali no cantinho, dormindo pesadamente; então partem, sem até mesmo notá-la.

Olá, companheiras!

Estou de volta com um cap. de uma nova fanfic, O Diário de...; tomara que cês curtam a nova história, continuação de Mistério no Caribe ;DDD
Primeiro capítulo meio chato, eu sei, mas é melhor do que o primeiro de MnC. Eu evolui muito, falando sério ;X

Gostaram da Ivy Victoria Read? Huehuehue, tá aí, Ivone, a personagem que eu prometi! O nome é Ivy justamente por causa da Ivone xD

No próximo capítulo:

Jack estava acostumado a assim que dar os primeiros goles de água (não, rum de manhã, não) e comer um pouco de pão e biscoito, ou frutas quaisquer que tenham, e Michelle aparecer quase na mesma hora querendo comer também.

Ele não estava acostumado a ver uma senhorita que ele conversa um dia antes aparecendo com fome também.

Bjks ;
Reviews, pliiis .