Após o Inverno vem a Primavera
Sakura olhava pela janela de sua casa. Ela podia
ver as árvores nas ruas ficando carecas. As folhas douradas
caíam no chão, anunciando o Inverno que chegava. Mais um ano
terminava; mais um ano longe de seu amado Shaoran.
Silenciosamente, Sakura derramou uma lágrima. Já tinha se
passado quatro anos desde que Shaoran voltara para Hong Kong. No
começo, ele mantinha contato sempre; mas de dois anos para cá,
tinha parado de telefonar e de escrever, o que deixava Sakura
extremamente preocupada e angustiada. O pensamento de que algo
pudesse ter acontecido com Shaoran era algo que ela não podia
suportar.
"Dois anos." pensou Sakura. "Para mim parece muito
mais."
Kero observava a garota, sentindo apertar seu coração, mas
sabia que não devia dizer nada. Sabia que o que Sakura mais
queria no momento era ficar sozinha com suas lembranças.
Sakura se levantou e sentou na cama. Olhou para o ursinho que
Shaoran lhe dera antes de partir, prometendo um dia voltar para
ela. Mas o tempo passou, e ele não voltava. Abraçada ao
ursinho, Sakura começou a cantar:
Como ouro caem as folhas ressequidas ao vento
E com elas se vão os anos além da conta e do tempo.
Meu amado Shaoran há muito tempo partiu
Por eras, longos anos, ninguém nunca mais o viu.
Ó Vento Norte voe por sobre a Morte
Procure meu amado, traga-me a Boa Sorte.
Escale Montanhas, cruze Vales
Viaje o Mundo, percorra os Mares.
Traga meu Shaoran de volta para mim
Para que meu sofrimento finalmente tenha fim.
Sakura adormeceu, ainda abraçada ao ursinho.
Acordou na manhã seguinte com Touya gritando para ela ir tomar
café. Rapidamente se trocou e desceu as escadas.
"Bom dia!" disse Touya, estendendo um prato.
"Tome, fiz ovos fritos."
"Bom dia, Touya." disse Sakura. "O que aconteceu
com o "monstrenga"?"
"Acho que você já está grandinha para isso."
respondeu seu irmão, com um sorriso. "Afinal, você já tem
16 anos."
"A mesma idade que a mamãe tinha quando se casou com o
papai." disse Sakura pensativa. Touya acenou a cabeça,
concordando. Ambos ficaram em silêncio por um minuto. Sakura
voltou a pensar em Shaoran.
"Está pensando nele, não está?" perguntou Touya.
Sakura confirmou. "Ele vai voltar. Afinal, ele prometeu,
não é mesmo?"
Sakura sorriu. Sabia que seu irmão estava certo. Shaoran jamais
tinha lhe faltado com a palavra. Ela tinha que confiar nele.
Sakura agradeceu e deu um beijo no rosto do irmão.
Touya observou Sakura sair e subir novamente as escadas. Não
gostava de Shaoran, mas sabia que ele era um bom rapaz, e que
Sakura o amava do fundo do coração. Por mais que lhe doesse
admitir, ele bem que gostaria que Shaoran voltasse logo.
"Esse moleque!" resmungou Touya. "Volte logo e
pare de fazer minha irmã sofrer!"
Sakura tinha ficado de se encontrar com Tomoyo e Eriol na praça
do Rei Pingüim. Eriol tinha voltado da Inglaterra no começo do
ano. Um mês depois de se reencontrarem, Tomoyo e Eriol tinha
começado a namorar. Sakura achava que os dois formavam um casal
perfeito.
"Que bom que veio, Sakura!" disse Tomoyo.
Os grupo caminhou até um café que ficava perto da praça. Na
Primavera e no Verão, sempre havia mesas e cadeiras do lado de
fora, para que as pessoas pudessem se sentar ao ar livre e
conversar. Mas agora, o toldo de lona havia sido recolhido, e
não havia nada do lado de fora além das folhas amarelas
sopradas pelo vento.
Os três se sentaram, e um rapaz veio atendê-los. Qual não foi
sua surpresa ao ver Yukito parado e sorrindo para o grupo.
"Olá, pessoal!" cumprimentou Yukito animadamente.
"O que vão querer?"
"Três chocolates quentes." respondeu Sakura. A garota
já havia se acostumado a encontrar Yukito trabalhando em todo
tipo de lugar. Yukito foi preparar o pedido dos três amigos,
enquanto Tomoyo perguntava para Sakura se Shaoran havia dado
notícias.
"Não." falou Sakura, desanimada. "Faz dois anos
que ele não escreve nem telefona. Temo que algo tenha
acontecido."
"Não se preocupe." disse Eriol, tranqüilizando a
garota. "Sei que ele está bem. Mas está se empenhando
muito no treinamento."
"Tem certeza?" perguntou Sakura. Eriol confirmou.
"Então o que ele está fazendo agora?"
Eriol hesitou por um instante. Receava usar seus poderes para
resolver qualquer coisa, mas Sakura estava demasiado angustiada,
e ele decidiu que era motivo mais que suficiente. Concentrou-se e
pôde visualizar Shaoran, seu teimoso descendente, no topo de uma
alta montanha, enfrentando lobos.
"No momento, ele está muito longe de casa." disse
Eriol. "Por isso não lhe manda notícias. Ele está
treinando duro nas montanhas. Mas tudo está bem."
Sakura abriu um sorriso, como não se via há muito tempo. Eriol
não achou que era necessário contar a parte dos lobos à ela.
Tomaram o chocolate quente e caminharam mais um pouco pelo
parque. Depois se separaram; Tomoyo e Eriol foram para um lado.
Sakura ficou sentada no banco da praça. Ela observou o bonito
casal se afastar, abraçados. Como ela gostaria que Shaoran a
estivesse abraçando neste exato momento.
Por colinas e campos voa o Vento Sul
Escute esta canção e percorra o Céu azul.
Leva meu coração, até onde meu coração chorar,
Pois lá encontrará meu Shaoran andando no Luar.
Ó Vento Sul, percorra o infinito espaço,
Leva para meu amado esta canção que agora eu faço.
Transmita a ele meu sofrimento infinito,
Diz a ele que sem ele eu não existo.
Meu Pequeno Lobo, volta logo para mim,
Para que minha angústia finalmente tenha fim.
Sakura parou de cantar e se levantou para ir
embora. Enquanto caminhava pelo parque, sentiu algo fofo raspar
de leve em seus cabelos. Ela olhou para cima. Neve! Estava
nevando! O primeiro dia de neve deste Inverno. O quarto ano de
neve sem Shaoran....
A garota chegou em casa no fim da tarde. Estivera ocupada fazendo
um grande coração na neve com seu nome e o de Shaoran. Estava
um pouco mais animada em saber que seu amado estava bem. Depois
de tomar um banho, Sakura fez o jantar para sua família. Seu pai
foi o primeiro a chegar, e não pôde deixar de notar que sua
filha estava mais alegre que nos últimos dias. Isso o
tranqüilizou bastante. Algum tempo depois, foi Touya quem
chegou. Assim como seu pai, percebeu que Sakura estava mais
animada. Após o jantar, Sakura subiu para seu quarto, levando um
pedaço generoso de torta de morango para Kero.
"Aconteceu alguma coisa?" perguntou Kero, notando a
súbita elevação no ânimo da garota.
"Ele está bem, Kero." disse Sakura, sorrindo
levemente. "Meu Shaoran está bem. Mas ainda queria que ele
estivesse agora comigo."
Kero observou Sakura se trocar e deitar-se na cama. Não demorou
muito para pegar no sono. O Guardião se sentia aliviado em saber
que Sakura estava mais feliz.
O tempo se passou, e logo chegou a época de
Natal. Novamente, Sakura encontrou-se com Tomoyo e Eriol no
Parque. Novamente eles foram até o café tomar uma xícara de
chocolate. O lugar continuava o mesmo, exceto por uma grande
faixa com votos de Boas Festas que havia sido colocado na fachada
do estabelecimento. Dessa vez, Yukito não foi atendê-los; tinha
mudado novamente de emprego.
"Estive pensando, Sakura." disse Tomoyo. "Será
que você e sua família não querem comemorar o Natal lá em
casa? Vamos fazer uma grande festa. Até o vovô vai."
Sakura havia conhecido seu bisavô no ano anterior, quando este
decidira fazer uma inesperada visita à casa dos Kinomoto. Ela
pensou por um instante e decidiu que iria. Afinal, seria uma
ótima oportunidade de juntar as famílias novamente. A mãe de
Tomoyo já havia aceitado e perdoado Fujitaka. Haviam se tornado
amigos, o que deixava tanto Sakura quanto Tomoyo muito felizes.
"Pode contar comigo." disse Sakura, sorrindo para
amiga. Tomoyo sorriu também. Sakura pensou que realmente estava
precisando se distrair um pouco, se divertir, se animar. Afinal,
ficar se lamentando e remoendo o passado não traria Shaoran de
volta. Tudo o que ela podia fazer era esperar, confiar, amar.
Esperaria seu amado o quanto fosse preciso. Confiaria em seu
Pequeno Lobo todos os dias de sua vida. E amaria Shaoran até o
dia de sua morte.
Despediram-se logo depois de terminar o chocolate quente. Tomoyo
tinha ainda muitas coisas para terminar de preparar até o dia da
festa. Eriol estava ajudando. Sakura quis ajudar também, mas
Tomoyo insistiu que ela não precisava se preocupar, que ficasse
tranqüila e aguardasse o dia da festa.
Os dias transcorreram, um após o outro, e finalmente a Véspera
de Natal chegou. Sakura terminava de se arrumar para a festa. Seu
irmão e seu pai faziam o mesmo. Chagaram à mansão Daidouji
pontualmente às nove horas, como haviam marcado. Tomoyo, Sonomi,
Eriol e Nakuru os recepcionaram alegremente. Sem perder o
costume, Nakuru abraçou Touya exageradamente e lhe deu um beijo.
Touya não gostou nem um pouco.
Pouco a pouco, os convidados começaram a chegar. Parentes,
amigos, conhecidos. Sakura reconheceu seu bisavô no meio de
tanta gente. Pessoas que ela nunca havia visto e que agora
descobria fazer parte da família. Conheceu a irmã de sua mãe e
um primo.
A festa estava muito animada. A família de sua mãe era bastante
numerosa. Devagar, sua família começou a conversar com a
família de sua mãe. Foi reconfortante ver que a família de
Nadeshiko havia perdoado seu pai e entendido que ninguém mais no
mundo poderia ter feito sua mãe mais feliz.
A alegria daquela noite era palpável. Tanto, que Sakura sorria,
como há muito tempo não se via. Não parara de pensar em
Shaoran, mas não estava sofrendo. Muito pelo contrário. Ela
desejava que seu Pequeno Lobo estivesse tendo um ótimo Natal
junto com sua família.
O imenso cuco na parede anunciou a meia-noite. Todos se
cumprimentaram e se abraçaram, desejando Feliz Natal. Sonomi foi
a primeira a falar:
"Espero que estejam gostando da festa. Em primeiro lugar,
gostaria dar as boas vindas à família Kinomoto." todos
aplaudiram. Sonomi continuou. "Que esta seja somente a
primeira de muitas festas e Natais que passamos juntos. Em
segundo lugar, gostaria de agradecer a todos por terem vindo à
humilde festa que ofereci."
Sakura olhou à sua volta e riu. Se isso era o que a mãe de
Tomoyo considerava humilde, Sakura gostaria de ver o que ela
chamava de luxuoso. Certamente a festa estava longe ser humilde,
com todos aqueles enfeites e tudo mais. Pelo menos para Sakura.
Ela olhou novamente para a mãe de Tomoyo, que terminava seu
discurso.
"E por último, gostaria de desejar a todos um Feliz Natal e
pedir que aproveitem a festa o máximo possível."
Todos aplaudiram quando Sonomi terminou de falar. Logo em seguida
foi a vez do bisavô de Sakura começar um discurso:
"Primeiramente desejo-lhes um Feliz Natal. Hoje é uma noite
muito especial. Hoje é o dia em que duas famílias, dois mundos,
voltaram a se unir. Gostaria de cumprimentar o Sr. Fujitaka
Kinomoto, e pedir-lhe desculpas por tudo o que aconteceu.
Gostaria que ele soubesse que o considero um homem de bem, e que
fico feliz que minha Nadeshiko o tenha escolhido. Sei que
ninguém mais a faria feliz. Sr. Kinomoto, seja bem vindo à
nossa família."
O salão rompeu novamente em aplausos. Por último, o pai de
Sakura se levantou para falar:
"Muito obrigado, Sr. Amamia." agradeceu o professor.
"Não sabem como este dia é importante para mim e minha
família. Fico grato que tenham nos aceitado. Gostaria de pedir
perdão a todos. Nós éramos muito jovens na época, e não
fazíamos idéia do sofrimento que causaríamos a todos com nosso
casamento. Peço desculpas por todo sofrimento que os fiz passar.
Mas deixemos o passado para trás. Que nosso relacionamento só
melhore a partir de agora e se prolongue por várias
gerações."
Todos aplaudiram e concordaram. Sakura sorriu. Estava feliz
naquela noite. Tomoyo se aproximou da amiga, trazendo um embrulho
muito bonito, com laços de fita vermelha e o desenho de um flor
de cerejeira no centro.
"É para você." falou Tomoyo, entregando o presente
para Sakura. A garota abriu os delicado pacote e encontrou uma
caixa envolvida em veludo. Abriu. Era uma gargantilha de ouro
linda, com um pingente em forma de flor de cerejeira, esculpida
habilidosamente em um pequenino rubi. A delicadeza da peça era
surpreendente. Tanto, que até Sakura ficou com medo de tocar na
jóia. Tomoyo pegou a gargantilha e a colocou no pescoço de
Sakura. Era incrível como a jóia ornava perfeitamente bem com a
garota. Cada detalhe, cada pequeno detalhe parecia combinar-se
com o corpo delicado de Sakura, para formar um único ser de
beleza inigualável. O pingente tinha o mesmo brilho dos olhos da
menina. Junto com a caixa, estava um cartão. Sakura pôde
reconhecer a caligrafia caprichosa de Tomoyo:
Querida Sakura,
Gostaria de desejar um Feliz Natal à pessoa mais doce que já
conheci. Acredite em seus sonhos, Sakura, pois um dia ele irão
se realizar. Basta você ter fé e não desistir jamais.
À minha amiga tão querida,
Desejo felicidade por toda vida
Com muito carinho,
Tomoyo
Sakura leu o cartão e sorriu para Tomoyo.
"Obrigada." foi tudo o que disse. Não havia mais o que
dizer. A expressão dos olhos de Sakura já mostravam tudo o que
ela estava sentindo naquele momento. As duas garotas se
abraçaram; Sakura agradecendo por ter uma amiga tão boa como
Tomoyo.
Após a troca de presentes, Sakura foi até o imenso jardim da
mansão de Tomoyo. Sentou-se em um banco perto da fonte. A neve
caía em pequenos e fofos flocos brancos. Sakura olhou para o
céu estrelado. Contemplou a lua, imponente e majestosa, rainha
dos céus noturnos, e nela viu refletida a imagem de Shaoran.
Lua ,imponente e bela dama
Escuta minha voz que agora clama.
Abençoe meu Shaoran com teu encanto
Diz a ele que o amo tanto.
Bela é tua face, Lua Rainha
Olhando para ti não me sinto mais sozinha.
Pois em ti, meu amor posso contemplar
Meu Pequeno Lobo com luz em seu olhar.
Agradeço a ti, Linda Dama
Por ter acendido em mim uma nova chama.
Chama que vence a escuridão
E apaga a tristeza do meu coração.
Esperança agora vou alimentar
Esperança que um dia meu amor irá voltar.
Mais um ano havia começado. Em breve, muito em
breve, as aulas de Sakura também iriam começar. Ainda fazia
muito frio, e toda Tomoeda estava coberta de neve. Naquela tarde,
Kero estava comendo um grande pedaço de bolo de morango que o
pai de Sakura havia feito. A família Kinomoto tinha saído para
um passeio. O Guardião da Lacre tinha ficado em casa, pensando
sobre sua mestra e sobre o moleque. Desde que ele tinha partido
de volta para Hong-Kong, Sakura nunca mais tinha sido a mesma.
Às vezes sentava em um canto, calada e deprimida. Algumas vezes
chorava sem qualquer motivo aparente. E embora ela insistisse que
não era nada de importante, Kero sabia que ela sentia falta de
um certo garoto de cabelos rebeldes e olhos cor de mel, que um
dia havia dito que a amava. Sabia que Sakura queria estar perto
dele. Não obstante, ela fingia muito bem para todos que nada
estava acontecendo e que tudo estava bem. Ela sempre fazia de
tudo para manter as aparências. Então Kero parou para pensar e
percebeu que Sakura tinha estado mais animada nas últimas
semanas. O ânimo da garota tinha se elevado bastante desde que
voltara da festa na casa de Tomoyo; uma festa, aliás, que Kero
ficou furioso de não poder ir.
Já tinha anoitecido quando ele ouviu o barulho da fechadura. A
família Kinomoto havia retornado. Subitamente, ele escutou um
grito. Um grito familiar, que há muito tempo ele não ouvia.
Não demorou muito até Sakura entrar correndo no quarto, com uma
expressão de felicidade que Kero nunca mais pensou em ver
estampada no rosto de sua mestra.
"É uma carta, Kero!" gritou a menina, girando o
pequeno guardião no ar. "É uma carta do Shaoran!"
Sakura sentou-se em sua escrivaninha e abriu o envelope.
Minha querida Sakura,
Me desculpe por ter passado tanto tempo sem te escrever. Tive que
ir para as montanhas para treinar e não tive tempo para te
avisar. Espero que não tenha feito você sofrer, pois isso é
algo da qual nunca poderia me perdoar.
(...)Escrevo esta carta para dizer que meu treinamento finalmente
acabou, mas que ainda tenho alguns assuntos a tratar por aqui. Me
espere só mais alguns meses, meu amor, e em breve, muito em
breve, estaremos juntos novamente. Estou com muitas saudades de
você, e mal posso esperar para te rever.(...) Meu tempo está
acabando e tenho que ir, mas prometo que voltarei a escrever o
mais breve possível. Eu te amo.
Do seu Shaoran.
Sakura abraçou a carta fortemente junto ao peito. Uma pequena
lágrima escorreu pelo seu rosto. Não poderia descrever a
alegria que estava sentindo naquele momento. Apenas fechou os
olhos e pensou em Shaoran.
Vento Oeste, escute meu coração
Veja a alegria contida nesta canção.
Meu amor finalmente poderei rever
Minha alma nunca mais irá doer.
Ó Vento, meu querido amigo
Sinta a força que carrego comigo.
Sinta o amor que carrego em meu peito
Fazer meu caminho se tornar mais perfeito.
A promessa finalmente irá se cumprir
E meu amor para meus braços há de vir.
Naquela semana, todos notaram que Sakura
recuperara a alegria de sempre. A alegria e a vitalidade que
fazia tantas pessoas se encantarem por ela havia voltado, e seu
encantador sorriso estava novamente estampado em seus lábios.
Tomoyo estava muito feliz por sua melhor amiga ter recuperado o
bom humor e a alegria.
As semanas passaram num piscar de olhos, e antes que todos
esperassem, o período letivo começou. Sakura reencontrou suas
amigas, reviu antigos professores. Continuava tendo dificuldades
em matemática, mas nos esportes se destacava como ninguém. E
como nos outros anos, continuava chamando atenção de todos os
rapazes da sala.
Desde que Sakura havia entrado no colegial, os garotos a
cortejavam, e a convidavam para sair. Mas Sakura sempre recusava.
Seu coração só tinha espaço para uma pessoa: Shaoran.
Acabou-se o mês de Fevereiro, e Março também não demorou a
passar. Logo, o aniversário de Sakura havia chegado. Ela estava
completando 17 anos. Tomoyo ofereceu uma grande festa de
presente. Seus amigos estavam todos lá, assim como seus
parentes, tanto da parte da família de sua mãe como da família
de seu pai.
Seu bisavô lhe deu um belíssimo vestido de cetim. De seu pai,
ganhou um porta jóias esculpido em marfim. Yukito lhe deu um
pesado livro sobre culinária francesa que, segundo ele, era um
dos melhores livros que já tinha lido. Touya havia lhe comprado
uma bonita bola de cristal. Disse que era para ela pôr de
enfeite em seu quarto. Sakura estava completamente deslumbrada
com todos aqueles presentes. Nunca antes havia ganhado tantas
coisas e tão caras.
Era início de Primavera, e as flores desabrochavam, colorindo
uma paisagem antes dominada pelo branco e pelo cinza. Sakura
podia ver a Cerejeira do Parque Pingüim ao longe, carregada de
pequeninos botões cor-de-rosa.
Já tinha anoitecido quando decidiram cortar o bolo. Tomoyo tinha
feito a massa e o pai de Sakura tinha confeitado. Sakura ofereceu
o primeiro pedaço para seu pai, dizendo que ele era o melhor pai
do mundo. Em seguida foi a vez de Touya. Sakura o agradeceu por
ele sempre se preocupar com ela. O terceiro pedaço foi para
Tomoyo. Sakura disse que ela era sua melhor amiga, e agradeceu
por todo o apoio que Tomoyo sempre tinha dado a ela nos momentos
difíceis de sua vida.
Eriol tinha passado a festa inteira com um misterioso sorriso no
rosto. Somente Tomoyo parecia saber do que se tratava. Já era
tarde, e aquele dia 1º de Abril estava terminando, quando Tomoyo
disse que o maior presente ainda estava por vir. Sakura não
entendeu o que sua amiga tinha tentado lhe dizer. Subitamente, a
campainha soou.
"Quem pode ser agora?" pensou Sakura, correndo até a
porta para atendê-la, mas quando girou a maçaneta e viu quem
estava parado na sua frente, seu coração parou. Lá, mais lindo
do que nunca, estava um rapaz que Sakura conhecia bem. Seus
cabelos bagunçados e seu inconfundível e penetrante olhar.
"Feliz aniversário, meu amor." disse Shaoran, antes de
Sakura se jogar no pescoço dele e começar a chorar.
"Eu senti tanta saudade!" disse Sakura, soluçando
entre lágrimas e risos.
"Eu também senti sua falta." falou Shaoran, cujos
olhos também estavam úmidos.
Todos assistiam ao reencontro dos dois jovens com um sorriso.
Tomoyo filmava a tudo, com um brilho nos olhos. Touya estava
aliviado, pois finalmente sua irmã deixaria de sofrer, embora
estivesse morrendo vontade de esganar Shaoran. Eriol assistia a
tudo com seu misterioso sorriso de sempre, como se soubesse há
muito tempo que isso aconteceria.
"Boa noite." cumprimentou o pai de Sakura. "Não
vai me apresentar seu namorado, filha?"
Shaoran e Sakura coraram até a raiz dos cabelos.
"Papai, este é o Shaoran." falou Sakura.
"Boa noite, senhor." disse Shaoran, ainda vermelho. O
pai de Sakura sorriu.
Vento Leste que trás a felicidade
Trouxe meu amor de volta para esta cidade.
A promessa finalmente se cumpriu
Após os longos anos que ele partiu.
Aos Quatro Ventos eu sou grata
E à Lua, Rainha de Prata.
Minha vida está completa agora
Fez-se a mágica neste tempo nesta hora.
Junto ao meu amor para sempre vou ficar
Pois junto a ele meu coração sempre vai estar.
Sakura abraçou Shaoran fortemente. O rapaz
sorria como nunca. Nem mesmo Sakura havia imaginado vê-lo sorrir
desse jeito. Shaoran tirou uma caixinha do bolso e entregou para
Sakura. Eram duas lindas alianças com os nomes dela e de Shaoran
escritos na parte de dentro.
"Para selar nosso compromisso." disse Shaoran,
colocando a aliança no dedo da garota. Sakura fez o mesmo. Todos
aplaudiram.
Os dois se olharam, e puderam ver todo o amor que um sentia pelo
outro no brilho dos seus olhos. Lentamente seus rostos se
aproximaram, até seus lábios se tocarem. Primeiro de leve.
Depois, se envolveram num longo e apaixonado beijo, desejando
nunca mais se separarem novamente...
Puxa, este deu trabalho! Demorei mais do que imaginava para
terminar este fic, mas fiz algo que sempre gostei: poesia. Acho
que combina bem com o texto em prosa. Espero imensamente que
tenham gostado, mas como não se pode agradar a todos, críticas
são bem vindas. Se tiverem qualquer comentário ou sugestão, me
mandem um e-mail Estarei aguardando.
P.S.: O verso que abre a canção cantada pela Sakura ("E
como ouro caem as folhas ao vento") foi retirado do livro
"O Senhor dos Anéis Volume 1 - A Sociedade do Anel"
escrito por J.R.R. Tolkien.
Peace, Love and Hope to all and each one of you. Now and Forever.
Namárië
Felipe S. Kai
