CAPÍTULO 1

(Janeiro)

James

(Sexta-feira, 21h13min, New York)

21h13min... Tenho exatamente 17 minutos para colocar minha humilde mala no compartimento de bagagens e subir no ônibus. Caso contrário perderei o horário do vôo que sai hoje para Londres. Está formando-se uma fila que tende a permanecer estática. Ótimo.

Estou me mudando, de Nova York para o Reino Unido, essa é a razão da viagem. Há alguns anos venho trabalhando incansavelmente no escritório de publicidade La Valeè, encontrada no centro da cidade, e fazendo um excelente progresso no ramo de propagandas.

Graças a minha conta com "Gatos!", uma linha de shampoo para felinos – o nome não é da minha autoria, nunca teria uma idéia tão genial... ¬¬' -, consegui uma promoção. Quem iria pensar que o Jingle, "Smelly Cat" iria entrar na cabeça do público? (n/a: é essa mesmo que você está pensando!)Bom, sem mais detalhes, o fato é que fui transferido para a capital da Inglaterra, e pretendo dividir um apartamento com um primo e velho amigo meu, Sirius Black.

Isto é, pretendo, mas parece que uma certa dama está tendo dificuldade em locar suas malas no bagageiro. É lógico que eu vou ajudá-la, como um cavalheiro, é minha obrigação. Como atrasado, uma esperança.

A moça carregava três malas consigo, antes que ela pudesse levantar a última, puxei-a para mim – a mala -.

- Pode deixar que eu coloco para você – meus músculos se estenderam com o peso, ação acompanhada pelos olhos verdes da linda ruiva. Parece que as aulas de tênis serviram, outra vez – E então... Está indo para onde? – Perguntei, tentando ser simpático.

- Londres... – a moça enrubesceu um pouco.

- É mesmo? Então talvez possamos estar no mesmo vôo! O seu é o 426, que sai as 22h40min? – Perguntei direto.

- É – lacônica? Huummm... Interessante.

- Mas olha só que coincidência! Deixe-me apresentar, prazer, sou James Potter – elevei a mão.

- Lily Evans – ela apertou, com a pequena mão, de forma intensa. Ouvi um som de Chopin vindo de sua bolsa – Desculpe, preciso atender a este telefonema...

- Tudo bem, estarei esperando – dei um sorriso torto.

É, algo me diz que vou demorar até o apartamento de Sirius... São tantas limitações que é melhor mantê-lo avisado.

Após alguns segundos ele atendeu.

- Sirius? Como é que tá, cara? É o James!

- O que foi agora?! Diga rápido! Estou perdendo meu tempo falando no banheiro, enquanto poderia estar pegando uma loira que se encontra neste momento no meu sofá. É melhor ser algo importante para você estar me ligando em plena 2h.

- Ahh... Desculpe. Era só pra dizer que talvez eu não chegue aí no horário combinado... Tive uma... Um imprevisto!

- Sei... Seu empata-foda. Tudo bem, demore o tempo que precisar.

- Já conseguiu o troféu da loira?

- Sabia que ia perguntar... É lógico, eu não brinco em serviço!

Certo, os troféus... Como posso explicar sem ofender o público feminino? Digamos que se trata de um suvenir das nossas conquistas, com preferência esmagadora dos sutiãs. Eu e Sirius fazemos isso desde que nos conhecemos por... Homens. É uma competição saudável entre primos que nunca deixou de existir.

- Tá certo, preciso desligar. Até mais tarde.

- Até, não esqueça seu troféu.

- Pode deixar.

A ruiva voltava enquanto eu terminava a ligação. Ela estava com um sorriso tímido no rosto. Perguntei-me que cor de sutiã ela estaria usando... Seria vermelho?

- Olá de novo Lily, permite-me perguntar o motivo de sua viagem? – falei zombeteiro.

- Negócios.

- Entendo... E... – uma mão grande batia em minhas costas – mas o quê?!

A mulher apontava para um homem atrás de mim.

- Senhor? – era o motorista, que deveria estar terminado de colocar as malas no ônibus. – Desculpe a interrupção, mas... A sua mala não quer entrar.

Ah, merda.

A ruiva deixou-me sozinho enquanto subia nas escadas, suprimindo uma gargalhada.

Definitivamente, preto.

Marlene

(Sexta-feira, 15h, London)

A casa precisa de uma faxina. Fato.

Comecei a arrumar minha casa sou-linda-de-morrer beijomeliga – decorada por mim, modéstia à parte – de forma objetiva.

O motivo de tanta organização tinha nome, Lily Evans. Minha amiga de infância está vindo morar aqui em Londres, a cidade dos nossos sonhos (n/a: minha também *.*).

Conheci a ruiva no colegial, quando estudávamos em NY, num internato para garotas e desde aquela época somos inseparáveis – isto é, até meus pais se divorciarem e eu vir para a Inglaterra com minha mãe -. Foi então que alguns meses atrás, em uma das nossas conferências pela internet, ela comentou que estava cansada de morar em Manhattan e que ia pedir transferência, mais precisamente, em Londres.

Ok, nesse momento eu sabia que algo não estava certo. Lily tinha a vida mais perfeitinha que eu já vi na vida: 23 anos, interna em Lenox Hill, um hospital super conceituado de Nova York – tinha mais de 150 anos de história... -, simpática, com um corpo de matar e o principal, namorada de um cara super lindo de morrer. Quanto ao último quesito, tenho que comentar: meu Deus do céu, como alguém pode nascer tão sortuda para conseguir namorar nada mais, nada menos que Carlos Bocanegra?!

Humm, ok, talvez vocês nunca tenham ouvido falar dele... Certo, para quem não sabe, ele só é o zagueiro da seleção dos Estados Unidos – não se pode dizer, nooossa, como ele é booom! Ainda não estamos no Brasil... – e... Capitão... Coisa pouca... Ele parece uma mistura do Tom Cruise com o Jack de Lost, pelo menos eu acho.

Esperem, eu não sou uma tarada fura-olho... Ele é muito gente boa e tudo, mas simplesmente ama a Lily, e eu NUNCA faria algo desse tipo. Mas enfim, se ela tá querendo se mudar é porque tem algo estranho por aí.

Ofereci hospedagem no meu apartamento, que fica próximo da Oxford Street, na parte mais comercial da cidade. Ela veio em boa hora, para falar a verdade, reformei a casa agora e alguém para dividir as contas do aluguel, luz e blábláblá seria ótimo! Lily chega amanhã e tem mania de limpeza, de forma que seria bom a casa estar limpa.

Quase acabando tudo, alguém abre a porta fazendo barulho ao pisar contra a madeira clara do chão. Merda, eu acabei de limpar...

- Lene!!!! – eu podia reconhecer aquela voz a quilômetros de distância. – Preciso de uma ajuda feminina aqui!

- O que foi desta vez Sirius?! – ele estava com aquele tênis branco gelo da all star que sempre me pareceu perfeito, mas no exato momento, e, naquele estado – sujo -, dava-me vontade de rasgá-lo em pedaços... – Tire esta coisa imunda que você está calçando!!!

- Sempre amigável, não? – ele disse enquanto tirava o calçado – Vim em missão de paz! Aplica-se totalmente na sua aversão a sujeira!

- Diga o que quer... – falei enquanto prendia os cabelos em um coque mal feito.

- Ajuda na faxina lá de casa!!!! – Ele pediu esbanjando um sorriso grande e branco. Ponto fraco, isso não vale! Fiz uma careta.

Sirius era meu vizinho de baixo. A casa dele vivia em plena bagunça desde que Remus foi morar com a Hale em outro apartamento.

- Ahhh, por favor!!! Você sabe que eu não consigo mais ter uma casa arrumada desde a saída de Remus! – ele fez biquinho e deu uma risadinha.

Ponderei por um breve momento.

- Tudo bem Sirius, o que você não me pede sorrindo que eu não faça chorando?

- Esse é o espírito!

Lily

(No avião)

Foi muita sorte eu ter conseguido duas cadeiras vazias só pra mim. Assim posso dormir tranquilamente sem morrer de dor nas costas – não que ajude tanto dormir escorada na lateral do avião com as pernas parcialmente estiradas no assento vizinho, mas já é um avanço - Londres, aqui vou eu!!!

Ok, a quem estou tentando enganar... O real fato da minha mudança repentina tem nome: Carlos. Sim, o lindo e maravilhoso Carlos, o Carlos que é, para mim, uma versão alta e sem nariz torto do Tom Cruise, o Carlos simpático e carinhoso. Mas também o Carlos podre de rico e exibicionista.

Meu Deus, como em algum dia eu pude pensar em namorar um cara desses?! Ah, claro, talvez por causa do sexo maravilhoso.

Não, claro que não era só isso, eu realmente amava aquele homem, ele era um amor – ainda mais vestido de Maverick... Com aquele macacão másculo pedindo pra ser retirado e... Controle-se Lily – mas ultimamente eu não tenho mais paciência para aqueles paparazzi enfurecidos, eu só quero uma vida normal.

Pois é... Essa é a minha triste história. Acabei com Carlos há duas semanas e venho ignorando os telefonemas dele sempre que posso – a exceção do último, quando eu ainda estava no aeroporto LaGuardia a espera do ônibus que levar-me-ia ao John F. Kennedy, hora em que estava conversando, vulgo, respondendo laconicamente a um tal de James. Carlos desejava uma boa viagem e perguntava se ainda poderíamos ser amigos... Ai meu Deus... É difícil esquecer um homem desses.

Falando em James, ele deveria estar nesse vôo, a não ser que tenha perdido a hora de embarque – até que a gente poderia se vê.

Cliquei no botão que chamava os comissários de bordo a fim de conseguir um travesseiro e uma manta. Voltei minha vista para o corredor quando vi uma mulher andando apressadinha em direção ao banheiro. Ela era tão vulgar que eu podia jurar que ela estava atrás de safadezas no avião.

Três minutos depois vi um homem com um sorriso torto na cara indo em direção ao mesmo banheiro. Eu adorava estar certa. Ri internamente, mas parei.

Ai. Meu. Deus – quantas vezes eu já repeti isso??? –

Cabelos rebeldes pretos, olhos castanhos profundos, pequenos fios de barba... Era o Potter!

Que idéia a minha querer falar... ELE VAI ME VER!!!!

Fingi dormir colocando o capuz do meu casaco sobre o rosto.

Ele passou reto. Graças a Deus.

Mas que nojo, espero não barrar com ele por aí.

Sirius

(Sábado, 7h, London)

Só o James mesmo pra me fazer acordar a essa hora da manhã... Ou melhor, não ter ido dormir ainda.

Saí sorrateiramente da casa da loira – não me peça para lembrar o nome... – carregando no bolso um sutiã verde claro (n/a: seria verde-maçã, mas até parece que o Sirius iria saber identificar...) com uns babadinhos na haste, juro que preferia ter continuado lá. Mas os amigos sempre são prioridade.

Desci as escadas do sobradinho da loira e cheguei onde estava meu carro, um Golf GTI VI 2010, vermelho. O trânsito ainda estava calmo, mas por pouco tempo, teria que chegar a casa logo.

Alguns minutos de trânsito passaram-se rápido, de forma que logo vi em minha frente oGreengarden House, número 42, meu apartamento. Nesse instante continuaria limpo, graças a Lene, falando nela, acho que vou dar uma passada e dar um oi.

- Querida! Cheguei! – falei ao chegar.

- Hã? Já por aqui Sirius? Achei que fosse demorar...

- Eu sei que você morreu de saudades e estava contando os minutos para eu estar aqui.

- Ah, lógico, deve ter acontecido isso – Ela estava comendo macarrão, um feito de forma especial e que eu particularmente adorava.

- Obaaa!!! Quero macarrão também!!!

- Já esperava por isso, tem aí na panela, está um pouco frio, mas pode pegar se quiser.

- Esperava? Mas não foi você mesma que disse que achava que eu ia chegar mais tarde? – falei, mas não deixei de pegar aquele macarrão instantâneo de galinha acrescentado com três dentes de alho refogados com azeite. Rápido, prático e delicioso.

- Instinto feminino, mas deixe disso! Sente-se aqui na mesa e me conte como foi?

- Bom, começa... – fui parado por um pigarro.

- Isso não, seu patético, acha que dessa vez vai chamá-la para sair de novo?

- Claramente que não – ri e ela também – ela era esquisita, sabe? Tinha uma mania estranha de usar os dedões dos pés que me deixou assustado.

- Não precisa contar os detalhes... Meu Deus... Será que nós nunca vamos encontrar alguém em nossas vidas? – ela começou a filosofar, outra vez – Você acredita que hoje mesmo eu encontrei um ex-paquera meu e ele estava namorando... Com a secretária do escritório!

- Acredito, ela era gostosa.

- Não está ajudando – ela revirou os olhos – O que eu quero dizer é que não adianta, tudo que eu sou não atrai os homens, fato!

- Você sempre diz isso e eu sempre respondo: você é muito exigente, pense nisso – ela nunca ia entender o que estava em sua frente...

- Eu não sou exigente! Sou bem eclética em relação aos homens! Você sabe! As únicas coisas que todos eles têm que ter é barba e alguma particularidade que os tornem únicos – ela queria dizer: andem esquisitos, ou usem óculos de lentes coloridas (de grau), ou tenham uma voz estranha, ou se vistam de forma peculiar... Você sabe, essas coisas bizarras.

- Você fala do físico, mas e o psicológico?

- Ah, eu tenho que conseguir falar com ele por mais de seis horas, sem faltar assunto, ele tem que ser culto, gostar de trabalhar, ser fiel... – parei sua ladainha.

- Viu só? Eu falei! Como você quer alguém com todas essas características? É quase impossível uma pessoa dessa existir!

- Ahá, quase, você falou certo. Ele existe.

- É, deve ser um monstro.

- Engraçadinho, mas e você, me diiiiz, estou sem novidades!

- James chega hoje.

- Aaah, é mesmo! Lily também!

- Huuum, Lily? Eu tinha me esquecido... Ela é bonita?

- É sim, mas não é para o seu bico, ela tem namorado, aliás, um super namorado.

- Por quê? Ele voa?

- Não, idiota, ele só é o capitão da seleção de futebol dos Estados Unidos.

- Só? Ela namora o Bocanegra? Eu entendo... Mas ele não é o melhor jogador do mundo.

- Eu sei. Ele só é super gostoso – revirei os olhos - E é lógico que oCarragher é trilhões de vezes melhor.

- Claro que não! O Terry é imbatível!

- Você diz isso só porque ele é do Chelsea.

- E você só diz isso porque ele é do Liverpool – eu adorava vê-la irritada, nada mais fácil do que discutir futebol.

- Você sabe que o Liverpool detona.

- Ele se detona, você quer dizer – ela era a única mulher que eu conhecia que adorava futebol, e realmente entendia o jogo, vale constar.

- Fale isso do seu time, que ficou em 3º lugar na Premier League.

- Sim, mas o seu não ganhou, ficou em segundo, nem pra ter peito de ganhar um joguinho de merda contra o Manchester.

- Ahh... Não fale desse time insuportável!

- Concordo. Melhor ficarmos calados, quer que eu distraia sua boca de alguma maneira? – falei com uma voz rouca que deixa todas as mulheres eriçadas.

- É o que Sirius? – ela estava vermelha, eu ri.

Nesse instante ouvimos pessoas gritando no corredor.

N/A: Ok, só algumas informações: Janeiro em Londres: temperaturas variando de 2ºC a 7ºC, isso em média, significa que está frio (eu, particularmente, estaria congelando). O tempo é nublado (como em qualquer época do ano) e chove bastante (idem para informação anterior).

Espero que estejam gostando! Estou muito feliz em fazê-la!

Até a próxima!

Beijomeliga.