Disclaimer: Naruto não é meu, mesmo que eu queira muito.
E o enredo de também não, Liberte Meu Coração pertence a maravilhosa Meg Cabot e eu somente juntei duas coisas que amo muito e vamos ver no que vai dar.
Liberte Meu Coração
Capitulo 1
Inglaterra,
O gavião estava de volta.
Sakura o viu no instante em que abriu a persiana de madeira da janela do seu quarto para ver se o xerife e seus homens já tinham partido nos cavalos. O enorme pássaro marrom de olhar maligno estava empoleirado, o mais calmo possível, no topo do telhado de sapê do galinheiro. Ele tinha matado duas das galinhas favoritas de Ino na semana anterior e agora mirava a terceira, a que Ino chamava de Greta, enquanto a galinha malhada ciscava o chão enlameado do galinheiro em busca das migalhas que restaram da ração. Embora o gavião não se mexesse, mesmo com a chuva fria de primavera caindo constantemente sobre seu dorso, Sakura sabia que ele estava pronto para atacar.
Rápida como as gazelas premiadas do conde, Sakura pegou seu arco,que estava pendurado na cabeceira da cama, e as flechas, e mirou a ave de rapina, embora estivesse em um ângulo de visão ruim, pois as vigas de madeira do teto perto da janela que dava para o telhado eram baixas demais. Forçando a corda do velho arco para trás, Sakura concentrou-se totalmente no alvo abaixo dela: o peito arrepiado do gavião assassino de galinhas. Não escutou a irmã subindo as escadas para o quarto que já tinham dividido, nem sequer o barulho da porta raspando no chão ao se abrir.
—Sakura!
A voz horrorizada de Saya assustou Sakura, e ela soltou a corda cedo demais. Com uma vibração musical, a flecha atravessou a janela, arqueando através da chuva, e fixou-se inofensivamente no sapê aos pés do gavião, fazendo o pássaro alçar voo com o susto e dar gritos agudos de indignação.
— Meu Deus,Saya ! — resmungou Sakura, desfazendo a posição de arqueira e apontando um dedo acusador para o caminho feito pela flecha. — Era uma flecha perfeita, e, agora, olhe para ela! Como vou pegá-la de volta? Está presa no telhado do galinheiro!
Saya estava apoiada no batente da porta, o rosto redondo com as bochechas rosadas pelo esforço de subir as escadas estreitas. Uma das mãos no peito farto demonstrava a tentativa de recuperar o fôlego.
— Que vergonha, Sakura! — disse ela, ofegante, quando finalmente conseguiu falar. — No que você estava pensando? O xerife foi embora há menos de cinco minutos, e aqui está você, atirando em pobres pássaros inocentes de novo!
— Inocentes! — Sakura pendurou a alça de couro surrado da aljava sobre o ombro delgado. — Se você quer saber, aquele era o gavião que anda matando as galinhas de Ino.
— Você perdeu a cabeça que o bom Senhor lhe deu, Sakura? Se o xerife tivesse olhado para trás e visto a flecha voando da janela do quarto, teria dado meia-volta e prendido você aqui mesmo. Sakura riu de forma debochada.
—Ah! Ele nunca fria isso. Imagine, prender uma donzela meiga como eu. Ele se tornaria odiado de Shropshire na hora.
— Não. Sendo o primo do conde, não se tornaria. — No oitavo mês de gravidez, Saya não conseguia mais subir as escadas até o antigo quarto com a mesma rapidez. Acomodou-se na cama das irmãs mais novas e suspirou, os cachos róseos que haviam escapado da touca de linho balançando. — Você não consegue raciocinar? Sua Senhoria sabe que é você quem anda invadindo a propriedade dele. Sakura riu novamente.
— Sasuke Uchiha não sabe de nada. Como poderia? Há dez anos está na Terra Santa. Nunca mais ouviram falar dele desde o feriado de São Miguel Arcanjo, quando aquele intendente imundo ouviu dizer que ele tinha sido capturado pelos sarracenos.
—De verdade, você não deveria se referir aos seus superiores de forma tão rude. Hiashi Hyuuga é primo do lorde Sasuke, e esta atuando como intendente dos estados de Fitzstephen na ausência de Sua Senhoria. Como você pode chamá-lo de imundo? Você sabe que devemos a ele o mesmo respeito que deveríamos se ele fosse nosso verdadeiro lorde. Como você pode...
— Respeito? — Sakura falava com ódio. — Quando ele começar a agir de forma respeitável, irei respeitá-lo. Enquanto isso, não me peça para chamá-lo de meu lorde. Porque nenhum lorde digno desse nome trataria seus empregados com tanto...
Saya suspirou novamente, dessa vez exasperada, e interrompeu a torrente de palavras francas da irmã:
—Muito bem, Sakura. Sei que não faz sentido discutir com você sobre esse assunto. Mas pense nisto: Hiashi disse ao xerife que tem uma boa razão para acreditar que é você quem anda acabando com a caça favorita do lorde Sasuke. Ele só precisa de uma simples prova, e é para a cadeia que você vai.
Sakura chutou com irritação o baú de madeira que ficava ao pé da cama. Dentro dele havia calças tipo culote e blusas que evitava, preferindo trajes mais simples, como o que usava no momento, sapatos de couro marrom e uma túnica de lã bastante surrada.
— Não estou fazendo por esporte — resmungou ela. — Se Sasuke Uchiha estivesse aqui e visse como seus empregados estão sendo maltratados pelo maldito Hyuuga, não seria contrário à carne que lhes forneço.
— Não é uma coisa nem outra, — Saya disse, cansada. Era uma discussão antiga.
Na verdade, começou no dia em que o mais velho e único irmão das meninas, Gaara, pegou um arco curto e, de brincadeira, apresentou a arte do arco e flecha a Sakura, então com 4 anos, seu primeiro tiro acertou em cheio o traseiro de sua querida ama de leite, Aggie e, desde então, ninguém conseguira arrancar o arco das mãos da linda caçadora.
— Além disso — continuou Sakura, como se não tivesse escutado a interrupção da irmã —, o xerife não vai encontrar prova alguma. Eu nunca erro, então ele nunca vai encontrar uma de minhas flechas e descobrir que as marcas nas penas são minhas. O xerife só se preocupou em passar aqui hoje porque ele é apaixonado por Ino.
— Sakura, isso simplesmente não é verdade. O Sr. Hiashi disse ao xerife Uzumaki que mais um dos veados do conde desapareceu.
— Não desapareceu mesmo — disse Sakura, os cantos da boca delicadamente desenhada de repente curvando-se em um sorriso.
— O veado está exatamente onde sempre esteve, na propriedade do solar Stephensgate. A única diferença é que agora está na barriga de alguns empregados do lorde Sasuke. Saya apertou os olhos para a incorrigível irmã. Passou-lhe pela cabeça, não pela primeira vez, que Sakura um dia abandonaria o modo excêntrico de se vestir, colocaria um dos vestidos de seda que foram comprados na época de seu casamento fracassado e escovaria os adoráveis cabelos róseos em vez de mantê-los sempre amarrados numa trança. Ficaria uma mulher linda. A garota provavelmente não tinha consciência disso, e provavelmente negaria o fato se alguém tocasse no assunto, mas, na opinião de Saya, não era Sakura quem atraía o xerife à casa do moinho, mas a própria Sakura, e não apenas por seu hábito de caçar em propriedade alheia.
Saya suspirou pela terceira e última vez e, usando a cabeceira da cama como apoio para se levantar, disse:
— Bem, fiz o que pude. Gaara não pode dizer que não tentei. Sakura sorriu novamente e afagou carinhosamente os ombros da irmã.
— Pobre Saya — disse ela, docemente. — Desculpe por trazer problemas para você e para o querido Bruce. Não posso prometer que vou parar, mas prometo, de verdade, que nunca serei pega nem farei nada que possa envergonhar você perante seus novos sogros.
Saya, esquecendo-se da pose de mulher casada e importante, pois era a esposa do açougueiro da aldeia, bufou como a irmã costumava fazer.
— Esse será o dia! — Ela riu, sacudindo a cabeça. — Bem, acho que é
melhor você descer e fazer essa mesma promessa na frente de Gaara.
— Gaara? — Sakura afastou alguns cachos de cabelos rosa da testa branca e macia. — O que Gaara está fazendo em casa a essa hora do dia? Ele não deveria estar no moinho?
— Estaria se não fosse a visita de seu maior admirador, o xerife Naruto Uzumaki . — Os olhos levemente acinzentados de Saya adquiriram um brilho diferente. — Mas isso não foi sua única distração hoje. Tayuya está aqui, e acho que ela e Gaara têm algo para lhe contar.
Sakura sobressaltou-se. Diferentemente das irmãs, assuntos sobre casamento e vestidos nunca lhe interessaram muito, mas, como adorava o irmão, estava feliz por ele.
—Você não está querendo dizer que... o pai de Tayuya finalmente concordou? - Sakura fez que sim com a cabeça, e a alegria que estava tentando disfarçar enquanto chamava a atenção da irmã mais nova finalmente transbordou.
— Sim! Vá agora, vá lá para baixo e dê-lhe as boas-vindas à nossa família. Ela ficou um tanto confusa com a presença de um homem armado em sua futura casa. Tive de garantir a ela que isso não é algo que aconteça com frequência.
No entanto, Sakura não estava mais ouvindo. Praticamente voando escada abaixo, onde um restrito grupo de pessoas se reunia à lareira, gritou:
— Meu Deus, Gaara! Por que você não me contou?
O pequeno grupo se dividiu, e Gaara, que tinha 1,85m, disparou em direção à irmã caçula, bem mais baixa do que ele, porém um tanto mais espalhafatosa. Levantando-a em seus braços, fortes como uma rocha devido aos anos de trabalho no moinho de Sua Senhoria, Gaara balançou Sakura bem no alto, na direção das vigas do teto, antes de colocá-la de volta no chão e dar em seu traseiro atrevido um bofetão que fez lágrimas lhe brotarem dos olhos.
— Que droga, Gaara! — Sakura afastou-se dele, as mãos indo para trás para massagear a pele dolorida. Ele tinha batido com força suficiente para fazer um buraco nas calças de couro. — Por que você fez isso? — perguntou, irritada.
— Pelo veado — respondeu Gaara, com uma seriedade um tanto avessa a seu típico bom humor. — Se eu precisar mentir por sua causa mais uma vez, você não vai conseguir sentar durante uma semana, é bom me escutar.
Isso estava longe de ser a celebração familiar pela qual tinha o choro, que era mais de raiva que de dor, Sakura olhou furiosa para o irmão, tentando ignorar o rosto pequeno e perplexo da futura noiva, que pairava ao lado dele.
— Que vergonha, Gaara— Sakuraa retrucou, furiosa. — Você não pode provar, muito menos o xerife Uzumaki ou o repugnante Hiashi Hyuuga, que fui eu quem acertou o veado. Eu vinha desejar a você e a Tayuya alegria e felicidades, mas agora acho que vou atrás do xerife dizer que pode muito bem me enforcar, porque está claro que não sou bem-vinda em minha própria casa.
E então virou-se em direção à porta da frente, sabendo muito bem que Gaara, embora viesse tentando discipliná-la durante os anos após a morte dos pais, não suportava vê-la infeliz. Era o único irmão entre seis irmãs, e todas elas, cada uma a sua maneira, eram capazes de manipulá-lo. Porém, a mais nova, Sakura, tornara isso uma ciência.
As irmãs mais velhas viam, com sorrisos que mal conseguiam esconder, a raiva do irmão amolecer sob o olhar abrasador de Sakura.
— Não podemos — Gaara arriscou-se lentamente — deixar que a raiva estrague este dia especial...
— Não — Tayuya interrompeu, ainda parecendo um pouco chocada com a demonstração de masculinidade do noivo. — Não podemos.
À porta, Sakura sorriu para si mesma, mas, antes de virar-se, armou em suas feições uma expressão de arrependimento.
—Você está dizendo — murmurou — que vai me perdoar?
— Sim — disse Gaara, e balançou a cabeça com seriedade, como se concedendo o cancelamento da pena de um acusado. — Mas só desta vez.
Com um grito, Sakura atirou-se mais uma vez nos braços do irmão. Em seguida, foi acompanhada por Tayuya, a filha de aparência angelical do prefeito de Stephensgate, a primeira garota que Robert cortejou e não conseguiu ter, tornando-se assim o amor de sua vida.
Talvez, de forma compreensível, Tayuya tenha ficado relutante em se unir a uma família tão excêntrica quanto a do moleiro — afinal de contas, Gaara tinha seis irmãs, seis, algo que seria considerado uma desgraça em muitas famílias, mas algo que fizera seus pais muito felizes antes de morrerem. E o pior de tudo era a irmã mais nova, que andava por aí em roupas de menino e se gabava de ter a mira mais precisa de Shropshire, apesar de, aos 17 anos, ser velha demais para tais coisas. E, claro, também havia a questão do fracasso de Sakura em um casamento...
Mas todas as outras cinco irmãs tinham uma reputação acima de qualquer suspeita. Havia a mais velha, Laysa, que, aos 25 anos, um ano mais nova que Robert, tinha um casamento feliz com o ferreiro da aldeia. Ela já tinha cinco filhos homens, todos com o corpo forte do pai e os peculiares cabelos róseos da mãe.
Depois veio Marie, esposa do estalajadeiro da aldeia e mãe de três; e Laura, que chorou e esperneou, se tomando uma pessoa desagradável de se conviver até que Gaara concordasse com seu casamento com um vinicultor duas vezes mais velho que ela. Por fim havia a recém-casada Christina, que era muito feliz com o marido açougueiro, Bruce, e a quinta irmã, Ino, considerada por muitos a mais bela da família e que, embora já estivesse se aproximando dos 20 anos, ainda precisava encontrar um marido.
Em resumo, não era uma família contra a qual o pai de Tayuya podia ter muitas ou fortes objeções. Na verdade, o prefeito não teria qualquer tipo de objeção, pois um jovem mais promissor que Gaara Haruno dificilmente seria encontrado em Stephensgate.
Mas havia o pequeno problema em relação aos modos estranhamente independentes da irmã mais nova, sua flagrante rebeldia em relação às leis sobre a propriedade alheia e também o infeliz incidente entre ela e o finado conde. Como fazer vista grossa para o fato de Sakura Haruno ter sido acusada, embora injustamente, de matar o próprio marido?
Mas a afeição de Tayuya por Gaara era totalmente verdadeira, e, como filha única, conseguia fazer com que o pai carinhoso acabasse pensando como ela. Se Sakura era o único problema, bem, não havia nada a ser feito. A garota era jovem e se podia esperar que um dia abandonasse o amor pelos esportes e pelas calças de couro que insistia em vestir. Pelo menos tinha o bom-senso de ficar longe das principais vias públicas enquanto vestia-se assim. E, nesse meio-tempo, a benévola influência de Tayuya talvez a ajudasse a enxergar as falhas de sua personalidade.
Com as irmãs Haruno, os maridos e a prole na casa do moinho celebrando ruidosamente o iminente casamento, talvez fosse compreensível que ninguém tenha sentido falta de uma das irmãs solteiras... pelo menos não imediatamente. Foi Sakura quem finalmente abaixou o copo de cerveja e indagou sobre o que tinha acontecido com Ino.
No entanto, ninguém prestou atenção em Ino, o que não era comum, pois "Saky" não era apenas a vergonha da família, era também a contadora de histórias, cujos tremendos exageros agora pressionavam apenas seus sobrinhos mais novos. Largando o copo, ela foi procurar a irmã favorita, e encontrou-a ao lado da lareira cozinha, chorando sobre o avental.
—Ino!— Sakura gritou, verdadeiramente surpresa. — O que está havendo? É seu estômago novamente? Quer que eu pegue remédio para você? Considerando os olhos vermelhos e inchados, Ino já estava
chorando havia um bom tempo. Tida por muitos como a mais doce filha do moleiro, Ino tinha mais admiradores do que se podia imaginar, mas nunca recebera um real pedido de casamento. Sakura não conseguia decifrar motivo, pois ela própria já tinha recebido uma proposta, embora malfadada, e com certeza não se considerava tão bonita quanto Ino obviamente era.
Com o rosto bonito e o corpo em forma, Ino era a única irmã Haruno que tinha escapado da maldição do cabelo ruivo ou róseo. Em vez disso tinha cachos loiro que moldavam o rosto em fora de coração como um véu de ouro. Os olhos não eram cinzentos-esverdeados como os das irmãs e do irmão, mas azuis, cor de safira. E, por alguma razão, Ino não tinha herdado a franqueza das irmãs.
Era, ao contrário, a mais meigas criaturas, uma cozinheira excelente e uma dona de casa que parecia se sentir melhor na companhia das galinhas, que amava, do que dos seres humanos. Uma vez, houve rumores na aldeia de que a irmã que vinha depois da mais nova era meio doidinha. Gaara e Sakura puseram um fim nisso rapidamente, um com os punhos e a outra com o arco, e agora ninguém mais falava disso —pelo menos não de forma que o mais velho e a caçula pudessem ouvir.
— Ino, minha querida, o que houve? — Sakura curvou-se diante da irmã que mais amava, tentando afastar o adorável cabelo do rosto dela, onde mechas dos cachos dourados grudavam na umidade provocada pelas lágrimas. — Por que você não está comemorando conosco? - Ino soluçou, mal conseguindo falar.
— Ah, Saky, se eu pudesse contar para você!
— O que você está dizendo? Você pode me contar qualquer coisa, você sabe disso.
— Não isso. — Ino balançou a cabeça com tanta força que os cabelos loiros s chicotearam seu rosto. — Ah, Sakura, estou tão envergonhada!
— Você? — Sakura acariciou o ombro da irmã sobre o tecido sedoso da túnica. — E do que você, a criatura mais gentil do mundo, teria de se envergonhar? Não tem nada para vestir no casamento? É isso,hein, bobinha? -Ino tentou enxugar as lágrimas com a barra da saia cor de creme.
— Como eu queria que fosse isso! Tenho medo de que você me despreze quando eu contar...
— Eu, desprezar você? — Sakura estava verdadeiramente surpresa. — Nunca! Ah, Ino, você sabe que eu nunca...
— Estou atrasada — soltou Ino, ofegante, e teve uma nova crise de choro.
— Você está atrasada? — Sakura, confusa, repetiu, as sobrancelhas finas unindo-se. —Você não está nada atrasada. A comemoração do noivado acabou de começar...
Vendo a cabeça de Ino balançar rapidamente, Sakura ficou sem voz. Atrasada? Ela encarou a rebelde irmã, e o entendimento, quando veio, foi combinado com descrença. Descrença que fez com que ela não conseguisse evitar o espanto na voz rouca.
— Atrasada? — perguntou, sacudindo a irmã mais velha. — Você quer dizer... atrasada? - Ino concordou com um aceno, triste. No entanto, Sakura precisava de esclarecimento. Simplesmente não conseguia acreditar no que estava ouvindo da linda e doce irmã.
—Ino, você está dizendo que está... carregando um bebê?
— Si-sim — soluçou.
Sakura olhou para baixo, para a cabeleira dourada da irmã, e se esforçou para reprimir o desejo de sacudi-la. Ela amava a irmã e bateria em qualquer um que não fosse da família e ousasse zombar dela, mas, na verdade, Ino podia ser a mais superficial das criaturas, e Sakura só estava sendo otimista demais ao acreditar que um vagabundo tivesse se aproveitado de sua ingenuidade.
— Qual o nome dele? — perguntou Sakura, a mão inconscientemente
caindo sobre o cabo da lâmina de 15 centímetros que tinha ao quadril. Ino soluçou com ainda mais força.
— O nome dele.— repetiu Sakura, o tom inflexível. — O patife morre antes do anoitecer.
— Ah, sabia que não deveria ter contado para você — Ino gemeu.
— Saky, por favor, por favor, não o mate. Você não entende. Eu o amo! - Ino soltou o cabo da adaga.
— Você o ama? De verdade? — Quando a outra garota fez que sim com a cabeça, às lágrimas, Sakura franziu a testa. — Bem, isso muda as coisas, acho. Não posso matá-lo se você o ama. Mas, então, por que as lágrimas? Se você o ama, case-se com ele.
— Você não entende — Ino chorava. — Eu não posso me casar com ele! - Os dedos voltaram para o cabo da adaga.
— Ele já é casado, não é? Tudo bem, então. Robert e eu vamos enforcá-lo antes de você poder dizer Nottingham Town. Anime-se, Ino. Será um enforcamento adorável.
— Ele não é casado — disse Ino, fungando.
Sakura relaxou o corpo no consolo da lareira, soltando o ar com tanta força que afastou algumas mechas de cabelo rosa da testa. Na verdade, hoje ela não estava com paciência para lidar com a irmã desmiolada. Caçar um javali selvagem era dez vezes mais fácil do que tentar entender Ino.
— Bem, então, qual o problema? Se ele não é casado e você o ama, por que não podem se casar?
— Por causa... por causa do meu dote.
— Seu dote? — Sakura largou os dois cotovelos sobre os joelhos e
grudou a testa nas palmas das mãos. — Ah, Ino. Diga-me que você não fez isso.
— Tive de fazer! Cinco casamentos em cinco anos. E eu não tinha
nada para vestir. Vesti o samito azul para o casamento de Laysa, a seda lilás para o da Marie, o veludo bordô que encomendei de Londres para o da Laura, o linho rosa para o da Saya e o samito dourado para o seu... — Ino levantou o rosto, a expressão consternada, lembrando-se, mesmo sendo consumida pela própria dor, de que Sakura desgostava imensamente de que mencionassem o próprio casamento.
— Sinto muito,Sakura. Tenho certeza de que deve parecer sem importância para você. Afinal de contas, você só dá importância a arcos e flechas, não a laços e ornamentos. Mas eu teria sido alvo de piada na aldeia se aparecesse no casamento das minhas irmãs com um vestido já usado.
—Você está me dizendo que gastou seu dote inteiro em vestidos?
— Não apenas em vestidos — assegurou-lhe. — Em saias também.
Se Ino estivesse falando com qualquer outra das irmãs, provavelmente teria recebido uma bronca por ter se comportado de maneira tão estúpida e egoísta. E, embora Sakura também achasse que Ino tinha se comportado de forma boba — nada melhor, por exemplo, que sua amiga imbecil, Hinata Hyuuga, aquela criatura ridícula, cujo pai estava administrando tão mal o solar do lorde Sasuke em sua ausência —, ela não conseguia deixar de sentir pena da irmã. Afinal de contas, era realmente terrível estar grávida e solteira.
Quando Sakura finalmente levantou o rosto, estava séria.
—Você faz alguma ideia do que Gaara vai fazer quando descobrir o que você fez?
— Eu sei, Saky! Eu sei! Por que você acha que estou chorando? E Sai não tem um tostão furado.
—Sai?
— Sai Mallory. — Ino corou, baixando os olhos. — Ele é trovador. Você lembra, tocou o alaúde tão divinamente no casamento da Saya...
— Meu Deus — murmurou Sakura, fechando os olhos, horrorizada. —Um trovador? Você engravidou de um trovador?
— Sim. Viu? É por isso que não podemos nos casar, não sem meu dote. Porque tudo o que Sai possui é a rabeca e algumas bolas de malabarismo. Ah, e sua mula, Kate. Você sabe que Gaara nunca vai permitir que eu me case com um homem que não possui sequer uma muda de roupa, muito menos uma casa onde possamos morar...
Sakura suspirou, desejando de verdade que tivesse sido uma das outras irmãs a encontrar Ino chorando à beira da lareira. Laysa teria ficado compadecida, Marie, gritado, Laura, dado risada, e Saya , suspirado,mas todas seriam capazes de lidar com a situação o melhor que ela . Sakura,nada sentimental, não fazia a mínima ideia do que significava amar loucamente alguém, como Ino parecia amar Sai Mallory.
No geral, Sakura pensava estar em vantagem. Pelo que podia observar, estar apaixonada parecia um anto doloroso. Ela disse:
— Bem, em vez de ficar aí chorando por algo que já está feito, por que você não junta o dinheiro que ganhou fazendo cerveja? — Ela fez uma pausa,percebendo que Ino balançava vigorosamente a cabeça. — O que foi?
Os longos cílios da loira tremulavam, úmidos.
— Vo-você não percebe? Eu gastei!
— Você gastou tudo? — A voz de Sakura ficou esganiçada. — Mas havia mais de cinquenta!
— Eu precisava de escovas novas — sussurrou Ino, lacrimosa. — E fitas para os cabelos. E aquele vendedor ambulante passou aqui outro dia, vendendo os cintos mais lindos do mundo: eram de ouro de verdade...
Mal conseguia evitar gritar com a irmã, e assim o fez, com toda vontade, apesar do olhar de reprovação que recebeu.
—Você gastou todo o dinheiro que ganhou esse inverno em quinquilharias? Ah, Ino, como pôde? O dinheiro era para comprar malte e lúpulo para o lote do verão!
— Eu sei — disse fungando. — Eu sei! Mas uma donzela não pode estar o tempo inteiro pensando em cerveja!
Sakura ficou de queixo caído. A irmã era um pouco tola, é verdade, mas, com certeza, essa foi a coisa mais estúpida que uma mulher já tinha feito na história de Shropshire. Fazia um tempo que Ino tinha um negócio pequeno, porém muito rentável, no porão da cozinha. A cerveja dela era considerada por muitos a melhor de Shropshire. Donos de estalagens de regiões vizinhas consideravam valer a pena a viagem até Stephensgate para comprar um barril ou dois da deliciosa cerveja da senhorita. Mas sem capital para comprar ingredientes, os dias de Ino como fabricante de cerveja estavam contados.
— Uma donzela? — repetiu Sakura amargamente. — Uma donzela?
Mas você não é mais uma donzela. Você vai ter um filho. Como pretende sustentá-lo? Não pode esperar viver para sempre com Gaara aqui, na casa do moinho. Ele logo vai se casar e, embora Tayuya seja a mais doce das mulheres, não vai tolerar por muito tempo uma cunhada dependente que não tem o bom-senso que Deus deu a uma galinha, quanto mais uma criança sem pai.
Sakura instantaneamente se arrependeu das palavras duras quando
Ino caiu novamente no choro. Em meio a soluços, a garota sufocou o pranto e disse:
— Ah! E quem é você para falar, Sakura Haruno! Você, que foi casada por exatamente uma noite antes de voltar para cá...
—Viúva — ressaltou Sakura , recusando-se a ser manipulada pelas lágrimas da irmã. — Lembra, Ino? Voltei viúva. Meu marido morreu na noite de núpcias.
— Não foi conveniente, considerando o quanto você o odiava?
Sakura sentiu que estava ficando vermelha, mas, antes que pudesse irromper da cozinha em um acesso de raiva, como pretendia, Ino agarrou seu pulso e suplicou-lhe, a expressão pesarosa:
— Ah, Sakura , me perdoe! Não deveria ter dito isso. Arrependo-me com toda a sinceridade. Sei que a culpa não foi sua. Claro que não foi. Por favor, por favor, não vá. Preciso tanto da sua ajuda. Você é tão inteligente, e eu sou tão burra. Por favor, você não pode ficar mais um pouco e me ouvir? Hinata me disse uma forma de eu talvez conseguir o dinheiro de volta, uma maneira que tenho quase certeza de que funcionaria... mas... mas sou muito tímida para tentar.
Sakura ouvia a irmã apenas parcialmente. No outro cômodo, o marido de Laura tinha provavelmente pegado seu alaúde, pois de repente a melodia de uma canção alegre chegou à cozinha. Acima da música, ela podia ouvir perfeitamente o irmão as chamando. Droga! Em um segundo ele estaria na cozinha, e Ino era a pior mentirosa do mundo. A verdade viria à tona e não haveria mais celebração. Haveria, muito provavelmente, um assassinato.
Sakura esperava que Sai Mallory e a maldita mula estivessem bem longe de Stephensgate. Ino de repente aprumou-se, os olhos azuis arregalados.
— Mas você podia, Saky! Você não é tímida. Você não tem medo de nada. E não seria nada diferente de encurralar cervos e raposas.
— E o que seria isso? — Sakura , sentada ao lado da lareira com os cotovelos sobre os joelhos, olhou para a expressão repentinamente transformada da irmã. Os vestígios das lágrimas e os olhos inchados tinham ido embora.
Agora, os olhos azuis profundos estavam cintilantes, e os lábios vermelhos estavam entreabertos de animação.
— Ah, diga que você vai me ajudar! — Ino agarrou uma das mãos da irmã, a mão que tinha os dedos bastante calosos de puxar a corda do arco. — Diga que você vai me ajudar! - Sakura , meio distraída pelo medo que tinha da ira do irmão, disse com impaciência:
— É claro que vou ajudar se puder, Ino. Mas não sei como você vai sair dessa, realmente não sei.
— Confie em mim. Promete?
— Prometo. Agora, vamos nos juntar aos outros. Estão nos chamando. Não queremos que suspeitem de nada.
— Oh, obrigada, Saky ! - Subitamente alegre, Ino abraçou a irmã com força.
— Eu sabia que você me ajudaria se eu pedisse. Você sempre foi boa para mim. Não me importo com o que as pessoas falam sobre você, não acho você nem um pouco esquisita. E com suas habilidades de caçadora, tenho certeza de que vai capturar o homem mais rico de Shropshire! - Sakura olhou para a irmã, curiosa.
— Do que você está falando, Ino?
Surpresa por Sakura não ter entendido, Ino explicou-lhe. E precisou de mais lágrimas da parte de Ino antes que Sakura começasse a sequer considerar honrar a promessa que tinha feito em um momento de distração.
Fériaaaaaaaas!
Minha primeira adaptação *-*
Gente sério não me matem, sei que tem gente esperando a atualização de Almost Devine, mas minha irmã zuniu com meu pen drive, o qual ela vai achar, se não ela não vai ter o prazer de conseguir andar de novo, e meu note tá uma bosta, o word não abre por nada e graças ao bloco de notas estou aqui ^^
Espero que tenham gostado.
