Amor sagrado
Por KaylaArmilas
Prólogo – Ó senhor, escute as minhas preces
Após os eventos de varias batalhas entre os "pecadores" e os agentes de magdala, finalmente parece ter chegado ao fim. Tantas mortes foram necessárias para chegar a este ponto? A organização magdala procurou por noticias dos responsáveis por isso, Chrno e Rosette durante seis incontáveis meses, sem nem ao menos encontrar alguma pista do paradeiro de seus salvadores. Mas hoje suas buscas cessaram-se. O pastor encontrou os dois sentados em um banco de um casebre. Seus corpos não tinham mais vida. As lagrimas de todos desciam em suas faces. A mensageira de Fátima mesmo aos prantos, começa a cantar uma canção de louvor a alma dos dois.
Seis meses atrás
- Conseguimos, Chrno. Acabamos com as ambições de Aion...
- Mas a que preço, Rosette? Estou muito ferido,e para você resta pouco tempo de vida.
- Eu não pretendo lastimar pelo destino que Ele me reservou... Vamos tentar aproveitar o resto de vida juntos, em um lugar calmo, e quando a morte vier, eu a receberei de braços abertos.
- Rosette... eu queria poder encontrar uma solução pra isso... Não quero que você morra!!
Rosette secava as lágrimas dos olhos de Chrno, mas não adiantava, elas teimavam a cair novamente e molhavam seu rosto. Logo, as lágrimas dos dois se misturavam. Aquele era um momento de muito sofrimento para ambos. Chrno levantasse com uma certa dificuldade, pegando os chifres, os seus próprios, e os de Aion, guardando-os. Volta-se para Rosette, e a erguendo nos braços. Seu corpo doía, mas devia levá-la para o lugar onde passaria o pouco tempo restante cuidando um do outro. Este gesto poderia ser considerado por outros como um ato de redenção, no entanto não era isso que se passava pela mente do jovem demônio. Por longas horas, Chrno a levou em direção ao sol poente, e ao chegar próximo ao túmulo de Madalena, colhem flores as depositando sobre o túmulo. Ele pega os chifres de Aion e deposita em um mural.
- Eu não fui forte o suficiente para te salvar das ambições de Aion, Madalena... Não fui forte o suficiente para impedir que Rosette também se tornasse uma vitima dele. Eu sou um demônio fraco que não deveria existir...
- Não diga isso, Chrno. Você sempre me salvou dos perigos, me ensinou algo que lhe sou muito grata. Ensinou-me a amar... – ela fitou-o com uma grande doçura e depois beijou-o – Madalena deve estar feliz por você ter conseguido fazer justiça.
Chrno a pega nos braços e continua sua jornada. Dois dias e duas noites para encontrar o lugar ideal para viverem. Ele trabalhou duro para deixar o local o mais confortável possível para que Rosette pudesse ter um bom descanso. Ela até queria ajudá-lo, teimando como sempre em fazer as coisas sem ter condições físicas pra fazer, mas Chrno não deixava. Ele preparou um grande banquete para duas pessoas, e serviu a mesa.
- Chrno? Vai ficar apenas olhando a comida? Deveria comer. Pois está uma delicia.
- Obrigado... Não estou com fome.
- Chrno!! Você deve comer. Precisa comer para recuperar suas forças. Você tem se dedicado tanto em cuidar de mim mesmo com esses ferimentos.
Chrno percebeu um ar de tristeza nessas palavras. Ela deixava transparecer que se sentia mal por ter dado tanto trabalho a ele. Para poder ver um sorriso novamente no rosto de Rosette, ele come a comida com satisfação. Realmente, Rosette sorriu feliz ao ver ele comendo, e feliz também de poder estar ao lado dele. Ao terminar, ele a leva até a cama e faz menção em deixar o quarto, todavia...
- Chrno, deite aqui comigo. Quando você está distante eu me sinto solitária.
Ele atendeu ao seu pedido e deitou-se ao seu lado. Deu-lhe um beijo de boa noite e acariciou seus cabelos até que Rosette pegasse no sono, e quando ele imaginou que ela já adormecera, deixou as lágrimas molharem seu rosto mais uma vez. Rosette estava acordada, mas achou melhor deixar ele derramar essas lágrimas para desabafar. Era o que ela desejava fazer também, mas deveria se mostrar forte para que ele tirasse forças dali para se recuperar. Se ela não podia mais continuar viva, que ao menos o seu ser amado continuasse vivendo. Os meses se passaram, e embora Rosette tentasse mostrar que ainda tinha energia, estava na cara que ela estava fraquejando cada vez mais. Chrno foi até a sombra de uma árvore na colina com um embrulho na mão e ajoelha-se retirando o objeto do tal embrulho fitando o crucifixo fixamente.
- Deus todo poderoso, o que eu pretendo fazer pode ser um sacrilégio para a visão de todos, mas mesmo assim irei fazer. Posso ser um demônio, mas amo muito ela para deixar que ela parta sem ao menos fazer este apelo... Eu imploro, ó Deus, seja misericordioso com Rosette. Ela está sendo fiel aos seus propósitos sem nunca questionar. Mesmo quando seu irmão foi levado, ela tomou uma difícil decisão sem pestanejar. Qualquer humano pensaria em si primeiro, mas não a Rosette, ela sempre pensa nos outros. Eu tenho certeza que ela está pensando em mim agora, um ser que não merecia nem ao menos um voto de confiança depois do que fiz no Pandemonium... Deus, se for preciso para Rosette continuar viva a seu serviço eu tenha que dar a minha vida, eu o farei com toda vontade. Daria a minha vida mesmo que fosse da forma mais dolorosa... por favor, atenda o pedido desse demônio que humildemente implora...
Em um lugar próximo Rosette escuta tudo com lágrimas em seus olhos. Ambos estavam sofrendo com a futura separação que a cada minuto ficava mais próxima, mas nada podiam fazer, esse era o desejo de Deus. Ela volta para a cabana e sentasse na cadeira, esperando com suas preces, a volta de seu amado. Quando Chrno chega ela o chama para sentar-se ao seu lado.
- Logo o sol vai se pôr.. Será a ultima vez que poderemos ver esse espetáculo juntos, Chrno. Quero aproveitar até o ultimo minuto com você, e mais ninguém.
- Rosette, eu não quero que você se vá...
- Eu também não queria ir, meu amor. Mas minha missão aqui na terra acabou.
Rosette que olhava para o horizonte virou-se fitando fixamente os ferimentos de Chrno. Tocando o relógio da vida falou:
- Se eu romper o selo seus ferimentos irão sarar logo...
- Esses ferimentos são necessários para não esquecer o que passamos.
Os dois dão as mãos e beijam-se, e ficaram assim por um longo tempo. Quando Rosette começou sentir que faltava pouco, ela o abraça com sua última força derramando lágrimas diz:
- Foi muito bom te conhecer, Chrno... Não importa onde minha alma irá ficar, eu sempre continuarei te amando...
Rosette não o abraçava mais pois seu corpo já estava sem vida. Chrno chorou, gritando seu nome, mas nada adiantava.
- Por que, Deus? O que Rosette fez demais para merecer esse castigo? Por que você não se compadeceu com o nosso sofrimento? Por que não faz nada por aquela que fez tanto em seu nome? POR QUE??? POR QUE??? POR QUE??? ROSETTE!!!!! ROSETTEEEE!!!!!!!!
Chrno chorou por varias horas, e lamentava infinitas vezes pela morte daquela que fez dele um ser feliz por mais de quatro anos. Seu corpo não agüentando mais a dor de seus ferimentos, e a dor da perda, com o coração extremamente decepcionado com o Deus cruel que a levou sem ouvir o seu apelo, se entrega a morte também.
Dias atuais...
Poucos minutos após Chrno se deixar levar pela morte, Azmaria e o reverendo chegam no local. A mensageira de Fátima começa a cantar uma canção de louvor aos dois. Aos poucos os outros apóstolos vão chegando ao local, junto com as irmãs de Magdala. O anjo tenta compreender o que os apóstolos estavam fazendo, um circulo em torno dos dois. As irmãs de Magdala rezavam pela alma dos dois pedindo a Deus que fossem felizes. Azmaria continuava cantando com mais vontade, e suas asas apareceram, e logo as asas dos outros apóstolos começam a surgir. Um forte brilho envolve os apóstolos, Chrno e Rosette.
- Os apóstolos não tinham mais nenhum poder...
- Será que está acontecendo um milagre??!! Irmã Kathe?
Os olhos da irmã Kath se encheram de lagrimas, enquanto em voz baixa pedia por um milagre. Ela não respondeu a pergunta de Claire, mas torcia para que ela estivesse certa. Ninguém sabia dizer o que estava acontecendo, mas todos estavam torcendo para que fosse algo bom.
Céu
- Onde estou??
- Vieste ao criador após a sua suplica. Pediste que o pecador Chrno pudesse continuar vivo. Que ele tivesse forças para continuar vivendo mesmo que você partisse, minha criança. Por que fez tal pedido?
- Por que eu o amo muito, e não quero que ele sofra mais. Ele já pagou muito caro por um passado que ele tentou ao longo dos anos se redimir.
- Como um ser que foi agraciado pelo senhor supremo pode amar um demônio sem coração?
- Isso não é verdade!!! Chrno tem um coração puro!!! Ele é capaz de amar como qualquer outro ser vivo!!! Chrno não queria mais lutar, pois acreditava que um dia o amor das pessoas se tornaria algo tão forte como o amor que ele sentia por mim, que não haveria mais ganância ou guerra.
- O pecador me pediu que poupasse a sua vida, mesmo que tivesse que levar a vida dele.
- Isso é uma prova de que ele tem um coração cheio de amor, e que merece misericórdia... Não me importa qual será meu fim, tudo o que eu quero é a felicidade de Chrno e todos os seres humanos que ele me ajudou a proteger.
- Como o pecador não viu resposta a suas preces, decidiu entregar-se a morte. – os olhos de Rosette arregalaram-se e uma lágrima solitária desceu por seu rosto - Diga-me, minha criança. O que você faria se por acaso pudesse voltar a vida por apenas um dia?
- Se fosse para poder pedir a Chrno que continuasse com sua vida, e ajudando Magdala a salvar pessoas das injustiças do mundo, eu gostaria de voltar a vida por apenas um dia. Mas não quero voltar e ver que nunca poderei ver pela ultima vez o sorriso em seu rosto. Não há mais razão de viver sem Chrno...
- Se você pudesse voltar no tempo, diria para você mesma que conhecer o demônio traria muito sofrimento para todos a sua volta?
- Se eu pudesse voltar no tempo, diria a mim mesma que eu desse mais valor a todos a minha volta. Diria que o sofrimento que aconteceria jamais apagaria as boas lembranças dos momentos felizes que tivemos.
- Os demônios precisam de seus chifres para viver, minha criança. Nunca se esqueça disso... Espero que encontre o que procura em sua jornada, Rosette Cristhofer.
Rosette ficou sem entender o que o Senhor quis dizer, mas também não esperou muito pra perceber que algo estava acontecendo. Parecia que seu corpo estava caindo, e a luz branca que ofuscava sua visão começava a desaparecer. Abriu os olhos lentamente, e pôde ver alguns vultos com asas. Escutou risadas, choros e uma voz angelical cantando. Sim, agora ela tinha uma idéia do que estava acontecendo.
- CHRNOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Continua...
