Canção de ninar

Quando era menino e seu irmão apenas um bebezinho, Dean costumava ficar ao lado da mãe enquanto ela colocava o pequeno Sammy para dormir. Ele achava engraçado como seu irmãozinho, que estava elétrico e dando gargalhadas banguelas para o papai há tão poucos minutos, agora estava calmo e preguiçosamente estirado no berço, estendendo as mãozinhas e mexendo desajeitadamente nos longos cabelos louros de Mary Winchester, que estava sentada ao lado do móvel e inclinada sobre ele.

Ela então abria um grande sorriso - daqueles que as mães dão quando sentem orgulho dos filhos - e cantava para Sam. Músicas calmas e de letra fácil. Tinha até uma curiosa - a única que Dean realmente gostava, sem saber o motivo - que falava sobre uma rua ladrilhada, que tinha dentro dela um bosque onde vivia um anjo que roubava corações por ter tido o próprio roubado.

O irmãozinho então adormecia – pelo menos por algumas horas, até que sentisse fome – e a mãe o tomava delicadamente pela mão e dizia que já estava na hora dele ir deitar também. Eles iam juntos até o quarto infantil do outro lado do corredor e ele ganhava um abraço apertado, um beijo na testa e a promessa da mãe de que anjos olhariam por ele durante o sono. Então Mary se retirava para o seu próprio quarto e deixava Dean, já de pijamas e coberto. O garoto mais velho, ao contrário de Sammy, ainda se demorava a dormir. Às vezes surrupiava a lanterna da gaveta e brincava por mais uma hora, sendo, na maioria das vezes, surpreendido pelos pais.

Mary então o colocava novamente na cama, entregando a lanterna ao papai, e perguntava se ele gostaria que ela cantasse. Dean então desconversava e dizia que aquilo era "coisa para criancinhas pequenas como o Sam".

Mas a verdade é que elas nunca funcionavam com ele, nunca traziam sono.

É engraçado que agora, 30 anos depois e justamente nesse momento, quando estava cansado e sonolento, ele se lembrasse dessas ocasiões já tão distantes.

Mas de certa forma sabia o porquê.

Castiel estava com ele. Na mesma cama e com o corpo suado. Finalmente, depois de tanto tempo, estavam plenamente unidos um ao outro, e uma tranquilidade rara a ambos se espalhava entre eles. O anjo colocou a mão sobre os cabelos do amante em um carinho terno, arrancando-o de suas lembranças e conseguindo um sorriso grogue.

Com a cabeça no peito de Castiel, Dean escutava as batidas do seu coração. Fortes, ritmadas, em um som abafado e contínuo. Fora a primeira canção de ninar que realmente o fizera dormir.

N.A.: Desculpem qualquer erro, é minha primeira fanfic e ainda estou pegando o jeito da coisa. Espero que tenham gostado, mesmo sendo simples. Me deixem saber a opinião de vocês, críticas são construtivas.

Enfim, review?

Abraços.