Título: De Platão À Concreção
Autora: Lab Girl
Categoria: Bones, B&B, 5ª temporada, romance, sexo
Advertências: A linguagem utilizada e as situações descritas nesta história são inapropriadas para menores e pessoas sensíveis a descrições gráficas de sexo. O alerta deve ser observado antes de prosseguir com a leitura!
Classificação: NC-17
Capítulos: 4
Spoilers: Episódio 5x15 (The Bones in the Blue Line)
Sumário: Almas gêmeas? A noção era ridícula para ela, simplesmente por ser totalmente incompreensível. Almas gêmeas? Para ele, era uma metáfora para complementação. Ele não entendia Platão, mas estava disposto a ensinar a ela sobre as questões do coração. E levou apenas uma noite para concretizar cinco anos de platonismo.
Nota da Autora: Do que se trata esta história? Apenas meu final alternativo para o episódio em questão ;) Mais especificamente, trata de assuntos que exigem certa maturidade e aborda situações adultas entre dois adultos. Embora hoje em dia quase ninguém leve as classificações indicativas de fanfictions em consideração, seria de bom tom observar a advertência.
1. Platonismo
Então, depois de a natureza humana original ter sido dividida em duas, cada metade, desejando fortemente a outra metade que era sua, tendia a reunir-se com ela.
– Platão, Simpósio
"Eu não acredito nisso aí, não."
"Nem eu. É ridículo!" ela riu.
"Não é? Quatro cabeças... quatro olhos..."
"Duas cabeças. Dois rostos" ela o corrigiu, erguendo dois dedos para enfatizar o que dizia.
"Isso é só uma história. Bem maluca, por sinal" ele riu.
"E não é?" ela sorriu, sacudindo a cabeça. "Achar que duas pessoas podem se completar..."
Booth ficou repentinamente sério.
"Não, Bones... eu quis dizer a história... essa lenda aí que você me contou."
"A história de Zeus e as almas gêmeas?"
"É. Isso. Quando eu falei que não acredito, eu quis dizer que não acredito nessa história. Mas eu acredito, sim, que duas pessoas podem se completar."
Ela o fitou por alguns instantes, a sombra de sorriso desvanecendo, a expressão tornando-se séria como a dele.
"Acredita?" ela murmurou, surpresa.
"Que duas pessoas se completem? Acredito" ele balançou a cabeça em afirmação. "Acredito, sim. Você não?"
Brennan franziu a testa, enquanto parecia reunir peças em sua cabeça.
"Duas pessoas são entidades distintas. Se precisássemos de um outro alguém para sermos completos, fatalmente não seríamos indivíduos. Um ser humano é completo por si só, e se basta a si mesmo."
"Você realmente pensa assim, Bones?" ele a questionou, levando o copo aos lábios, sem deixar de encará-la.
"É claro. A ciência prova isso..."
"Não estou falando de ciência. Nem de histórias platônicas" afirmou, depositando o copo quase vazio sobre o balcão de mármore da cozinha.
Um brilho de divertimento iluminou o olhar dela. "Para quem supostamente não sabia quem era Platão, você empregou o termo platônico muito bem."
"Sabe como é, Bones... eu sou uma caixinha de surpresas" ele sorriu, arqueando as sobrancelhas para ela, em tom brincalhão.
"Eu sei que as pessoas têm essa ilusão de que podem se encontrar em outra pessoa. Algumas passam a vida buscando alguém com quem possam se identificar de forma a acreditar que estão finalmente completas. Mas isso é apenas uma ilusão, Booth..." os olhos dela se perderam sobre o material frio do balcão, os dedos percorrendo a superfície lisa.
Booth alisou a borda do copo com os dedos, suspirando.
"Eu sei que para você pode parecer ridículo... uma coisa incompreensível e até irracional, Bones" seus olhos então se ergueram para encontrar os dela sobre si. "Mas as pessoas se completam. Metaforicamente falando" ele sorriu levemente.
Ela deu um meio sorriso, dando de ombros enquanto olhava para o próprio copo de scotch. "Você é um grande adepto das metáforas."
"Sim. Em especial quando elas demonstram aquilo que nenhuma palavra ou explicação científica pode... as emoções, Bones. O que carregamos por dentro. E não estou falando de ossos, sangue e todas essas coisas", ele sorriu para ela. "Estou falando de coisas que não podem ser medidas... quantificadas. Catalogadas. Você entende, não?"
"Entendo" ela o fitou, com um meneio de cabeça. "Entendo o que você quer dizer, mas não consigo alcançar a mesma compreensão."
"Por quê? Por que acha que ninguém precisa de ninguém? Que cada um se basta por si só?"
"De certa forma" ela fez um muxoxo. "Eu sei que como seres gregários, nós precisamos viver em sociedade, e consequentemente precisamos uns dos outros em diversos níveis. Mas não necessitamos de um outro ser humano para atingirmos nossa capacidade plena. Nisso eu não creio."
"Eu entendo o que você quer dizer com isso."
"Entende?" ela pareceu um tanto surpresa.
"Entendo" ele meneou a cabeça. "Mas eu falo de uma necessidade diferente, Bones. Uma que ninguém pode suprir por si mesmo."
Ela lançou-lhe um ar de interrogação.
Booth inclinou-se um pouco sobre o balcão, de modo que veio a ficar mais próximo dela.
"Você é uma mulher inteligente, de sucesso..."
"Sou" ela concordou.
"Você se basta quando diz respeito a sua sobrevivência. A sua realização profissional."
"Certo..."
"Mas existem mais coisas além disso, Bones."
Ela manteve o olhar preso ao seu, numa demonstração de que o estava acompanhando.
"O que eu quero dizer é que... você não é só isso. Não é apenas isso que vai preencher sua vida."
"Eu me sinto satisfeita com o que tenho" ela murmurou.
"Isso é bom" ele sorriu. "Mas existem coisas, Bones... sentimentos, sensações... que não dependem só de você para serem satisfeitos."
"Está falando de..."
"Estou falando de amor. De companheirismo. De cumplicidade."
"Eu sei que todos precisam se sentir reconhecidos, de alguma forma, em outra pessoa. Quero dizer, sentimos uma necessidade de que outros seres humanos reconheçam nosso potencial, seja profissional, seja sexual ou intelectual..."
"E o coração, Bones?"
Uma linha de confusão surgiu entre as sobrancelhas dela.
"Você nunca olhou nos olhos de alguém e se viu refletida neles? E não no sentido literal... mas eu quero dizer... nunca se viu, se sentiu amada naquele olhar?"
Ela permaneceu calada, e diante do silêncio dela, Booth continuou.
"Nunca se sentiu confortável na companhia de alguém com quem você podia simplesmente ser você mesma? Nunca teve vontade de reter essa pessoa ao seu lado por mais uns minutos... simplesmente pelo prazer de estar junto dela?"
Podia ver o olhar de Brennan preso ao seu enquanto falava. As íris azuis brilhando, atentas... e se viu não só disposto, como incitado a continuar.
"Já se sentiu suficientemente à vontade para rir e ser tonta ao lado dessa pessoa, e ao mesmo tempo falar de coisas sérias e importantes? Alguém com quem você pudesse falar de tudo e de nada ao mesmo tempo? Com quem pudesse compartilhar seus melhores e seus piores momentos? Alguém que sentiu que ia compreendê-la, não importando o que tivesse acontecido? Alguém que aceitasse você simplesmente por ser quem – e como é?"
Ela ficou em silêncio, parecendo analisar suas palavras.
"Completar alguém é isso, Bones. É sentir que aquela pessoa faz parte de você, embora você possa continuar vivendo sem ela... e apesar disso, não querer imaginar sua vida sem ela."
Reviews? Sim, por favor!
Afinal, como eu vou saber se tem alguém lendo? ;)
