(...)
Beautiful! Powerful! Dangerous! Cold!
Ice has a magic, can't be controlled
Stronger than one, stronger than ten
Stronger than a hundred men!Born of cold and winter air
And mountain rain combining
This icy force both foul and fair
Has a frozen heart worth miningSo cut through the heart, cold and clear
Strike for love and strike for fear
There's beauty and there's danger here
Split the ice apart, beware the frozen heart
(...)
"It's coronation day!" Exclamou Anna, uma jovem e desajeitada princesa de aproximadamente dezoito anos enquanto corria entusiasmada, esbarrando em um dos criados por acidente, assim atravessando os corredores do belíssimo castelo cantarolando, tão animada. Por outro lado, sua irmã mais velha, Elsa, angustiada em no quarto ao lembrar de sua coroação, temendo estraga-la por conta de seus poderes indisciplinados e tão perigosos.
"Don't let them in, don't let them see. Bethegood girl youalways had to be" – Elsa repetiu para si própria as palavras que seu pai, o falecido rei de Arendelle, sempre dizia sobre seus poderes logo após o acidente com sua irmã. Ela soltou um longo suspiro, tentando manter a calma diante da situação, ficar nervosa só faria com que os poderes se manifestassem – o que ela, definitivamente, não desejava. Caminhou pelos corredores do castelo em direção ao salão principal, ordenando que os guardas abrissem os portões de Arendelle para que os convidados pudessem entrar para presenciar o evento.
A capela real, onde ocorreria a coroação, estava completamente lotada de súditos, duques, príncipes e princesas de todos os tipos. Os sinos soaram repetidamente, anunciando o começo da cerimônia, e enquanto Elsa caminhava pelo longo tapete vermelho, o coral cantava em latim para saudar a futura rainha. A cerimônia foi longa e torturante para Elsa, que tentava se manter o mais calma possível – o que era impossível no então momento. Ela inclinou-se para o bispo e este lhe presenteou com uma belíssima coroa de ouro maciço, ornada com diamantes e esmeraldas, e assim que a jovem monarca se endireitou ela levou as mãos na direção do cetro (sceptre with the cross) e da orbe. Porém, antes que pudesse tocar nestes o bispo lhe alertou sobre as luvas – que sempre estavam presentes em suas mãos – para que as tirasse. Elsa torceu os lábios, aflita, retirando-as cautelosamente e apanhando os dois enquanto se direcionava na direção dos súditos que permaneciam de pé enquanto o bispo recitava em latim. Os dedos dela tremulavam enquanto segurava os dois objetos, notando que em ambos o gelo começava a se formar, fazendo com que ela prendesse a respiração de imediato. Assim que o bispo terminou de falar, Elsa colocou a orbe e o cetro novamente onde estavam, apanhando as luvas rapidamente enquanto todos a saudavam.
"Rainha Elsa de Arendelle!"
Todos aplaudiram de pé e Elsa esboçou um singelo sorriso, orgulhosa de si própria por tudo ter dado certo – até aquele momento. Após a interminável coroação o baile de gala começou, a primeira festa que as duas irmãs presenciavam na vida tão solitária que levavam. Anna e Elsa puderam se aproximar novamente durante certo tempo, porém, a mais velha a afastou de imediato, temendo que a machucasse. Arrasada com a atitude de sua irmã, Anna saiu do salão e Elsa continuou próxima ao trono, observando todos os convidados conversarem e dançarem tão descontraídos. Algum tempo depois, Anna voltou, agora puxando um rapaz que a mais velha não pode reconhecer quem era ou quais intenções este tinha com sua irmã – até que estes finalmente falaram o que desejavam – Ah, como aquelas palavras a feriram! Queriam sua benção para se casarem. Casarem sem nem mesmo se conhecerem! O que Anna estava pensando, afinal?
"Não!" – disse a então rainha, atônita com a atitude irresponsável de Anna.
"O quê?" – a mais nova questionou, sem entender.
"Você ouviu. Ninguém aqui vai se casar."
"Espere, o quê?"
A rainha torceu os lábios, temendo que sua irmã fizesse algum tipo de escândalo, porém não poderia deixar sua irmã, sua amada irmã, casar-se com um rapaz que nem ao menos sabia quem era!
"Preciso falar com você, por favor. Em particular."
"Não!" – exclamou a menor, agarrando-se ao braço do príncipe titulado como Hans – "Tudo que você tiver que dizer, você pode dizer para nós dois."
"Muito bem. Você não pode se casar com um homem que acabou de conhecer, Anna."
"Posso sim, é amor verdadeiro!"
Elsa franziu o cenho, estarrecida com a inocência de sua irmã, dirigindo-se a esta agora em tom autoritário.
"O que você sabe sobre amor verdadeiro?"
"Mais do que você. Tudo que você sabe é afastar as pessoas."
Aquilo atingiu a rainha como uma facada no peito, não podia acreditar que algo daquele tipo estava acontecendo. "Tudo que você sabe é afastar as pessoas" – de fato, era. Porém ela tinha motivos, não queria machucar a irmã.
"Você pediu minha benção, mas minha resposta é não. Agora, se me dão licença..."
Elsa afastava-se do "casal" quando o príncipe se dirigiu a si de forma insolente, silenciando-o de imediato e caminhando na direção dos guardas, então ordenando que fechassem os portões pois a festa estava encerrada. Anna revoltou-se com a atitude de sua irmã, agarrando uma de suas mãos e retirando sua luva por acidente, o que fez a mais velha entrar em pânico.
"Me dê minha luva!" – suplicou, tentando agarrar a luva das mãos de sua irmã.
"Elsa, por favor! Eu não posso mais viver assim!"
"Então... Vá embora."
Temendo que se descontrolasse a qualquer momento, Elsa feriu sua irmã com suas palavras na tentativa de afastá-la, porém isto não foi o suficiente. Assim que se virou, Anna voltava a lhe questionar, agora em voz alta, chamando a atenção de todos no salão.
"O que foi que eu fiz com você?"
"Chega, Anna." – Ela se abraçava, trêmula, caminhando na direção da porta, pretendendo deixar o recinto antes que fosse tarde demais.
"Não. Por que você me afasta? Por que você afasta a todos? O QUE TANTO VOCÊ TEME?"
"EU DISSE BASTA!"
Descontrolada e tomada pelas emoções Elsa ao se virar para a irmã acabou se descontrolando e assim foi dominada pelos poderes, fazendo com que uma barreira de estalactites pontiagudas feitas de gelo se formassem em volta de si, como uma barreira. Todos olharam a cena espantados, principalmente Anna que encarava sua irmã atônita. A rainha, desesperada, saiu do salão em disparada, correndo pelos corredores do castelo até a porta principal na tentativa de escapar, porém assim que saiu deu de encontro com o resto dos súditos que agora a saudavam.
"Venha beber conosco, rainha!" "Saudem a rainha!" "Vida longa a rainha"
Elsa parou em frente a uma senhora que carregava um bebê em seu colo e esta logo percebeu que a rainha estava aflita, perguntando-lhe o motivo. Espantada, a jovem recuou os passos, atingindo a fonte e assim que a tocou esta a congelou de imediato, fazendo com que todos entrassem em pânico, afastando-se desta. Antes que pudesse fugir um dos convidados que estavam no salão chamou a atenção dos guardas.
"Lá está ela! Parem-na!" – gritou um deles.
"Por favor, fiquem longe de mim! FIQUEM LONGE!" – seus poderes voltaram a dominá-la e esta lançou uma rajada de gelo nos guardas que caíram de imediato.
"Monstro! MONSTRO!"
De fato, era um monstro, sentia-se a pior das criaturas naquele momento, questionando o motivo de ser amaldiçoada por este "dom". Fitou as pessoas a sua volta que se afastavam assustadas, entendendo que seu lugar não era mais ali e que se continuasse, poderia feri-los, ou pior – matá-los.
Saiu correndo então em direção aos portões, atravessando-os antes que os guardas pudessem lhe alcançar. Sua irmã gritava e tentava chamar sua atenção, porém a então rainha não poderia arriscar de aproximar-se da mesma, poderia machuca-la como da ultima fez que fizera. Chegou ao mar, apavorando-se por não ter para onde correr até que uma camada de gelo começou a se formar em seus pés, descobrindo que seria capaz de atravessar o mesmo. Pisou um dos pés na água que se congelou imediatamente ao toque, firmando os pés do gelo e correndo em direção a outra faixa de terra. Anna tentou atravessar, porém escorregou antes que pudesse, observando a irmã mais velha sumir dentre a escuridão. Flocos de neve caíam agora dos céus e o mar congelava-se gradativamente, congelando até mesmo os navios que se encontravam no porto.
Elsa correu incessantemente durante algumas horas, até alcançar as gélidas montanhas ao norte do continente, longe de qualquer tipo de civilização – o que naquele momento, era um alívio. Ali poderia ficar sem machucar ninguém.
"Um reino de isolamento... E pelo que parece, eu sou rainha." – ela soltou um suspiro enquanto analisava as montanhas longínquas, agora percebendo que estava livre e que, finalmente, poderia descobrir do que era capaz. Arrancou a outra luva e a lançou contra o vento, agora não tinha mais o que esconder já que todos haviam descoberto quem era. Resolveu se soltar, deixando o poder se manifestar naturalmente, criando flocos de neve perfeitos que mais pareciam com cristais. Construiu um boneco de neve, idêntico ao que ela e sua irmã faziam quando eram pequenas, divertindo-se em fazê-lo.
Ela agora corria pelas montanhas cobertas de neve, cantando e criando diversos tipos de esculturas na mesma.
"Let it go, let it go
Turn away and slam the door
I don't carewhat they're going to say
Let the storm rage on (...)"
"The cold never bothered me anyway" – disse, enquanto soltava o manto que vestia durante a coroação, deixando que este fosse levado pelo vento enquanto voltava a se divertir nas montanhas.
Não muito longe dali um espirito guardião da neve vagava pelas montanhas lotadas gelo, sentindo-se tão solitário. Jack Frost amava a neve, porém estava começando a ficar cansado de ficar no meio de tanta. Ele viajava pelas montanhas a dois longos e inacabáveis dias e começava a ficar realmente entediado. Jack pairava pela neve, aonde quer que olhasse, não via sinal de vida. Na verdade, para Jack não fazia diferença alguma se houvesse sinal de vida ou não, as pessoas não poderiam vê-lo nunca, estava fadado aquele destino que o Homem na Lua havia lhe traçado, sem nem mesmo saber o motivo de ser condenado a aquela solidão sem fim. Ele se dirigia a Arendelle, na expectativa de que ao menos alguma criança daquele pudesse vê-lo ou pelo menos pudesse se divertir com suas travessas guerras de neve. Ele suspirou pesadamente, acelerando um pouco, procurando não se iludir com os próprios pensamentos, afinal, quem poderia vê-lo? Era nada mais que um espírito. Bom, quem sabe ao redor da montanha existiram moradores que tivessem crianças e estas crianças pudessem vê-lo?
"Oras, não fantasie as coisas, Jack Frost, seu idiota!" – ralhou a si próprio, tentando espantar os pensamentos ilógicos – "Quem estou querendo enganar, afinal? Eu sou o único aqui e sempre serei."
Ele ergueu o tronco, fitando a lua cheia que iluminava os céus naquela noite, franzindo o cenho para esta.
"Se eu estou fazendo algo de errado, me diga. Por favor... Me diga, Eu só quero um sinal. Apenas um. Ao menos pode fazer isto por mim?"
Assim que Jack terminou a frase, o manto púrpura de Elsa lhe atingiu em cheio, fazendo com que ele se desequilibrasse e caísse, chocando-se contra seis metros de neve, afundando ali. Sentou-se, retirando o manto de cima de sua cabeça e corpo.
"Mas que droga de sinal é esse?" – exclamou aos céus, enfurecido, até que analisou o manto real, podendo deduzir que pertencia a uma mulher – "What the hell?"
Se levantou da neve com certa dificuldade, apoiando-se no cajado de madeira que sempre estava consigo, assim massageando as nádegas doloridas enquanto analisava as montanhas gélidas, até que notou algo se erguendo no topo de uma destas, arqueando ambas sobrancelhas, curioso.
"O que é aquilo?"
Voltou a pairar novamente com o auxílio do vento, sendo levado na direção da curiosa estrutura que se formava na montanha mais alta. Ao lado do pico da montanha havia um gigantesco palácio de gelo, deslumbrantemente azul e brilhante. As torres pontudas reluziam e as portas e paredes apresentavam fantásticos padrões de flocos de neve. O palácio inteiro era feito de gelo! Jack ficou completamente atônito enquanto deslumbrava a magnífica estrutura a sua frente. Aquele edifício gelado era a coisa mais bela que Jack já havia visto. Ao se aproximar, ele analisava cada detalhe possível da notável arquitetura, não muito preocupado em entrar, por enquanto, imaginando quem teria construído aquela obra de arte. Quando olhou para cima, viu uma sacada magnífica toda trabalhada em pingentes de gelo e, para sua surpresa, viu uma garota. Oh, não era exatamente uma garota e sim uma jovem dama, aparentemente de sua idade que trajava um vestido azul que parecia ser feito de cristal. Ela se apoiava na sacada, com os olhos fechados, como se apreciasse o simples fato de estar ali. Jack Frost percebeu que sua certeza de antes estava completamente errada.
Ela era a criatura mais bela que ele já havia visto na vida.
