O despertador tocou antes que tivesse preparado para levantar. Levantei da minha cama no hotel, muito cansado e fiquei olhando para o nada, tentando acordar e conectar meus pensamentos ao mundo real. A bagunça estava espalhada por todo lado, a festa de ontem a noite durou mais tempo que deveria. Me estiquei e entrei no chuveiro. Eu sabia que Emmett viria bater na minha porta a qualquer momento. O show ontem foi bom, muito bom, mas eu estava cansado de estar na estrada por tanto tempo e preciso de uma pausa, ver minha filha, comer a comida da minha mãe e dormir por uma semana. Amo o que faço, mas é exaustivo correr o tempo todo, fugir das minhas fãs mais intensas e tentar ser o mais discreto possível para não atrair paparazzis por onde passo. Troquei de roupa e ouvi meu irmão entrar, provavelmente com a equipe de limpeza devido suas ordens para pegar os copos e coisas espalhadas. Achei umas calcinhas no corredor e chutei longe.

Essas garotas malucas fazem de tudo pra ter minha atenção. Apesar de não ter nada contra sexo casual, certamente não sou porco. Tenho cuidado com minhas escolhas, nunca se sabe qual a louca que está me fotografando e enviando para revistas. Além do mais, eu tenho uma filha de dez anos de idade, com acesso a internet e que fuxica exatamente tudo que sai com meu nome. Eu tento fazer com que minha mãe controle mais Alice na internet, mas, ela é determinada e efusiva como sua mãe foi. Simplesmente era impossível de deter. Sorri com melancolia ao lembrar de Maria, minha primeira namorada, que fiz a gentileza de engravidar aos dezesseis anos de idade.

Ela era imigrante e ilegal. Devido ao bebê, meus pais entraram com uma ação, custeando a cidadania dela, porém, nós acabamos terminando, não havia amor, fodemos com tudo e tentamos ser amigos, o que concordamos que deu muito mais certo que namorar. Meses após o nascimento de Alice, Maria foi atropelada por um bêbado quando voltava da escola. Sua melhor amiga, Nettie, morreu na hora. Ela lutou pela sua vida por dias antes de falecer. Segurei sua mão por horas, sem acreditar que havia perdido a mãe da minha filha. Foi uma dor passar por aquilo e aprender a cuidar da minha garota. Penso em Maria com carinho a cada dia. É por amor a música e a Alice que faço isso, pelo dinheiro também, não serei hipócrita. Pude dar muitos confortos aos meus pais, que batalharam muito para me dar uma educação decente junto com meu irmão gêmeo, Emmett.

- Ei cara. Acabou de quebrar mais um recorde, o seu próprio. A música mais vendida em vinte cinco países. - Emmett entrou no meu quarto sorridente.

- É a era digital. Cadê Rose?

- Está preparando seu café-da-manhã e falando com o pessoal do estúdio. - disse e me deu um olhar. - Não está feliz?

- Claro que sim, faz tudo valer a pena. - sorri e peguei meu celular vibrando. - Oi baixinha.

- Oi papai! Bom dia! - Alice gritou animada como sempre. - Hoje teremos aula de campo e o vovô vai me levar. Você vem para casa?

- Sim. Seu Tio Emm deixou tudo organizado para o voo daqui a pouco. Vou chegar direto para umas reuniões e estarei em casa no jantar.

- Vou fazer lasanha! Tenho que ir. Te amo!

Isso sim valia a pena. Desci atrás do meu irmão. Emmett e eu somos gêmeos, idênticos, mas temos algumas diferenças. Temos a mesma altura, vestimos o mesmo número, os mesmos olhos e sorrisos, mas de alguma forma, somos diferentes. Obviamente, sempre fazemos tudo igual, quando mais novos, era mais fácil trocar de lugar e enganar as pessoas, principalmente na escola. Não conseguimos enganar quem nos conhece, como meus pais, Alice e Rosalie, esposa do meu irmão e nossa amiga e vizinha de infância. Quando a fama bateu a minha porta, eles estavam desempregados e passando por uma fase difícil, acreditaram em mim e mergulharam de cabeça na minha aventura, que deu muito certo.

Desci com Emmett e procuramos sua esposa pelos corredores. Rose estava com o café-da-manhã em uma área reservada do hotel.

- A nova integrante da equipe vai estar conosco em alguns minutos. - Rose anunciou. - Decidi que, como haverá uma vaga no avião, é mais fácil todos chegarmos juntos para reunião. Depois irei ajudá-la a encontrar um hotel.

- Hotel? - tentei voltar na conversa de quando Rosalie disse que havia encontrado a única dançarina que nos acompanharia em turnê. Normalmente os meus show não envolvem nenhum tipo de dança, mas, esse novo CD tem novos tipos de música e foram contratados cinco dançarinos, porém, ainda era preciso de uma garota para o número principal, a música chefe do disco.

- Eu te disse que ela não era de Los Angeles. - rebateu e começou a comer. - Droga, Edward. Ela já está contratada.

- Relaxa, mulher. Confio no seu julgamento. Só fiquei meio perdido, só isso. - disse encolhendo os ombros.

- Ela acabou de fazer vinte e um. Foi muito engraçado, seu pai a levou no dia do teste e da entrevista, estudou ballett a vida toda, é toda menininha, mas é linda também. Ela disse que foi criada pelo seu pai, sempre viveu com ele, participou de grandes espetáculos de dança naquela região e ela é o que eu esperava, fisicamente. - disse animada e sorriu. - O pai dela me fez prometer que cuidaria da sua filha, porque ela nunca morou em cidade grande. O homem conseguiu assustar Emmett.

- Ele era o tipo de policial durão. - Emmett riu com a lembrança. - Ainda acho que ela não deveria ficar em um hotel.

- Ela é caipira? - perguntei enchendo meu pãozinho de ricota.

- Quando você vê-la, vai ver que é um doce. As coisas em Los Angeles são meio agressivas.

- Então o que ela está fazendo em Vegas?

- Veio se apresentar em seu último espetáculo pela academia de dança. Fui vê-la ontem a noite e jantamos juntas enquanto vocês estavam no show... Mas é sair que vocês aprontam. - disse dando um olhar irritado para seu marido, que organizou a festa.

- Primeiro lugar em vinte cinco países. Música mais tocada nas rádios. Milhões de discos vendidos. - Emmett cantou e eu ri.

- E encher o apartamento de piranha era a comemoração? - rebateu ficando vermelha.

- Edward precisa transar. - Emmett disse e ouvimos alguém limpar a garganta timidamente atrás de mim. - Bella! Deixe-me te ajudar com essas malas! - de boca cheia, virei e olhei para a garota parada na porta. Ela tinha longos cabelos castanhos, estava parada parecendo um pouco acanhada ou observando o lugar, memorizando o ambiente e abriu um sorriso para Emmett, que puxou suas malas e também deu abraço em Rosalie. O sorriso dela era de tirar o fôlego...

- Bella, esse é Edward. - Rose apresentou com naturalidade.

- Muito obrigada pela oportunidade. - disse apertando minha mão e olhando para meu rosto com toda sua atenção. Ela era a criatura mais linda na terra, sua beleza não tinha nada "extraordinária". Mas havia algo angelical no seu rosto e seus olhos eram como fogo, me deixou inquieto e desejoso.

- Espero que façamos um excelente trabalho juntos. - disse e indiquei um lugar a mesa. - Nós vamos comer e sair.

- Obrigada. - sorriu e sentou do lado de Rosalie. - Desculpe vir com tantas coisas. Trouxe uma mala com tudo que poderia ser necessário e as roupas irei comprando com o tempo mesmo. Tínhamos que deixar o hotel e não deu para esperar mais. - explicou e o garçom lhe serviu um copo de suco.

- Coma a vontade. Esses meninos comerão tudo se você não for esperta.

- É incrível como eles são iguais e diferentes ao mesmo tempo. - disse admirada, olhando entre Emmett e eu. Parei de mastigar.

- Quais diferenças? - Emmett e eu perguntamos juntos. Normalmente as pessoas demoram um pouco a nos diferenciar. Ainda tem gente na equipe que fica bem confuso. – Não precisa ficar tímida comigo, todos nós somos como uma grande família intrometida, tirando a parte que realmente somos uma família em nossa maior parte. – disse e bebi um pouco do meu suco.

- Ah, eu não quis parecer rude, mas, eu já dei aula para duas gêmeas e aprendi a observar as diferenças. Eu não sei explicar exatamente quais sem ficar encarando, mas simplesmente sei quem é quem.

- Eu também sei. Cresci com eles. Você pode diferencia-los no cheiro.

- Eu não vou ficar no pescoço de ninguém, Rose. Credo. – Bella riu e achei o seu sotaque extremamente fofo. Alice vai apertá-la até quebrar seus ossos. – Estou satisfeita, obrigada. – disse ao garçom que veio colocar mais coisas em seu prato.

- Acho que já estamos muito em cima da hora de sair. – Emmett olhou no seu relógio.

- Tá uma loucura lá fora, um monte de gente e fotógrafos. – Bella comentou e virei para porta, xingando.

- O quê? – Rosalie ergueu a cabeça e quase engasgou com seu pão. – Como assim?

Rose saiu para ver o que estava acontecendo e voltou com Félix, que parecia bem estressado. Alguém vazou a minha localização, obviamente uma das muitas pessoas que apareceram para festinha idiota que meu irmão organizou de última hora. Revirei os olhos para briga que Rosalie começou com ele. Bella, obviamente não acostumada, abaixou o olhar e ficou encarando suas mãos, provavelmente fingindo que não estava ali. Eu estava mais que acostumado, simplesmente continuei comendo. Depois de satisfeito, levantei e fiz sinal para ela me seguir. Minhas malas estavam reunidas no fim do corredor com um dos assistentes da equipe, seu nome era Eric, ele era um garoto excessivamente animado que fazia qualquer coisa que minha cunhada mandasse e morria de medo do meu irmão. Ele estava ajudando o motorista contratado a guardar as malas nos dois carros.

- Eles dois brigam sempre, acostume-se. – disse e ela mordeu o lábio, assentindo. Abri a porta do carro. – Pode entrar. – sinalizei.

- Eric, você vem conosco. – Rosalie entrou no carro de trás e Emmett simplesmente revirou os olhos, entrando logo em seguida. Eric entrou no banco da frente do carro deles e Félix entrou no nosso, dizendo para o motorista não atropelar ninguém, mas para não deixar o carro parado ou eles nunca nos deixaria sair do lugar. Quando os portões da garagem abriram, os seguranças do hotel tentaram conter as meninas gritando e os fotógrafos jogando uma quantidade insana de flashes nos vidros.

- Melhor abaixar seu rosto. – disse e esperamos o carro conseguir sair de dentro do prédio. Era simplesmente enlouquecedor quando elas me encontravam. – Vou matar meu irmão, porra. Que pesadelo. – murmurei e ela soltou uma risada.

- Acho que a Rosalie já está fazendo isso. – disse baixinho e ri também.

Quando o carro ganhou velocidade na rua, todo mundo suspirou aliviado. E não demoramos muito para chegar a um aeroporto privado um pouco afastado da cidade, mas necessário quando o aeroporto de Las Vegas era uma loucura. Ajudei a descarregar as malas e as meninas entraram no avião. O pequeno avião tinha oito lugares e nos espalhamos ao redor disso. Eu vi que Bella tirou seu iPod da bolsa e reconheci as batidas, fechando os olhos e parecendo se entregar a letra. Sei que ela irá criar a coreografia, achamos desnecessário contratar um coreógrafo depois que Rosalie analisou o currículo dela. Eu queria algo sentimental, cheio de vida e que fosse romântico. Essa música escrevi baseada em uma das histórias mais marcantes do meu pai e adaptei para o tempo atual. A história de amor dele é linda e cheia de superação, não é a primeira música que escrevo sobre isso, mas acho que essa é especial de alguma forma.

A viagem até Los Angeles não era muito longa. Rosalie pediu que as malas fossem enviadas para casa dos meus pais, onde Alice está no momento. Quando estou em casa, tento manter uma rotina com minha filha. Ela vai viajar comigo na primeira parte da turnê mundial, é uma rotina cansativa, mas eu não quero ficar tanto tempo sem vê-la principalmente que estará de férias. Quando suas aulas retornarem, teremos uma pausa de duas semanas para descanso e preparar a próxima parte da turnê, que fará uma passada em vários estados no Brasil, depois Argentina e por fim o Chile. Será muito tempo fora de casa e eu não quero que minha filha se torne filha dos meus pais. É muito complicado gerenciar isso tudo. Era preciso, no entanto e sei que vou fazer meu melhor.

Chegamos ao prédio da nossa sede, meu agente estava lá, Aro Volturi, a pessoa que me descobriu na internet e enviou meus vídeos para vários lugares. Minha mãe e sua esposa se tornaram amigas. Também estava Victória, assessora de imprensa. Rosalie era minha empresária, também meu cão de guarda. Emmett era... Emmett. Ele comandava as coisas. Eric era o assistente. E também havia o produtor e diretor do próximo clipe, esse que Bella dançará e a música chefe de toda turnê. Cada palco será adaptado para essa apresentação e sei que meu público vai ficar enlouquecido. Sentamos ao redor da mesa de reuniões e muito começou a ser falado, números, salários, ingressos, logísticas de palco e vários tópicos foram atravessados enquanto ouvia o que estava sendo dito, também observei Bella conversar com o diretor e o produtor do clipe, eles pareciam chegar a algum acordo, porque sorriam e balançavam a cabeça.

- E então, o que tem para nos oferecer? – Rose perguntou curiosa e animada. Ela adora produções dos clipes.

- Estive conversando com ela e sua ideia de dança é simplesmente maravilhosa, ainda não vi exatamente, mas entendi. Já idealizei o cenário, meu assistente está procurando imagens para exemplificar. A única coisa que gostaria de mudar, que ao invés de ser outro dançarino da equipe, ser o próprio Edward a dançar a música com ela. – o diretor disse todo animado. Já trabalhei com Laurent antes, ele é realmente bom.

- Ele? Edward só dançou no meu casamento, o máximo que ele faz é aquilo que vocês veem no show. – Rose rebateu e eu ri, não negando.

- É uma dança romântica, mas exigiria esforço. Ele teria que me erguer algumas vezes e eu acho que a dança em si, ele é capaz de pegar se ensaiarmos muito. – Bella encolheu os ombros. Não estava muito seguro que ela confiava em mim para tal função, como se fosse um desafio, não sei. Só de pensar que poderia me desafiar a algo novo, talvez encarasse a proposta. Cocei minha cabeça pensativo.

- Seria legal. Os clipes que ele aparece são muito mais visualizados e disparam nas plataformas streaming. – Eric disse pensativamente.

- Isso é verdade. Acha que consegue, Edward? – Emmett estava me provocando. Desde pequeno disputamos tudo, sobre qualquer coisa.

- Claro que sim. Levantar ela? Claro. Dançar também. – disse decidido.

- Não é tão simples, obviamente você tem músculos trabalhados, deve ser de academia, mas é diferente na dança. Quer fazer um teste? – perguntou e eu percebi que não estava mais tão tímida assim, afinal, era seu trabalho agora.

- Que tipo de teste? – eu não estava preparado psicologicamente para dançar ali na frente de todo mundo.

- Eu vou pular em você e vamos ver se consegue me erguer só me segurando pela cintura. – disse e fiquei de pé. Ela me deu um olhar de como não acreditasse que comprei seu teste. Saiu da sua cadeira e tirou seu tênis. Ela usava uma calça preta justinha, tipo de academia e um camisetão bem largo. – Ok. Mantenha seu equilíbrio e firme seu peso ou nós dois vamos cair e não vai ser legal.

Fiz exatamente que pediu e ela se preparou, vindo na minha direção e pulou. Segurei sua cintura e senti suas pernas ao redor da minha, mas ela era tão habilidosa que desceu como uma pluma e sem que eu tivesse controle disso.

- Vai dar certo. – me deu um sorriso brilhante.

- Temos uma semana para Edward pegar a coreografia. – o produtor disse e nós mergulhamos na logística, eles já tinham um espaço em mente, ligamos e conseguimos agendar para o próximo domingo um dia inteiro de gravação e os custos. Também selecionamos o tipo de equipe, Emmett ficou reclamando de estourar o orçamento prestes a lançarmos oficialmente o CD e a turnê mundial que seria uma mistura do meu terceiro CD que não fiz turnê fora do país e desse, que ganhou um orçamento muito maior da produtora e da gravadora. Minhas vendas estão estourando para todo lado.

- Acho que resolvemos a questão de onde ela vai ficar. – disse pensando na logística de tempo de toda semana. - Tenho uma sala na minha casa, minha academia, dá para fazer um local de ensaio. Tenho pouco tempo com a minha filha, vou tentar conciliar as duas coisas.

- Na sua casa? – ela parecia bem preocupada com isso.

- Não se preocupe, a casa dele é bem cheia, ficamos lá a maior parte do tempo... Nós três, principalmente. Os demais trabalham aqui na sede. – Rosalie disse em menção dela, Emmett e Eric. – Além do mais, a filha de Edward também mora lá, minha sogra está sempre indo e vindo. A casa é bem localizada, tem seguranças e pelo menos você economizará o dinheiro de aluguel que vai ser bem desnecessário se iremos sair em algumas semanas em turnê.

- Ah sim, sendo assim, ótimo. Obrigada. – Bella me deu um sorriso e eu percebi que ela era o tipo de garota que é difícil encontrar no meu meio, existem muitas por aí, mas como ela, raramente passam pelo meu caminho sem ser por um motivo profissional. As garotas estão sempre me tratando como se eu fosse mais do que realmente sou ou apenas deslumbradas com o que elas acham que sou e se oferecem em troca de coisas que mulher nenhuma deveria se rebaixar por tão pouco.

Terminamos todos os tópicos da reunião e seguimos para casa dos meus pais, no carro de Emmett. Os demais foram para suas casas, reconectar com suas famílias e renovar energias. Seria uma semana intensa. Apesar de ter programado bastante horário de danças, não acho que terei muito esforço físico, estou acostumado a malhar pesado desde novo, competindo com meu irmão quem crescia mais e tinha mais músculos. A casa dos meus pais não era mais a mesma que crescemos, logo que minha vida mudou financeiramente, comprei uma nova casa para eles, moramos todos juntos por um tempo, ainda precisava muito da ajuda deles com Alice e depois, senti a necessidade de ter a minha própria casa. Eu queria morar em um apartamento, mas Alice reclamou muito que queria ter a casa dos seus sonhos e eu sou um pai sem pulso firme que estraga qualquer filha com beicinho. Comprei a porcaria de uma casa imensa, que nunca fica vazia e eu nem posso sonhar em ter privacidade em nenhum lugar além do meu quarto.

- Não fique tímida, prometi ao seu pai que cuidaria de você. – Rosalie empurrou Bella para fora do carro. – Minha sogra é gente boa, basta não ser sua nora e ela te tratará muito bem. – disse e eu ri. Minha mãe e Rose tem um relacionamento pra lá de complicado.

- PAI! – Alice abriu a porta e se jogou em mim. Ri e segurei minha garota mais linda do mundo nos braços e beijei seu rosto. – Adivinha só? Fiz a lasanha com a vovó e sua sobremesa favorita. Também já arrumei minhas coisas para irmos para casa após o jantar. Ah, senti tanto sua falta.

- Eu também, minha tampinha. – murmurei no seu cabelo. Bella estava parada, me dando um olhar melancólico. – Deixe-me te apresentar a Bella. – virei Alice e rezei que controlasse sua boca. – Ela é de uma cidade pequena em Whashigton, é bailarina formada e trabalhará comigo durante a turnê mundial, dançando na música do vovô e da vovó. Ela também será nossa hóspede, porque prometemos ao pai dela que cuidaríamos dela.

- Ah, legal. Me ensina a dançar? Você só dança ballett ou também dança outras coisas? Quero muito dançar que nem a Rihanna, Beyoncé e rebolar como a Nick Minaj. – Alice deu o braço a Bella e as duas entraram conversando enquanto meu cérebro estava fritando com o que minha princesa realmente queria dançar. O que aconteceu com o lago dos cisnes e musicais inocentes, meu Deus? Entrei em casa e vi que minha mãe estava cumprimentando a nova adição da equipe, apresentou meu pai e os dois vieram me abraçar.

- Senti muito a sua falta, querido. Meus dois meninos na estrada o tempo todo, fico com o coração partido. – disse me dando um beijo e deu outro em Emmett. Ela piscou brincalhona para nós dois e virou para Rosalie fazendo uma expressão entediada. – Oi.

- Awn, Esme. Eu sei que você sentiu minha falta também. – as duas se abraçaram apertado.

- Sei que estão famintos, vamos jantar.

Antes que pudéssemos avançar pelo corredor, meu pai parou na nossa frente. Ele tinha uma revista na mão e bateu em nossas nucas com ela antes de mostrar a capa. Garotas seminuas dançando no meu quarto do hotel, felizmente nenhum de nós estava na foto, é por isso que a imprensa não fez um alarde. Sempre há festas após os shows, nem sempre apareço nelas, às vezes vou jantar, outras vou andar de skate e outras vou dormir em outro lugar enquanto o povo bebe às custas de algum idiota que gosta de se promover por minha causa.

- Foi culpa dele. – apontei para Emmett e peguei um lugar à mesa. – Filha, você não vai sentar comigo?

Alice apenas balançou a cabeça negativamente e voltou a encher Bella de perguntas sobre dança e sua pequena cidade, ouvi a quantidade de habitantes e entendi porque ela estava tão receosa em ficar em minha casa, cheguei a considerar em voltar atrás, mas não queria que pensasse que estava cheio de más intenções e muito menos carregar a culpa se algo acontecer com ela. Como vai ser enquanto estivermos viajando o mundo?

Minha mãe colocou a lasanha borbulhante no centro da mesa, duas grandes travessas e outras duas com salada. Meu pai serviu vinho e refrigerante para quem quis, também tinha uma garrafa de suco. Nós contamos um pouco da viagem e Alice meio que monopolizou o assunto como... Sempre. Ela falou de sua aula de campo hoje e do seu teste para o time de futebol da escola. Ela era bem esportista. Enquanto meu irmão era do futebol, eu era da banda da escola.

- Então, Bella. Você também tem uma família grande?

- Mais ou menos. – disse brincando com sua comida. – Meus pais me tiveram bem cedo, minha mãe tinha dezesseis e meu pai dezenove. Eles não ficaram juntos, vivi com a minha mãe alguns anos na Flórida, mas ao cinco anos, fui viver com meu pai, ele tinha condições financeiras melhores para me manter enquanto minha mãe buscava estudar. Ela casou de novo, tem uma família, tenho dois irmãos ainda crianças. Meu pai nunca casou de novo, ele está noivo agora, de uma mulher que é viúva e não tem filhos.

- Você sempre viveu com seu pai?

- Sim... Sempre.

- E sua mãe? – Alice disparou curiosa.

- Eu a vejo de vez em quando. – explicou suavemente e tenho certeza que todo mundo ficou sem graça, mas ela parecia bem.

- Também não vejo minha mãe com frequência. – Rosalie ofereceu. – Eu e meu irmão nos viramos bem sem ela. – disse e eu sabia que era difícil para Rose criar seu irmão de doze anos de idade depois que sua mãe desapareceu e seu pai mergulhou no trabalho. Jasper é um bom menino.

- Esperamos que seja feliz aqui em Los Angeles. – minha mãe abriu um sorriso. – Como está suas expectativas de viajar o mundo em turnê?

- Estou muito ansiosa, para falar a verdade. Mal vejo a hora de começar os ensaios, todos os preparativos e conhecer o que der de cada lugar que passarmos. – sorriu animada e seu sorriso me fazia sentir ansioso como quando escrevo uma música nova. Não estava sabendo lidar com aquilo. Depois do jantar focado inteiramente na turnê, compartilhamos uma sobremesa, as mulheres foram para cozinha e ouvi Bella insistir em ajudar a lavar a louça. Enquanto elas terminavam, desci as coisas de Alice para o carro e guardei as malas que identifiquei ser da Bella no meu carro, que estava na garagem dos meus pais.

Seguimos para minha casa com Rosalie e Emmett também indo até lá para ajudar a acomodar Bella. Alice e minha cunhada saíram na frente, deixando as coisas pesadas para os homens. Enquanto entrava com as coisas, podia ouvir minha filha dando um tour pelo lugar e Rosalie apresentar o quarto de hospedes azul, cada quarto tinha uma cor, coisa que minha filha e minha mãe escolheram. O quarto, felizmente, era do outro lado da casa, bem longe do meu. Não sei se elas fizeram isso de propósito ou não. Em todo caso, deixei as malas dela lá e apontei para Alice a direção do seu próprio quarto, ela ainda tinha três dias de aula e não importa o tamanho do seu beicinho, ela não iria faltar. Estar em casa era sinônimo de paz e um pouco mais de descanso que quando estou na estrada com shows. Tomei banho e coloquei meu pijama, enquanto ainda precisava verificar minha tagarela filha que gosta de enrolar para dormir.

Bati suavemente na porta do seu quarto, ela tinha acabado de sair do chuveiro, estava de pijama e me deu um sorriso, pulando para sua cama e se cobriu.

- Ainda grandinha demais para histórias de dormir?

- Ainda? Acho que vou continuar cada vez mais velha para que meu pai me coloque na cama. – disse rindo e peguei seu telefone, verificando se estava programado corretamente para o horário da escola com tempo o suficiente para se arrumar e tomar café da manhã.

- Você nunca será velha o suficiente para que te faça dormir, baixinha. – beijei sua testa e acendi a luz do abajur, deixando bem suave. – Eu vou descobrir se você pegar seu telefone e ficar online.

Fechei a porta do seu quarto e olhei para o outro lado do corredor, na outra ponta da sacada. A sala ficava no meio, abaixo de nós e todos os quartos no segundo andar ficavam ao redor desse "grande" buraco. A casa também tinha um cinema - Alice e suas amigas viviam usando. Também tinha uma boate, onde eu também trazia meus amigos e curtia um pouco minhas folgas e minhas raras oportunidades de realmente curtir minha idade. Entre ser pai e ter a responsabilidade de estar sempre criando algo novo para meus discos, preciso curtir meus vinte e seis anos como um cara normal com um pouco mais de dinheiro que normalmente teria.

Desci para pegar um pouco de suco e vi que meu irmão e minha cunhada já haviam ido embora, eles provavelmente voltariam para o café, o motorista levaria minha filha para escola e eu teria um longo dia de ensaio para o videoclipe. Deitar foi como entrar no túnel da escuridão, porque apaguei completamente e acordei completamente assustado quando ouvi meu telefone despertar. Eu não podia enrolar mais, porque Alice é a rainha do botão de soneca. Lavei meu rosto, escovei os dentes e saí do quarto, tirando-a da cama depois de abrir todas as suas cortinas e tentar fazê-la se arrumar a tempo de não perder o primeiro sinal. Sempre que minha filha está comigo, recebo bilhetes da escola que ela está atrasada e isso afeta a sua frequência.

Cheguei na cozinha e encontrei uma mesa de café da manhã pronta e Rosalie sequer estava aqui. Será que foi Bella? É muito estranho estar em casa com alguém que não conheço. É claro que ela foi verificada, se era usuária de drogas, se tinha antecedentes criminais ou coisa do tipo, mas mesmo assim, não a conheço a um todo. Ela parece ser doce, mas que não tolera palhaçadas. Auxiliei Alice com o que faltava e lhe dei dinheiro para comprar seu almoço e algum outro lanche. Assisti-a ir animada, já falando com sua melhor amiga no telefone e subi para trocar de roupa, porque o ensaio começaria em breve. Normalmente malho de manhã, onde estiver. Emmett e eu praticamos exercícios, ajuda a aguentar a rotina exaustiva e me dá um pouco mais de ânimo para aguentar o dia. Procurei Bella pelos cômodos e abri a porta da academia, segurando meu queixo que despencou no chão. Puta merda, ela era muito gostosa. Usando um short preto, com uma meia que ia até seus joelhos e uma sapatilha, estava de top preto também, exibindo seus músculos definidos, mas ela não era do tipo magra, mas volumosa, feminina, atraente.

Segurei no batente da porta ao vê-la se pendurar no meu saco de bater, atravessar as pernas e começar uma sessão de abdominais impressionante e depois pegou a corda e pulou sem parar por vários minutos.

- Ei, bom dia! Não vai se aquecer? – perguntou me dando um sorriso.

- Para dançar? – perguntei meio incrédulo e bufei. – Não preciso me aquecer para dançar.

- Tem certeza disso? – retrucou me dando um olhar debochado e se esticou o suficiente para alongar seu corpo. – Você é desses que acha que dançar é fácil, certo?

- Não acho que seja fácil, mas também não acho que precise me aquecer. É só uma dança. – dei os ombros e entrei mais na academia. O espaço estava arejado e iluminado, ela deve ter aberto todas as janelas quando entrou aqui. – Estou acostumado com exercícios pesados, acho que posso lidar bem com uma dança.

- Se você diz... – me deu um sorriso enigmático.

- Dormiu bem? Já tomou café? Foi você que fez aquelas panquecas maravilhosas?

- Sim, acordo muito cedo, ainda estou com fuso horário trocado e tenho o costume de cozinhar, é uma terapia, espero que não se importe. – disse e sorri, porque eu não me importava mesmo. – Meu pai sempre foi péssimo com a cozinha, tive que aprender cedo.

- Acho melhor dar umas aulas para Alice, porque a minha mãe costuma fazer comida para nós dois ou a minha governanta, Carmen, ela costuma viajar conosco e prepara minhas refeições onde estiver, mas, está de férias prolongadas com sua família para poder viajar conosco. – disse e vi que ela estava empurrando os equipamentos para liberar um grande espaço. Ajudei-a tirando tudo do caminho e sala ficou com o centro preparado para o ensaio. – Acho que é isso, onde você me quer?

- Sabe dançar valsa?

- Mais ou menos. – fui honesto.

Ela parou na minha frente e me explicou as mãos e os passos. Não foi difícil valsar pelo salão, mesmo sem música. Se era para dançar só aquilo, era fácil pra mim.

- Ótimo. Agora... Vamos começar a parte um da coreografia. Ontem, antes de dormir, dividi a música em quatro partes e nós vamos trabalhar uma por vez. – disse e olhei para sua bunda enquanto ia até o console do iPod no canto e vi que já tinha conseguido conectar ao sistema de som do ambiente. Que horas essa garota acordou? – Esses primeiros segundos estaremos em cada lado do salão. Consegui a metragem de lá e... O que foi?

- Como conseguiu a metragem do lugar?

- Liguei para Laurent, ele me deu o número e o assistente dele conseguiu a metragem de onde vamos gravar, ué. – deu os ombros.

- Que horas você acordou?

- Bem cedinho. – me pareceu meio irritada, decidi continuar pressionando seus botões.

- E saiu acordando o mundo? – retruquei vendo seu olhar faiscar de irritação.

- Eu te acordei? – ela botou as mãos na cintura e pareceu tão fofa toda irritadinha. – Estamos perdendo tempo. Presta atenção e só faça perguntas se realmente tiver dúvidas. – murmurou e começou a explicar que no segundo vinte e oito da música, aos mãos dela já teriam que tocar meu peito. – No segundo trinta, sua mão tem que descer para minha cintura e um segundo depois, já começa a primeira parte. Como você não tem a mínima experiência com dança, vamos por partes.

Bella veio na minha direção e imitei seus passos. Fiquei impressionado com a sua delicadeza, olhando para a curva dos seus seios e ela segurou meu queixo, erguendo minha cabeça com um sorriso e passamos de um lado ao outro, mas a coisa toda ainda era muito confusa e eu estava me sentindo meio mecânico de estar dançando algo que ainda não tinha compreendido. Ela era paciente e estava animada, ou se divertindo muito as minhas custas. Nós paramos por alguns minutos e ela dançou o primeiro minuto da música sozinha, explicando o que teria que fazer. Senti meus músculos reclamando, mas eu não iria dizer a ela que deveria mesmo ter me aquecido.

- Edward ainda está muito mecânico e você emocionalmente distante. – Rosalie assustou a nós dois quando desligou a música. – Desculpe, precisava comentar.

- Ainda não chegamos a essa parte, ele ainda está pegando o primeiro minuto da música. – Bella me defendeu e vi que minha cunhada não esperava que ela respondesse. Rose está acostumado que as pessoas se curvem aos seus comentários. – Na próxima vez, não interrompa a música assim. É difícil voltar. Fazemos pausas a cada meia hora. – explicou bem suave e a música voltou. – Se concentra em mim, tá?

Não seria nenhum sacrifício focar minha atenção naquele rosto bonito.