.:Uma Incrível Mutação:.
(Continuação de "Um Incrível Amor")
N/A – Contém excertos da fic antecedente "Um Incrível Amor" )
PRÒLOGO
Tudo começou naquela noite em que sonhei com Remus Lupin, me salvando de um ataque noturno. Foi tão estranho… tão real…
Sempre
gostei de escudar as minhas tristezas com mergulhos num mundo de
fantasia, mas daquela vez as coisas pareciam estar tomando um caminho
diferente, assustador. Era tudo real demais. Depois
de escrever a minha primeira fanfic e de ter aquele sonho
mirabolante, Lupin tinha atingido um patamar muito mais alto… alto
demais para uma personagem de ficção. Não era
apenas a minha personagem preferida; era alguém que mexia
comigo de um modo tão estranho que, se eu não soubesse
que ele era apenas fruto da imaginação de uma tal de
Joanne Rowling, diria que estava irremediavelmente apaixonada por
ele! Que loucura, não?
Estaria mesmo louca? Ou seria
apenas uma crise de stress provocada pelas provas na faculdade?
Aquilo
nunca havia acontecido comigo antes. Fazia cerca de dois anos que eu
costumava brincar que Harry Potter era tão bom feiticeiro que
sempre mudava a minha vida quando eu lia os livros… mas não
imaginava que fosse chegar a tanto!
Na verdade, quando eu
era criança, sonhava entrar nos livros que lia, como o Bastian
de "História Sem Fim", o meu filme preferido, que me
marcou como nenhum outro e me fez prometer a mim mesma jamais deixar
de acreditar na existência de um mundo paralelo, o mundo da
fantasia, dos nossos sonhos… um mundo que sumiria se nós
deixássemos de sonhar.
A fantasia
sempre havia me salvado, desde menina. Filha única, eu
imaginava irmãs ou amigas, para brincar e conversar comigo.
Gostava de assistir novelas e me imaginar na pele de certas
personagens, de representar sozinha, no quarto… e quando entrei em
depressão, fui salva por uma mudança de vida, que
passou por um curso de interpretação de dois anos,
seguido de uma incursão pelo mundo do teatro, uma participação
em televisão e outra em cinema.
Eu me entregava de corpo e
alma às personagens que interpretava; vivia-os como se fosse
vida real e recebia rasgados elogios falando de grande talento e
profissionalismo da minha parte. Aí, eu era realmente feliz.
Aqueles mergulhos na fantasia eram melhores do que terapia para
mim!
Acontece que tudo tem um fim. Tudo que é bom dura
pouco e eu não podia ficar esperando que mais um convite de
trabalho com atriz caísse do céu. Voltei para a
faculdade, num novo curso. Desse, eu gostava. Esqueci todo aquele
mundo de fantasia… mas agora… agora ele era necessário de
novo. Ele me chamava com a voz de Remus Lupin, querendo me absorver
com mais força do que nunca.
Não tinha outro
jeito. Aquele mundo sempre fora a minha prisão e a minha
salvação. Não podia mais fugir.
E foi assim
que abri os olhos para entender o que realmente estava
acontecendo: o meu amor por Remus e a minha imaginação
eram tão fortes que haviam conseguido abrir um portal entre os
dois mundos: o mundo real e o mundo da fantasia… E durante meses a
fio, Remus e eu vivemos uma bela história de amor…
Mas
nada é eterno e nós sabíamos que o portal se
fecharia um dia. Foi por isso mesmo que Remus deixou se levar por
esse amor, sem medos… Afinal, eu sempre estaria no meu mundo nas
noites de lua cheia, por isso não poderia nunca me machucar,
por isso ele poderia se dar ao luxo de viver um amor tão
grande, ainda que efémero... Só não sabíamos
que a separação seria tão cedo. Depois de tudo
que vivemos juntos, a ideia de nos separarmos dentro de poucos dias
dilacerava nossas almas. Era terrível. A nossa relação
não era mais a mesma. Eu não conseguia mais olhar para
ele… Até o momento que Dumbledore me chamou para uma
conversa muito séria e definitiva.
-O
portal está se fechando. – Ele disse. - Falta muito pouco
para ele se fechar de vez... e, anres que você me pergunte se
há alguma solução, eu vou lhe responder: sim,
há. Você pode, sim, ficar aqui e no seu mundo ao mesmo
tempo.
Dei um pulo na cadeira. O meu coração se
encheu de alívio e começou a bater com mais rapidez
ainda, na ânsia de descobrir o que poderia fazer para jamais me
separar de Remus. Mas o velho bruxo prosseguiu:
-Contudo,
tem uma condição... e aviso já que não é
fácil...
-Qual?
- Interrompi, com vivacidade. - Eu faço tudo, eu faço
qualquer coisa, seja o que for!
Ele fez um gesto com a mão,
que me calou, e continuou:
-A única forma de você
ficar nesse mundo sem que ele desapareça, é voltar para
o seu mundo e incorporar uma personagem dos livros da J. K. Rowling.
Quando você voltar para cá, não será mais
você, mas uma personagem. No seu mundo, é claro, você
continua sendo você mesma. Você está disposta a
isso?
Não respondi logo. Poderia incorporar a Tonks, já
tinha incorporado tantas personagens de ficção... Dessa
vez, só teria que levar essa loucura um pouco mais adiante...
E ela era a única que tinha uma idade próxima da minha,
por isso não seria muito difícil... Mas... e se Lupin
nunca olhasse para ela como mulher? Bom, pelo menos seríamos
amigos... e o mundo dele não desapareceria.
-Boa escolha. -
Aplaudiu Dumbledore, piscando o olho, com um largo sorriso. - O seu
nome é o segundo nome dela, as idades são parecidas e
ambas têm o mesmo jeitinho trapalhão, de viver
derrubando coisas e chocando com outras.
Claro! Nymphadora Mary
Tonks! Ela tinha me dito que era esse seu nome completo. Eu nem
precisaria mudar muito o meu nick.
Aquela foi a minha última
visita ao mundo mágico. Quando me despedi de Tonks, pedi-lhe
que cuidasse de Lupin por mim. Afinal de contas, assim que eu
passasse para o meu mundo, ela não seria mais ela. Seria eu. A
partir de então, no mundo mágico de Harry Potter, eu
seria Tonks, eu viveria nela, por um truque mágico que apenas
Dumbledore sabia explicar direito. Ah, o que seria do mundo mágico
sem Dumbledore?
Foi difícil tomar aquela resolução:
deixar de ser eu mesma no mundo da fantasia e passar a ser Tonks.
Mesmo sem saber se alguma vez haveria alguma coisa entre ela e Lupin
(mas acabando por torcer por isso, já que agora ela era eu),
mesmo que nada acontecesse entre eles (ou melhor, entre nós),
seríamos amigos.
O meu amor foi mais forte do que tudo,
inclusive do que o meu ciúme, e agora estou relendo "A
Ordem da Fênix" e quando leio, viajo para o mundo mágico
de novo, na pele de Nymphadora Mary, a Tonks.
