"O resto é silêncio" - William Shakespeare

Era um dia importante na vida de cada um deles. Depois de ininterruptos anos de problemas, lutas e uma sorte de desventuras, finalmente haviam conseguido; algo que para outras gerações havia sido tão simples: se formarem.

O salão principal estava cheio, os parentes e amigos de cada um dos graduados prestigiando os estudantes com sua presença. Felicidade e emoção tomavam conta do recinto.

Mas naquele momento, Pansy não se preocupava em achar seus pais, parentes e amigos – não agora. No momento, ela preocupava um garoto que não receberia a visita nem do pai, nem da mãe. Um garoto que, como família, tinha apenas os amigos. Um garoto que fazia seu corpo ficar eletrizado, cada vez que suas mãos tocavam as dela.

Andou pelos corredores do castelo, não dando atenção a nada e ninguém que cruzasse seu caminho. Passou direto por uma tapeçaria, logo em seguida freando seus passos. Deu meia volta, tendo certeza absoluta de que ele estaria ali. Ao afastar a tapeçaria da parede, soube que não estava errada.

Com a varinha emanando uma luz azulada entre os joelhos, ele estava sentado no chão. Os óculos pendiam na ponta do nariz do rapaz, que parecia perdido em seus pensamentos.

- Você vai ficar aí, escondido de tudo e de todos? Eu fiquei te procurando um tempão, se você quer saber.

Ele apenas olhou para ela, soltando um leve sorriso. Ao não receber resposta, a garota apenas suspirou pesadamente.

- Já que você não quer saber, eu acho que posso ir embora – disse, dando meia volta.

- Espera. É que eu preciso de um tempo, sabe como é.

- Na verdade não sei – respondeu, sentando ao lado do rapaz.

Ele apenas riu, novamente o olhar perdido no vazio. Em que ele estaria pensando? Podia sentir certa nostalgia vindo da parte dele. Não entendia o porquê; ali perdera amigos e pessoas importantes, derramara seu sangue e havia sido injustamente julgado diversas vezes. Não deveria querer ir embora, voar para longe daquela prisão? Antes que pudesse lhe formular uma pergunta, ele disse:

- Aqui foi o único lugar em que eu fui realmente feliz. Eu conheci pessoas que gostam de mim, e que eu gosto dela. Eu descobri esse lugar, tudo de interessante e divertido que eu fiz foi aqui, e agora... Agora eu vou embora.

Olhou para ele, indignada com o motivo de seu isolamento.

- Ei Harry, olhe para mim – pediu, aproximando seu rosto do dele – quem se agarra ao passado são perdedores. E você não é um perdedor. Você é apenas um órfão infeliz, um garoto que ate pouco tempo atrás não tinha perspectiva nenhuma de futuro.

Sabia que estava sendo dura, mas e daí? Ele bem a conhecia e sabia que ela não era a pessoa ideal para uma palavra de apoio.

- Mas quer saber? Eu tenho algo pra você, e você vai apenas aceitar. Você está indo embora, vai construir uma vida. Então deixe de melancolia, tire minha roupa e depois vá embora para junto de seus amigos. Porque agora você é meu, e não estou afim de entregar você para nenhum sentimento depreciativo.

Ele riu, logo em seguida tomando seus lábios em um beijo leve. Insatisfeita, arrancou os botões da camisa do rapaz, pouco se importando que alguém poderia passar e ouvir o que fariam. Pois quando estavam juntos, o resto era silêncio.


Fic escrita para o projeto Shakespeare do fórum 6V. Então, se gostaram, odiaram, têm críticas a fazer, deixem um review. E obriagado por ler ;)