- Eu... Eu sei o que você sente. – sussurrava no ouvido dele com ternura. Talvez até pesar.

- Não. Você não tem nem ideia. – era sempre a mesma resposta. Já havia decorado.

- Por favor, deixe que eu...

- Não.

A resposta era sempre não. Era nesse momento que se levantava, e simplesmente saía do quarto, porque não queria que Harry o visse chorar. E depois de alguns minutos, ou horas, voltava para o quarto, e eles deitavam um ao lado do outro sem dizer mais nenhuma palavra. Mas naquele dia, tudo parecia ser diferente. Antes que pudesse se levantar, Harry sentou-se em cima dele.

- Draco... Eu já cansei desse jogo. – disse enquanto começava a brincar com os cabelos platinados do garoto

- Como pode ter se cansado se ao menos aprendeu a brincar, Harry?

O moreno suspirou e deixou-se cair sobre o peito do loiro, que o envolveu com os braços e começou a passar os dedos por suas costas. As lágrimas começaram a cair dos olhos verdes, e Draco se assustou, apertando-o com força, como se quisesse o proteger de um monstro. Mas o monstro, ele sabia, estava dentro de Harry.

- Harry... Harry, por favor. Pare de chorar, Harry.

Harry abraçava Draco com força, e não conseguia fazer as lágrimas pararem de cair. Sentia os músculos tremendo e o coração pesando no peito, mas não conseguia ao menos abrir os olhos para encarar o loiro.

- Eu queria... Eu só queria... – começou a murmurar no ouvido do outro

- O que? O que você queria? – Draco estava preocupado. Aquilo nunca havia acontecido antes. Passava as mãos pelos cabelos negros de Harry enquanto o mesmo traçava o contorno de seu pescoço com os dedos.

- Queria ser suficiente para você.

Harry chorou mais, e Draco não entendia mais nada. O que exatamente ele queria dizer com aquilo?

- Como assim, Harry?

- Não queria que você tivesse vergonha de mim, seu idiota! – socou o peito dele, mas tão fraco que não chegou a fazer cócegas.

Draco o ergueu e o fez sentar em seu colo, de frente para ele. Os dois olhos se encontraram naquela junção magnífica. Pareciam tão serenos... Sem esperar muito, Draco o beijou. Não com o cuidado que os seus olhos expressavam. E sim com força e agilidade, fazendo Harry amolecer em seus braços como gostava.

- Ei, seu manteiga derretida, eu não tenho vergonha de você. – disse-lhe ao pé do ouvido enquanto o mordiscava

- Como não? Eu... eu nunca... Ah, Draco! Pare de morder minha orelha ou eu não me concentro! Não está vendo que estou passando por meu momento de conflito interno porque estou começando a pensar na minha prévia decisão de me tornar gay aos 16 anos!?

Draco riu com vontade enquanto afundava o rosto no ombro de Harry. Beijou-lhe os lábios com vontade, mas sem nenhum ardor.

- Isso foi tão completamente gay! – disse-lhe sorrindo de orelha a orelha – Harry, veja só os fatos: Eu te beijei no meio do salão. NO MEIO DO SALÃO PRINCIPAL, HARRY! Acha que isso é ter vergonha? E se lembra do que eu fiz depois? Aposto que sim. Você e a escola inteira deve se lembrar. Pois bem, o que eu fiz foi: te joguei em uma parede, te beijei de novo, e o que foi que eu disse? O que foi que eu disse para você, Harry?

- "Eu te amo. E agora você é meu.".

O moreno respondeu com lágrimas nos olhos. Draco segurou-lhe a face entre as mãos.

- Eu ainda acredito naquelas palavras, seu viadinho quatro olhos. E você devia acreditar também, porque não foi fácil receber tapas do meu pai por sua causa.

- Então... Isso significa que você me ama?

Draco ergueu uma única sobrancelha, não acreditando que o namorado, namorado, estava lhe perguntando isso. Ver Harry corar teria sido suficiente, não fosse a verdadeira dúvida estampada naqueles olhos tão perigosamente perfeitos. O loiro sorriu como há muito não fazia.

- É. Isso significa que eu te amo.