Captulo 1
POV Nico
Cara, como eu odeio o dia dos namorados. Sabe aquele dia em que todos os casais do mundo resolvem mostrar ao mundo como eles esto felizes juntos, como se amam, e tudo o mais? Então. Até o Inferno (acredite, eu sei do que eu estou falando) parece mais feliz nesse dia. E daí você pergunta: Qual o problema de tudo estar feliz?. Eu te dou a resposta: não é nada legal você estar solteiro, logo após ter levado um pé na bunda de um Oráculo, sabendo que ninguém te quer porque você literalmente o filho de Hades, no meio de toda essa felicidade.
Eu falei tudo isso para o Percy, quando ele veio dez horas da manhã no meu chalé me mandando levantar, por que era dia dos namorados e o dia estava lindo. Mas, como o Percy a encarnação do cabeçadurismo, ele me ignorou completamente. Enãto eu me levantei, e fui tomar café. Como eu sou um ser abençoado, eu chego minha mesa e descubro que o chalé de Afrodite resolveu ajudar no café da manhã. Na minha frente tinham waffles em formato de coração e varios daqueles bombons brasileiros, Sonho de Valsa. No era de se espantar, já que uma das filhas de Afrodite é brasileira, uma tal de Janaína. Mas, falando sério, quem come chocolate no café da manhã?
Todo mundo menos eu, pelo visto. Todos no Acampamento adoraram os bombons, e Percy e Annabeth (ou Percabeth, como as meninas de Apolo e Afrodite os chamam pelas costas.) nos brindaram com a belíssima cena: Annabeth mordeu o bombom, Percy deu outra mordida e os dois morderam o último pedaço junto, finalizando com um beijo. Coisa linda de se ver pela manhã.
Depois de ter que assistir a isso, resolvi dar uma volta no acampamento (evitando os lugares onde Rachel costuma ficar, no quero acrescentar constrangimento-ao-ver-ex-namorada na lista de coisas que eu fiz hoje) e, quando eu voltei, me deparei com a seguinte cena: uma menina toda suja e machucada desmaiada no colo de Percy, Annabeth no muito feliz logo atrás, e Tyson dormindo no chão.
- O que aconteceu aqui?
- Essa menina chegou logo depois que você saiu, correndo de um monstro, com uma faca, e quando chegou aqui, e estava bem assustada. Perguntou quem éramos nos, e quando explicamos que não íamos lhe fazer nenhum mal, ela tentou fugir. Tyson a agarrou por trás, para prendê-la, e instantaneamente caiu no sono. Logo depois disso perguntamos a ela como ela tinha vindo parar aqui, e de onde ela era, ela apenas disse: "Não me machuquem." E desmaiou de cansaço. - Percy disse, enquanto colocava a garota no meu colo, para poder falar melhor.
Era uma garota bonita, mas muito maltratada. Tinha uma cicatriz cortando o olho direito que ia da sobrancelha até metade da bochecha, e várias cicatrizes menores no rosto todo. Esse mesmo olho era coberto com uma faixa preta. Isso sem contar os cortes recentes, que ainda estavam sangrando. Os cabelos eram escuros e lisos, mas eram cortados de formas desiguais, um lado mais curto que o outro, e pareciam que no eram lavados há muito tempo. Suas roupas (uma camiseta masculina preta escrito: "Por uma educação que nos ajude a pensar, e não que nos ensine a obedecer", uma calça jeans, chinelos, luvas de couro pretas e uma pulseira de metal com um pequeno pingente de papoula) eram esfarrapadas. Era óbvio: ela morava na rua.
No momento em que eu percebi isso, ela abriu os olhos. Ou um olho, já que o outro estava coberto. Seus olhos eram de várias cores. Começavam escuros, iam ficando marrons e terminavam verdes. "Olhos de Caleidoscópio", pensei, e me lembrei daquela música dos Beatles. Balancei a cabeça para afastar esse pensamento. Poxa, eu estou pensando em música enquanto a menina está toda machucada aqui?
Ela abriu os olhos e, meio segundo depois, começou a gritar.
- Me solta! Tira suas mãos de mim!- E outras coisas que eu nem tenho coragem de repetir. E olha que eu conheço Connor e Travis Stoll.
Annabeth tentou acalma-lá, mas, assim que tocou no seu braço, caiu no sono. Percy sacou sua espada e ia atacar a menina (não o culpo, ela provocou) mas eu me coloquei no meio do caminho, sem saber muito bem porque. Só me pareceu injusto Percy atacar a menina que estava indefesa só porque ela fez Annabeth dormir ( bem, ela estava mesmo precisando dormir um pouco. Os barulhos que eu tenho ouvido á noite indicam que as noites de Percy e Annabeth não tem sido muito usadas para dormir, sabe).
- Hey, calma Percy, a Annabeth só está dormindo.
- Você ainda não percebeu? Olha os poderes dela. Olha o símbolo na sua pulseira. Ela é filha de Morfeu. Caso você não se lembre, Morfeu não foi muito legal com a gente na última guerra. - Percy falou. Bom, eu fiquei me sentindo um estúpido. Se até o Percy tinha percebido devia estar bem óbvio mesmo. - Ela não pode ficar aqui.
Bm, nesse momento Quíron chegou. Deu para perceber que ele pegou a última parte da conversa.
- Filha de Morfeu, hein? Percy, guarde Contracorrente. Não sentido em usá-la, não estamos em uma guerra. - Esse é o tipo de coisa que não deve ser dita. Sempre que alguém diz algo assim, coisas ruins acontecem. E eu sei do que eu estou falando. - Hey, você, qual o seu nome?
Bom, para um cara que treina heróis há três mil anos, aquilo me pareceu meio idiota. Bastava olhar para a menina (que estava sentada no chão, para se proteger de Percy) que você veria que ela não estava em estado de responder.
- Ãhn, Quíron, sem querer ser chato mas... Eu acho que ela não está muito em condição de responder.
- Bom, acho que se ela não está em estado de falar também não está em estado de nos atacar pelas costas. Percy, Nico, venham aqui comigo, por favor?
Ele nos chamou num cantinho mais reservado, de modo que a menina não nos ouvisse.
- Bem, não podemos expulsar a menina do Acampamento, Percy.
- Mas, mas... Ela é filha de Morfeu! Caso o senhor não se lembre...-Percy começou, mas Quíron voltou a falar:
- Me lembro muito bem do que Morfeu fez na última guerra. Mas, só porque a pessoa é filha de alguém ruim, não quer dizer que seja ruim também. Eu achei que você, mais do que ninguém, se lembraria disso, Percy.
Ele estava falando de Calypso, e Percy corou. Eu resolvi intervir:
- Concordo com Quíron. Mas não temos Chalé para Morfeu... ainda. E, graças ao último acordo dos deuses de não renegar mais os filhos, todos os outros Chalés estão cheios.
- Menos o seu, Nico. - Annabeth tinha acordado, e parecia não estar só bem, mas mais disposta do que antes.
- Tudo bem. Mas temos que falar com ela primeiro.
Voltamos para perto da garota, que já tinha se recuperado do choque de ver um centauro. Estava de pé, e tinha reassumido a expressão desafiadora. Assim que chegamos perto, ela começou a falar:
- Meu nome é Morgana. Morgana Withner. Eu tenho treze anos e vim de Nova York. Andando. Então eu acho que eu tenho direito a algumas respostas.
Bom, daí eu pensei: "Beleza, Quíron se livra dessa Morgana e eu posso voltar a minha depressão-dia-dos-namorados." Mas aí Quíron disse:
- Bom, Nico, eu tenho um jogo de cartas para terminar com o Senhor D., e Percy e Annabeth precisam acordar Tyson... que não está muito disposto a ser acordado. Você poderia, ãhn, cuidar dela?
Bem, não se diz não para um centauro de três mil anos. Então eu peguei na mão enluvada da menina e entramos nas sombras.
