Autor: LauhMalfoy
Título: Dissimulado
Capa: no profile
Sinopse: Ela não iria permitir que tudo se repetisse. Ela não iria permitir que ele a beijasse. Ela não iria admitir que estava a gostar daquele homem. Fic participante do XIV Challenge Draco/Ginny do site Aliança 3 Vassouras, mestrado por Mariana Kretschmer.
Shipper: Draco Malfoy & Ginny Weasley
Classificação: NC-17
Género: Romance
Spoilers: Nenhuns
Status: Incompleta
Idioma: Português
Observação: Fic Universo Alternativo e escrita com Português de Portugal, com breves adaptações para o Português do Brasil. Inspirada no filme Orgulho e Preconceito, sendo passada no século XVIII. Os Potter estão vivos, Voldemort não existe (bem como os Devoradores da Morte) e Ginevra é filha única.

CAPÍTULO UM

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- Mamã, quem é aquele senhor à direita do papá? - perguntou Ginevra Weasley.

Era a primeira vez que estava num baile, a primeira vez que se via inserida no meio social. Usava o seu melhor vestido e a sua melhor fita propositalmente. Era o momento certo para tentar chamar a atenção de alguns olhos masculinos uma vez que ela já estava na idade de casar.

O vestido que trajava era, na verdade, muito simples, porque o orçamento dos seus pais não lhe permitia grandes gastos. Era cor de creme e tinha alças largas e um decote quadrado que deixava ver um colo bonito e branco preenchido de sardas. Até a zona da fita - acima da cintura -, de tonalidade castanha, o vestido era justo, mas a partir daí tornava-se largo e comprido até aos pés. Tinha alguns adornos florais bastante simples na bainha e à volta do decote e Ginevra completara tudo com brincos de prata em forma de uma pequena flor.

O seu cabelo ruivo estava firmemente preso com presilhas e as pontas formavam largos cachos. A sua franja tinha sido feita ao lado, dando-lhe um ar formal.

- É o Sr. Malfoy, Ginny.

- Nunca ouvi falar dele…

- Rico. - Molly apontou discretamente com a cabeça para um rapaz ao lado do homem. - Aquele é o filho dele, Draco Malfoy. - a mãe aproximou-se dela. - O rapaz recebe trinta mil libras por ano, Ginny. É muito dinheiro. - a ruiva arregalou os olhos e observou a família Malfoy.

- Bem, eles são elegantes… - sussurrou. - Como se chamam os pais de Draco Malfoy?

- Lucius e Narcisa Malfoy. Eles voltaram há uma semana a Londres, parece que estavam na Irlanda. - a mãe estendeu-lhe a mão. - Anda, vamos pedir ao teu pai para te apresentar aos homens influentes do baile.

- Não! - gritou Ginny, atraindo alguns olhares enquanto a sua face passava para horror.

- Como "não"? - repreendeu Molly. - Está na hora de te apresentares à sociedade, de te apresentares como uma mulher pronta a se casar! Foi para isso que viemos a este baile e, certamente, foi para isso que muitos homens que aqui estão vieram: procurar uma mulher para ser sua esposa.

- Mas, mamã…

- Achas que os Malfoy viriam a uma festa pública se as mulheres influentes ou bonitas não gostassem de se divertir nelas? - ela sussurrou irritada. - Os Malfoy têm dinheiro suficiente para fazer bailes a vida toda, minha menina! Os Malfoy e grande parte dos restantes convidados, por isso é bom que deixes a vergonha de lado se queres arranjar um bom marido! - pegou-lhe na mão e puxou-a até chegar perto de Arthur Weasley, que neste momento falava com a família Potter.

- Ah, cá estão elas…- disse ele simpaticamente. - Estava mesmo agora a dizer ao Sr. Potter que era a primeira vez que a nossa Ginevra vinha a um baile.

Molly riu agradavelmente. Arthur, apontando para cada respectiva pessoa, apresentou-os.

- A minha mulher, Sra. Molly Weasley - ela cumprimentou-os, baixando um pouco a cabeça e inclinando o corpo. - e a minha filha, Srta. Ginevra. - cumprimentaram-se com um aceno de cabeça pequena vénias. - Esta é a Sra. Lily Potter, o Sr. James Potter e o seu filho, Sr. Harry Potter. - este fez mais um aceno, dirigida à ruiva, que abaixou-se timidamente com um sorriso temeroso. Por sua vez, Molly sorria de felicidade.

- Estão a apreciar o baile? - perguntou James Potter alegremente para Molly e Ginny.

- Certamente, Sr. Potter. - respondeu-lhe a mulher. Entretanto, Ginny corara ao notar o olhar do jovem Harry sobre si. Já lhe tinham falado dele anteriormente, mas nunca lhe haviam dito que os olhos do jovem eram de um verde hipnotizador.

- Está a divertir-se, Srta. Weasley? - perguntou ele, dirigindo-lhe a palavra pela primeira vez.

Ginevra não esperava que lhe perguntassem algo e, pensou, se perguntassem ela certamente não conseguiria responder de tão fascinada e aterrorizada que estava. Obviamente, ela estava a adorar e apreciar cada momento daquele baile como quando tocou, pela primeira vez, uma música inteira sem se enganar numa única nota; contudo, ela admitia, todo este processo era demasiado importante e o seu futuro poderia ficar decidido logo neste seu primeiro baile. Ela não se sentia preparada o suficiente para enfrentar os olhares masculinos ou para entender a importância em ser um sucesso num simples baile público. E muito menos porque razão só poderia ser apresentada aos mais influentes e não a todos os outros jovens bem apessoados. Afinal, eram todos homens, certo?

Percebendo que o moreno ainda esperava a sua resposta atentamente, deu um fraco sorriso.

- Estou sim, Sr. Potter.

Ele deu-lhe um sorriso galanteador;

- Dá-me a honra da próxima dança?

- C-claro! - Ginny sorriu timidamente e a Sra. Potter e a sua mãe, Molly, sorriram uma para a outra de forma cúmplice. Logo que a música começou, Harry Potter estendeu-lhe a mão e ela colocou a sua por cima da dele. Dirigiram-se para junto de todos os outros casais e começaram a dançar.

Os costumes da época eram, de certa forma, rígidos, e os pares só tinham oportunidade de falarem a sós quando dançavam. Por essa razão, os bailes eram um bom meio de conhecer pessoas e de aprofundar relações de amizade ou de iniciar outras de amor. Ginevra tentava manter a compostura durante a dança: além de ter ficado estranhamente inibida com os olhares que o jovem Potter lhe lançava, os toques de mãos faziam-na estremecer.

Toques. Esse era o segundo elemento que os pares só tinham oportunidade de ter ao dançar ou ao subir carruagens, caso o homem lhes desse a mão para ajudar. O toque nunca acontecia durante um cumprimento a outras pessoas. Talvez a amigos ou amigas de infância e, sem dúvida, aos pais e irmãos. Mas a outros homens ou outras mulheres, nunca. Era uma questão de respeito e boa educação.

Um terceiro elemento, que nem sequer era constante, estava também a fazê-la corar. O silêncio. Naquele momento o silêncio era tão constrangedor como os olhares. Seria possível as pessoas apaixonarem-se assim, com uma dança? Um toque? Um olhar?

Ginny achava que não. Observava os seus pais desde pequena e sempre presenciou momentos de afecto, alegria e responsabilidade. Nunca faltaram aos deveres um com o outro, mas isso não os impedia de serem felizes, mesmo quando o orçamento não permitia largas despesas.

Como seria então, possível que um homem e uma mulher se apaixonassem sem conhecer o carácter um do outro?

- O Sr. Weasley disse que sabe tocar pianoforte (1) muito bem… - ah, bom quebrado silêncio!

- É exagero, Sr. Potter. - interrompeu-se por um momento enquanto davam uma volta. - Eu limito-me a evitar desafinar. - ele riu.

- Talvez, um dia, tenha o privilégio de a ouvir? - ele olhou-a atentamente.

- Talvez. - deu um sorriso tímido.

Sim, Ginevra Weasley era tímida, mas determinada. Não percebia como um baile poderia mudar o futuro de alguém a nível amoroso, e não achava que um homem deveria ser prioridade de uma mulher, é verdade. E às vezes achava a sociedade um pouco fútil… mas daria sempre a sua opinião mais sincera, independentemente do assunto ou a quem se dirigia.

A música terminou e ambos deram um pequeno aceno, batendo palmas a todos os que dançaram e aos músicos. Assim que pôde, Ginny voltou para perto dos seus pais que estavam a vê-la dançar de longe.

- Oh, minha querida! - disse Molly assim que ela se aproximou. - Ele é tão elegante, não é?

- Mamã!... - repreendeu num sussurro, enquanto sentia a face a ficar escarlate.

- Ora, não sejas tola! Ele recebe vinte mil libras por…

- Ah! - disse, repentinamente, o seu pai, com um sorriso. - Ali estão os Malfoy! Vamos cumprimentá-los?

Mrs. Weasley rejubilou-se com a pergunta e pegou logo na mão de Ginny para as apresentações. Esta, no entanto, não se sentia assim tão segura. Através de olhares furtivos, percebera que o Sr. e a Sra. Malfoy não dançaram ou socializaram mais do que alguns minutos com alguém. Nem o filho deles, Draco, o fez. E, enquanto se aproximavam, Ginny permitiu-se olhar bem para ele: loiro, muito loiro. Pele clara, nariz arrebitado. Lábios finos e completamente fechados, cara séria e olhos azul-acinzentados, praticamente metálicos. Ainda mais bonitos que os de Harry Potter, sem dúvida.

Aliás, o próprio Draco Malfoy era mais charmoso que Potter. A forma altiva e arrogante de observar ao seu redor, o jeito discreto mas crítico com que observava as mulheres a dançar e a andar, a indiferença perante os olhares delas, tudo lhe dava um ar irresistível. Mas, acima de tudo, o ar superior era o mais predominante na sua figura.

A ruiva não queria, de forma alguma, ser apresentada àqueles seres. Pareciam incomodados com a população do baile em geral e davam a idéia de serem arrogantes o suficiente para, simplesmente, não lhes dirigem a palavra devido à sua pobreza. Contudo, Ginny continuou a ser arrastada pela sua mãe, que seguia o seu pai, até eles.

Quando estavam se aproximando, Ginny encontrou o olhar crítico do jovem Malfoy sobre si e não conseguiu evitar um arrepio que lhe passou pela nuca. Ele observava-a de uma forma negativa, tão negativa que Ginevra se sentia o ser mais feio, burro e pobre à face da Terra naquele momento. Não se lembrou, porém, que ele havia olhado para todas elas daquela forma, como se estivesse apenas a escolher uma boa indumentária ou um forte cavalo para ter nas suas terras. Sim, certamente ele teria muitos cavalos…

- Boa noite, Sr. Malfoy. - cumprimentou delicadamente seu pai, ao que o homem lhe retribuiu outro "Boa noite", mas desprovido de qualquer emoção. - Deixe-me apresentar-lhes a minha esposa, Sra. Weasley - esta deu um pequeno aceno com a cabeça. - e a minha filha, Ginevra Weasley. - a garota repetiu o processo da mãe. Os Malfoy fizeram também um aceno às duas senhoras.

- Conte-me, Sr. Weasley: como vão os negócios? - perguntou Lucius Malfoy.

O Sr. Weasley tinha alguns pequenos negócios relativos à agricultura. Não eram os mais bem-sucedidos, nem os mais produtivos, mas a verdade é que dava para eles se sustentarem. Produziam batatas, arroz e feijão, o que lhes garantia, além do rendimento da venda dos produtos, que iriam sempre ter um prato de comida na mesa.

Naquele momento Ginevra simplesmente perdeu o rumo da conversa. Ela ainda não tinha obrigação de se envolver nas conversas, até porque não era casada e os negócios não eram dirigidos às mulheres. No entanto, a sua mãe e a Sra. Malfoy ouviam atentamente a conversa para poderem opinar de vez em quando (mesmo que fossem pequenas e irrelevantes coisas).

A ruiva olhou o salão à sua volta e pôde ver, ao longe, Harry Potter a falar com o seu pai com um sorriso. Observou os pares a dançar tão alegremente, as mulheres com olhos a brilhar, os homens a apreciarem-nas, a deixar que o seu olhar demonstrassem a apreciação perante elas.

E, mais uma vez, interrogou-se: seria possível alguém apaixonar-se apenas com uma dança? Sem conhecer o carácter do seu par? Seria possível que Harry Potter se tivesse apaixonado por ela assim que se conheceram? Ginny tinha de admitir, ele era bonito - e rico - mas não se apaixonara por ele. Poderia olhar muitas vezes para ele, mas isso não era sinônimo de amor, ela sabia. Pelo menos, os poetas não descreviam o amor dessa forma.

Infelizmente, de certa forma, estava a sentir-se muito incomodada por estar na presença dos Malfoy. Os seus pais continuavam a falar de negócios com eles, mas ela sentia o olhar do filho deles a queimá-la. A criticá-la. Quase podia ouvi-lo dizer "pobre demais", "feia demais", "burra demais" cada vez que o olhar dele se prendia nela. Ginny não o encarava directamente, as suas pernas tremiam quando o fazia. Não suportava aqueles olhos tão claros e frios sobre ela…

Não suportava porque a feriam, ou porque a atraíam?

E foi aí que ela percebeu o quão diferente do resto dos homens ele era. Tudo nele se destacava, principalmente o cabelo tão loiro e brilhante; os seus olhos, frios, tinham uma cor única naquele salão, uma cor que Ginevra nunca havia visto antes; tinha os lábios finos, mas mesmo assim Ginevra se permitiu a sonhar alguns momentos com eles, corando em seguida; os ombros eram largos, os braços definidos e as mãos fortes...

Ele, então, apanha o olhar da ruiva e ambos se encaram, permitindo que as suas mentes vagueiem pela figura um do outro, tirando conclusões precipitadas, erradas ou até acertadas; permitindo sentir o sentimento expresso naquele olhar, que nenhum dos dois conseguiu identificar. E, por momentos, Ginevra deixou de o olhar como um ser arrogante e superior, para o olhar como um homem, tal como ele, por momentos, se esqueceu de quem era e observou o quão aqueles cabelos ruivos em contraste com a pele branca davam um ar irresistível àquela moça.

- Não achas, Draco? - perguntou o Sr. Malfoy.

O rapaz focou imediatamente o seu olhar no pai, com um ar um pouco desorientado restabelecendo, contudo, o controle logo de seguida.

- Perdão, perdi o rumo da conversa… - Molly deu um sorriso discreto e olhou para Ginny que se encontrava vermelha. É, afinal a sua filha sempre poderia ter alguma sorte.


- Mamã, pára com isso!

- Viste, Arthur? - dizia a mulher completamente feliz, enquanto se dirigiam a pé para casa. - Viste?

- Ver o quê, minha querida? - disse em tom cansado mas divertido.

- Ora, ver o quê, Sr. Weasley! - repreendeu ela. - Os olhares dos homens na nossa Ginevra! O Sr. Potter olhou para ela a noite toda - e recebe vinte mil libras por ano - e o Sr. Malfoy estava a olhar para a nossa filha quando o pai lhe pediu a tal opinião que ele não ouviu. E ele recebe trinta mil por ano!

- Pára, mamã! - a mulher calou-a com um olhar.

- Minha cara, realmente, já chega.

- Ora, seu ingrato! Você sabe muito bem que ela está na idade de casar e que quanto mais influente for o homem que a desposar melhor para nós e para ela!

- Mas porque é assim tão importante casar-me?! - gritou a ruiva.

- Sabes muito bem porquê! Nós não poderemos governar-te a vida toda e, em algum momento, poderemos deixar de ser agricultores, o que nos vai cortar o orçamento que temos.

- Eu não me quero casar! - gritou a ruiva exasperada, ao que o Sr. Weasley riu.

- Não te atrevas a repetir uma coisa dessas, sua criança ingrata! Depois de tanto trabalho a produzir-te, e depois de tanto sucesso, principalmente juntos dos dois homens mais influentes do país, ainda dizes que não queres casar.

- Pois fica sabendo, mamã - ironizou quando chegaram à porta de casa. - que eu nunca poderia ter uma relação com alguém tão arrogante e frio como o Sr. Malfoy!

- E o Sr. Potter? - disse a mulher, cheia de esperança.

- Eu não estou apaixonada por ele, mamã.

- Ora, mas isso não é o mais importante! Tens de pensar no teu futuro…

- Minha querida Molly - disse o pai da ruiva. -, já chega. - a mulher bufou e entrou em casa sem olhar para nenhum deles.

Nota: (1) Pianoforte - é precisamente o mesmo instrumento que piano, sendo este último nome uma abreviatura para pianoforte.


Olá! Bem, isto é, de certa forma, um regresso…

Tenho andado muito ocupada com Challenges no 3V e com fics que quero terminar mas não tive oportunidade. Espero que compreendam.

Sobre o capítulo… Bom, posso dizer que este não é o meu primeiro projecto D/G depois de Pequeno Destino, mas é o primeiro que termino - esta fic foi feita, sensivelmente, em três dias. Tenho de agradecer a Maya que betou em tempo recorde (God bless you, dear!)!

Mas aprofundando o assunto, a fic é curtinha e simples (só para terem noção, o epilogo nem ocupa uma página inteira do Word xx), e contando a partir do pódio ficou em quinto lugar (num total de oito, se não estou em erro).

A Guta deu prémio especial em todas as fics, e o meu foi o de melhor Morte (não se preocupem!) e podem vê-lo no profile, bem como a capa da fic.

De qualquer forma, espero que gostem da fic e prometo que vou actualizar pelo menos de duas em duas semanas (a não ser que aconteça alguma coisa).

Fico à espera das vossas reviews e não se acanhem a criticar construtivamente;)

Bom, vou indo! Beijinhos e até ao próximo capítulo!