Capítulo I

Somos completamente incompatíveis


Deitada na cama, lá estava ela, meio destapada com uma perna de fora até que um som bastante irritante a acorda. Era o despertador que marcava exactamente 07:00 horas. Ela inclina-se rapidamente, desligando-o instantaneamente enquanto pensa: Já não estou habituada a acordar tão cedo.

Ela rola de um lado para o outro, na cama – Não me quero levantar! – resmunga enquanto se espreguiça, ficando por fim quieta, a olhar para o tecto.

Pois era, as férias de Verão tinham chegado ao fim e hoje começava um novo ano escolar, numa nova escola, ela sentia-se nostálgica, pensando pelos bons momentos que passou com os amigos na antiga escola. Bem, felizmente ia continuar com a maioria deles, pelo menos os mais chegados, visto terem passado e entrarem na mesma escola. Mas mesmo assim, parecia que ela sentia que tinha perdido algo este último ano.

Não, pensou. Não vou ficar deprimida, tenho que me esforçar, é claro, mas a diversão continua e vai ser mais um ano extraordinário!

Levanta-se, com bastante determinação no olhar, por momentos parecia que os olhos dela estavam flamejantes, devido à sua cor alaranjada, sentiu um arrepio e pensou: debaixo dos meus lençóis estavam bem mais quentinho… Caminhou rapidamente, descalça, para a casa de banho, onde abriu a torneira de água quente e despiu-se enquanto a água corria e logo em seguida abriu um pouco da torneira fria, tocando com a mão na água para ter a certeza que poderia se meter debaixo do chuveiro.

Hmmm, quentinha, pensou enquanto entrava de seguida para a banheira fechando os olhos e sentindo a água correndo-lhe pelo corpo, era uma sensação tão boa logo pela manhã. Deixava-a tão calma e relaxada que parecia ter-se esquecido de tudo o resto. Ficou um longo tempo debaixo da água, deixando-a molhar o seu comprido cabelo castanho, as gotas escorriam-lhe pelo rosto e ela de olhos fechados apreciando o momento ao máximo, era como se o tempo tivesse parado, a mente dela estava completamente vazia, nenhum pensamento, nada, até que de repente abre os olhos, como se tivesse acabado de acordar – despacha-te idiota!— disse para ela própria pegando no champô, afastando-se um pouco do chuveiro mas sem fechar a torneira. Esfrega o cabelo, cheirava a morango, depressa volta para debaixo do chuveiro retirando a espuma do cabelo. Repete o mesmo pelo menos mais umas duas vezes. O cabelo dela era tão comprido, que dava imenso trabalho a lavar e a pentear.

– Tenho que cortar o cabelo – disse ela suspirando. Não! Pára de pensar nele. Mas já era tarde, uma voz ecoou na cabeça dela implorando para que ela não corta-se o cabelo. Eu amo o teu cabelo, é tão lindo, não o cortes…

Era uma voz carinhosa, enquanto aquela figura, um rapaz de cabelos loiros, com uns olhos azuis, lindos, a olharem profundamente nos olhos dela. És linda, dizia o rapaz com o seu melhor sorriso nos lábios, aquele sorriso derretia-a completamente, adorava ver aquele sorriso nos lábios dele, amava…

– Lá estou eu a pensar nisto novamente! Quando vou pôr na cabeça que eu não estou apaixonada, somos amigos, apenas isso, tirando estes pequenos momentos, o resto é só discussões, somos completamente incompatíveis! – Disse ela, num tom chateado, e despacha-se acabando de tomar o seu banho.

Finalmente sai da casa de banho, enrolada numa toalha e com outra na cabeça. Dirigindo-se para o quarto, abre o armário deixando cair no chão a toalha e veste o novo uniforme pela primeira vez. Era uma camisa branca e tinha o símbolo da escola no colarinho, tinha também uma gravata vermelha e a saia era aos quadrados, tinha tons vermelhos e pretos.

– Não acredito que vou dizer isto, mas até gosto da saia. Sorriu, olhando-se ao espelho. Normalmente ela não gostava nada de saias, aliás e continua a não gostar, a saia realmente era bonita, mas sentia-se sempre desconfortável de saia, não podia saltar e correr à vontade como quando usava calças, mas vá ao menos era um uniforme bonito, bem melhor que o da antiga escola. Ela veste as meias e os sapatos pretos, e por fim o casaco, também preto, de mangas compridas.

Ela volta a casa de banho levando consigo a toalha, e quando sai de lá, descendo as escadas, já tinha o cabelo solto, meio ondulado.

Entra na cozinha, vai em direcção a um armário de madeira e tira um pacote de bolachas e um de leite de chocolate. Agita-o, abre-o e leva-o lentamente aos lábios bebendo um pouco. O olhar dela passeia pela cozinha, até que param no relógio. Os olhos alaranjados dela ficam mais castanhos naquele momento, arregalando-os.

– OMG a Tsu vai matar-me! – Diz engolindo de seguida o leite, corre para o quarto com o pacote de bolachas enfiando-o na mala, pega na mesma e desce as escadas a correr pegando nas chaves que estavam em cima duma mesinha perto da porta e sai de casa, deixando para trás a casa, toda desarrumada.

Ela vai matar-me! – era a única coisa que conseguia pensar enquanto corria o mais depressa que podia.