"Então isso é um boa noite, correto, milady?"
"Sim, é sim. Mas, sinceramente, gostaria que fosse uma despedida."
E a porta fechou-se sem qualquer som, escondendo de suas vistas aquela pessoa e aquele seu mundo feito de sedas e cores vibrantes.
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Da sacada do prédio, escutava-se muitas coisas. Corujas, o som do vento arrastando as folhas secas do Outono. Mas também haviam os sons desagradáveis da noite: os passos e grunhidos.
E agora, sua pessoa seria um instrumento a mais na sinfonia já iniciada. Um artista atrasado demais. Ou seria o contrário? Sairia prematuramente de campo e... Fim. Mas não era isso que mais temia. E, sim, perder o controle.
Se o perdesse, então isso significaria terminar com...
"Desce! A gente pode conversar!" – e sua agonia só aumentava com as tentativas de negociação, porque desejava seriamente considerá-la. – "Não faça essa besteira, por favor! Nós daremos um jeito!"
"Jeito...?" – um riso amargo, nascido do âmago de seu ser, brotou na face. – "Nós daremos um jeito...? Como?"
"Vamos pensar! Mas desce daí, é sério!"
Um passo e tudo estaria acabado. Era só mais um passo, contato com o chão e o silêncio. Sem grunhidos e sem passos. Não precisaria perder o controle.
"Você é tudo o que eu tenho agora, e sabe disso..." – sussurrou, virando-se para a pessoa que lhe falava antes. – "Se eu não fizer isso por nós... Acredite, um dia, irá me agradecer pela atitude."
E pulou.
Seven
Sisters
Petit
Ange
"(...)
And all the fears you hold so dear
Will turn to wisper in your
ear
And you know what they say might hurt you".
– Duvet
(BoA).
Primeira Noite: Quinze Minutos no Inferno.
Para alguém que só conhecia mais de três árvores apenas em fotografias, sinceramente, estava divertindo-se muito pouco com a paisagem estendida em frente aos seus olhos. Mas, também, que razão havia em divertir-se? Não que não tenha procurado os pontos bons daquela mudança, mas simplesmente não achava nenhum. Afinal, foi uma reviravolta grande demais em sua vida e em muito pouco tempo.
De vez em quando, parava para tentar adivinhar no que o pai pensava, mas simplesmente não achava nada. Talvez ele estivesse feliz. Ao menos, agora tinha um bom emprego e tentava recomeçar a vida. Pensar por esse ângulo lhe deixava aliviada. Até fazia-a ter vontade de esforçar-se para corresponder à esperança que ele depositou na pequena cidade para onde eles estavam indo. Não, pensando bem, o próprio senhor Dawson já havia dito que eles estiveram ali antes, mas o problema todo é que ela era muito nova para lembrar.
'Será que a casa pega fogo aqui também...?', pensou. Porque, afinal, não podia só posar de menininha obediente e animada com a novidade. Aliás, nada animada, diga-se de passagem. Abandonar a civilização, por si só, já era-lhe uma idéia absurda. Trocá-la pela calmaria do interior, então, era uma tortura. O melhor de tudo era o fato de já estar até matriculada. Quando foi que a meticulosidade de seu pai voltou das cinzas do luto pela mãe? Sacudiu a cabeça. Ele sabia ser desagradável nessas horas.
"Algum problema, Aileen?"
"Hein? Não, pai... Por quê? Algum problema aí?" – a batata-quente não iria parar com ela, só sabia disso.
"Na verdade, pelo contrário." – Henry Dawson sorriu.
"Sei..."
Virou-se para a janela outra vez e tentou perder-se em seus pensamentos, como estava fazendo quem viu aquele homem no volante antes e para quem estava vendo agora, comparando, era como presenciar a água mudar para vinho. A morte de sua mãe, esposa dele, no incêndio que, só pra variar, levara também sua casa, havia deixado cicatrizes terríveis na vida de todos os próximos.
Mas, sem dúvidas, ele foi o mais afetado. A vida que antes havia em seus olhos apagou-se totalmente. Antes do acidente, Aileen não achava que o pai fosse tão apaixonado assim pela mãe. Era algo até invejável de tão admirável. Lembrava-se dele sempre sentado, sempre sorumbático, arrastando-se como um fantasma daquilo que foi um dia. 'Os velhos não têm o mesmo empreendimento dos jovens...', algum parente chato que ela nem lembrava o rosto disse-lhe um dia. E, para sua infelicidade, ela realmente concordava quando via aquele ser deprimente jogado em qualquer canto.
Sinceramente, nem ela própria lamentou tanto assim pela mãe. Uma fatalidade do destino, certamente, e ela também já teve suas lágrimas derramadas. Mas... E não era só disso que um morto precisava? Algumas lágrimas e um lugar garantido na memória dos mais próximos? Exigir mais que isso era até uma audácia, até mesmo para a mulher respeitável que foi sua mãe.
"Ei, veja só isso!" – ele exclamou. – "Já havia visto tantos cavalos num só lugar?"
Aileen sacudiu em negativa a cabeça, olhando sem emoção alguma, mas simulando muita, para os ditos animais. Sinceramente, preferia cobras. Mas tudo bem, aqueles eram bonitos também.
"Sei..." – suspirou.
"Mas que desânimo! Por acaso a viagem está cansando?"
"Não, nem é isso."
"Então, é o quê, posso saber?" – os olhos acastanhados desviaram-se da paisagem à sua frente para, momentaneamente, estarem sobre as orbes avermelhadas dela.
"Nada, pai. Não é nada." – 'É que, por mais que pareça atrativo, isso tudo é muito ridículo, sabe', quis dizer para ele, mas não teve ânimo nem motivo. A única coisa boa que via em naquele seu silêncio forçado, graças à pessoa dirigindo o carro e toda a situação, era o fato dele ainda achar que ela estava muito triste pela perda da senhora Dawson, e logo, não lhe incomodaria mais. Ficar sozinha com sua dor é tudo que uma criança precisa no início, de acordo com suas palavras sobre o fato. Mas quando precisar de apoio, dê-o sem pestanejar. Sim, até parece que ela ia chorar e pedir um colo.
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A jovem tinha de admitir que a única coisa boa no novo Henry que nasceu do nada depois dos meses e meses intermináveis de luto (por que ela ainda tinha de estudar quando podia 'estar de luto' também? Injusto!) era a organização e, sem dúvidas, consideração por sua pessoa.
Afinal, ser uma albina nos dias atuais era muito terrível. Nunca poderia ter aturado uma viagem de horas fritando sob o sol maldito do Inverno. Aliás, qualquer sol podia queimá-la. Se tivesse de fazer uma lista de desvantagens de seu problema, seria quilométrica. A única vantagem é ser temida. "Olha lá! Ela é branca demais, cara!", e as pessoas falariam pelas suas costas um pouco, ficariam com medo ou impressionadas como criancinhas por ela ter olhos vermelhos e pronto. Deixariam sua pessoa em paz. Esperava sinceramente que, naquela cidade, acontecesse a mesma coisa.
Ficava pensando sem muita expectativa em como seria no Colégio onde foi matriculada. A tal cidade onde iria morar podia ser de interior e o caramba, mas de acordo com o que diziam, ficava numa área Universitária e tinha ensino forte. Grande combinação! Estudo e um pouco de mato. Logo, ela estaria olhando o céu e deixando que maçãs caíssem na sua cabeça. Só queria que a biblioteca do lugar tivesse um grande acervo, para ela ficar horas escolhendo livros.
'Já é noite alta... Nem vai dar pra ir lá mesmo...'. E seu cérebro bombardeou-a com mais aquela informação. Por idiotice, esquecera os livros e tudo o mais que podia distraí-la durante a viagem nas malas, que consequentemente, já estavam devidamente acomodadas na nova casa. Só sobrou, então, ficar admirando as árvores e aquelas casas e ficar imaginando como seria, por exemplo, a famosa estação de trem [1] do lugar ou a biblioteca e seus acervos. Mas eles nem deviam ter novidades.
"Agora sim, chegamos de vez." – anunciou a voz de seu pai.
Parando um pouco de ficar olhando o nada pela janela, virou-se e sentou-se direito no banco. Realmente, havia uma placa anunciando a cidade. Seven Sisters. Grande coisa! Só queria chegar em casa e dormir. Já era sábado, amanhã domingo e depois... Aulas. Se seu pai não tinha com o que preocupar-se, ela tinha. E, pensando por este lado, a biblioteca estaria fechada. Passear pelo interior com o sol de matar estava fora de cogitação. Aproveitaria sua TV por Assinatura, isso sim, então.
"Que cidadezinha mais estranha a que você arranjou, pai..." – Aileen suspirou pesadamente. Estava muito escura. Quem sabe o 'toque de recolher' já havia sido dado. – "Quanta tosquice..."
"Não seja chata, Aileen. Nem conheceu a cidade ainda. Ela tem parques muito bonitos, você sabia?"
"Ah, é claro. E eu vou poder correr pelas árvores verdes e os lagos cristalinos e sentir o sol bater no meu rosto. Ah, mal posso esperar pra girar e espalhar aos quatro ventos minha felicidade..."
"Também não é assim, né?" – ao invés de afrontar-se com o sarcasmo, Henry Dawson até gostou do comentário. – "Ao menos, aproveite a paisagem. Aqui você irá morar por muitos anos, se passar na Universidade."
"Acha mesmo que farei isso aqui neste... Fim de mundo?!" – ela sim sentiu-se afrontada com as palavras dele. Sua inteligência foi... 'Estuprada', na falta de uma palavra mais condizente.
"Ok, você nunca faria isso aqui. Mas só peço para ser mais aberta às novidades."
"Fui aberta o suficiente quando você disse que íamos nos mudar. E foi do nada. Lembre-se de que eu nem reclamei." – a loira cruzou os braços, olhando feio para a rua à sua frente.
"Mas que coisa..."
A brusca mudança de assunto fez Aileen Dawson notar a atitude do pai. Ele estendeu uma das mãos e limpou o vidro, na falta de um pano para fazer o mesmo. O mesmo estava bastante embaçado, como se estivessem atravessando uma forte neblina ou gelo. Pensando assim, o vidro haveria de estar embaçado mesmo, afinal, era Inverno e noite. Devia estar bastante frio lá fora. Mas o estranho mesmo era estar tão escuro e vazio, mesmo para uma cidade de interior.
"Ô, pai, Seven Sisters é assim mesmo de noite...?"
"Assim como, Aileen?"
"Você sabe... Assim, tão vazia. Só tem uma ou duas luzes ligadas por aí e tá tudo tão... Sei lá, mas chega até a ser macabro, admita." – a garota forçava os olhos, tentando ver alguém, mas simplesmente não aparecia.
"Deve ser, não é? Ora essa..." – suspirou de novo. – "Não falava nada disso no folheto de pontos principais daqui!"
"Propaganda enganosa. Até parece que alguém iria vir se não fosse is..."
Nem toda a racionalidade da albina parecia tê-la preparado para o susto que veio a seguir. Simplesmente ouviu o som dos freios sendo acionados, o pai segurando-se no volante, e soube que acontecera algo. Instantaneamente, sobreveio o som forte de algo chocando-se contra metal e vidro, e foram milésimos de segundo para pôr os olhos, assustada, em uma coisa enorme iluminada pelos faróis do carro que, em seguida, foi jogada para trás.
O carro parou, apesar dos corações de ambos baterem desordenadamente. Henry tentava processar o que acabara de acontecer e Aileen estava realmente tentada em olhar para trás. Não havia mais nenhum som, nenhum nada. Só o som do corpo caindo no chão e depois... Silêncio.
"Ei, o que... Foi aquilo...?" – pôs a mão sobre o peito. Ainda sentia no corpo o efeito da adrenalina, afinal, ele tremia. – "A... Atropelamos alguma coisa...?"
"E... Eu não sei... Acho que..."
Sons arrastados pronunciaram-se. Com todo aquele silêncio, eles podiam até ouvir a respiração um do outro.
"Tá vivo...?!"
"Precisamos ajudá-lo, então!"
"E-ei, pai! Peraí!"
Henry Dawson foi o primeiro a sair, sem ouvir direito a filha. O cinto e a porta não foram problemas. Aileen respirou fundo e pôs a mão na fronte, massageando. Quis realmente parar de tremer, mas simplesmente era impossível. Vinha sozinho. Ela ainda respirava difícil, como se lhe tivessem pressionado o pescoço.
Teve a impressão de ouvir a voz do pai, e não soube se aquilo era uma peça pregada pela sua imaginação ou se ele realmente disse algo. Só soube que virou-se para frente e não ficar mais naquela agonia e não gostou do que viu. Uma rua deserta e escura. E quando a viu, soube que ninguém além deles iriam ajudar aquele vivente que acabaram de atropelar e que havia amassado a frente do carro e trincado o vidro seriamente. Ninguém sequer ligou as luzes e veio espiar pela janela.
"...Meu Deus!"
E Aileen sentiu todo o corpo retrair-se com aquele frio na espinha. O que teria feito o homem dizer isso com tanto pavor? O cadáver? A situação? Algo a mais que acabou vendo? Balançou a cabeça, querendo não mais saber disso. Só queria realmente ir para casa e esquecer de que viveu aquilo em seu primeiro dia de chegada à cidade.
"Aileen! Aileen, meu Deus, fique no carro!"
"...Quê?" – foi o suficiente para sentir o corpo amolecer como se toda aquela carga de adrenalina fosse subitamente tirada de si.
Mais passos e pronto. Lá estava seu pai abrindo a porta como um raio, nervosamente, e sequer preocupando-se com o cinto. Foi tudo tão rápido e feito com tanto desespero que ela simplesmente ouviu o cantar das rodas na estrada e logo veio o solavanco de uma arrancada repentina. O carro andava a toda velocidade nas ruas desertas daquela cidadezinha estranha.
Ou seu pai era um covarde cretino que não quis oferecer ajuda ao ver o estado do corpo (provável, afinal, ela não ia ficar glorificando o homem) ou algo realmente grave aconteceu para ele fugir daquele jeito, sem sequer dar maiores explicações.
"...Pa-pai, o que aconteceu com... O carinha lá atrás?"
"Nada. Nada. Absolutamente nada." – respondia. Os olhos castanhos sempre vidrados na estrada. Suas mãos tremiam mais que as dela, e só agora pôde notar.
"Como assim? O cara... Peraí, a gente atropelou o cara... E-ele tava muito feio, é isso?" – passou a mão pelos cabelos, tencionando que aquilo lhe acalmasse o fluxo desenfreado dos pensamentos. – "M-mas a gente vai ser ligado ao crime da mesma forma... Sangue nos pneus... O vidro trincado, a frente danificada... É questão de tempo..."
"No momento, só vamos sair daqui, me entendeu?!"
"Então, o que diabos está acontecendo...?! Saiba que omitir os fatos de um outro elemento só aumenta ainda mais o nervosismo do elemento em questão!"
"POR FAVOR, APENAS..."
Desta vez, o carro escarlate de sangue freou antes de acertar a outra silhueta que, em questão de segundos, os faróis fortíssimos iluminaram. As orbes vermelhas como o sangue do carro de Aileen arregalaram-se, chocadas.
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Lágrimas amargas percorriam o caminho reto até as bochechas e, às vezes, até mesmo desprendiam-se do rosto, caindo no chão, antes de chegarem lá. No começo, ela sabia o que estava fazendo e dizendo, mas agora, mal tinha controle sobre as próprias pernas. Elas simplesmente corriam sozinhas, e ela não sabia para onde. Simplesmente corria, como se, fazendo isso, de alguma forma fosse ser salva.
Porque ela sabia que precisava correr depois do que viu. Soube no exato momento em que ouviu aquele som e viu aquele corpo da pessoa que há tanto que ela conhecia chocando-se contra o vidro. 'Viu? Andar sem cinto dá nisso', quis pensar, mas o susto foi tão grande que ela só ficou parada. E ela viu que seu pai tentou reagir, fazer alguma coisa, mas parecia paralisado. Alguma coluna danificada? O choque foi muito grande, e agora estava doendo? Os lábios tremeram quando foi reagir e tocá-lo.
Mas eles foram mais rápidos. Sinceramente, ela nunca acreditou em games de terror. Produtos capitalistas cuja função era retardar mentes, fazendo-as acreditar que em algum lugar do mundo exista tais mundos mirabolantes. Mas quando ela viu aquilo, a compreensão e ligação veio tão rapidamente... Foi automático, até.
Só houve o tempo de ouvir gritos, grunhidos e o pai gritando-lhe 'FUJA AGORA, AILEEN!'. Nunca tirar o cinto pareceu uma tarefa tão difícil. Nunca a respiração ficou tão presa na garganta. Era como se ela estivesse vivendo um pesadelo de criança depois de assistir um filme de horror. Nem podia descrever mentalmente, sequer lembrar, o horror que sentiu quando viu aqueles... Seres. Não podiam ser humanos. Eram coisas. E elas... Os urros de Henry Dawson denotaram claramente seu destino.
E o que diabos ela fez? Fugiu. E estava ali, agora, fugindo como uma criancinha. Mas o que podia fazer? Lutar contra eles? Não era ficção, onde as armas apareciam do nada e a munição era infinita. Ela era uma menina que nunca praticara maiores atos de educação física e a luz do carro já não iluminava mais aquela rua. Já estava muito longe do ponto onde o carro foi deixado.
"Me desculpa, pai! Me desculpa!..."
E era só isso que conseguia murmurar em meio aos soluços desesperados. Pedidos inúteis de desculpa. Sequer conseguia gritar por socorro. Porque, no fundo de seu coração, ela sabia que ninguém iria ajudar. Era saliva e palavras jogadas fora. Perdidas no vento frio da noite sem nem alcançar seu intento.
'Socorro! Venham me ajudar, inúteis! Qualquer um, mas venham!...'. E então, vinha a amarga conclusão: 'Mas é claro que ninguém vem. Afinal, quem enfrentaria aquelas coisas que nos recepcionaram? Faz muito sentido se considerar o fato da cidade estar às escuras'. Incrível. Ao menos, sua capacidade de raciocínio não diminuía com a sensação nauseante de pânico. Mas ela sequer perdeu a vontade de só ir para a casa nova e dormir... Talvez estivesse sonhando...
Sonho ou não, ouviu grunhidos. O mesmo som tétrico e perturbador.
E ao ouvi-lo, Aileen congelou.
"Eu sei que não devo desmaiar..."
Mesmo tentando se conscientizar de tal ato, aquele som pareceu uma campainha para que seu corpo sentisse-se totalmente esgotado.
"...Se fizer isso, desse jeito, por mais que soe ridículo, eu sei que vou morrer..."
Seria o excesso de adrenalina? Estresse cardíaco? Mental? Físico? Pensando bem, estava com muita dor na lateral da barriga. Falta de exercício, essa não tinha como errar. Seja lá o que estava acontecendo, só sabia que o torpor concentrava-se em seus membros e cabeça, impedindo-a de pensar com clareza.
"Mas eu... Mesmo sabendo disso... Não dá pra evitar, cara..."
As pernas bambearam como antes. Mas, dessa vez, não havia banco nem carro sustentando-as. E seus olhos fixaram-se na silhueta que provavelmente era dona daquele som perturbador. O som que anunciava seu fim.
"...Desculpa, pai, mas eu não agüento mais."
Entregou-se ao sono reparador, à morte ou a qualquer coisa que viesse. Ou melhor, sabia que estava entregando-se pateticamente à silhueta de estranhos olhos claros (nem mais conseguia distinguir cores naquele estado deprimente, é isso?) que continuava avançando na sua direção. Mas ela, nessas alturas, nem via e nem mais ouvia nada.
Aileen Dawson desmaiou no meio da estrada escura e gélida de uma das tantas ruas daquela pequena cidadezinha de Seven Sisters.
Continua...
[1] A estação de Seven Sisters realmente existe. É britânica e bem famosinha, até. Só minhas considerações e descrições da cidade são relativamente fictícias.
Agradecimentos Especiais: Muitíssimo obrigada à Josiane Veiga, que aceitou dar dicas e revisar o básico para o bom desenvolvimento da história. Quando uma mestra dos romances te dá essa honra, você só tem a agradecer ao destino e à boa vontade da mesma. *-* Aproveitando aqui, agradeço a Akane Kittsune por ouvir as lamúrias acerca a dita fic e a Daitenshi-sama por me ajudar na adaptação (afinal, ela devia chamar-se "Irika", não "Seven Sisters". Foram detalhes de última hora XD). E, é claro, obrigada a todos que tiveram a paciência de lerem e mais ainda aos que comentarem. ^^ Nos vemos (espero) no próximo capítulo.
Segunda Noite: Eu Era 'Eu' e Só.
