Capitulo 1: Lílian Evans e Tiago Potter

Hogwarts. . . 1976

O Salão Principal de Hogwarts tinha um aspecto completamente diferente de seu estado normal. As mesas das Quatro Casas haviam desaparecido, e em seu lugar havia mais de cem mesinhas, todas enfileiradas e dispostas da mesma maneira. Em cada uma delas se sentava um estudante de cabeça baixa, que escrevia em um rolo de pergaminho. O único som era o arranhar das penas e o rumorejar ocasional de alguém tossindo ou ajeitando seu papel. Exame. O sol entrava pelas janelas altas e incidia sobre as cabeças inclinadas, refletindo tons castanhos, acobreados e dourados na luz ambiente.

Havia um adolescente de ar pálido e estiolado, como uma planta que havia sido mantida no escuro. Seus cabelos eram moles e oleosos e pendiam sobre a mesa, seu nariz aquilino estava a menos de cinco centímetros do pergaminho enquanto ele escrevia. No cabeçalho da prova lia-se DEFESA CONTRA AS ARTES DAS TERVAS— NÍVEL ORDINÁRIO EM MAGIA. A mão do adolescente voava sobre o pergaminho; ele já escrevera pelo menos trinta centímetros a mais do que os vizinhos mais próximos, e sua caligrafia era minúscula e apertada.

— Mais cinco minutos!— gritou o professor Flitwick, o cocuruto movendo-se entre as mesas, até passar por um garoto com cabelos negros e despenteados... muito despenteados.

Tiago Potter agora ia se endireitando, descansando a pena, puxando o rolo de pergaminho para perto para poder ler o que escrevera. Seus olhos eram castanho-esverdeados, seu nariz comprido, o rosto magro. Seus cabelos levantavam atrás. Ele deu um enorme bocejo e arrepiou os cabelos, deixando-os mais despenteados do que antes. Então, olhando de relance para o professor, virou-se e sorriu para outro garoto sentado quatro mesas atrás.

Sirius Black ergueu o polegar para Tiago. Sentava-se descontraído na cadeira, inclinando-se sobre as pernas traseiras. Era muito bonito; seus cabelos negros caíam sobre os olhos com uma espécie de elegância displicente que Tiago jamais possuiria, e uma garota sentada atrás dele o mirava esperançosa, embora ele não parecesse ter notado.

Duas mesas ao lado encontrava-se Remo Lupin. Parecia muito pálido e doente (a lua cheia estaria se aproximando?), e absorto no exame: ao reler suas respostas, coçou o queixo com a ponta da pena, franzindo ligeiramente a testa.

Um outro garoto franzino, os cabelos cor de pêlo de rato e um nariz arrebitado se encontrava por ali também. Rabicho parecia ansioso: roía as unhas, olhava fixamente para a prova, arranhando o chão com a ponta dos sapatos. De vez em quando espiava esperançoso para a prova do vizinho.

Tiago agora brincava com um pedaço de pergaminho. Desenhou um pomo de ouro e agora acrescentava as letras "L.E".

— Descansem as penas!— esganiçou-se o Prof. Flitwick. — Você também, Stebbins! Por favor, continuem sentados enquanto recolho os pergaminhos. Accio!

Mais de cem rolos de pergaminho voaram para os braços estendidos do Prof. Flitwick, derrubando-o para trás. Várias pessoas riram. Uns dois estudantes nas primeiras mesas se levantaram, seguraram o professor pelos cotovelos e o levantaram.

— Obrigado... obrigado.— ofegou ele— Muito bem, estão liberados!

Tiago riscou depressa as letras que estava desenhando, levantou-se de um salto e enfiou a pena e as perguntas do exame na mochila, atirou-a sobre as costas e ficou parado esperando Sirius. A uma pequena distância Snape caminhava entre as mesas em direção à porta para o Saguão de Entrada, ainda absorto no próprio exame. De ombros curvos e angulosos, andava de um jeito retorcido que lembrava uma aranha, e seus cabelos oleosos sacudiam pelo rosto.

Uma turma de garotas separou Snape de Tiago, Sirius e Remo.

— Você gostou da décima pergunta, Aluado?— perguntou Sirius quando saíram no saguão.

— Adorei. — respondeu Lupin imediatamente. — "Cite cinco sinais que identifiquem um lobisomem". Uma excelente pergunta.

— Você acha que conseguiu citar todos os sinais?— perguntou Tiago, caçoando com fingida preocupação.

— Acho que sim. — respondeu Lupin sério, quando se reuniram aos alunos aglomerados nas portas de entrada para chegar ao jardim ensolarado. – Primeiro: ele está sentado na minha cadeira. Segundo: ele está usando as minhas roupas. Terceiro: o nome dele é Remo Lupin.

Rabicho foi o único que não riu:

— Eu citei a forma do focinho, as pupilas dos olhos e o rabo peludo — disse ansioso— mas não consegui pensar em mais nada...

— Como pode ser tão obtuso, Rabicho?— exclamou Tiago impaciente. — Você anda com um lobisomem uma vez por mês!

— Fale baixo... — implorou Remo.

Snape continuava próximo, ainda absorto nas perguntas do exame. Tiago e os três amigos começaram a descer os gramados em direção ao lago; Snape os seguiu ainda verificando as questões da prova e aparentemente sem uma ideia fixa de aonde ia.

— Bom, achei que o exame foi moleza. — Sirius comentou— Vai ser uma surpresa se eu não tirar no mínimo um "Excepcional".

— Eu também. — disse Tiago. Enfiou a mão no bolso e tirou um pomo de ouro que se debatia.

— De onde você conseguiu isso?

— Roubei. — disse Tiago displicente. E começou a brincar com o pomo, deixando-o voar uns trinta centímetros e recapturando-o em seguida; seus reflexos eram excelentes. Rabicho o observava assombrado.

Os amigos pararam à sombra de uma faia à beira do lago e se atiraram na grama. Snape se acomodou no gramado à sombra densa de um grupo de arbustos. Estava profundamente absorto em seu exame, como antes. O sol ofuscava na superfície lisa do lago, à margem do qual um grupo de garotas risonhas que acabara de deixar o Salão Principal se sentara, sem sapatos nem meias, refrescando os pés na água.

Lupin apanhou um livro e começou a ler. Sirius passava os olhos pelos estudantes que andavam pelo gramado, parecendo um tanto arrogante e entediado, mas ainda assim bonitão. Tiago continuava a brincar com o pomo, deixando-o voar cada vez mais longe, quase fugindo, mas sempre o recapturando no último segundo. Rabicho o observava boquiaberto. Todas as vezes que Tiago fazia uma captura particularmente difícil, Rabicho exclamava. Após cinco minutos de repetição desta cena, já era de se esperar que Tiago mandasse Rabicho se controlar, mas ele parecia estar gostando da atenção...

Tiago tinha o hábito, também, de assanhar os cabelos como se quisesse impedi-los de ficar muito arrumados; também não parava de olhar para as garotas junto à água...

— Quer guardar isso? — disse Sirius finalmente, quando Tiago fez uma boa captura e Rabicho deixou escapar um viva— Antes que Rabicho molhe as calças de excitação?

Pedro corou ligeiramente, mas Tiago riu.

— Se estou incomodando... — retrucou já guardando o pomo no bolso. Sirius era obviamente o único para quem Tiago teria parado de se exibir.

— Estou entediado. Gostaria que já fosse lua cheia.

Você gostaria. — devolveu Remo sombrio por trás do livro que lia. — Ainda temos Transfiguração, se está entediado poderia me testar. Pegue aqui... — e estendeu o livro.

Mas Sirius deu uma risada abafava.

— Não preciso olhar para essas bobagens, já sei tudo.

— Isso vai animar você um pouco, Almofadinhas.— comentou Tiago em voz baixa— Olhem só quem está vindo...

Sirius virou a cabeça. Ficou muito quieto, como um cão que fareja um coelho.

— Excelente. — disse baixinho— Ranhoso.

Snape estava novamente em pé, e guardava as perguntas do exame na mochila. Quando deixou a sombra dos arbustos e começou a atravessar o gramado, Sirius e Tiago se levantaram. Remo e Pedro continuaram sentados: Lupin lendo o livro, embora seus olhos não estivessem se movendo e uma ligeira ruga tivesse aparecido entre suas sobrancelhas; Rabicho olhava de Sirius e Tiago para Snape, com uma expressão de ávido antegozo no rosto.

— Tudo certo, Ranhoso? – cumprimentou Tiago em voz alta.

Snape reagiu tão rápido que parecia estar esperando um ataque: deixou cair a mochila e meteu a mão dentro das vestes. Sua varinha já estava metade para fora quando Tiago gritou:

Expelliarmus!

A varinha de Snape voou quase quatro metros de altura e caiu com um pequeno baque no gramado às suas costas. Sirius soltou uma gargalhada.

Impedimenta!— disse, apontando a varinha para Snape, que foi atirado no chão ao mergulhar para recuperar a varinha caía.

Os estudantes ao redor se viraram para assistir. Alguns haviam se levantado e foram se aproximando. Outros pareciam apreensivos, outros divertidos.

Snape estava no chão, ofegante. Tiago e Sirius avançaram empunhando as varinhas. Tiago, ao mesmo tempo, espiava por cima do ombro as garotas à beira do lago. Pedro se levantou para assistir a cena com ávido interesse, contornando Lupin para ter uma perspectiva melhor.

— Como foi o exame, Ranhoso?— perguntou Tiago.

— Eu o vi, o nariz dele estava quase encostado no pergaminho. — disse Sirius maldosamente— Vai ter manchas enormes de gordura no exame todo, não vão poder ler nenhuma palavra.

Várias pessoas que acompanhavam a cena riram; Snape era claramente impopular. Rabicho soltava risadinhas agudas. Snape tentava se erguer, mas a azaração ainda o imobilizava; ele lutava como se estivesse amarrado por cordas invisíveis.

— Espere... para ver..!— arquejava, encarando Tiago com uma expressão de mais pura aversão— Espere...para ver!

— Espere para ver o quê?— retrucou Sirius calmamente— Que é que você vai fazer, Ranhoso, limpar o seu nariz na gente?

Snape despejou um jorro de palavrões e azarações, mas com a varinha a três metros de distância nada aconteceu.

— Lave sua boca!— disse Tiago friamente— Limpar!

Bolhas de sabão cor de rosa escorreram da boca de Snape na mesma hora; a espuma cobriu seus lábios, fazendo- o engasgar, sufocando-o...

— Deixem ele em PAZ!

Pontas e Almofadinhas se viraram. Tiago levou a mão livre imediatamente aos cabelos. Era uma das garotas da beira do lago. Tinha cabelos espessos e ruivos que lhe caíam pelos ombros e olhos amendoados sensacionalmente verdes.

— Tudo bem, Evans?— disse Tiago logo em seguida, o seu tom de voz se tornando-se imediatamente agradável, mais grave e mais maduro.

— Deixem ele em paz. — repetiu Lilian. Ela olhava para Tiago com todos os sinais de intenso desagrado. — O que ele fez pra você?

— Bom...— explicou Tiago, parecendo pesar a pergunta— É mais o fato dele existir, se você me entende...

Muitos estudantes que os rodeavam riram, Sirius e Pedro inclusive, mas Remo (ainda aparentemente absorto em seu livro) não riu, muito menos Lilian.

— Você se acha engraçado... — retrucou ela com frieza— Mas você não passa de um cafajeste, tirano e arrogante, Potter. Deixe ele em paz!

— Deixo se você quiser sair comigo, Evans. — respondeu Tiago depressa— Vamos...saia comigo e eu nunca mais encostarei uma varinha no Ranhoso.

Às costas dele, a Azaração de Impedimento ia perdendo efeito. Snape estava começando a se arrastar pouco a pouco em direção à sua varinha caída, cuspindo espuma enquanto se deslocava.

— Eu não sairia com você nem que tivesse de escolher entre você e a Lula Gigante! — replicou Lilian.

— Que azar, Pontas. — comentou Sirius, animado, e se voltou para Snape— EI!

Mas era tarde demais: Snape tinha apontado a varinha diretamente para Tiago. Houve um lampejo e um corte apareceu em sua face, salpicando suas vestes de sangue. Ele girou: um segundo lampejo depois, e Snape estava pendurado no ar de cabeça para baixo, as vestes pelo avesso revelando pernas muito magras e brancas e cuecas encardidas.

Muita gente na pequena aglomeração aplaudiu; Sirius, Tiago e Pedro davam gargalhadas estrondosas.

Lilian, cuja expressão se alterara por um instante como se fosse sorrir, exigiu:

— Ponha ele no chão!

— Perfeitamente. — e Tiago acenou com a varinha para o alto; Snape caiu embolado no chão. Desvencilhou- se das vestes e se levantou depressa, com a varinha na mão, mas Sirius exclamou: "Petrificus Totalus" e Snape emborcou outra vez, duro como uma taboa.

— DEIXE ELE EM PAZ! — berrou Lilian. Ela puxou a própria varinha agora. Tiago e Sirius a olharam preocupados.

— Ah, Evans, não me obrigue a azarar você... — pediu Tiago, sério.

— Então desfaça o feitiço nele!

Tiago suspirou profundamente, então se virou para Snape e murmurou um contra- feitiço.

— Pronto. — disse, enquanto Snape procurava se levantar. — Você tem sorte da Evans estar aqui, Ranhoso...

— Não preciso da ajuda de uma Sangue Ruim imunda como ela! — cuspiu o outro.

Lilian pestanejou.

— Ótimo. — respondeu calmamente— No futuro, não vou mais me incomodar. E eu lavaria as cuecas se fosse você, Ranhoso.

— Peça desculpas a Evans! — berrou Tiago para Snape, apontando-lhe a varinha ameaçadoramente.

— Não quero que você o obrigue a se desculpar!— gritou Lilian por sua vez, voltando-se contra Potter — Você é tão ruim quando ele.

— Quê? Eu NUNCA chamaria você de... você sabe o quê!

— Despenteando os cabelos só porque acha que é legal parecer que acabou de desmontar da vassoura, se exibindo com esse pomo idiota, andando pelos corredores e azarando qualquer um que o aborreça só porque é capaz... Até me surpreende o fato da sua vassoura conseguir sair do chão com o peso dessa cabeça cheia baboseiras e esse ego inflado. Você me dá NÁUSEAS!

E, virando as costas, ela se afastou depressa.

— Evans!— gritou Tiago— Ei, EVANS!

Mas Lilian não olhou para trás.

— Qual é o problema dela?— perguntou Tiago, tentando, mas não conseguindo, fazer parecer que fosse apenas uma pergunta sem real importância para ele.

— Lendo nas entrelinhas, eu diria que ela acha você metido, cara. — respondeu Sirius, ainda de maneira displicente.

— Certo. — respondeu Tiago, que parecia furioso agora— Certo...

Houve outro lampejo, e Snape, mais uma vez, ficou pendurado no ar de cabeça para baixo.

— Quem quer me ver tirar as cuecas do Ranhoso?


Pedro caiu de joelhos no chão, as mãos no estômago. Estava rindo tanto que pensou que morreria de dores abdominais. Tiago e Sirius continuaram com a brincadeira...

Estavam no salão comunal da Grifinória, bem no centro e à vista de todos. Sirius fazia uma imitação muito cômica de Snape virado de ponta cabeça, enquanto Tiago completava com piadinhas. Sua plateia era composta por Pedro Pettigrew, Berta Jorkins e mais alguns alunos que não planejavam ir pra cama tão cedo. Frank Longbottom e Alice, amigos inseparáveis, bateram palmas depois da descrição que Sirius fez da cueca encardida de Snape.

— Queria estar lá! — engasgou- se Longbottom entre risadas engasgadas — Deve ter sido realmente hilário!

— E as bolhas de sabão que eu fiz sair da boca do Seboso? — lembrou Tiago brilhantemente, arrancando alguns suspiros da plateia feminina. — Devia ter feito o serviço completo, não é?

— Com certeza, aqueles cabelos não veem um shampoo há anos.— completou Sirius.— Será que já introduziram o conceito de higiene pra ele?

O único da sala que parecia um pouco irritado era Remo. Ele estava a um canto do salão tentando, com todas as suas forças, se concentrar na prova que teria de Aritmancia no dia seguinte. Era impossível. O estardalhaço feito pelos amigos era muito mais forte do que sua dedicação. Cansado, ele fechou o livro. Estava disposto a subir e deixar a sala comunal quando uma voz feminina chamou a atenção de todos.

A voz vinha das escadas e não parecia nada feliz:

— Dá pra você se mostrar sem fazer tanto barulho, Potter? Tem gente querendo dormir aqui em cima! — era Lily Evans. A garota estava escarlate, quase como seus cabelos. Vestia uma camisola de seda muito ousada, que Tiago nunca chegou a apreciar já que estava muito bem escondida por baixo de um grosso roupão rosa.

— Evans, venha se juntar a nós! — sorriu Pontas galanteador, tentando conter a tentação de arrumar seus cabelos para ver se parecia mais atraente. — Estávamos contando sobre seu ex-amigo Seboso...

Lily franziu as sobrancelhas de tal modo que deu medo. Seus olhos verdes brilharam ameaçadores, e quase toda a plateia masculina abaixou os olhos.

— Pelo que vejo, falar sobre Severo é seu passatempo favorito, não é Potter? Pois se acha engraçado, devia se olhar no espelho... Seus cabelos também não são lá grande coisa; me lembram muito um espantalho.

Tiago sentiu pela primeira vez na vida o rosto queimar. A plateia que antes ria com ele, agora continha roncos de risada. Sirius e Remo trocaram olhares rápidos e se aproximaram do amigo. Pedro olhou para Lily incrédulo.

— Agora você e seu fã clube idiota... — ela continuou, sem dar tempo nem coragem para o outro retrucar — Calem a boca!

Em seguida, Tiago se ouviu respondendo:

— Diferente de você Evans, eu tenho amigos de verdade, e nenhum deles me dá apelidos totalmente preconceituosos! — rapidamente ele se arrependeu de ter dito aquilo. Ela ficou roxa, e ninguém soube dizer realmente o porquê:

— Pelo menos eu não preciso de amigos que ficam me seguindo por aí feito serviçais... A minha sombra faz isso muito melhor! — Lily bufou, lançando olhares acusadores para os marotos (que nesse momento, nem ousaram se entreolhar).

A garota finalmente se virou para subir as escadas com os cabelos ruivos esvoaçando. Antes disso, no entanto, foi detida por uma menina que subia para os dormitórios e que lhe cochichou alguma coisa. Lily desviou-se então para o quadro da Mulher Gorda.

Somente quando viram a pontinha da camisola da ruiva desaparecer de vista é que os alunos voltaram a falar:

— Bem. . . Boa noite Tiago. — acenou Alice meio desconcertada.

— Nos vemos amanhã... — disse Frank Longbotton.

Os marotos esperaram o salão esvaziar. Quando se viram finalmente sozinhos, apenas, é que trocaram olhares novamente:

— Sabe Pontas, você devia dar um jeito na cabelo de fogo. — disse Sirius meio rouco.— Ela fica cada vez mais desbocada e isso não é nada bom pra nossa reputação.

— Mas ela tinha razão. — Remo retrucou ignorando as outras três expressões completamente indignadas — Como monitor, eu devia ter parado vocês. Estavam falando muito alto...

— Eu acho que não Aluado. — disse Pedro tentando conter um bocejo — A Evans tem mania de perseguição com o Pontas.

— Pois é, companheiro... — Sirius colocou a mão no ombro de um perplexo, pasmo e completamente atônito Tiago — Se eu fosse você partia pra outra.

Pontas não respondeu dessa vez. Não conseguiu, pela primeira vez, pensar em uma resposta realmente boa pra dar. Por isso, apenas acenou para os amigos, para que subissem aos dormitórios masculinos.


— Me desculpe.

— Não estou interessada.

— Me desculpe!

— Poupe seu fôlego!

Lilian, de robe, estava parada de braços cruzados diante do retrato da Mulher Gorda, na entrada da Torre de Grifinória.

— Eu só saí porque Maria me disse que você estava ameaçando dormir aqui.

— Estava. Teria feito isso. Nunca quis chamar você de Sangue Ruim, simplesmente me...

— Escapou?— não havia piedade na voz de Lilian. — É tarde demais. Há anos dou desculpas para o que você faz. Nenhum dos meus amigos consegue entender sequer porque falo com você. Você e seus preciosos amiguinhos Comensais da Morte: está vendo, você nem nega! Nem nega que é isso que vocês pretendem ser! Você mal pode esperar para se reunir a Você Sabe Quem, não é?

Snape abriu a boca, mas tornou a fechá- la.

— Não posso mais fingir. Você escolheu o seu caminho, eu escolhi o meu.

— Não...escute, eu não quis...

— Me chamar de Sangue Ruim? Mas você chama de Sangue Ruim todos que nasceram como eu, Severo. Por que eu seria diferente?

O sonserino torceu os lábios num debate interno, prestes a responder, mas, com um olhar de desprezo, Lilian lhe deu as costas e atravessou novamente o buraco do retrato.


O Salão Principal de Hogwarts se encheu com a balbúrdia habitual dos seus alunos recém-acordados. As quatro mesas estavam sendo preenchidas aos poucos, corujas já voavam sobre várias cabeças, zunindo e piando alto enquanto carregavam correspondências e cartas. Era uma manhã comum.

Os raios de sol que penetraram pelas frestas da janela atingiram o rosto de Tiago. Preguiçoso, o maroto puxou o travesseiro para a cara, completando o movimento com um gemido. Como que disposto a acordar o grupo a qualquer custo, um outro raio de sol driblou as cortinas e bateu dessa vez no rosto de Remo, que se rendeu. Esfregou os olhos e os abriu. Sentou-se na cama num gesto automático e olhou para o relógio de cabeceira.

— Oito e meia. — caiu na cama novamente e fechou os olhos. "Peraí, nosso próximo exame é às dez horas..." arregalando os olhos com a conclusão de seu pensamento, Lupin se pôs de pé. — Pessoal!

— Aluado, você não quer me fazer ir até aí, quer? — Sirius grunhiu de sua cama tentando parecer ameaçador.

— Temos que acordar, e estou falando sério! — Remo voou para seu malão, já à procura de seu uniforme e varinha. Pedro sentou-se com a cara completamente amassada mas não se mexeu. Continuou parado, como uma múmia que acabou de sair do sarcófago — Rabicho, nunca vi ninguém dormir sentado. — Lupin comentou já dando um nó na gravata Grifinória.

— Não estou dormindo! — o outro retrucou, mas continuou parado.

— Sei... — ele agora abotoava seu distintivo de monitor.

Tiago e Sirius dormiam profundamente. Bem, graças ao barulho, não tão profundamente assim.

— Aluado, se troca logo e chispa daqui! — anunciou Sirius em uma voz não tão sóbria.

— Você vai continuar dormindo?

— Vou.

Sem dizer mais uma palavra, Remo apontou a varinha para as cortinas. Com um aceno elas se arreganharam, dando espaço para um sol claro e brilhante invadir o quarto. Tiago e Sirius se encolheram como vampiros que precisavam fugir da luz. Pedro colocou as mãos nos olhos tentando protegê-los.

— Arrhhh, vou te transformar em ração de trasgo! — rosnou Tiago finalmente se rendendo, atirando o cobertor para um lado e jogando os pés para fora do colchão.

Quando os quatro chegaram ao Salão Principal encontraram Hogwarts já em movimento. Toda a rotina de café da manhã, como o correio coruja e as conversas nas mesas já tinha começado. Tiago e Sirius arranjaram dois lugares ao lado de Mundungo, enquanto Remo e Pedro se sentaram de frente para os amigos.

— Dia Tiago. — cumprimentou Fletcher — Dia Sirius.

— Eaí. — responderam em coro. Segundos depois os três já estavam mergulhados de cabeça em uma conversa sobre suas novas invenções.

Tiago e Sirius tinham uma espécie de parceria com o colega de casa. Eles contrabandeavam objetos raros para depois trocá-los nos preços mais justos possíveis. Como bons faladores que eram, os dois marotos sempre levavam a melhor mesmo sabendo que Fletcher era um excelente negociante.

— Consegui um chifre de bicórnio da Indonésia...Excelente para poções de azaração...— murmurou Fletcher — Uma pechincha.

— Quanto seria? — perguntou Tiago passando geleia em uma torrada.

— Onze nuques. — o outro anunciou orgulhoso.

— Troca por um livro borbulha? — Sirius começou a fazer rodeios, se lembrando de que precisavam economizar o dinheiro o máximo que conseguissem — Nossa própria invenção, da "Ponta's & Black's CIA". A vítima toca no livro com a intenção de ler, mas ganha uma mão cheia de bolhas.

Entediado, Mundungo fez que não com a cabeça. Aquela era uma invenção ultrapassada.

— Hum...Vejo que só está interessado em artigos raros, não é? — agora a bola passou para Tiago, que assumiu um ar de um típico vendedor de comerciais milagrosos — Posso te mostrar nossa mais nova criação.

Mas antes que Fletcher pudesse responder, ou que Tiago pudesse terminar a frase, uma coruja negra como um corvo pousou em um voo rasante na frente de Sirius. Tinha uma coleira dourada no pescoço e um ar muito mal encarado. Sirius fez uma careta que tinha um misto de tédio e tristeza ao ver o animal de olhos amarelos cintilantes.

— É da sua casa outra vez? — perguntou Remo por cima de seu copo de suco de abóbora.

— É. — ele respondeu tirando o envelope com cuidado, mas sem abrir. Pelo contrário; guardou no bolso do uniforme — Vou dar pro Canino comer.

— Não vai abrir? — Mundungo perguntou assustado — Por quê?

— É sempre a mesma coisa. — respondeu Sirius com uma voz de sono — Ou é o Kreacher me xingando, ou é o Kreacher dando recados da "Senhora", ou é o Kreacher perguntando se vou voltar pra casa, ou se morri...

— Seu pai chama Kreacher? Que gozado. — comentou Mundungo, enquanto concluía que "Senhora" deveria ser a mãe.

— É o elfo doméstico dele. — corrigiu Tiago.

— Elfo? — o outro ergueu as sobrancelhas. Não imaginava que Sirius fosse rico. — E porque seus pais não escrevem?

— Porque não iam perder tempo comigo. — respondeu Sirius com o tom mais normal do mundo. Lá no fundo, ele até preferia receber cartas do elfo do que da mãe. A última correspondência que a Senhora Black havia lhe enviado tinha sido um berrador; um berrador nada amigável que ecoou por cada canto do Salão Principal. Todos, fantasmas e vivos, ouviram a voz esganiçada da mulher urrando "SEU PATIFE MISERÁVEL, COM QUE TIPO DE ESCÓRIA HUMANA ANDOU SE METENDO?!" em seu primeiro ano em Hogwarts. Narcisa e Bellatrix haviam provavelmente contado aos parentes que Sirius não apenas havia sido sorteado para Grifinória, como também andava com bruxos que não eram Puro-Sangue. Apesar de Sirius ter aplicado fogo na carta, em público, havia ficado vermelho e extremamente envergonhado. Foi a primeira e última vez que deixou a mulher o expôr daquela maneira.

Depois do café da manhã os quatro marotos se dirigiram feito condenados para mais uma enxurrada de exames. Os NOM's eram realmente exaustivos, e tudo o que eles queriam agora (em especial Pedro) eram se ver livres daquilo. O que eles ansiavam com todas as forças eram por suas férias de verão.


Lilian olhou entediada para a mala que ainda tinha que fazer. Metade de suas roupas estavam para fora, a outra ainda no armário, e o material escolar só Merlim sabia. Com uma preguiça tremenda (que não pertencia a ela) Lily se deixou largar na cama, ficando com os pés para fora e o rosto mirando o teto.

— Lily! — a voz de Alice soou por detrás da porta — Abre isso aqui! Eu quero entrar!

— Mas não está trancada... — a outra comentou. Depois, com um olhar mais atento, descobriu que o que impedia a porta de abrir era um amontoado de objetos jogados no chão e seu próprio malão de Hogwarts.

— Nossa, que bagunça, hein? — Alice comentou depois de entrar no quarto pela brecha que Lily abriu. — Fazendo as malas?

— Teoricamente. — a ruivinha respondeu voltando para a cama. Se jogou como estava minutos atrás, antes de se levantar para abrir a porta.

— A minha eu fiz ontem de noite. — contou a outra, passando com cuidado por cima de alguns livros de feitiço e um caldeirão. — Estou louca para voltar pra casa. Papai disse que vamos viajar, mas não sei ainda pra onde...é surpresa. — ela adicionou aquilo com uma voz carregada de excitação.

— Legal. — Lily respondeu com um sorrisinho amarelo.

— Er, desculpe, esqueci que você não gosta muito das férias de verão, não é?

— O problema não são meus pais. — disse Lily se sentando na cama — É Petúnia. Se mamãe não fizer algo a respeito, eu juro que nessas férias eu afogo ela na privada!

— Ela não deve ser uma trouxa muito legal...– comentou Alice. Lily sorriu: estava acostumada com os comentários absolutamente óbvios da amiga.

— Olhe, porque nós não descemos para ver o resultado dos exames? — Lily sugeriu se pondo de pé. — Acho que as notas dos meus NOMs vão me eu até arranje pique pra arrumar a mala.

— Ok. — respondeu Alice tentando esconder o nervosismo.

Ver notas de exames não era algo relaxante para a garota.

Não mesmo.


Tiago e Sirius estavam saindo do aglomerado de alunos com expressões absolutamente insuportáveis. Os narizes empinados e o ego alcançando o céu, os dois amigos caminhavam pelo corredor em direção ao dormitório. Tinham acabado de conferir suas notas de NOM's, e estavam realmente satisfeitos.

Snape vinha pelo lado oposto aos garotos, completamente sozinho. Enquanto eles pretendiam deixar o local, Severo estava apenas chegando para ver suas notas penduradas no mural. Foi quando se entreolharam.

— Como vai Seboso? — perguntou Sirius com um sorriso traquinas.

Antes de qualquer movimento ou pensamento vindo dos marotos, Snape reagiu: fechou os punhos e meteu um soco na cara de Tiago, que estava burramente calmo e estupidamente feliz ao lado de Almofadinhas.

— Me sinto melhor agora, Black. — respondeu inspirando profundamente e voltando à posição normal. Tiago massageou o queixo sentindo uma onda de fúria invadi-lo, enquanto Sirius abriu a boca pasmado, tentando processar o que tinha acabado de acontecer.

— Isso foi pelo que fez comigo nos jardins, Potter. — terminou Snape, sonhando em continuar sua caminhada, mas a essas alturas era obviamente tarde demais.

Os alunos que estavam observando o mural não puderam deixar de se virar para fitar melhor a cena com muita curiosidade. A típica rodinha já se formava ao redor do trio de cabelos negros. E foi essa aglomeração que bloqueou a passagem de Lily e Alice, que vinham do salão comunal grifinório.

— Você anda muito atrevido, Cara Ensebada! É melhor concertarmos isso. — disse Tiago tirando sua varinha do bolso. O local atingido pelo punho de Snape ainda latejava de dor, e ele não ia deixar isso barato.

Sirius sorriu e repetiu o movimento do amigo:

— Vamos continuar com o serviço mal acabado de ontem, Pontas?

— É, eu acho que ele ainda não aprendeu a lição.

— PAREM COM ISSO JÁ! — a voz esganiçada de Remo cortou a brincadeira e o sorriso maléfico dos dois rapazes. O monitor veio se espremendo por entre a multidão de expectadores até alcançar os três — Se fizerem, vou ser obrigado a tirar pontos de Grifinória...

— Ah! Então o lobinho chegou.— Snape riu em alto e bom som, fazendo o rosto de Aluado queimar.

No início do ano, Severo tinha descoberto tudo a respeito da situação de Remo, graças a uma brincadeirinha de Sirius. Foi graças a Tiago que Snape saiu com vida, mesmo tendo visto o lobisomem. Sirius teria achado tudo muito engraçado, não fosse pela bronca e o alerta de Dumbledore, que também fez Snape prometer não revelar nada a ninguém. Bem, parecia que Severo tinha se esquecido desse detalhe agora.

— Eu disse... — Lupin tentou retomar seu ar autoritário, apesar de ter ficado um pouco pálido — Para pararem com isso já.

— Não obedeço ordens de um lobisomem. — Snape sibilou maleficamente, de modo que apenas os três marotos pudessem ouvir.

— Vinte pontos a menos para Sonserina! — Remo anunciou agora em voz alta, fazendo os lábios de Snape se crisparem.

Tiago e Sirius não conseguiram controlar um sorriso de vitória no rosto, que ia de orelha a orelha:

— Uhúúú! ! !

— Dá- lhe, Remo! !

Os dois assobiavam, batiam palmas e gritavam com empolgação. Muitos grifinórios ao redor fizeram o mesmo.

— Então fica assim, não é? — disse Snape com os olhinhos apertados e finos, os músculos do rosto contraídos — Agora é a vez deles: quero que sejam punidos também!

— Mas eles não fizeram nada de errado.

— É isso mesmo Seboso, não fizemos nada de errado! — Sirius repetiu, dando a língua para Snape por detrás de Lupin.

— Isso é injusto. — sibilou Severo, dando as costas para o trio — Vocês não perdem por esperar...

— Uuuuu, estou tremendo de medo! — zombou Tiago, fingindo tremer compulsivamente, algo que Remo retrucou com um olhar congelante:

— Dessa vez foi por pouco, mas vocês sabem que eu nem posso tirar pontos de verdade e logo mais ele vai descobrir. — Lupin sussurrou para a dupla.

— Sabemos Aluado, isso não vai acontecer de novo.

— É. Não na sua frente. — completou Sirius com cara de santo.

Lily revirou os olhos depois de ter visto a cena, e junto com a amiga se dirigiu para o mural, onda as notas de NOM's haviam sido postas por Filch.

— Ah, como esse Potter é infantil... — a garota murmurou enquanto procurava suas notas com os olhos.

— Eu acho ele lindo! — Alice comentou — E engraçado também.

— É, existe gosto pra tudo.— Evans retrucou. — Nossa! Tirei 10 em Adivinhações!


O expresso de Hogwarts finalmente partiu da estação de Hogsmead. Saiu fumegando pelos campos da área rural da Inglaterra, mostrando aos alunos um céu azul brigadeiro, riachos, prados verdes e gado. Pedro admirou a paisagem por um tempo antes de se virar para os amigos:

— E então? O que acharam desse ano letivo?

Tiago levantou os olhos de seu livro "Quadribol através dos séculos" antes de responder:

— Nada de especial. . . Ah, claro: os NOM's foram baba, o Severo continua um capacho, e...Bem, aconteceu algo que nós não esperávamos não é mesmo? — Remo lançou um rápido olhar para Tiago detrás de seu livro de DCAT, franzindo as sobrancelhas — O Seboso descobriu porque chamamos o Aluado de "Aluado".

— É, mas nem comente isso que eu fico com remorso.— disse Sirius, que estava estirado na poltrona da cabine, deixando Remo espremido em um canto com seu livro.

— O que? Com remorso por ter quase matado o Seboso?

— Não, por não ter conseguido. — Sirius respondeu com um sorriso traquinas. — Aliás, teria se o Pontas não tivesse amarelado.

— Tenho meus motivos. — o outro se defendeu, dando um ponto final na conversa. Alguns minutos de silêncio se passaram, nos quais Lupin e Tiago continuaram a ler e Rabicho voltou os olhos para a janela, até Sirius voltar a falar:

— Onde vão passar as férias de verão?

— Em casa. — Pedro e Lupin responderam em uníssimo. Ambos não pareciam muito animados.

— Ah tá...Você também, né Tiago?

— É. — o outro respondeu vagamente, entretido demais com uma figura em movimento que mostrava um gol perfeito da Copa Mundial de 72.

— E você, Almofadinhas? — perguntou Pedro.

— Vou ser sequestrado pra minha casa pelo Kreacher, como sempre...— contou ele em tom irônico.

Algum tempo depois a bruxa com o carrinho de doces bateu na porta. Os marotos a recepcionaram com muita alegria, pois eram viciados em doces bruxos. Rabicho lotou seu acento com sapos de chocolate, feijõenzinhos de todos os sabores e sucos de abóbora, e o mesmo fizeram Tiago e Sirius. Remo se serviu de muito chocolate.

Uma figurinha bruxa dentro de um sapinho fez Tiago saltar de emoção:

— Completei! — ele engasgou, assustando os outros três.

— Completou o quê?

— Minha coleção! — ele respondeu com um brilho infantil nos olhos, que arrancaram algumas risadas abafadas de Lupin. Empolgado com a figurinha, Tiago abriu sua bagagem de mão com a intenção de guardar o brinde, fazendo um pedaço de pergaminho cair de um dos bolsos.

Agilmente, Sirius se esticou para apanhá-lo. Tiago observou o amigo apreensivamente.

— Pontas...O que é isso?

— Er...

Remo e Pedro se levantaram e correram para perto de Sirius, tentando ver também o desenho do pergaminho.

— "L. E". O que significa? — teimou Remo.

— Lilian Evans. — o outro respondeu um pouco constrangido. — Eu fiz na prova de DCAT, satisfeitos?

— Você está mesmo caidão por ela, né? — Rabicho sorriu, voltando para seu acento, enquanto Sirius e Remo trocavam olhares risonhos. Tiago não respondeu; apenas se limitou a lançar um olhar de raiva que já dizia tudo.

Nada mais foi comentado a respeito, e, assim, os marotos se empanturraram com chocolates e se divertiram com joguinhos de cartas até chegarem na estação King Cross, em Londres.