Curiosidade


Disclaimer: Não me pertencem.

Nota: Fanfic pertencente ao projeto Quinzena VK 2017, no qual foram selecionados 15 temas para serem desenvolvidas fanfics do ship Sailor Venus/Kunzite. Esta fanfic é do dia 1, começo.


"Vamos brincar de pique-esconde!" – Serenity falou em tom de ordem e começou a correr antes mesmo de Venus pensar em uma resposta.

"Serenity! Assim não vale!" – Venus reclamou.

"Vale sim!" – a voz de Serenity estava abafada pela distância – "E você deveria estar contando e não reclamando!"

Venus começou a contar em voz alta. Em momentos assim ela achava Serenity mais infantil do que ela realmente era. Claro que considerar Serenity uma criança exigia que ela ignorasse determinados comportamentos da princesa como suspirar apaixonadamente pelo príncipe da Terra enquanto observava o planeta azul. No começo, Venus achou bonitinho. 'Toda garota precisa de um amor platônico', ela pensou, achando que alimentar a paixonite de Serenity seria como permitir que a princesa tivesse apenas uma estória para lembrar no futuro. E este foi o primeiro grande erro de Venus: não perceber antes que o amor platônico era na verdade um amor trágico. Não tinha nem que ter começado.

Quando parou de contar, olhou para os lados, buscando a princesa pelos cantos do palácio. Ela tinha costume de se esconder em lugares que não eram bem esconderijos, mas, que devido a obviedade, ninguém pensaria em procurar. Percorreu alguns corredores sem sucesso até chegar a conclusão que Serenity não estava se escondendo de verdade. Ela usou a brincadeira como uma desculpa para poder ir até o observatório. Venus não apressou o passo quando se dirigiu para lá, o que daria mais tempo para a outra garota se dedicar a atual obsessão.

Como esperado, Serenity estava debruçada sobre o suporte, observando o planeta Terra enquanto intercalava suspiros e sorrisinhos apaixonados. Venus sentiu um nó no estomago frente aquela cena. Tinha um péssimo pressentimento em relação aos terráqueos.

"Eu pensei que estávamos brincando de pique-esconde." – ela falou, fazendo barulho ao entrar no observatório – "Não fui informada de que tínhamos mudado para os estudos de astronomia."

Serenity teve pelo menos a decência de parecer envergonhada ao ser pega em flagrante.

"É a primeira vez que alguma de vocês reclama sobre meu interesse sobre os estudos."

"Seu repentino interesse por astronomia não é motivado pela sua vontade de estudar, princesa." – Venus falou com suavidade se aproximando do equipamento que Serenity estava usando – "Há estrelas e planetas mais interessantes do que a Terra."

"Mas eu não me interesso por estrelas!" – Serenity argumentou – "Estou estudando a fundo o planeta Terra."

"O planeta Terra ou o príncipe do planeta Terra?" – Venus perguntou, levantando uma das sobrancelhas.

"Ah... É... O príncipe." – ela respondeu baixinho.

"Princesa..." – Venus falou em um suspiro – "Isto não vai acabar bem."

"Acabar?" – ela perguntou com um sopro de voz – "Nem mesmo começou."

"Nem tudo é uma via de mão dupla." – Venus respondeu, sorrindo.

"Isto é muito chato!" – Serenity reclamou – "Eu queria poder ir aonde quero sem que ninguém ficasse me controlando."

"Você é uma princesa. Princesas seguem protocolos."

"Mas eu já fui na Terra uma vez."

"O que?!" – Venus olhou para Serenity como se tivesse nascido uma outra cabeça no pescoço dela – "Você o que?"

"Eu fui na Terra." – ela respondeu – "É tão lindo lá! O verde, ele é real! Existem tantos tons diferentes!"

"Quando?"

"Os lagos... Oh, são realmente azuis como nós vemos daqui!" – Serenity continuou a descrever a Terra – "Tão azuis quanto os olhos de Endymion."

"Você está chamando o príncipe da Terra pelo nome."

"Oh, você também sabia o nome dele, V?" – Serenity perguntou surpresa – "Por que nunca me disse?"

"Se você prestasse atenção nas lições que a Mercury te dá, saberia o nome das últimas gerações de todos os regentes do planeta Terra, Serenity!"

"Hmm... Acho que a Mercury tem razão quando diz que o conhecimento é uma ferramenta poderosa..."

"Serenity!" – Venus estava abismada – "Eu não acredito que você desrespeitou as regras e saiu da Lua! Quem te ajudou?"

"Ninguém me ajudou." – ela respondeu indignada.

"É claro que alguém te ajudou." – Venus falou – "Eu preciso saber quem foi."

"Eu consigo fazer as coisas sozinha, sabia?" – a indignação de Serenity só crescia – "Eu posso fazer várias coisas sozinhas, inclusive coisas que você não pode, Venus!"

"Você quer mesmo que eu acredite que foi para a Terra sozinha?"

"Claro que quero porque é verdade." – Serenity colocou as mãos no quadril com uma expressão de quem estava prestes a aceitar uma aposta – "Eu vou te mostrar!"

"Não!" – Venus falou, mas antes que pudesse impedir Serenity colocou as mãos no dispositivo que até então estava usando para observar a Terra a distância e a próxima coisa que viu foi apenas uma luz intensa e branca.


Quando se deu conta, Venus estava deitada no chão. Um chão que ela não conhecia e aquilo era assustador. Não era Vênus, não era a Lua. Ela respirou fundo e sentiu a umidade do ar, um cheiro que ela achava ser de terra molhada, já que ela estava deitada sobre algumas folhas de algum tipo de floresta. Quase arfou com a conclusão de que ali era o planeta Terra. Serenity realmente tinha as mandando para o planeta. E, foi nesta hora, que ele ficou preocupada: não conseguia ver Serenity em lugar nenhum.

Ela quase bufou de irritação enquanto se levantava e tentava se orientar pelo céu. Era noite e a penumbra cobria o ambiente. Serenity estava observando a face do planeta que estava voltada para a Lua e isto explicava o porquê de ela parecer sonolenta em alguns dias. Ao contrário do que Venus tinha pensado antes, Serenity não passava as noites observando a distância, ela estava vindo para a Terra e sozinha. Se a rainha soubesse disto, Venus estaria encrencada. Pior, se Mars soubesse disto, Venus não teria mais paz, seria atormentada sobre a sua incompetência pelo resto da sua longa vida. Ela tinha que achar Serenity e voltar para a Lua imediatamente. Mas, claro que era mais fácil decidir o que fazer do que fazer de verdade e ela estava perdida. As estrelas estavam em posições erradas das que estava acostumava a ver.

Aquele lugar era quente e úmido de um jeito que não nunca tinha sentido antes. O problema não era o calor, Vênus era quente, muito quente, era a umidade que estava grudando na pele dela e fazendo tudo pegajoso. E alguma coisa estava a atrapalhando, ela não conseguia localizar Serenity. Ela sempre tinha achado que não havia magia na Terra, mas algo estava bloqueando as habilidade dela. Ela andou mais um pouco, seguindo uma luz no chão, já que as estrelas estavam se mostrando referências duvidosas, quando viu o que estava a atrapalhando achar Serenity. Um homem com roupas brancas e uma capa farfalhante. Ele não era uma grande fonte de magia, mas era a fonte mais próxima a ela no momento e isto poderia estar interferindo. Além do fato de que ele estava no meio do caminho e isto podia realmente atrapalhar ela a achar Serenity.

"Hoje deve ser o dia de sorte de alguém."

"O que?" – Venus perguntou mais surpresa do que qualquer outra coisa.

"Um linda mulher caiu do céu." – ele respondeu.

"Eu... Não cai do céu, tecnicamente falando..." – Venus se aproximou dele devagar e parou a uns 10 passos dele – "Você não parece surpreso em ver uma pessoa caindo do céu."

"Você não pareceu nem um pouco... Lisonjeada ou encabulada por te ter te chamado do linda mulher." – ele retrucou.

"E por que eu deveria?" – ela perguntou – "Foi um elogio, elogios são bons de ser ouvidos. Você os aceita e os agradece ou não fala nada."

"Então você não aceitou meu elogio." – ele falou devagar.

"Isto não é relevante."

"Para mim, é."

"Foi um elogio não requisitado vindo de um homem que eu nunca vi na vida." – ela respondeu sem rodeios – "Não é nenhum pouco relevante para mim."

Um dos cantos da boca dele se elevou em um sorriso de lado o que ela achou um pouco atraente, mas foi rápido demais para ela conseguir gravar os detalhes.

"Meu nome é Kunzite. Eu sou um dos generais do príncipe Endymion." – ele disse ainda parado no mesmo lugar.

"Oh."

"Imagino que você seja uma das guardiãs da princesa." – ele continuou a falar.

"Perspicaz." – ela respondeu – "Eu preciso acha-la, então, com licença."

"Você não vai conseguir acha-los, senhorita...?" – ele falou antes mesmo de ela conseguir passar por ele.

"Venus."

"Senhorita Venus, eles..."

"Só Venus, general." – ela corrigiu – "Onde ela está?"

"Ela está segura."

"Não foi o que eu perguntei."

"Não, não foi, mas isto não é a coisa mais importante?

"Isto é o que você diz." – ela retrucou – "Eu não acredito em você."

"Você não poderia dar algum tempo para dois?" – ele perguntou – "Vocês acabaram de chegar."

"Não." – ela respondeu direta – "Porque nós nem deveríamos ter chegado."

"Mas chegaram."

"E você não deveria estar os ajudando."

"É apenas um encontro."

"Um encontro que pode gerar desdobramentos políticos desagradáveis."

"Eles são jovens e..." – ele se aproximou dela.

"Jovens?" – Venus sorriu achando graça dele.

"O que eu posso fazer para te convencer a dar um pouco mais tempo para eles?" – ele perguntou – "Te mostrar algo interessante?"

"Eu acho que já vi o que tem de interessante por aqui." – ela respondeu sem pensar, olhando ele de cima a baixo.

"Um elogio não requisitado?"

"A diferença é que nós já nos conhecemos." – ela respondeu balançando a cabeça.

Kunzite abriu a boca para responder, mas não conseguiu pensar em nada rápido o suficiente para impedir Venus de sair andando.

"Não sei porque você está preocupada em levar sua princesa embora tão rápido." – ele começou a falar a seguindo – "Não é a primeira vez que ele veio aqui."

"Eu sei."

"E ela voltou inteira para a Lua das outras vezes"

"Você tem certeza?" – ela perguntou com sarcasmo.

"Claro" – ele respondeu.

"Eu acho que você não pegou a essência da minha pergunta."

"Eu entendi completamente o que você perguntou." – ele quase sorriu – "Posso até dizer que estamos em sintonia."

"Ainda não." – ela olhou para ele – "Mais quase."

"Venus." – ele parou no meio do caminho e ela continuou andando– "Venus, você está indo pelo caminho errado."

"Então me mostre o caminho certo." – ela disse, olhando sobre o ombro.

"Eu não posso."

"Então vou ser obrigada a andar por todos os caminho errados até achar o certo." – ela começou a buscar outro caminho – "Eu tenho que sair daqui agora."

"Minha presença é tão desagradável assim?"

"Em outra circunstâncias, eu estaria disposta em ficar aqui de boa vontade, flertando com você." – ela falou.

"Pensei que era isto o que nós estávamos fazendo."

"Sim, mas eu não estou aqui de boa vontade." – ela retrucou.

"Não estou te obrigando a ficar aqui. Aliás, você veio sozinha."

"Não, não vim e é este o problema."

Kunzite a olhou por algum tempo sem responder.

"É sério, Kunzite, princesa Serenity pode ter vindo aqui outras vezes, mas eu não sabia. Agora que eu sei, eu sou obrigada a leva-la comigo de volta." – ela começou a falar com um tom sério que não tinha usado até agora – "Se eu estivesse sozinha, eu aceitaria seu convite de me mostrar algo interessante."

"Tudo bem. Eu te levo até ela." – ele respondeu, sorrindo e indicou um dos caminhos – "Por aqui."


Em defesa de Kunzite, ele realmente mostrou o caminho a ela e sem desvios ou gracinhas. Por algum instantes, Venus ficou preocupada em ele tentar desviá-la do caminho, o que seria muito fácil já que ela não conhecia caminho algum por ali. Mas, antes que se desse conta, viu Serenity e o famoso príncipe.

"Vamos embora, Serenity." – Venus estava com vontade de pegar princesa pelo braço e a arrastar dali a força – "Agora."

"Sailor Venus, isto não é necessário..." – Endymion começou a argumentar.

"Tudo bem, eu vou com ela." – Serenity respondeu, sorrindo para Endymion – "A V está muito nervosa. Eu devia ter avisado ela antes de trazer ela para cá."

"Mas você ficou tão pouco tempo dessa vez..." – Endymion reclamou.

"É melhor que ela vá agora, mestre." – Kunzite falou, olhando para Venus de uma forma divertida.

"Eu volto depois!" – Serenity falou sorridente.

"Princesa!" – Venus reclamou enquanto Serenity saia saltitante para beijar mais uma vez Endymion.

"Você também pode voltar depois." – Kunzite murmurou próximo de Venus.

"Para que?" – ela perguntou, levantando uma das sobrancelhas.

"Para te mostrar algo interessante." – Venus sorriu de lado e seguiu Serenity sem lhe dar uma resposta.

"Ah, meu amigo." – Endymion bateu a mão no ombro de Kunzite – "Você não parece ter noção do perigo."


Nota da autora: Não teve zuera, não teve drama. Confesso que em algum momento aquele trecho do diálogo do mangá onde o Kunzite deixa a V corada em SilMil deveria estar nesta fanfic, mas a ideia passou por mim e não apareceu por aqui.

Eu não vou publicar o dia 3, que não está pronto, o próximo será o dia 5.

Quando eu finalizar o dia 3, eu já comecei (eu juro!), eu publico fora de ordem.